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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

15
Jan23

O “Hino” ao Inominável, feito pra lembrar, pra sempre, o pior dos piores mandatários da nossa história; vídeo

Talis Andrade

hino_ao_inominavel.jpg

 

Redação Vio Mundo

- - -

No ar, o ”Hino” ao Inominável. Com letra de Carlos Rennó e música de Chico Brown e Pedro Luís.

Autoironicamente intitulada “hino”, é uma canção-manifesto contra a contra a candidatura de Jair Bolsonaro (PL) à presidência da República.

Num vídeo criado pelo Coletivo Bijari (versão integral, acima, tem 13min40), 30 artistas interpretam-na.

Entre eles, Wagner Moura, Bruno Gagliasso, Lenine, Zélia Duncan, Chico César, Paulinho Moska, Leci Brandão,  Marina Lima, Mônica Salmaso e Zélia Duncan.

Os versos falam de temas recorrentes no discurso do ex-capitão, como a ditadura militar, racismo, machismo,  destruição ambiental.

Citam literalmente ou se baseiam em declarações dadas pelo ‘inominável’ e encontradas na internet e em jornais.

“Feito pra lembrar, pra sempre, esses anos sob a gestão do mais tosco dos toscos, o mais perverso dos perversos, o mais baixo dos baixos, o pior dos piores mandatários da nossa história. E pra contribuir, no presente, pra não reeleição do inominável”, frisa o texto que acompanha o vídeo lançado nesse em 17-09-2022.

“Na íntegra, são 202 versos, mais o refrão, contra o ódio e a ignorância no poder no Brasil”, prossegue o texto.

Que arremata: “Porém, apesar dele – e do que, e de quem e quantos ele representa – a mensagem final é de luz, a luz que resiste, pois, como canta o refrão ‘Mas quem dirá que não é mais imaginável / Erguer de novo das ruínas o país?’”.

Letra completa do “Hino” do Inominável, de  Carlos Rennó

“Sou a favor da ditadura”, disse ele,
“Do pau de arara e da tortura”, concluiu.
“Mas o regime, mais do que ter torturado,
Tinha que ter matado trinta mil”.
E em contradita ao que afirmou, na caradura
Disse: “Não houve ditadura no país”.

E no real o incrível, o inacreditável
Entrou que nem um pesadelo, infeliz,
Ao som raivoso de uma voz inconfiável
Que diz e mente e se desmente e se desdiz.

Disse que num quilombo “os afrodescendentes
Pesavam sete arrobas” – e daí pra mais:
Que “não serviam nem pra procriar”,
Como se fôssemos, nós negros, animais.
E ainda insiste que não é racista
E que racismo não existe no país.

Como é possível, como é aceitável
Que tal se diga e fique impune quem o diz?
Tamanha injúria não inocentável,
Quem a julgou, que júri, que juiz?

Disse que agora “o índio está evoluindo,
Cada vez mais é um ser humano igual a nós.
Mas isolado é como um bicho no zoológico”,
E decretou e declarou de viva voz:
“Nem um centímetro a mais de terra indígena!,
Que nela jaz muita riqueza pro país”.

Se pronuncia assim o impronunciável
Tal qual o nome que tal “hino” nunca diz,
Do inumano ser, o ser inominável,
Do qual emanam mil pronunciamentos vis.

Disse que se tivesse um filho homossexual,
Preferiria que o progênito “morresse”.
Pruma mulher disse que não a estupraria,
Porque “você é feia, não merece”.
E ainda disse que a mulher, “porque engravida”,
“Deve ganhar menos que o homem” no país.

Por tal conduta e atitude deplorável,
Sempre o comparam com alguns quadrúpedes.
Uma maldade, uma injustiça inaceitável!
Tais animais são mais afáveis e gentis.

Mas quem dirá que não é mais imaginável
Erguer de novo das ruínas o país?

Chamou o tema ambiental de “importante
Só pra vegano que só come vegetal”;
Chamou de “mentirosos” dados científicos
Do aumento do desmatamento florestal.
Disse que “a Amazônia segue intocada,
Praticamente preservada no país”.

E assim negou e renegou o inegável,
As evidências que a Ciência vê e diz,
Da derrubada e da queimada comprovável
Pelas imagens de satélites.

