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O CORRESPONDENTE

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27
Nov22

O NEGÓCIO DO JAIR - JULIANA DAL PIVA

Talis Andrade

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Título: O Negócio do Jair: A história proibida do clã Bolsonaro

Autora: Juliana Dal Piva

Editora: Zahar

Gênero: Política/Ciências Sociais

Ano: 2022

Páginas: 328

 

Por Flavia Penido

- - -

Sinopse: Resultado de mais de três anos de apuração, O Negócio do Jair: A história proibida do clã Bolsonaro desvenda o passado secreto da família que hoje comanda o Brasil. A jornalista Juliana Dal Piva parte do escândalo das rachadinhas exposto pelo caso Queiroz, a partir de dezembro de 2018, para contar uma história que remonta à entrada de Jair Bolsonaro na política na década de 1990.

No centro do passado que o clã tenta abafar, está um esquema de corrupção conhecido entre os participantes como o “Negócio do Jair”. O arranjo ocorria nos gabinetes funcionais ocupados pela família de Bolsonaro em seus mandatos políticos, seja de vereador, deputado estadual ou federal, e envolvia seus três filhos mais velhos, as duas ex-esposas e a atual, amigos, familiares ― muitos deles atuando como funcionários fantasmas ―, além de advogados e milicianos.

Com base em depoimentos exclusivos, cópias sigilosas dos autos judiciais, mais de cinquenta entrevistas, mil páginas em documentos, vídeos e gravações de áudio, a autora demonstra como, à sombra dos grandes esquemas partidários, o clã acumulou milhões de reais e construiu o projeto político autoritário e regressivo que conduziria o chefe da família ao posto mais alto da República.

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Resenha: Lançado pouco antes das eleições de 2022, O Negócio do Jair é o resultado de uma pesquisa investigativa minuciosa feita pela jornalista investigativa Juliana Dal Piva sobre a família Bolsonaro e tudo aquilo que tentam camuflar. Logo no início a jornalista já evidencia algumas cenas presenciadas por ela mesma, descrevendo situações ocorridas desde 2013 envolvendo Jair Bolsonaro enquanto deputado federal e ex-capitão do exército.

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Em 2018, com a candidatura de Jair à presidência da república, Juliana passou a investigar melhor a fim de levantar as evidências no que diz respeito à vida de Bolsonaro e quem é esse homem, que foi deputado por mais de trinta anos e que, até então, ninguém sabia nada sobre ele. O conteúdo aborda os inúmeros esquemas de enriquecimento ilícito dos integrantes dessa família, assim como as manobras políticas que fazem usando o poder que têm para saírem ilesos dos crimes de corrupção que cometem. Além dos filhos, do esquema de lavagem de dinheiro da loja de chocolates de um deles, há também os fatos acerca das outras figuras presentes nos bastidores desses esquemas, como a família Nóbrega, os Queiroz, a ex-esposa, e até mesmo a atual esposa.

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O livro é narrado de forma cronológica mostrando os acontecimento mais importantes, ilegais e imorais da ascensão de Bolsonaro e família, e vemos o que está por trás das supostas motivações que os mantém como uma das famílias mais poderosas do país.

Os fatos levantados no livro já são de conhecimento público, porém são trazidos de forma clara e com uma riqueza de detalhes impressionante, como a negligência em relação a pandemia e as vítimas, a forma como ele trata a imprensa, o escândalo das rachadinhas e dos funcionários fantasmas que já vinham ocorrendo há anos e anos, as dezenas de imóveis comprados com dinheiro vivo, a constante troca de delegados da polícia federal, ministros e procuradores que engavetam processos, ou interrompem as investigações que resultariam na prisão dos envolvidos (mesmo que haja pilhas e pilhas de provas), e muito mais. Saber que um candidato chegou ao poder com a promessa de combater a corrupção, quando ele é um dos maiores líderes de um esquema de corrupção descarado é uma vergonha, ainda mais quando milhões de brasileiros se recusam a enxergar a verdade em nome do fanatismo político e acreditam que ele é o único que pode salvar o Brasil. Ao final, a sensação de indignação e impotência é enorme, principalmente porque ninguém sabe qual será o desfecho de tudo isso.

