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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

28
Mar23

O estranhíssimo caso Moro-PCC (vídeos)

Talis Andrade
 
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por Pepe Damasco

1) Quando Lula aponta armação no episódio envolvendo Sérgio Moro e o PCC, certamente está se referindo, como disse o ministro da Secom, Paulo Pimenta, às coincidências ocorridas e à cronologia dos acontecimentos. Como ser político por excelência, Lula sabe como poucos que nada acontece por acaso. 

2) Antes de qualquer consideração, é preciso assinalar que o ex-juiz Sérgio Moro firmou-se como um dos maiores canalhas surgidos na esfera pública do país ao longo da história. Sua total falta de escrúpulos dispensa comentários.

3) Vivendo merecido ostracismo, Moro se arrastava pelos cantos no Senado, onde a maioria dos senadores sequer o cumprimentava. Aí Lula tem um trecho de uma entrevista sua ao Portal 247 descontextualizado pela extrema direita nas redes sociais. Em desabafo sobre o sofrimento na prisão, Lula disse que na cadeia pensava em “foder” Sérgio Moro. Leia-se fazer justiça e desmascará-lo.

4) A imprensa nativa providencia, então, um jeito de pegar carona na campanha caluniosa dos fascistas, abraçando a tese de que o presidente usa o cargo para se vingar de adversários políticos, no caso o ex-juiz declarado suspeito e corrupto.

5) No dia seguinte, a juíza Gabriela Hardt, morista de carteirinha e conhecida como “corte-cola” por ter condenado Lula no caso do sítio de Atibaia copiando a sentença de Moro no processo do triplex, resolve entrar em campo para dar uma força ao amigo e autoriza a operação da PF sobre a ameaça do PCC a autoridades. Detalhe importante: a investigação já durava meses e Moro tinha pleno conhecimento de seu andamento. No dia seguinte, retira o sigilo do processo e a vitimização do parceiro anda mais algumas casas. 

6) Bastou para Moro voltar à ribalta. De herói da Lava Jato é alçado à condição de mártir pelas Organizações Globo. Eureca: enfim, o cavalo passava encilhado, afinal defender Moro e tentar isentá-lo de seus crimes significa a autodefesa da própria Globo, atolada até o pescoço na cumplicidade às atrocidades cometidas pela Lava Jato.

7) Viciado em mentira, Moro, durante suas sessões públicas de vitimização, diz que é perseguido pelo PCC porque transferiu seu chefe Marcola para um presídio federal. Mas o promotor do Gaeco, Lincoln Gakiya, antigo alvo das ameaças do PCC, o desmente. O promotor afirma que Moro tirou o corpo fora e o deixou sozinho e exposto no processo de transferência de Marcola. Gakiya garante ainda que atacar Moro está longe de ser prioridade do PCC.

8) Logo vem à tona, através de matéria publicada no Estadão, que ameaçar autoridades é uma velha estratégia do PCC, tanto que Alckmin, quando governava São Paulo e vários secretários seus também estiveram entre os alvos da organização criminosa.

9) A Polícia Federal comandada por Flávio Dino resolveu agir de forma preventiva e republicana. Não sei exatamente qual é o grau de independência da PF para deflagrar operações sem precisar da anuência do ministro da Justiça, chefe hierárquico da corporação. Contudo, lembro que José Eduardo Cardoso, ministro de Dilma, dizia não ter conhecimento prévio da maioria delas. Caso isso tenha mudado no governo Lula, Dino pode ter autorizado a desarticulação do suposto plano também para prevenir o governo de armações, pois qualquer escaramuça contra Moro seria de imediato associada à fala de Lula.

10) Por fim, a maior esquisitice de todas: por que uma organização criminosa forte e enraizada como o PCC, cujo principal negócio é a venda de drogas, optaria deliberadamente por fazer o cerco se fechar contra si depois de um atentado contra um senador da República?

 
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Os jornalistas Luis Nassif e Marcelo Auler entrevistam o promotor de Justiça de São Paulo, Lincoln Gakiya. Gakiya é um dos principais investigadores do PCC no País. Ele atua em inquéritos envolvendo a facção há mais de 18 anos. Em 2018, o promotor foi responsável por solicitar a transferência de presos importantes do PCC para presídios federais, incluindo o líder Marcola - uma ação que tentou ser capitalizada politicamente pelo ex-ministro da Justiça, Sergio Moro. Em março de 2023, a Polícia Federal deflagrou a Operação Sequaz, que desbaratou uma quadrilha ligada ao PCC que tinha Moro e o promotor Lincoln como possíveis alvos de sequestro.