E proclamou : “Policial tem que matar,
Tem que matar, senão não é policial.
Matar com dez ou trinta tiros o bandido,
Pois criminoso é um ser humano anormal.
Matar uns quinze ou vinte e ser condecorado,
Não processado” e condenado no país.

Por essa fala inflexível, inflamável,
Que só a morte, a violência e o mal bendiz,
Por tal discurso de ódio, odiável,
O que resolve são canhões, revólveres.

“A minha especialidade é matar,
Sou capitão do exército”, assim grunhiu.
E induziu o brasileiro a se armar,
Que “todo mundo, pô, tem que comprar fuzil”,
Pois “povo armado não será escravizado”,
Numa cruzada pela morte no país

E num desprezo pela vida inolvidável,
Que nem quando lotavam UTIs
E o número de mortos era inumerável,
Disse “E daí? Não sou coveiro”. “E daí?”

“Os livros são hoje ‘um montão de amontoado’
De muita coisa escrita”, veio a declarar.
Tentou dizer “conclamo” e disse “eu canclomo”;
Não sabe conjugar o verbo “concl…amar”.
Clamou que “no Brasil tem professor demais”,
Tal qual um imbecil pra imbecis.

Vigora agora o que não é ignorável:
Os ignorantes ora imperam no país
(O que era antes, ó pensantes, impensável)…
Quem é essa gente que não sabe o que diz?

Mas quem dirá que não é mais imaginável
Erguer de novo das ruínas o país?

Chamou de “herói” um coronel torturador
E um capitão miliciano e assassino.
Chamou de “escória” bolivianos, haitianos…
De “paraíba” e “pau de arara” o nordestino.
E diz que “ser patrão aqui é uma desgraça”,
E diz que “fome ninguém passa no país”.

Tal qual num filme de terror, inenarrável,
Em que a verdade não importa nem se diz,
Desenrolou-se, incontível, incontável,
Um rol idiota de chacotas e pitis.

Disse que mera “fantasia” era o vírus
E “histeria” a reação à pandemia;
Que brasileiro “pula e nada no esgoto,
Não pega nada”, então também não pegaria
O que chamou de “gripezinha” e receitou (sim!),
Sim, cloroquina, e não vacina, pro país.

E assim sem ter que pôr à prova o improvável,
Um ditador tampouco põe pingo nos is,
E nem responde, falador irresponsável,
Por todo ato ou toda fala pros Brasis.

E repetiu o mote “Deus, pátria e família”
Do integralismo e da Itália do fascismo,
Colando ao lema uma suspeita “liberdade”…
Tal qual tinha parodiado do nazismo
O slogan “Alemanha acima de tudo”,
Pondo ao invés “Brasil” no nome do país.

E qual num sonho horroroso, detestável,
A gente viu sem crer o que não quer nem quis:
Comemorarem o que não é memorável,
Como sinistras, tristes efemérides…

Já declarou: “Quem queira vir para o Brasil
Pra fazer sexo com mulher, fique à vontade.
Nós não podemos promover turismo gay,
Temos famílias”, disse com moralidade.
E já gritou um dia: “Toda minoria
Tem de curvar-se à maioria!” no país.

E assim o incrível, o inacreditável,
Se torna natural, quanto mais se rediz,
E a intolerância, essa sim intolerável,
Nessa figura dá chiliques mis.

Mas quem dirá que não é mais imaginável
Erguer de novo das ruínas o país?

Por vezes saem, caem, soam como fezes
Da sua boca cada som, cada sentença…
É um nonsense, é um caô, umas fake-news,
É um libelo leviano ou uma ofensa.
Porque mal pensa no que diz, porque mal pensa,
“Não falo mais com a imprensa”, um dia diz.

Mas de fanáticos a horda lamentável,
Que louva a volta à ditadura no país,
A turba cega-surda surta, insuportável,
E grita “mito!”, “eu autorizo!”, e pede “bis!”

E disse “merda, bosta, porra, putaria,
Filho da puta, puta que pariu, caguei!”
E a cada internação tratando do intestino
E a cada termo grosso e um “Talquei?”,
O cheiro podre da sua retórica
Escatológica se espalha no país.

“Sou imorrível, incomível e imbrochável”,
Já se gabou em sua tão caracterís-
Tica linguagem baixo nível, reprovável,
Esse boçal ignaro, rei de mimimis.

