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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

23
Dez22

Bolsoterrorismo

Talis Andrade

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Por Márcio Santilli

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Segunda-feira (12), o presidente derrotado Jair Bolsonaro, após vários dias de silêncio, falou aos seus seguidores golpistas, que estão acampados diante do Quartel-General do Exército, em Brasília, desde a vitória do presidente Lula no segundo turno das eleições. São loucos, canalhas e oportunistas, mantidos com financiamentos ilegais de empresários, também golpistas, que não aparecem na cena, mas manipulam os idiotas agressivos para tentarem conturbar a posse do presidente eleito.

A fala do Bolsonaro foi ambígua e objetivou estimular seus seguidores a continuarem nas ruas, reivindicando um golpe militar, mas sem passar recibo explicitamente, para evitar a sua própria prisão. Surtiu efeito! Na mesma segunda, dia da diplomação de Lula, os golpistas tentaram invadir a sede da Polícia Federal e promoveram atos de vandalismo, queimando veículos particulares e ônibus, no início da Asa Norte, área central de Brasília, e próximo do hotel onde Lula está hospedado.

O pretexto mais imediato dos golpistas para deflagrar os atos de terror foi a prisão do falso cacique Xavante Tserere, que é pastor evangélico e investigado por tráfico de drogas, entre outros crimes. Ele é ligado a fazendeiros fascistas de Campinápolis (MT) que bancaram a ida a Brasília de vários ônibus de indígenas, com pagamento em dinheiro, além da comida, estadia e transporte, para servirem de bucha de canhão para atos ilegais. Na véspera, os Xavante já haviam sido usados para interditar o acesso ao aeroporto de Brasília e invadir a área de embarque.

 

Leniência e impunidade

A maior responsabilidade pelo vandalismo em Brasília é de Bolsonaro, que não reconhece a sua derrota eleitoral. Mas também é responsável o ministro da Defesa (ou do ataque?) e o comandante do Exército, que vêm tolerando acampamentos golpistas diante de quartéis, como se fossem atos democráticos, embora rejeitem o apelo deles pelo golpe. Essa postura de leniência já rendeu acusações dos bolsonaristas contra seis generais do Alto Comando, que seriam “melancias”, por não apoiarem o golpe de Estado. As acusações geraram desconforto, levando os comandantes militares (exceto o ministro da Defesa) a emitirem nota de desagravo aos ofendidos.

Ao que parece, as manifestações de segunda-feira não causaram vítimas. O que se pergunta é quem pagará pelos prejuízos causados pelos golpistas aos proprietários dos veículos incendiados e à população de Brasília em geral. Por enquanto, apenas Tserere foi preso, embora seja óbvio que o seu grupo foi manipulado por terceiros. Os financiadores ruralistas continuam soltos. Militares e policiais lenientes, se continuarem omissos, também deveriam ser responsabilizados. Imaginem só o que eles estariam dizendo e fazendo caso os manifestantes fossem os sem-terra, ou indígenas não mancomunados com o poder…

Fato é que Bolsonaro está conseguindo transformar a transição de governo, a mais conturbada da história recente do país. O futuro ministro da Defesa, designado por Lula, José Múcio Monteiro, assim como os futuros comandantes das Forças Armadas, já devem estar atuando nos bastidores para por fim ao terrorismo político veladamente incentivado pelo ainda presidente.

 

Profissionalismo

Na terça-feira, surgiu uma denúncia que teria sido feita por um policial federal lotado na presidência da República informando que os atos terroristas da véspera foram planejados pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI), dirigido pelo general Heleno.

“A imprensa como um todo e as fontes oficiais seguem insistindo na história da prisão do líder indígena lá, e isso é um pretexto gigante. Aliás, o pretexto caiu bem. Esse pessoal fez um ato totalmente orquestrado, é algo organizado por células, gente da extrema direita que sabe exatamente como fazer isso”, segundo o policial federal, cuja identidade foi mantida em sigilo por questão de segurança.