23
Jan23

Operação contra o terror golpista é a maior da história

Talis Andrade

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A prioridade é encontrar financiadores organizadores, bem como integrantes da PM e das Forças Armadas que foram cúmplices

 

por Bepe Damasco

Os números da megaoperação impressionam: 943 prisões preventivas decretadas e 454 pessoas liberadas, mas usando tornozeleiras, sem acesso às redes sociais e com passaportes confiscados, enquanto seguem sendo investigadas.

E, ao que tudo indica, os que participaram da destruição golpista das sedes dos Três Poderes passarão uma longa temporada na cadeia, pois responderão pelos seguintes crimes:

1) Crime contra o estado democrático: tentar, com emprego de violência ou grave ameaça, abolir o estado democrático de direito. Pena: prisão de quatro a oito anos.

2) Golpe de estado: tentar depor, com emprego de violência ou grave ameaça, o governo legitimamente constituído. Pena: de quatro a 12 anos.

3) Associação criminosa. Pena: de um a três anos.

4) Crimes contra o patrimônio cultural. Pena: reclusão de um a três anos.

5) Danos ao patrimônio público da União. Pena: prisão de seis meses a três anos.

Se levarmos em conta que o trabalho conjunto do Judiciário, com o ministro Alexandre de Moraes à frente, Ministério da Justiça/Polícia Federal e da Secretaria de Segurança do DF sob intervenção, com o apoio do Ministério Público Federal e Tribunal de Contas, está apenas começando, veremos que estamos diante da maior ação coordenada da história do país contra o terrorismo de extrema direita.

E tudo dentro dos marcos da legalidade democrática.

A prioridade agora é encontrar os financiadores e organizadores do 8 de janeiro, bem como integrantes da Polícia Militar e das Forças Armadas que foram cúmplices ou tiveram participação direta na arruaça delinquente. Estão sendo procurados também os muitos golpistas que se exibiram nas redes sociais durante o quebra-quebra, mas se encontram foragidos.

Na certa os golpistas não esperavam que seriam alcançados pelo braço forte da democracia e da justiça de forma tão célere e contundente.

Isso quer dizer que a cadela do fascismo saiu do cio? Claro que não. Varrer da sociedade o extremismo antidemocrático leva ainda algum tempo. Contudo, um detalhe da paisagem urbana dos grandes centros indica que os bolsonaristas sofreram uma derrota significativa: praticamente sumiram as bandeirolas do Brasil dos automóveis e as que ficavam penduradas nas janelas dos apartamentos.

Para completar, Lula, numa muito bem-vinda demonstração de autoridade, demitiu o comandante do Exército que se insubordinara. O recado está dado: não há outro caminho possível para os militares no regime democrático fora de sua subordinação completa ao poder civil. É assim em todos os países que prezam a democracia. Há de ser assim também no Brasil. 

Ou os milicos mamateiros servem à democracia, ou devem ser dissolvidos…ninguém precisa desses inúteis que só fazem ameaçar a democracia. #BolsonaroPreso
 
 
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04
Nov22

O real tamanho de Bolsonaro

Talis Andrade

 

Por Bepe Damasco

Analistas da mídia comercial, e até do campo progressista, dão como certo que Bolsonaro sai da eleição com um grande capital político, capaz de torná-lo um forte líder de oposição.

Se tomarmos como parâmetro o número de votos que ele obteve no segundo turno, cerca de 58 milhões, não há dúvida de que o capitão fascista conta com cacife para comandar as forças políticas que se oporão a Lula.

Mas o buraco é mais embaixo. Afora a constatação histórica de que o fascismo precisa do controle do Estado para se consolidar, crescer e aumentar seu poder de fogo, é importante examinar outras variáveis de curto e médio prazos. A saber:

1) Como ficará Bolsonaro sem o Auxílio Brasil turbinado, sem o vale-gás ampliado e sem o derrame de dinheiro para caminhoneiros e taxistas?

2) Depois que Lula mudar a política de preços da Petrobrás, Bolsonaro perderá as condições de posar como o pai da redução do preço dos combustíveis, o que só foi possível à custa do prejuízo dos estados, que perderam bilhões em ICMS.

3) Promessa reiterada de sua campanha, Lula decretará o fim dos sigilos de Bolsonaro, do cartão corporativo a várias decisões nebulosas e suspeitas. Qual será o impacto político das revelações dessa caixa preta?