Mas nada disse de Moise Kabagambe,
O jovem congolês que foi aqui linchado.
Do caso Evaldo Rosa, preto, musicista,
Com a família no automóvel baleado,
Disse que a tropa “não matou ninguém”, somente
“Foi um incidente” oitenta tiros de fuzis…

“O exército é do povo e não foi responsável”,
Falou o homem da gravata de fuzis,
Que é bem provável ser-lhe a vida descartável,
Sendo de negro ou de imigrante no país.

Bradou que “o presidente já não cumprirá
Mais decisão” do magistrado do Supremo,
Ao qual se dirigiu xingando: “Seu canalha!”
Mas acuado recuou do tom extremo,
E em nota disse: “Nunca tive intenção
(Não!) De agredir quaisquer Poderes” do país.

Falhou o golpe mas safou-se o impeachável,
Machão cagão de atos pusilânimes,
O que talvez se ache algum herói da Marvel
Mas que tá mais pra algum bandido de gibis.

Mas quem dirá que não é mais imaginável
Erguer de novo das ruínas o país?

E sugeriu pra poluição ambiental:
“É só fazer cocô, dia sim, dia não”.
E pra quem sugeriu feijão e não fuzil:
“Querem comida? Então, dá tiro de feijão”.
É sem preparo, sem noção, sem compostura.
Sua postura com o posto não condiz.

No entanto “chega! […] vai agora [inominável]”,
Cravou o maior poeta vivo, no país,
E ecoou o coro “fora, [inominável]!”
E o panelaço das janelas nas metrópoles!

E numa live de golpista prometeu:
“Sem voto impresso não haverá eleição!”
E praguejou pra jornalistas: “Cala a boca!
Vocês são uma raça em extinção!”
E no seu tosco português ele não pára:
Dispara sempre um disparate o que maldiz.

Hoje um mal-dito dito dele é deletável
Pelo Insta, Face, YouTube e Twitter no país.
Mas para nós, mais do que um post, é enquadrável
O impostor que com o posto não condiz.

Disse que não aceitará o resultado
Se derrotado na eleição da nossa história,
E: “Eu tenho três alternativas pro futuro:
Ou estar preso, ou ser morto ou a vitória”,
Porque “somente Deus me tira da cadeira
De presidente” (Oh Deus proteja esse país!”).

Tivéssemos um parlamento confiável,
Sem x comparsas seus cupinchas, cúmplices,
E seu impeachment seria inescapável,
Com n inquéritos, pedidos, CPIs.

………………………………………………………………

Não há cortina de fumaça indevassÁvel
Que encubra o crime desses tempos inci-vis
E tampe o sol que vem com o dia inadiÁvel
E brilha agora qual farol na noite gris.
É a esperança que renasce onde HÁ véu,
De um horizonte menos cinza e mais feliz.
É a passagem muito além do instagramÁvel
Do pesadelo à utopia por um triz,
No instante crucial de liberdade instÁvel
Pros democráticos de fato, equânimes,
Com a missão difícil mas realizável
De erguer das cinzas como fênix o país.

E quem dirá que não é mais imaginável
Erguer de novo das ruínas o país?

Mas quem dirá que não é mais imaginável
Erguer de novo das ruínas o país?

“Hino” ao Inominável

Produção e direção musical: Xuxa Levy

Produção e direção artística: Carlos Rennó

Colaboração musical e artística: Pedro Luís e Chico Brown

Intérpretes

André Abujamra

Arrigo Barnabé

Bruno Gagliasso

Caio Prado

Cida Moreira

Chico Brown

Chico César

Chico Chico

Dexter

Dora Morelenbaum

Héloa

Hodari

Jorge Du Peixe

José Miguel Wisnik

Leci Brandão

Lenine

Luana Carvalho

Marina Íris

Marina Lima

Monica Salmaso

Paulinho Moska

Pedro Luís

Péricles Cavalcanti

Preta Ferreira

Professor Pasquale

Ricardo Aleixo

Thaline Karajá

Vitor da Trindade

Wagner Moura

Zélia Duncan

Músicos:

Ana Karina Sebastião: baixo
Cauê Silva : percussão
Fábio Pinczowski: teclados
Juba Carvalho: percussão
Léo Mendes: guitarra
Thiago Silva: bateria
Webster Santos: violões
Xuxa Levy: máquina de escrever e programações