Também na terça-feira, líderes Xavante divulgaram um vídeo, deixando claro que Tserere não é cacique, não representa o seu povo, abandonou a aldeia onde vivia já há muitos anos e está a serviço de fazendeiros golpistas que o financiam e o utilizam como massa de manobra para atentar contra o regime democrático e o resultado das eleições.

Os atos terroristas supostamente planejados pelo GSI devem ser investigados e, uma vez caracterizados, devem também levar à prisão os principais responsáveis, inclusive Bolsonaro e Heleno. Com a posse de Lula e dos futuros dirigentes militares e policiais, espera-se que seja priorizada a reestruturação das forças federais de segurança, sob a égide do profissionalismo e do compromisso com a democracia.

27
Abr22

Como a mídia caiu no conto de Sergio Moro?

Talis Andrade

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Por Eliara Santana /Viomundo

As redes sociais estavam em polvorosa nesta semana com o vocabulário e a miserável noção histórica e geográfica do ex-juiz e ex-ministro do governo de Jair, o incomível, Sergio Fernando Moro.

Ele justificou a mudança do domicílio eleitoral de Maringá para São Paulo dizendo que “Maringá é colonização paulista”. 

Ele também falou, na mesma justificativa, que “São Paulo REBERVERA no país”

Antes, Moro já havia dito e escrito “conje” no lugar de cônjuge.

Falar errado, trocar letras, comer letras, nada disso me causa incômodo.

Na verdade, causa-me estranheza pelo fato de o cidadão em questão ser um juiz, que passou por um concurso bem concorrido. Mas nada disso chega a ser de fato espantoso.

O que me espanta profundamente é o fato de a imprensa brasileira ter alçado um cara idiota, estúpido, limitado e intelectualmente incapaz como Sergio Moro à posição de herói combatente da corrupção, sem qualquer posicionamento contrário, sem qualquer fala contraditória, com horas e horas no jornal de maior audiência da TV brasileira, o Jornal Nacional, e páginas e páginas nos maiores jornais do país.

O que me espanta é a mídia ter engolido todas as armações de Moro e ter passado pano para o fato de que ele prendeu o candidato à frente das eleições de 2018 e se tornou ministro do candidato que foi beneficiado por essa prisão!! Isso, sim, é espantoso.

Sobretudo, o que me espanta e me causa profunda indignação é a imprensa brasileira ter passado pano, acobertado, silenciado os seguintes fatos na recente história brasileira:

4 de março de 2016 – o juiz Sergio Moro decreta a condução coercitiva do ex-presidente Lula para depor em Curitiba.

Lula nunca havia se negado a prestar quaisquer esclarecimentos à Justiça e não tinha sido intimado a depor. Mesmo assim, Moro entendeu que a condução coercitiva seria adequada. A imprensa engoliu o assunto sem questionamento.

16 de março de 2016 – o juiz Sergio Moro libera áudios contendo conversas do ex-presidente Lula com várias pessoas, incluindo a presidenta Dilma Rousseff. Havia também conversas particulares de dona Marisa com um dos filhos.

Tudo foi liberado e divulgado com estardalhaço na mídia. A investigação envolvendo Lula estava em andamento, e Moro justificou a liberação dizendo que era assunto de interesse público.

5 de abril de 2018 – Moro decreta a prisão de Luiz Inácio Lula da Silva.

1 de outubro de 2018 – Sérgio Moro libera a divulgação de trechos de delação do ex-ministro Antônio Palocci que continham acusações contra o ex-presidente Lula.

Foi liberado com exclusividade para o JN, e era a edição às vésperas do primeiro turno da eleição presidencial.

Novembro de 2018 – Moro, depois de prender Lula e tirá-lo da eleição, aceita ser ministro da Justiça de Bolsonaro.

24 de abril de 2020 – Sergio Moro se demite do Ministério após Bolsonaro fritá-lo pela disputa envolvendo a PF.

