Investigações ligam o tenente-coronel do Exército Mauro Cesar Barbosa Cid aos atos golpistas de apoiadores de Bolsonaro
247 -O tenente-coronel do Exército Mauro Cesar Barbosa Cid, conhecido como coronel Cid, que foi ajudante de ordens de Jair Bolsonaro durante o último governo, está no centro do que ficou conhecido entre investigadores como “rachadinha palaciana”, um suposto esquema de “caixa paralelo” dentro do Palácio do Planalto. A reportagem exclusiva sobre o caso é dos jornalistas Rodrigo Rangel e Sarah Teófilo, doMetrópoles.
Cid tornou-se alvo de inquéritos do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou quebra de sigilo no caso. A partir disso, observou-se que o tenente-coronel centralizava recursos sacados de cartões corporativos do governo ao mesmo tempo em que tinha a tarefa de cuidar do pagamento, com dinheiro vivo, de diversas despesas da família Bolsonaro.
Entre as contas pagas estava um fatura de um cartão de crédito usado por Michelle Bolsonaro, mas emitido em nome de uma amiga dela: a funcionária do Senado Federal de nome Rosimary Cardoso Cordeiro.
Um dos pontos que mais chamou a atenção dos investigadores foi a origem de alguns dos recursos manejados por Cid, além dos cartões corporativos usados pelo staff da Presidência. Segundo os jornalistas do Metrópoles, apareceram indícios de que valores provenientes de saques feitos por outros militares ligados a Cid e lotados em quartéis de fora de Brasília eram repassados a ele.
Os jornalistas revelam ainda que as investigações ligam Cid aos atos golpistas de apoiadores de Bolsonaro, que culminaram com a invasão terrorista das sedes dos Três Poderes, no dia 8 de janeiro. Mensagens de texto e áudio apontam que Cid funcionava como elo entre Bolsonaro e radicais instigadores do golpe, entre eles o blogueiro bolsonarista Allan dos Santos.
Segundo as investigações, Jair Bolsonaro tinha conhecimento e controle de tudo o que Cid fazia.
Começaria pedindo humildemente ao distinto público “Paz e Respeito”. Não lhe faltariam razões. O nascimento do arquipélago de origem vulcânica no meio do mar é um ato de rebeldia geográfica que aflora frente ao gigantesco oceano. Inspira, como seus irmãos espalhados, mundo afora, sentimentos díspares: desafiam e encantam; enternecem e assustam; aconchegam e isolam. Todos têm atributos paradisíacos.
Quem sabe se o ficcionista Thomas Morus (1480-1535) não escreveu a Utopia (1516) a partir do sonho com uma comunidade insular. Morus propunha atualíssimas regras de preservação ecológica a começar pela limitação do número de habitantes; “viver de acordo com a natureza”; proibir que se “tragam coisas sujas para evitar a poluição e a doença; cuidar do “Rio Anidro” fonte escassa de água potável; enfim, acreditar que o engenho humano pode construir uma sociedade em que haja equilíbrio nas relações Homem/Natureza, indivíduo/coletividade, prosperidade geral/bem-estar social.
No mundo real é diferente. Por que não buscar a “utopia concreta”, vertida, simplesmente, no conceito de sustentabilidade?
Com mais ênfase, afirmaria Noronha: “este é o meu destino e vocação” (Americo Vespúcio já dissera “o paraíso é aqui”). “Desde que nasci, vivo sob o clima da instabilidade, da insegurança e das dúvidas: Loronha ou Noronha? Descoberta em 1501 ou 1503? Capitania Hereditária que não conheceu seu dono? Provei de tudo: abandono, invasão, presídio, Território Federal Militar na II Guerra Mundial, Território Federal e, por força do artigo 15 do Ato Das Disposições Constituições Transitórias, a reincorporação da área ao Estado de Pernambuco”.
A partir de então, um conjunto de normas alicerçam o esquema de proteção à Unidade de Conservação do Arquipélago: o Dec. 92.755/86 definiu uma Área de Proteção Ambiental; o Dec. 96.693/88 que criou o Parque Nacional Marinho; no âmbito estadual, decreto estadual 13.553/89 declarou o Arquipélago como Área de Proteção Ambiental.