Eu, como brasileira, e na falta de uma terceira via, me sinto descrente e desanimada com a política nesse país. Ao finalizar a leitura, o sentimento de trocar seis por meia dúzia é inevitável, pois os escândalos vem de todos os lados e não temos pra onde fugir.

O Negócio do Jair, ao meu ver, é um livro necessário que faz um grande "exposed" de Bolsonaro e família. Eu gostaria muito de indicar a leitura desse livro, assim como vários outros que tratam com imparcialidade e verdade os feitos de determinados políticos, pra todos os brasileiros conhecerem mais sobre os candidato e assim poderem votar com consciência, mas é complicado quando boa parte da população tem a convicção de que qualquer informação contra seu político de estimação é "fake news".

Só tenho que parabenizar a autora pela coragem de trazer tais informações, e por fazer com que o leitor possa tirar as próprias conclusões diante desses fatos.

 

27
Nov22

“O Negócio do Jair”, de Juliana Dal Piva, a pá de cal na reeleição de Bolsonaro

Talis Andrade

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O livro é um documento histórico estarrecedor, que revela com detalhes as operações financeiras do clã Bolsonaro

 

Por Julinho Bittencourt

 

O livro “O Negócio do Jair - A história proibida do clã Bolsonaro”, da jornalista Juliana Dal Piva, é o trabalho de uma vida. Antes que se diga qualquer coisa, é bom lembrar que é digno de qualquer prêmio jornalístico que apareça pela frente. Sem exageros, está para o Brasil como está para os EUA a série de reportagens que Bob Woodward e Carl Bernstein fizeram na década de 70, para o Washington Post, sobre o caso Watergate, que culminou com a queda do presidente Richard Nixon.

Juliana Dal Piva - Portal dos Jornalistas

É um livro que teve o mesmo efeito demolidor, nas eleições presidenciais, que a famosa entrevista que o jornalista Luís Costa Pinto fez, em 1992, com Pedro Collor, em que ele faz acusações ao irmão, o então presidente Fernando Collor de Mello.

Algum incauto pode dizer que o livro de Dal Piva não traz nada de novo, o que de fato é verdade. Mas é bom não esquecer que tudo – ou quase tudo, que é revelado ali, foi descoberto pela própria jornalista e colegas devidamente creditados e contado em reportagens ao longo dos últimos anos.

 

Documento para ler e guardar

“O Negócio do Jair” é, sobretudo, um documento histórico para ler, anotar e guardar como a memoria de um tempo paupérrimo da nossa política. O livro desvenda um esquema, aparentemente medíocre e comezinho feito a partir de contratações de contraparentes, amigos policiais e parentes de amigos policiais, que levantou milhões e milhões de reais para o clã Bolsonaro.

Além de aplausos, Dal Piva merecia bem um detox após a conclusão da obra. Há três anos ela persegue e investiga todo e qualquer fato ou pessoa que possa ter ligação com o esquema das “rachadinhas” que explodiu no colo de Flávio Bolsonaro. Um esquema que, como diz o texto de divulgação do livro, envolve gabinetes funcionais ocupados pela família de Bolsonaro em seus mandatos políticos, seja de vereador, deputado estadual ou federal, e envolvia seus três filhos mais velhos, as duas ex-esposas e a atual, amigos, familiares.

 

Cada centavo

A jornalista revela em detalhes cada casa, apartamento, enfim, cada bem comprado pelo clã esmiuçado em centavos. Todos pagos comprovadamente da maneira como de fato foram, ou seja, em dinheiro vivo, cheque administrativo, transferência bancária, com ou sem comprovação de renda e declaração na Receita.

Juliana Dal Piva consultou milhares de documentos desde a década de 90, pegou chuva e sol na porta de envolvidos, ouviu fontes declaradas e anônimas e, três anos depois, entregou um dossiê impecável. Nele, além de desvendar todo o esquema, ainda mostra o passo a passo do peso da caneta de Bolsonaro para desmontar as acusações contra o primogênito, tanto no Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) quanto no próprio Supremo Tribunal Federal (STF).

