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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

15
Nov20

Um país de maricas, nosso país!

Talis Andrade

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por Chico Alencar /A Terra é Redonda

Somos um país de gente que sabe de sua finitude, mas não aceita morrer de abandono, fome, descaso, desmatamento, antes do tempo

Somos um país de Marias, de Quincas, de Antônias, de Serafins. De Maricas sim! Até de valentões, como Nhô Augusto Matraga, personagem do Rosa, que gostava de levar tudo de vencida, mas amansou com os baques da vida. E aprendeu, enfim, a amar seu igual (alguns, lamento, são casos perdidos de desumanidade estrutural).

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Somos um país da Ciência, de Santos Dumont, de Nise da Silveira, de Carlos Chagas, de Osvaldo Cruz, do Butantan, da Fiocruz. Das pesquisas nas universidades, para beneficiar a todos, com igualdade. Somos um país até de negacionistas e terraplanistas, apartados da realidade, que minguam na sua mediocridade.

Somos um país aberto ao mundo, que louva e utiliza a bússola, a impressão, o papel e mesmo a pólvora que a Civilização Chinesa legou para a Humanidade. Não aceitamos a marcha a ré da precariedade.

Queremos os avanços na Saúde, na Medicina, que nos ajudam a existir com qualidade – de qualquer origem e nacionalidade. Queremos tudo o que vem para “aliviar a canseira da existência”, como disse o Galileu do Brecht, que enfrentou a nada santa Inquisição mas não perdeu a consciência.

Somos um país de gente que sabe de sua finitude, mas não aceita morrer de abandono, fome, descaso, desmatamento, antes do tempo. De gente que quer, da vida, a delícia, e não a trama sinistra da milícia.

Somos um povo mais sábio do que os autocratas toscos que pensam nos governar. Esses vão passar!

Nossos sonhos não cabem nas urnas, mas também passam por lá, rebeldes, pra aumentar os pesadelos dos que se julgam eternos.

Sim, todos vamos morrer um dia. Inclusive os truculentos e neofascistas que tentam nos roubar vacinas e alegrias.

Eles ficarão, esquecidos, no lixo da História. Nossas causas – da justiça, da igualdade, da fraternidade – nos ultrapassam: permanecerão na memória, serão nosso perene padrão de glória.

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15
Nov20

Custo que o Exército viria a pagar para ter Bolsonaro foi previsto, dito e escrito

Talis Andrade

 

Por Janio de Freitas

- - -

Os níveis mais altos de militares do Exército, incluídos os reformados-mas-não-muito, estão sob interrogações sem respostas e, por isso, possíveis inquietações mal definidas. Nada indica, no entanto, o sentido adverso a Bolsonaro que exala dos comentários sobre contrariedade de altos estrelados com seu capitão-comandante. Na falta de indícios resistentes, a onda parece seguir a mesma pressa dedutiva que há pouco criou um Bolsonaro aderido à moderação.

​Não há sinais de insatisfação no Exército com o governo. Nisso se tem confirmado a comunhão de visões entre Bolsonaro e os referidos militares do Exército. Mesmo nas práticas que mais choquem o mundo da cidadania, como a entrega da Saúde e da vigilância farmacológica a militares sem a formação específica. Ou a destruição da riqueza natural, sobre ela recaindo a recente advertência aprovadora do general-vice Hamilton Mourão: “A eleição [nos EUA] não muda a política ambiental”.

O eventual desagrado é com os transbordamentos de cretinismos, haja ou não discordância. O Exército, que formou esse capitão hoje mais representativo que qualquer general, tem pago caro em desprestígio por cada asnice de Bolsonaro. E lá é natural que se perguntem o que fazer.

O desgaste já é em nível de ridículo. Quem, no grupo de militares palacianos, tentou conter um pouco a produção bestial, teve como resultado a demissão grosseira, caso dos generais Santos Cruz e Rêgo Barros. Ou rompeu relações, como o indemissível Mourão. Os demais conduzem-se como acovardados. Para essas pessoas que se pensam admiráveis, poderosas, distinguidas pela força da arma, responsáveis pelo país que nem entendem, verem-se até em anedótico desafio a militares de verdade, convenhamos, há de doer. Mourão nem percebeu que seu remendo usual também ficou grotesco: a pólvora contra os EUA “foi retórica”. Não, foi mesmo insuficiência mental.

Nenhum dos incomodados sabe como deter a corrosão. E todos sabem que vai continuar. Com risco de chegar ao paroxismo de um impeachment atrasado, o capitão-comandante e seus subordinados generais, almirantes e coronéis a sair, ou melhor, marchar pela porta da cozinha. Todos pisando na imagem do Exército.