Do ponto de vista formal, o valioso ecossistema de Noronha estava delineado, culminando com reconhecimento, em 2001, pela UNESCO como Patrimônio Natural da Humanidade. O grande desafio tem sido adotar no plano político-administrativo medidas que assegurem a preservação ecológica e a atração do ecoturismo, uma das grandes potencialidades econômicas do século XXI.
De fato, além de intervenções na infraestrutura, obedecidos critérios de sustentabilidade, houve uma significativa mudança cultural dos empreendedores: compreenderam que os peixes vivos valem mais do que as “vítimas” da pesca predatória e o valor da água limpa é uma resposta saudável e civilizada aos danos da água poluída.
Trata-se, no entanto, de luta permanente. Noronha ganhou a relevância de objeto do desejo exatamente porque fez prevalecer a integridade do ecossistema. O jogo das pressões políticas e a visão equivocada de que economia e meio ambiente são incompatíveis ameaçam a sustentabilidade do Arquipélago.
Assustado, Noronha mandou um grave alerta às autoridades brasileiras e a todos que, no Planeta Terra, são apóstolos dos cuidados com natureza viva e generosa: “a passagem do ‘boi e da boiada´ é uma agravante métrica do crime ambiental: por onde passam golfinhos, mamíferos sociáveis, passam, também, cardumes de ‘tubarões’ famintos de fauna e de lucros.
Uma demanda judicial movida pelo Governo Federal (AGU), junto ao STF sob a argumentação do descumprimento por Pernambuco das cláusulas dos acordos celebrados entre a União e o Estado, ratifica a supremacia do conflito sobre a serenidade do diálogo. Noronha precisa e pede paz. Importante registrar: o atual governo não tem demonstrado o menor compromisso com a questão ambiental.
E por que merece respeito? Porque é “um bem da vida” tal como o poeta Thiago de Mello se referia à Amazônia.
Jair Bolsonaro alertou para o perigo da mamadeira de piroca, "adotada pelo PT" nos tempos que existia leite nas creches. E merenda nas escolas. Por acreditar nesta realidade, o povão votou em Bolsonaro. Que se tire a mamadeira. Melhor morrer de fome aqui na terra, do que ir para o inferno.
Os ricos também sonham um outro mundo. “Se essa casa queimar, não importa, eles levam seus recursos para seu outro planeta, no céu, no paraíso”, disse à Folha o filósofo e sociólogo francês Bruno Latour, em referência ao negacionismo (da ciência, do clima e dos fatos) como recurso narrativo. Os mais ricos do mundo, no entanto, querem levar ao pé da letra a aposta maníaca de que seus poderes dispensam este planeta cheio de problemas” , escreve Ana Carolina Amaral.
No momento em que os números do desmatamento da Amazônia batem recorde atrás de recorde, uma exposição inédita do fotógrafo Sebastião Salgado traz à luz toda a riqueza de um dos maiores patrimônios naturais da humanidade. “Amazônia" foi aberta nesta quarta-feira (19), na França, com mais de 200 fotos clicadas ao longo de quase 50 expedições ao coração da floresta.
No lugar de fogo, a imensidão das árvores em pé. Em vez de fumaça, tribos indígenas no seu habitat. Em oposição à terra arrasada, descobertas muitas vezes inéditas para a maioria dos brasileiros, como as montanhas mais altas do país, na Serra do Imeri. A mostra, exposta na Filarmônica de Paris, busca a sensibilização do público para a preservação da floresta pela sua beleza.
"Trabalhamos sete anos para poder mostrar exatamente o que é a Amazônia, principalmente para os brasileiros, que não a conhecem direito. Eles imaginam que a Amazônia só tem rios, florestas e que tudo é plano. O brasileiro tem que saber disso para a gente poder proteger”, explica a comissária e idealizadora da exposição, Lélia Wanick Salgado – companheira do fotógrafo na vida e nesta aventura.
O trabalho pode ser considerado uma sequência da obra majestosa Genesis do fotógrafo, agora com foco na mata brasileira. Nos últimos sete anos, Salgado pôde acompanhar de perto a aceleração da degradação da maior floresta tropical do mundo.
"Cada vez que eu volto na Amazônia, eu tenho a constatação de que a destruição é permanente lá. Nós perdemos praticamente tudo o que nós perdemos da Amazônia nos últimos 40 anos”, observa à RFI.