No final das contas, apesar do desalento com a anulação das provas contra Flávio no STF, Juliana deixa claro e cristalino feito água que, assim que encerrar o mandato presidencial de Bolsonaro, o castelo de cartas do clã desmorona.

 

O elogio de Queiroz

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O livro termina no momento em que tanto Flávio Bolsonaro quanto Fabrício Queiroz voltam a se movimentar com desenvoltura pelos escaninhos da política. O senador coordenando a campanha do pai e com uma mansão de R$ 6 milhões recém-comprada em uma área nobre de Brasília. O outro, ex-segurança, ex-motorista e ex-operador do esquema das “rachadinhas”, preparando sua candidatura à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

Neste interim, a jornalista afirma ter perguntado a Queiroz a que partido pretendia se filiar. Ela mesma conta a história que, apesar do tom de deboche do ex-policial, não deixa de revelar uma profunda verdade: “ele me escreveu uma mensagem no WhatsApp dizendo que tinha prometido à família que nunca falaria comigo devido às minhas reportagens desde 2019. Apesar da promessa, ele ainda disse: ‘Você é terrível, Ju. Boa jornalista. Faz bem seu trabalho’”.

"A mensagem irônica", prossegue Juliana, "me soou como uma admissão tácita de tudo que foi reportado até aquele momento".

07
Set22

Jornalista atacada por Bolsonaro em debate é alvo de ofensas no Rio

Talis Andrade

vera magalhães guindaste

 

Vera Magalhães publicou imagem de guindaste que exibia sua foto e frase repetida por presidente: "Vergonha para o jornalismo"

 
 
A jornalista Vera Magalhães, apresentadora do programa Roda Viva, denunciou nesta quarta-feira (7/9) o uso de um banner com uma foto sua em meio aos protestos de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) no Rio de Janeiro. Ela tonou-se alvo de ataques após questionar o presidente no debate presidencial da Band sobre vacinação e ser ofendida por ele durante a resposta.
 
Na ocasião, Vera perguntou sobre a diminuição da cobertura vacinal no país. “Vera, não podia esperar outra coisa de você. Eu acho que você dorme pensando em mim, tem uma paixão por mim. Você não pode tomar partido num debate como essa, fazer acusações mentirosas ao meu respeito. Você é uma vergonha para o jornalismo brasileiro”, disparou o mandatário.
 
A jornalista questionou quem teria arcado com os custos do guindaste que exibia o banner, com uma foto dela e parte da fala de Bolsonaro. “Por que a virulência? Porque o desgaste para Bolsonaro pelo que ele respondeu, não o que eu perguntei, foi grande”, disse.
Vera Magalhães
@veramagalhaes
Sabem o que isso faz? Volta uma horda violenta e fanatizada contra mim. Coloca minha segurança e minha integridade física em risco. Coloca um alvo na minha cara. Isso sim é vergonhoso. Isso não é democracia. E é dessa maneira que essas pessoas enxergam a mulher e a imprensa
Amanda Klein: Quem é a jornalista cujo marido foi citado por Bolsonaro
 

Nessa terça-feira (6/9), Bolsonaro também se irritou com os questionamentos de outra profissional da imprensa. Ele acusou Amanda Klein, da Jovem Pan, de ser leviana, ao ser questionado sobre a compra de imóveis em dinheiro vivo por ele e seus familiares.

07
Set22

Brigas por dinheiro e Carlos: as cartas da segunda mulher de Jair Bolsonaro

Talis Andrade

PF pede investigação de ex-mulher de Bolsonaro por compra de mansão -  Politica - Estado de Minas

 

por Juliana Dal Piva e Elenilce Bottari com colaboração de Eduardo Militão /UOL

 

A separação entre o presidente Jair Bolsonaro e a advogada Ana Cristina Valle continua representando um dos episódios mais complicados da história do candidato do PL, que tenta mais um mandato na Presidência da República do Brasil.

Cristina, como é conhecida, também se lançou como deputada distrital pelo PP, no Distrito Federal. Novos dados da separação vêm agora à tona no episódio bônus do podcast "UOL Investiga: A Vida Secreta de Jair", que você pode ouvir na íntegra no YouTube do UOL e em todas as plataformas de podcast.