Participação especial: violoncelista Jacques Morelenbaum

Vídeo:

Coletivo Bijari
Edição: Guilherme Peres
Direção de fotografia: Toni Nogueira

21
Set22

Conheça a verdade sobre Bolsonaro

Talis Andrade

Charge do dia - Jornal de Brasília

 

Bolsonaro não fez nada fez por

Ceilândia ceilândia

Ceilândia ceilândia

Respeito todas as quebradas becos e vielas

Quebras cabulosas satélites e qualquer favela

Todas se parecem muito só que a cei é diferente

Na nossa quebrada a parada é mais quente

Mais de 500 mil e pra eles somos lixo

Lutando pra sobreviver tratados como bichos

Escrotos ratos de esgotos vermes rastejantes

Cobras bichos peçonhentos monstros repugnantes

Terra sem lei nova babel casa do caralho

Cu do mundo baixa da égua 

(Começo da letra de "Ceilândia Revanche do Gueto", de Câmbio Negro. Leia mais e conheça a músicaque descreve a maior favela da América Latina, onde nasceu a primeira-dama Michelle Bolsonaro, neta da Rainha do Sol Poente. Terra sem governador, terra dos marechais de contracheques, das Marias Candelária, dos marajás, das princesas que herdam, pra toda vida, ricas pensões pra não casar, pra não trabalhar, pra uma vida de gozos, sombra e água fresca. E o povo com fome, e o favelado na fila do osso, na fila da fome, na fila da morte)

chacina do Cabula – andradetalis

Bolsonaro nada fez pelo Rio de Janeiro, e aprova o Rio de Sangue de Cláudio Castro, que já pode - escreve a jornalista Cristina Serra = "ostentar os títulos de rei das chacinas, campeão dos banhos de sangue e governador mais letal da história do Rio de Janeiro. Três dos maiores massacres cometidos por forças policiais no estado ocorreram sob seu comando. O do Jacarezinho, em maio do ano passado, com 28 pessoas assassinadas; o da Vila Cruzeiro, em maio deste ano, com 25 mortos, e agora o do Complexo do Alemão, com 19 vítimas. Castro transformou a carnificina em espetáculo midiático-eleitoral". Mandou dar uma arma para os policiais aposentados, convocou vários deles para receber mensalmente grana do orçamento secreto que banca funcionários fantasmas das milícias eleitorais armadas defendidas por Bolsonaro para garantir o golpe anunciado, o Bolsonaro que proclamou fraude nas eleições que ainda vão acontecer, que proclamou o golpe branco ou sangrento, a guerra civil 

E proclamou : “Policial tem que matar,

Tem que matar, senão não é policial.

Matar com dez ou trinta tiros o bandido,

Pois criminoso é um ser humano anormal.

Matar uns quinze ou vinte e ser condecorado,

Não processado” e condenado no país.

Por essa fala inflexível, inflamável,

Que só a morte, a violência e o mal bendiz,

Por tal discurso de ódio, odiável,

O que resolve são canhões, revólveres.

“A minha especialidade é matar,

Sou capitão do exército”, assim grunhiu.

E induziu o brasileiro a se armar,

Que “todo mundo, pô, tem que comprar fuzil”,

Pois “povo armado não será escravizado”,

Numa cruzada pela morte no país

E num desprezo pela vida inolvidável,

Que nem quando lotavam UTIs

E o número de mortos era inumerável,

Disse “E daí? Não sou coveiro”. “E daí?”

Cante o "Hino ao Inominável", de Carlos Rennó, musicado por Chico Brown e Pedro Luís.

 

 

 

20
Set22

‘Hino’ ao inominável: artistas lançam música de protesto contra Bolsonaro

Talis Andrade

Hino' ao inominável: artistas lançam música de protesto contra Bolsonaro –  blog da kikacastro

Thaline Karajá, Bruno Gagliasso, Caio Prado e Zélia Duncan estão entre os 30 intérpretes da música-protesto.

 

 

BLOG DA KIKACASTRO

Para leitores pensantes

 

Mais uma vez, a música, a poesia, viram arma contra a ignorância.

Neste sábado (17) foi lançado o clipe do ‘Hino’ ao Inominável, com letra de Carlos Rennó e música de Chico Brown e Pedro Luís.