4) Daqui a menos de dois meses, Bolsonaro não contará mais com Aras para abafar seus crimes, nem com o escudo protetor de setores da Polícia Federal e a cumplicidade da milícia bolsonarista que se transformou a PRF.
 
5) Sem o orçamento secreto, através do qual se comprava apoio parlamentar, pairam chuvas e trovoadas sobre o comprometimento da bancada bolsonarista com seu líder? Calcula-se em apenas 50 o número de deputados que podem ser considerados bolsonaristas radicais.

6) O talento de Lula para a negociação política e o poder de sedução que o chefe do Executivo exerce sobre o Congresso Nacional são trunfos do novo governo para isolar Bolsonaro no parlamento.
 
Com se vê, muita água ainda vai passar por debaixo da ponte até que seja possível avaliar a verdadeira força de Bolsonaro na oposição a Lula.
 

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20
Jun20

Pontos essenciais que a mídia finge não ver no caso Queiroz

Talis Andrade

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por Pepe Damasco

- - -

1) O verdadeiro amigo do peito de Queiroz não é o senador Flávio Bolsonaro, mas sim o presidente Jair. Foi o pai quem apresentou Queiroz ao filho. Além de ocupar, junto com sua mãe, cargo comissionado no gabinete do então deputado na Alerj, a filha de Queiroz também foi nomeada por Bolsonaro para função de confiança na Câmara dos Deputados. O cheque depositado por Queiroz na conta da primeira-dama Michele diz muito sobre o grau de intimidade entre o miliciano e o presidente.

2) Frederick Wassef é bem mais do que advogado de Flávio e de seu pai. Homem de confiança da família, transita pelos palácios do Planalto e Alvorada a qualquer hora do dia ou da noite.

3) A alcunha de “anjo” não coube a Wassef por acaso. Militante de extrema direita do tipo raiz, ele é fechado com a turma do gabinete do ódio. Midiático, não perde um holofote. No caso da suposta facada sofrida pelo então candidato, colecionou calúnias contra o PSOL e o PT, o que lhe custou inclusive um processo da presidente do PT, Gleisi Hoffmann. Bolsonaro é acusado de interferência na Polícia Federal? Lá está o advogado a defendê-lo na TV. O chefe ataca as instituições e ameaça a democracia?  O “anjo” aparece na mídia para passar pano.

4) Há um erro importante de foco nas manchetes dando conta do escândalo que significa um sujeito acusado de ter cometido vários crimes se esconder justamente no casa do advogado de Flávio, fato agravado por Wassef ter mentido em várias entrevistas anteriores, nas quais afirmou que não sabia onde estava Queiroz. O buraco é mais embaixo: na verdade, a obstrução da justiça partiu de um operador jurídico e político do presidente da República.

5) Bastam não mais do que dois neurônios para ligar os pontos. Quem tem poder de mando no clã mafioso Bolsonaro é o velho Jair. Ninguém preza mais a hierarquia do que essas “famíglias”. Tudo leva a crer, portanto, que a ordem para Wassef receber Queiroz em Atibaia foi dada pelo poderoso chefão.

6) Se Queiroz está para Jair Bolsonaro, 01, 02, 03 e 04 assim como PC Farias esteve para Collor, por que, além das rachadinhas na Alerj, da loja de chocolate e dos inúmeros imóveis adquiridos por Flávio, não entra no radar da mídia e dos investigadores o patrimônio imobiliário do presidente, também incompatível com seus rendimentos dos últimos 30 anos ?

7) Nesta quinta-feira (18), dia em que a casa caiu para Queiroz, foram exibidas várias imagens na TV com Bolsonaro se contradizendo. Primeiro, diante do gado bolsonarista, em frente ao Alvorada, se refere a Wassef como seu advogado. Depois, na live semanal, nega que o anfitrião de Queiroz seja seu advogado. Embora seja do conhecimento público que Bolsonaro é um mentiroso contumaz, um mitômano que constrói uma realidade paralela, a imprensa, se não fosse a piada que é no Brasil, não abordaria com naturalidade algo dessa gravidade.

8) As fortes evidências de envolvimento do presidente em toda essa trama seriam, por óbvio, o fio condutor da cobertura de veículos de comunicação menos sabujos e dispostos a trazer à tona a verdade.. No Brasil do oligopólio midiático, porém, verifica-se um “comovente“ esforço para limitar a patranha a Flávio Bolsonaro, Queiroz e Wassef. 

 

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