Mãe de Renan, Ana Cristina Valle comandou um dos núcleos de corrupção no  gabinete de Carlos Bolsonaro, diz MP | Revista Fórum

Seria apenas um divórcio se o processo não tivesse trazido à luz, desde a eleição de 2018, em uma reportagem da revista Veja, que Bolsonaro ocultou parte de seu patrimônio declarado à Justiça Eleitoral na disputa por uma vaga na Câmara dos Deputados em 2006. Além disso, foi acusado pela ex-mulher de ser violento.

No novo episódio do podcast, estão cartas inéditas de Cristina, escritas em 2007, com detalhes sobre as disputas por dinheiro e o tom grave da separação entre os dois.

Cópias manuscritas foram entregues, com exclusividade, à coluna por uma fonte que pediu anonimato. A coluna submeteu as cartas a duas pessoas que conhecem Cristina há vários anos e elas confirmaram a autenticidade da grafia. Além disso, as cartas também passaram pela análise de três peritos grafotécnicos, que constataram a compatibilidade da escrita.

 

Peça-chave das investigações

 

Desde 2018 —e a partir das investigações do Ministério Público do Rio e da imprensa—, ficou evidente o papel de Cristina como peça-chave do esquema de entrega ilegal de salários, conhecido como "rachadinha", que ocorreu nos gabinetes de Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados e de seus filhos.

Em especial de Flávio e Carlos, que são oficialmente investigados. Cristina foi chefe de gabinete de Carlos entre 2001 e 2008. É a partir desse período que vários integrantes de sua família foram indicados para cargos públicos durante os mandatos dos enteados e do, agora, ex-marido. Ao todo, 18 parentes dela estiveram nomeados em algum momento.

No ano passado, a coluna revelou gravações de Andrea Siqueira Valle, irmã de Cristina e ex-funcionária fantasma do clã Bolsonaro. Esteve nomeada por 20 anos entre os gabinetes de Jair, Carlos e Flávio. Nos áudios, ela admitiu que entregava até 90% de seu salário. Também contou que um de seus irmãos foi exonerado por Bolsonaro por "não devolver o dinheiro certo". Essas gravações se somam aos dados da quebra de sigilo de Andrea que corroboram o que ela disse nos áudios.

É o processo de separação entre Cristina e Bolsonaro que mostra os primeiros indícios de irregularidades nos bens dele. No processo, Cristina disse que Bolsonaro tinha uma renda de mais de R$ 100 mil por mês, sem dizer de onde vinha todo esse dinheiro.

 

Primeiro trecho da carta de Cristina para Bolsonaro

 

A separação de Bolsonaro e Cristina ocorreu em julho de 2007. Na carta para Bolsonaro, ela menciona as expectativas de lucro junto às empresas que ela havia criado naquela época: um escritório de advocacia e uma seguradora.

Na carta, Cristina escreveu ao então marido que "sabia que ele ia voltar" para que se casassem como nos "sonhos" dela. Depois acrescentou: "Valle Reguladora vai se legalizar e se livrar daquela pessoa. Vamos ter muitos e muitos processos chegando. A minha meta até o fim do ano é de mil processos/mês. Vou ganhar R$ 50 mil por mês. Vou vender esta casa muito bem. Vou comprar a casa dos meus sonhos. A Valle Advogados vai dar muito dinheiro. O meu corpo e saúde vão estar sempre assim: lindos e com saúde. O DPVAT vai dar muito dinheiro".

Em dezembro de 2021, o Jornal Nacional fez uma reportagem revelando que as empresas dela estavam envolvidas em negociações suspeitas e fraudes do seguro obrigatório, o DPVAT.

Ao pedir a quebra de sigilo de Cristina, nas investigações sobre rachadinha no gabinete de Carlos Bolsonaro, o MP apresentou relatórios do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) que indicavam negociações suspeitas nas contas dessas firmas.

De agosto de 2007 a julho de 2015, mais da metade do que saiu da conta bancária de uma das empresas foram saques em dinheiro vivo, um total de R$ 1,1 milhão.