Assista:

A canção relembra quatro anos de atrocidades vividas sob governo Bolsonaro (o inominável) e de descalabros ditos por ele.

Crimes cometidos, frases e ações que teriam rendido impeachment em qualquer país sério.

20200429-charge-duke-e-dai-coronavirus-sindicato-bancarios-bauru -  Sindicato dos Bancários e Financiários de Bauru e Região

Charge do Duke que entrou pra história,

assim como a frase disparada por Bolsonaro

quando perguntado sobre os mortos por Covid-19 no Brasil.

 

O clipe tem participação de vários artistas, como já tinha acontecido, em agosto, com a carta pela democracia no Brasil, que também reuniu gente do calibre de Fernanda Montenegro, Milton Nascimento, Chico e Caetano.

Desta vez, temos Wagner Moura, Bruno Gagliasso, Lenine, José Miguel Wisnik, Chico César, Zélia Duncan, Marina Lima e Professor Pasquale, dentre vários outros. A lista é grande.

Dá raiva assistir a esses 13 minutos de clipe, mas é importante relembrar, ainda mais agora, que estamos às vésperas das eleições.

Como diz a mensagem na página oficial do clipe:

“Sem a memória dos crimes de hoje, não teremos justiça amanhã. Esquecer, jamais. ‘Hino’ ao Inominável foi feito pra isso: pra lembrar pra sempre o que vivemos nesses anos sob a gestão do mais tosco dos toscos, o mais perverso dos perversos, o mais baixo dos baixos, o pior dos piores mandatários da nossa história. E, no presente, colaborar pra que o inominável não seja reeleito.” 

Dá para checar na internet todas as frases ditas por Bolsonaro e relembradas nesta música. Ele não tem vergonha de dizer atrocidades, muitas vezes diz em vídeo, repete depois em áudio, não está nem aí, literalmente, para o decoro.

Até as 21h40 deste sábado, o clipe completo já tinha mais de 100 mil visualizações, 25 mil curtidas e mais de 1.800 comentários. Mais explicações sobre ele na página do YouTube:

“Com letra de Carlos Rennó e música de Chico Brown e Pedro Luís, a canção – autoironicamente intitulada de “hino” – é apresentada por trinta intérpretes num vídeo do Coletivo Bijari com 13:40 na versão integral (…) Na íntegra, são 202 versos, mais o refrão, contra o ódio e a ignorância no poder no Brasil. Porém, apesar dele – e do que, e de quem e quantos ele representa – a mensagem final é de luz, a luz que resiste”.

Essa mensagem final, com um quê de otimista, está no refrão:

“Mas quem dirá que não é mais imaginável

Erguer de novo das ruínas o país?”

Existe um governo ou é mito? - Blog da Cidadania

 

Leia a seguir a letra de Carlos Rennó na íntegra:

“Sou a favor da ditadura”, disse ele,

“Do pau de arara e da tortura”, concluiu.

“Mas o regime, mais do que ter torturado,

Tinha que ter matado trinta mil”.

E em contradita ao que afirmou, na caradura

Disse: “Não houve ditadura no país”.

E no real o incrível, o inacreditável

Entrou que nem um pesadelo, infeliz,

Ao som raivoso de uma voz inconfiável

Que diz e mente e se desmente e se desdiz.

Disse que num quilombo “os afrodescendentes

Pesavam sete arrobas” – e daí pra mais:

Que “não serviam nem pra procriar”,

Como se fôssemos, nós negros, animais.

E ainda insiste que não é racista

E que racismo não existe no país.

Como é possível, como é aceitável

Que tal se diga e fique impune quem o diz?

Tamanha injúria não inocentável,

Quem a julgou, que júri, que juiz?

Disse que agora “o índio está evoluindo,

Cada vez mais é um ser humano igual a nós.

Mas isolado é como um bicho no zoológico”,

E decretou e declarou de viva voz:

“Nem um centímetro a mais de terra indígena!,

Que nela jaz muita riqueza pro país”.

Se pronuncia assim o impronunciável

Tal qual o nome que tal “hino” nunca diz,

Do inumano ser, o ser inominável,

Do qual emanam mil pronunciamentos vis.

Disse que se tivesse um filho homossexual,

Preferiria que o progênito “morresse”.