O Exército, que formou esse capitão, tem pago caro em desprestígio por cada asnice do presidente

O vice Mourão tenta transferir as responsabilidades: ”Política não pode entrar no quartel”O Exército não foi buscado por político algum, nenhum partido, por ninguém. A política, sim, foi invadida pelo Exército na pessoa do seu então comandante, Eduardo Villas Boas, que interveio no processo eleitoral, com disposição ostensiva, por ao menos duas vias. Uma, a pressão sobre o Supremo Tribunal Federal, para o impedimento eleitoral de Lula. Outra, ao patrocinar, na condição de comandante do Exército e sempre no cenário do seu gabinete, a candidatura presidencial, a violência e a desordem mental de um excluído das Forças Armadas, elevado a símbolo político dos militares. O custo que o Exército viria a pagar para ter Bolsonaro, com um governo militarizado por generais e coronéis, foi previsto, dito e escrito. Por civis. Quem não previu o óbvio, muito menos preverá o desfecho.

O que é o que é Luciano Huck reapareceu. Era presença permanente nos jornais até que Bolsonaro começou a mostrar a que veio. Huck preferiu sumir. Não teve nem uma só palavra a dizer sobre as barbaridades sucessivas de formação e ação do governo. Vieram a pandemia, as demissões na Saúde, a propaganda de Bolsonaro contra a prevenção, o confinamento, o lockdown, os encerramentos no comércio e na indústria, a penúria da falta de trabalho — Huck não teve nem uma só palavra a dizer. Agora, maré mais tranquila, reaparece. Sem uma só palavra sobre o que a população passou e passa ainda. Isso é um pretendente à Presidência? Huck acha que é. Mas, na verdade, é apenas um oportunista.

Em tempo

O carioca desta vez parece decidir-se pelo senso prático. Não quer voto ideológico nem sequer partidário, deduz-se das pesquisas. Quer votar pela cidade, no ex-prefeito que lhe deu muitas realizações importantes, sem se ocupar de política, ou na delegada séria, determinada, deputada alheia à politicagem que é a ocupação no ramo. Bem, entre eles está o prefeito Crivella, mas aí o assunto é mais de igrejas e fiéis que de urnas e eleitores. Se confirmar a aparente intenção, a cidade pode salvar-se. Do contrário, paciência.

O crime

Estudo do IBGE: o Brasil ocupa o nono lugar entre os países mais desiguais do mundo.

14
Nov20

O recado dos militares a Bolsonaro: pare de blefar em nome do Exército

Talis Andrade

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Bolsonaro sempre soube que não tinha pólvora. Agora não tem mais generais quietos diante das besteiras que diz. Talvez também nem tenha mais um jipe com um soldado e um cabo dispostos a segui-lo incondicionalmente.

Bolsonaro está dependurado no galho seco e inconfiável do centrão, e o que vê lá embaixo é um penhasco que o espera de boca aberta.

O lastro militar que vai sobrar para o governo pode ser apenas o institucional e funcional, com seus nove ministros generais e os oficiais subalternos que arranjaram emprego nas repartições de Brasília.

Bolsonaro ficará dias medindo os estragos das advertências do chefe do Exército, que esfarelaram a base militar que o sujeito imaginava ter.

O general Edson Pujol (foto) poderia ter usado uma fala meio ao acaso, em um evento virtual, para dizer que a política não entra nos quartéis. Seria uma frase solta, forte, mas em apenas um momento. Algo pontual.

Mas Pujol repetiu a frase em outro evento, na sequência, e advertiu que o Exército é instituição de Estado, não de governo ou de partido. Foi incisivo duas vezes, quando até agora estava calado.

Que significado pode ter o recado para um governo militarizado e com mais de 6 mil oficiais empregados por Bolsonaro? Pode ser a fixação de um limite. Os que estão no governo não estão mais nos quartéis. E dos quartéis eles devem ficar afastados.

Que não tentem confundir o Exército com o bolsonarismo. Significa que o governo pode continuar militarizado, mas sem suporte político dos militares da ativa e sem apoio da farda muito menos aos blefes de Bolsonaro. Pujol falou pelos comandantes das três armas.

O comandante obrigou Bolsonaro a sair da toca e dizer que vai respeitar os militares e a Constituição. Pode ter sido um alerta histórico sobre o papel das Forças Armadas.

O general e o vice-presidente Hamilton Mourão, que reafirmou a fala do líder do Exército, estão puxando um freio, mesmo que tudo pareça improviso. Eles sabem, constrangidos, que colegas cortejaram Bolsonaro em atos fascistas. Todo mundo sabe.

Quando Bolsonaro ampliou os blefes de que poderia fechar o Supremo, no primeiro semestre, generais foram aos atos da terrorista Sara Winter na Esplanada do Ministério. Em agosto, Bolsonaro chegou a reunir seus generais, para que fosse traçado um plano de ocupação do STF.

E Pujol conhece um a um os 16 generais que Bolsonaro mandou embora do governo. Se outros saírem, quantos mais estariam dispostos a substituí-los, agora que está cada vez mais claro que são usados como trincheira de Bolsonaro?

Quem correrá o risco de ser humilhado e dispensado pelos filhos de Bolsonaro, como aconteceu com o ex-ministro Santos Cruz, que na rua decidiu atacar o ex-patrão?

Santos Cruz não deve ter descoberto só agora que esse é um governo de “embuste, fanfarronice e desrespeito”, como escreveu no Twitter.