Maio de 2020 – Moro vai para os EUA trabalhar como consultor na Alvarez & Marsal, empresa que fazia recuperação judicial de empresas investigadas pela Lava Jato. Ganhou quase 4 milhões de dólares.

Esse breve resumo mostra a trajetória político-eleitoral de um dos personagens mais nefastos e cretinos da recente história brasileira.

Com todas as armadilhas e armações da Operação Lava Jato, Sergio Moro e seus miquinhos amestrados, como o procurador Deltan Dallagnol, ajudaram a destruir o Brasil, imputaram uma destruição da reputação da gigante Petrobras.

E tudo isso ancorado pela parceria que se estabeleceu com a mídia brasileira, que não apenas passou pano para o juiz de Maringá, mas o incensou a ponto de tornar inquestionáveis todas as suas arbitrariedades.

Sem essa parceria, esse trabalho conjunto e afinado, a Operação Lava Jato não tomaria a dimensão que tomou, e seus articuladores não seriam alçados à categoria de “heróis” no imaginário nacional.

Para muito além da divulgação de informações que deveriam ser sigilosas, posto que faziam parte de processos em andamento, essa parceria da mídia com o juiz marreco tinha um timing perfeito na divulgação de investigações, nas ações da Força Tarefa mostradas de modo espetacular na TV e nas delações direcionadas, e se esmerou também na construção de uma linguagem simbólica que estruturou todas essas ações conjuntas e garantiu o enaltecimento de determinadas figuras e a criminalização sem defesa de outras.

Portanto, falar “rebervera” é bobagem. E para isso eu dou a mínima.

O que me deixa com muito asco é a hipocrisia e a cretinice que o movimentaram na perseguição a tantos com a Lava Jato e a conivência oportunista da mídia com um juiz incapaz e oportunista.

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15
Nov21

A suprema hipocrisia de Sérgio Moro

Talis Andrade

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por Aldo Fornazieri

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Toda história política, desde a Grécia antiga até nossos dias, mostra que na disputa do poder sempre há quem engana e quem se deixa enganar. A hipocrisia e as fórmulas simplórias de proposições falaciosas (os falsos silogismos) ou o apelo à fé deixaram um rastro de mentiras e um cemitério de pessoas enganadas ao longo dos tempos. 

Um dos principais desafios nas disputas políticas implica em que se tenha capacidade persuasiva. Em eleições é preciso ter astúcia argumentativa para triunfar. Nem sempre aquele que diz a verdade nua e crua triunfa. Não se pode ser bom dentre tantos que são maus, pregava o maior pensador da política de todos os tempos. Os romanos antigos tinham um ditado, credo quia absurdum (creio porque é absurdo), equivocadamente atribuído a Tertuliano, que indica bem a propensão de muitas pessoas não se deixarem convencer pelo argumento racional ou pela ciência, como ocorre em nosso tempo.

O próprio Maquiavel chamou a atenção para este fenômeno: disse que muitas pessoas são tão pouco argutas, de tal modo que se rendem às evidências ou necessidades imediatas, que quem quiser enganá-las encontrará sempre quem se deixe enganar. Este dado de realidade precisa ser assumido como um pressuposto em eleições, muitas vezes negligenciado por democratas e pelas esquerdas. Bolsonaro triunfou em 2018 pregando o absurdo, porquanto mentiroso e falacioso.

Agora o Brasil está diante do risco de um engano ainda maior: Sérgio Moro. Em grande medida, o absurdo de Bolsonaro já foi desmistificado. Além disso, Bolsonaro é dotado de uma mentalidade fascista caótica, tosca, dominada pelo espírito familiar, quando muito de horda. O fascismo de Moro é calculista, frio, persecutório. Por conta das teias familiares, Bolsonaro é incapaz de organizar um movimento operacional em torno de si. No máximo, recruta apaniguados e oportunistas. Sobrepõe os interesses dos filhos e da família aos interesses do movimento ou do grupo. Moro, como mostrou na Lava Jato, tem essa capacidade de montar e coordenar uma equipe operacional, tem capacidade de instrumentalizar o Estado para alcançar seus objetivos persecutórios.