Pruma mulher disse que não a estupraria,

Porque “você é feia, não merece”.

E ainda disse que a mulher, “porque engravida”,

“Deve ganhar menos que o homem” no país.

Por tal conduta e atitude deplorável,

Sempre o comparam com alguns quadrúpedes.

Uma maldade, uma injustiça inaceitável!

Tais animais são mais afáveis e gentis.

Mas quem dirá que não é mais imaginável

Erguer de novo das ruínas o país?

 

Chamou o tema ambiental de “importante

Só pra vegano que só come vegetal”;

Chamou de “mentirosos” dados científicos

Do aumento do desmatamento florestal.

Disse que “a Amazônia segue intocada,

Praticamente preservada no país”.

E assim negou e renegou o inegável,

As evidências que a Ciência vê e diz,

Da derrubada e da queimada comprovável

Pelas imagens de satélites.

E proclamou : “Policial tem que matar,

Tem que matar, senão não é policial.

Matar com dez ou trinta tiros o bandido,

Pois criminoso é um ser humano anormal.

Matar uns quinze ou vinte e ser condecorado,

Não processado” e condenado no país.

Por essa fala inflexível, inflamável,

Que só a morte, a violência e o mal bendiz,

Por tal discurso de ódio, odiável,

O que resolve são canhões, revólveres.

“A minha especialidade é matar,

Sou capitão do exército”, assim grunhiu.

E induziu o brasileiro a se armar,

Que “todo mundo, pô, tem que comprar fuzil”,

Pois “povo armado não será escravizado”,

Numa cruzada pela morte no país

E num desprezo pela vida inolvidável,

Que nem quando lotavam UTIs

E o número de mortos era inumerável,

Disse “E daí? Não sou coveiro”. “E daí?”

“Os livros são hoje ‘um montão de amontoado’

De muita coisa escrita”, veio a declarar.

Tentou dizer “conclamo” e disse “eu canclomo”;

Não sabe conjugar o verbo “concl…amar”.

Clamou que “no Brasil tem professor demais”,

Tal qual um imbecil pra imbecis.

Vigora agora o que não é ignorável:

Os ignorantes ora imperam no país

(O que era antes, ó pensantes, impensável)…

Quem é essa gente que não sabe o que diz?

Mas quem dirá que não é mais imaginável

Erguer de novo das ruínas o país?

Chamou de “herói” um coronel torturador

E um capitão miliciano e assassino.

Chamou de “escória” bolivianos, haitianos…

De “paraíba” e “pau de arara” o nordestino.

E diz que “ser patrão aqui é uma desgraça”,

E diz que “fome ninguém passa no país”.

Tal qual num filme de terror, inenarrável,

Em que a verdade não importa nem se diz,

Desenrolou-se, incontível, incontável,

Um rol idiota de chacotas e pitis.

Disse que mera “fantasia” era o vírus

E “histeria” a reação à pandemia;

Que brasileiro “pula e nada no esgoto,

Não pega nada”, então também não pegaria

O que chamou de “gripezinha” e receitou (sim!),

Sim, cloroquina, e não vacina, pro país.

E assim sem ter que pôr à prova o improvável,

Um ditador tampouco põe pingo nos is,

E nem responde, falador irresponsável,

Por todo ato ou toda fala pros Brasis.

E repetiu o mote “Deus, pátria e família”

Do integralismo e da Itália do fascismo,

Colando ao lema uma suspeita “liberdade”…

Tal qual tinha parodiado do nazismo

O slogan “Alemanha acima de tudo”,

Pondo ao invés “Brasil” no nome do país.

E qual num sonho horroroso, detestável,

A gente viu sem crer o que não quer nem quis:

Comemorarem o que não é memorável,

Como sinistras, tristes efemérides…

Já declarou: “Quem queira vir para o Brasil

Pra fazer sexo com mulher, fique à vontade.

Nós não podemos promover turismo gay,

Temos famílias”, disse com moralidade.

E já gritou um dia: “Toda minoria

Tem de curvar-se à maioria!” no país.

E assim o incrível, o inacreditável,

Se torna natural, quanto mais se rediz,

E a intolerância, essa sim intolerável,

Nessa figura dá chiliques mis.

Mas quem dirá que não é mais imaginável

Erguer de novo das ruínas o país?