"O que nos falta [para protegê-la] é honestidade planetária. É claro que o governo Bolsonaro é predador, mas a destruição da Amazônia não começou com este governo: ela acontece por causa da sociedade consumo. Quando vemos a madeira amazônica, o ipê amazônico, nos prédios de Paris, vemos esse comércio de madeira que sai de lá e vai para todo o mundo. Quando vemos que a grande maioria da destruição da Amazônia é para produzir carne e soja que vem para cá para engordar os rebanhos franceses, vemos que tudo isso acontece para atender a um enorme mercado internacional”, denuncia, em uma conversa com a imprensa internacional na avant-première do evento.
“Precisamos do apoio do planeta inteiro, da pressão política de todos os países, da pressão econômica sobre o governo brasileiro para que a gente consiga proteger esse bioma”, clama Salgado. "A Amazônia é brasileira e isso não se discute. Mas a necessidade de proteção do bioma é planetária, porque a distribuição de umidade no planeta vem através dos rios aéreos que saem da Amazônia e vão para o planeta inteiro. A destruição hoje da floresta, através do fogo, é uma liberação de uma quantidade incrível de CO2, verdadeiras bombas atômicas de carbono que o governo brasileiro está provocando. Então, a contribuição hoje do governo do senhor Bolsonaro ao aquecimento global talvez seja a maior jamais feita na história da humanidade”, avalia.
A flexibilização de regras ambientais, o desmonte de estruturas de fiscalização e o incentivo, pelo próprio presidente da República, de atividades ilegais como o garimpo e a grilagem terminam de desfigurarar a parte leste da Amazônia, cobiçada e apropriada pela agricultura intensiva. Para as suas viagens à floresta, Salgado dialoga há décadas com as instituições ambientalistas encarregadas da proteção da região, como o Ibama e a Funai. Entretanto, sob o atual governo, essas entidades se descaracterizaram em proveito do agronegócio, acusa o fotógrafo.
“O número de multas é o menor que já existiu na Amazônia. O Ibama não funciona mais na Amazônia, não tem mais nenhuma capacidade de pressão e de controle e proteção do bioma”, aponta. "A Funai hoje é uma instituição de proteção do agronegócio agressivo, destruidor. Antes, a Funai sempre teve grandes sociólogos, antropólogos na direção. Teve até um general e, hoje, é um policial federal. É um policial sem nenhuma formação para o cargo, de forma alguma preparado para essa função. É uma correia transmissora de destruição do bioma amazônico”, critica.
Indígenas “representam o paraíso na Terra”
A viagem à floresta pelas lentes de Salgado tem trilha sonora de Villa-Lobos com verdadeiros sons da floresta, coletados desde os anos 1950 e armazenados no Museu Etnográfico de Genebra, parceiro do evento. A composição é do francês Jean-Michel Jarre, considerado um dos pais da música eletrônica. A exposição conta ainda com depoimentos de 10 povos indígenas – que expõem um verdadeiro pedido de socorro diante do avanços dos tratores sobre as suas terras.
"Quando você vai nas comunidades indígenas, você percebe que está diante da pré-história da humanidade. Eles não têm maldade, não têm mentira, não conhecem a repressão nem a competição. Eles vivem de uma maneira tão pura que eles representam, talvez, um conceito que para nós, no mundo cristão, marca o início da nossa história: o paraíso. O paraíso existe na Terra e ele está lá”, analisa o fotógrafo. “Eles são como nós. É fenomenal reencontrar esse início da nossa história, e é por isso que precisamos respeitá-los."
A exposição Amazônia será itinerante – passará por Roma, Londres, São Paulo e Rio de Janeiro nos próximos meses – num roteiro que ainda pode ser ampliado.
“A floresta é indescritível, de tão imensa, tão fantástica. Ver a chuva na Amazônia é como assistir a uma explosão atômica diante de nós. É inacreditável”, descreve. "Eu tenho uma grande esperança que essa imensa destruição provocada pelo governo Bolsonaro está causando, ao mesmo tempo, uma enorme frente de resistência. O primeiro lugar de frente de resistência que está sendo criada é dentro do Brasil mesmo. Até um ano e meio atrás, os brasileiros não tinham nenhuma preocupação com a Amazônia. As comunidades indígenas nunca foram ameaçadas como agora, mas jamais foram tão organizadas como estão agora.”