Deputado histérico atira durante votação virtual no MS: 'advertência ao comunismo'
Descontrolado João Henrique Catan
Quebra de decoro e apologia à violência
Parlamentares votavam PL que reconhece riscos do tiro desportivo
Autor deputado, que sofre de histeria, atira durante argumentação
PL foi aprovado
Durante a votação de um projeto de lei que reconhece o risco da atividade de atirador desportivo no estado de Mato Grosso do Sul, nesta terça-feira (17), o deputado estadual João Henrique Catan (PL-MS) sacou uma arma e disparou diversas vezes. Ele anunciava os argumentos do seu voto, de forma remota, desde um estande de tiro. Segundo ele, os disparos eram uma “advertência ao comunismo”.
"Esse projeto é um tiro de advertência no comunismo e na mão leve que assaltou o país. Por isso, uma salva de tiros sim", bravejou, atirando em uma imagem com uma foice e martelo, que é símbolo de partidos comunistas e de esquerda.
Ele é o autor do projeto, que acabou sendo aprovado por 16 votos a 3. Agora deverá ser sancionado pelo governador. E admirador apaixonado do vereador Carlos Bolsonaro, outro fanático da extrema direita.
O texto prevê o reconhecimento, no âmbito estadual, do risco da atividade de atirador desportivo integrante de entidades de desporto legalmente constituídas, com o objetivo de contribuir com os interessados em retirar o porte de armas de fogo.
Catan disse que o objetivo da lei "seria armar o cidadão de bem e inibir invasões ilegais, diminuindo a criminalidade e prevalecendo o direito de propriedade".
"O povo armado jamais será escravizado", declarou, no vídeo, repetindo uma fala do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Os demais deputados presentes ficaram surpresos. A atitude foi condenada pelo presidente do Legislativo estadual, Paulo Corrêa (PSDB). "Não pode fazer isso, houve um exagero", disse.
Outros parlamentares também criticaram a demonstração. Paulo Duarte (PSB) disse que se sentiu desrespeitado e que tal atitude incentiva a violência. "Qual é a lógica de fazer isso? Meu repúdio a esse tipo de voto e ninguém vai me intimidar aqui".
Já o deputado Pedro Kemp (PT) repudiou o ato e afirmou que a intenção de Catan seria ganhar mídia com polêmicas.
"Isso aqui não é um teatro. Da próxima vez, se quiser se aparecer, pendure uma melancia no pescoço. Temos assuntos mais importantes do que debater armas, assuntos como fome, miséria, desemprego, violência contra a mulher, a LGBTfobia", disse.
Apesar das críticas de colegas, nenhum pedido de apuração da conduta do parlamentar foi solicitado até o momento, segundo apuração do jornal Folha de S. Paulo.