Quem mais, entre os demitidos, poderia dizer a mesma coisa de Bolsonaro, mas prefere ficar quieto? Por que afundam na resignação e não dizem também que o projeto de Bolsonaro não é e nunca foi um plano estratégico das Forças Armadas?

É difícil admitir que o antipetismo, o antiesquerdismo e até o anticomunismo tardio levaram os militares ao colo de Bolsonaro. O bolsonarismo foi uma armadilha para civis e generais.

É interessante que, aos poucos, na tentativa de saltar fora, além das mensagens diretas, como a do comandante do Exército, há indiretas com algum grau de sutileza.

Como essa sugestão de Hamilton Mourão, o indemissível, em entrevista à Rádio Gaúcha, ao alertar que as pessoas devem prestar atenção mais às ações do que às palavras do presidente.

Mourão deixou escapar que as palavras de Bolsonaro só geram confusão, divisão, ressentimentos, inveja e ódios. Seria preciso prestar atenção no que ele faz. Mas o que ele faz mesmo ninguém sabe direito, nem ele próprio.

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14
Nov20

Comandante aprofunda confronto com Bolsonaro e diz que Exército não é 'instituição de governo' nem tem partido

Talis Andrade

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247 - O comandante do Exército, general Edson Pujol, disse durante o seminário da Defesa Nacional nesta sexta-feira (13) que a instituição não pertence nem ao governo nem a partidos políticos. 

"Não somos instituição de governo, não temos partido, nosso partido é o Brasil. Independente de mudanças ou permanências em determinado governo por um período longo, as Forças Armadas cuidam do país, da nação. Elas são instituições de Estado, permanentes. Não mudamos a cada 4 anos a nossa maneira de pensar e como cumprir nossas missões", afirmou o general. 

As declarações vêm em meio às recentes invocações das forças armadas por parte de Jair Bolsonaro. Na última quarta-feira (11), o presidente defendeu o uso de "pólvora" contra os Estados Unidos, cujo presidente eleito, o Democrata Joe Biden, busca envolver os EUA na causa da defesa da Amazônia. 

14
Nov20

A pólvora do Brasil e Stanislaw Ponte Preta

Talis Andrade

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O diário do ridículo brasileiro para todo o mundo registrou esta semana a fala do capitão na presidência: “Quando acaba a saliva, tem que ter pólvora, senão não funciona”.

Ora, essa fala se viu desmentida e desmoralizada em notícia da Folha de São Paulo: segundo dados levantados pela IFI (Instituição Fiscal Independente), órgão ligado ao Senado, foram investidos R$ 12,8 bilhões em defesa no ano passado, de um orçamento total de R$ 116 bilhões da pasta. O resto do orçamento foi R$ 50 bilhões de pagamento de militares inativos e pensionistas. E mais R$ 28,6 bilhões para salários dos militares na ativa.

Notem que para investimento em armas houve pouco mais que 10% do orçamento. E não exatamente para pólvora, porque o dinheiro foi diluído em compra de helicópteros, investimentos na estatal Empresa Gerencial de Projetos Navais, projeto de compra de caças e sistema de monitoramento de fronteiras. Ou seja, pólvora mesmo que é bom, o que temos mais é saliva.

O mais curioso é que a vergonha nacional no poder foi antecipada há mais de 50 anos pelo gênio de Stanislaw Ponte Preta. Nosso trabalho agora é lembrar o gênio de Stanislaw nas linhas a seguir:

“Esta historinha ocorreu no Recife, onde o número de boateiros, desde o movimento militar de 1.° de abril, cresceu assustadoramente.

Falam que havia um sujeito tão boateiro, que chegava a arrepiar. Onde houvesse um grupinho conversando, ele entrava na conversa e, em pouco tempo, estava informando: “Já prenderam o novo Presidente”, “Na Bahia os comunistas estão incendiando as igrejas”, “Mataram agorinha o Cardeal”, enfim, essas bossas.

O boateiro encheu tanto, que um coronel resolveu dar-lhe uma lição. Mandou prender o sujeito e, no quartel, levou-o até um paredão, colocou um pelotão de fuzilamento na frente, vendou-lhe os olhos e berrou:

– Fogoooo!!!

Ouviu-se aquele barulho de tiros e o boateiro caiu desmaiado.

Sim, caiu desmaiado porque o coronel queria apenas dar-lhe um susto. Quando o boateiro acordou, na enfermaria do quartel, o coronel falou pra ele:

— Olhe, seu pilantra. Isto foi apenas para lhe dar uma lição. Fica espalhando mais boato idiota por aí, que eu lhe mando prender outra vez e aí não vou fuzilar com bala de festim não.

Vai daí o coronel soltou o cara, que saiu meio escaldado pela rua e logo na primeira esquina encontrou uns conhecidos:

— Quais são as novidades? — perguntaram os conhecidos.

O boateiro olhou pros lados, tomou um ar de cumplicidade e disse baixinho:

— O nosso Exército está completamente sem munição”.

Como veem, além de gênio, Stanislaw Ponte Preta era um profeta.

 

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