Por vezes saem, caem, soam como fezes

Da sua boca cada som, cada sentença…

É um nonsense, é um caô, umas fake-news,

É um libelo leviano ou uma ofensa.

Porque mal pensa no que diz, porque mal pensa,

“Não falo mais com a imprensa”, um dia diz.

Mas de fanáticos a horda lamentável,

Que louva a volta à ditadura no país,

A turba cega-surda surta, insuportável,

E grita “mito!”, “eu autorizo!”, e pede “bis!”

E disse “merda, bosta, porra, putaria,

Filho da puta, puta que pariu, caguei!”

E a cada internação tratando do intestino

E a cada termo grosso e um “Talquei?”,

O cheiro podre da sua retórica

Escatológica se espalha no país.

“Sou imorrível, incomível e imbrochável”,

Já se gabou em sua tão caracterís-

Tica linguagem baixo nível, reprovável,

Esse boçal ignaro, rei de mimimis.

Mas nada disse de Moise Kabagambe,

O jovem congolês que foi aqui linchado.

Do caso Evaldo Rosa, preto, musicista,

Com a família no automóvel baleado,

Disse que a tropa “não matou ninguém”, somente

“Foi um incidente” oitenta tiros de fuzis…

“O exército é do povo e não foi responsável”,

Falou o homem da gravata de fuzis,

Que é bem provável ser-lhe a vida descartável,

Sendo de negro ou de imigrante no país.

Bradou que “o presidente já não cumprirá

Mais decisão” do magistrado do Supremo,

Ao qual se dirigiu xingando: “Seu canalha!”

Mas acuado recuou do tom extremo,

E em nota disse: “Nunca tive intenção

(Não!) De agredir quaisquer Poderes” do país.

Falhou o golpe mas safou-se o impeachável,

Machão cagão de atos pusilânimes,

O que talvez se ache algum herói da Marvel

Mas que tá mais pra algum bandido de gibis.

Mas quem dirá que não é mais imaginável

Erguer de novo das ruínas o país?

E sugeriu pra poluição ambiental:

“É só fazer cocô, dia sim, dia não”.

E pra quem sugeriu feijão e não fuzil:

“Querem comida? Então, dá tiro de feijão”.

É sem preparo, sem noção, sem compostura.

Sua postura com o posto não condiz.

No entanto “chega! […] vai agora [inominável]”,

Cravou o maior poeta vivo, no país,

E ecoou o coro “fora, [inominável]!”

E o panelaço das janelas nas metrópoles!

E numa live de golpista prometeu:

“Sem voto impresso não haverá eleição!”

E praguejou pra jornalistas: “Cala a boca!

Vocês são uma raça em extinção!”

E no seu tosco português ele não pára:

Dispara sempre um disparate o que maldiz.

Hoje um mal-dito dito dele é deletável

Pelo Insta, Face, YouTube e Twitter no país.

Mas para nós, mais do que um post, é enquadrável

O impostor que com o posto não condiz.

Disse que não aceitará o resultado

Se derrotado na eleição da nossa história,

E: “Eu tenho três alternativas pro futuro:

Ou estar preso, ou ser morto ou a vitória”,

Porque “somente Deus me tira da cadeira

De presidente” (Oh Deus proteja esse país!”).

Tivéssemos um parlamento confiável,

Sem x comparsas seus cupinchas, cúmplices,

E seu impeachment seria inescapável,

Com n inquéritos, pedidos, CPIs.

 

Leitores criticam inação do governo na pandemia - 15/12/2020 - Painel do  Leitor - Folha

Não há cortina de fumaça indevassÁvel

Que encubra o crime desses tempos inci-vis

E tampe o sol que vem com o dia inadiÁvel

E brilha agora qual farol na noite gris.

É a esperança que renasce onde HÁ véu,

De um horizonte menos cinza e mais feliz.

É a passagem muito além do instagramÁvel

Do pesadelo à utopia por um triz,

No instante crucial de liberdade instÁvel

Pros democráticos de fato, equânimes,

Com a missão difícil mas realizável

De erguer das cinzas como fênix o país.

E quem dirá que não é mais imaginável

Erguer de novo das ruínas o país?

Mas quem dirá que não é mais imaginável

Erguer de novo das ruínas o país?

 

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