No discurso de filiação ao Podemos, Moro proferiu uma quantidade de sentenças hipócritas difícil de encontrar em outros discursos recentes. Começou dizendo-se alguém “em quem vocês podem confiar”. Mas como confiar num ex-juiz que foi declarado parcial pela Suprema Corte do país? Disse que foi testado na vida pública. Mas como juiz, cometeu uma série de crimes contra o sistema legal do país e como ministro da Justiça serviu um presidente fascista e antidemocrático. 

Logo em seguida cometeu um pecado mortal. Teve desfaçatez de dizer que nunca repudiou seus princípios “para alimentar suas ambições pessoais”. Quer dizer: tirou Lula da disputa de 2018 pela ambição de servir o governo Bolsonaro como ministro e ambicionando uma vaga no STF. Agora ingressa na política com a ambição de ser candidato. 

Em seguida introduziu a cantilena canalha do “não ser político”, acrescentado ter o propósito “de ser justo com todos”. Como pode mentir com tanta desfaçatez? Foi injusto com o Brasil, com o povo e com Lula e patrocinou a eleição de Bolsonaro. Além de parcial, avocou para si o direito de julgar Lula sem ser o juiz natural o que constitui mais uma prova de que queria perseguir o ex-presidente. (Continua

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27
Mai21

Bolsonaro teme crise, ele só vive nela

Talis Andrade

por Fernando Brito

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Como os vírus oportunistas, Jair Bolsonaro só é capaz de fazer mal em situações onde a sociedade, por alguma crise que atravesse, baixe sua “resistência imunológica” e reduza sua capacidade de reação à sua ação maligna.

Já disse aqui, e faz tempo, que Bolsonaro é um elemento desagregador.

“À falta de ideias, programas e ações de governo, Bolsonaro tenta mover a sociedade a ódios, acusações e xingamentos”, algo dito antes da pandemia, desde que ela surgiu tornou-se uma evidência com a Covid-19.

Mais: ficou claro que essa é a estratégia com que conta para permanecer no poder, dentro ou mesmo fora da ordem democrática.

Bolsonaro quer ser herói como vítima: da quase expulsão do exército, do parlamento onde era um clown agressivo, dos ateus, dos comunistas, dos “abortistas”, dos gays, da facada em Juiz de Fora, de tudo o que imagina existir como conspiração de seus inimigos.

Isto é, de quase todo o mundo.

Sua valentia se expressa em ameaças contínuas, ainda que irrealizadas (e queira Deus, irrealizáveis), como um profeta louco, que acena tanto com o inferno – a “volta da esquerda” quanto com o Céu, lá onde o Brasil está acima de tudo e Deus acima de todos.

Todos os que sejam a favor deste Messias tosco que classifica todos os que não o seguem como servos de Satã.

Por isso, odeia todas as instituições de estado e as leis, que só devem ser invocadas e ter validade quando beneficiam o seu estranho conceito de “liberdade”: a do dinheiro, a do indivíduo e a da propriedade.

Onde toca, destrói o equilíbrio e as regras de convívio.

Agora, chegou a hora de “esticar a corda” com as Forças Armadas: espremer seus comandantes entre o comando paralelo de seus “comandantes informais”, os generais da reserva que reuniu em torno de si e a pressão do apoio que tem na baixa oficialidade e na infantaria policial-militar.

Bolsonaro não tem, nem mesmo nas Forças Armadas, apoio para um golpe de Estado. Mas tem – e ontem mostrou isso – condições de manter o país em “estado de golpe”, ansioso por saber que, além de permitirem a própria desmoralização, os militares brasileiros vão, como "seu" exército, ajudá-lo a extinguir a nossa democracia.

 

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