 

Segundo trecho da carta

 

Em outro trecho, já na página seguinte, Cristina faz reclamações. Diz que o marido era ingrato e aponta brigas entre os dois por causa do Carlos, com quem ela trabalhava. Bolsonaro mantinha enorme desconfiança em relação à ex-mulher.

Cristina escreveu: "Foram muitas as injustiças e ingratidões de sua parte. Nunca fiz nada que pudesse desabonar a minha conduta com você e nossa família. O primeiro ponto onde tudo começou: Carlos. Por 2 anos, eu o amei, amparei e socorri todos os seus medos e em troca tive o título de sedutora de menor. Ah, como dói, dói muito, fala para ele que meu amor era sincero e puro. Não pornográfico e nunca foi e, se eu desabafei, foi porque ele me passou confiança para me ajudar com você, Jair. Mas nada adiantou".Quebra de sigilo de ex-mulher de Bolsonaro atinge período de casamento com  presidente - 20/09/2021 - Poder - Folha

 

Ao falar do patrimônio do casal, a advogada escreveu que "nunca foi a minha intenção lesar ninguém e sim crescer o patrimônio da família". "Presto conta de tudo, pois não tirei nada de vocês. Sou honesta e tenho orgulho disso", completou.

Ela finalizou o trecho dizendo: "Terceiro, o bendito flat. Comprei sem sua autorização e fiquei com muito medo e tinha razão. Mas você tinha mudado, não queria mais investir mais nada. Errei. Perdão".

Quando Cristina e Bolsonaro foram viver juntos, em 1998, ele só tinha um apartamento no Maracanã e uma casa em Mambucaba, em Angra dos Reis (RJ). Em 2007, na separação, o patrimônio do casal incluía 17 itens, entre casas, terrenos, apartamentos e automóveis, e chegava a um total de R$ 4 milhões.

A coluna apurou que o tom melancólico de Cristina tinha intenção de mexer com Bolsonaro, mas não funcionou. Apesar de os dois estarem juntos desde 1998, eles nunca formalizaram a união e Cristina teve que ir ao Tribunal de Justiça para garantir a divisão dos bens.

Além da carta para Bolsonaro, ela escreveu uma para Jair Renan, seu filho, e outra para uma amiga chamada Mariana Motta, que foi chefe de gabinete de Flávio Bolsonaro (PL) na Alerj. Em ambas, também feitas em 2007, ela desabafa sobre a tristeza após a separação de Bolsonaro. [Transcrevi trechos]

 

'Ele é um pouco autoritário', diz ex-mulher de Bolsonaro para TV Norueguesa

 

Em entrevista para o site da TV estatal da Noruega, a NRK, a advogada Ana Cristina Siqueira Valle, ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro, afirmou que ele é “um pouco machista e um pouco autoritário”. Ana Cristina manteve união estável com Bolsonaro entre 1998 e 2008 e é mãe de Jair Renan, o filho “04”, como Bolsonaro costuma se referir. 

Ana Cristina foi questionada durante a entrevista sobre aspectos positivos e negativos da personalidade do ex-marido. Ao mencionar, os negativos disse:

- Infelizmente, tenho que dizer que ele é um pouco machista. Um pouco autoritário. E quando ele fala sem pensar, tem um lado positivo como negativo também - afirmou Ana Cristina à TV NRK. Já sobre os aspectos positivos, ela declarou que ele é “honesto” e “luta contra a corrupção”:

- Ele diz o que quer dizer, independentemente das consequências, e é inteligente - afirmou a ex-mulher de Bolsonaro.

A TV estatal norueguesa também questionou Ana Cristina sobre como ela analisa a condução de Bolsonaro durante a pandemia e o combate ao novo coronavírus. Ela afirmou que ele fez coisas “certas e erradas”, mas não mencionou exemplos.

- Ele fez as coisas certas e erradas durante a crise do coronavírus. Mas sua maior preocupação é que, quando a pandemia terminar, o desemprego e a pobreza matem mais do que o próprio vírus - disse a ex-mulher do presidente.

 

Investigada pelo MP do Rio

 

Advogada, Ana Cristina Valle conheceu Bolsonaro em Brasília, quando ambos participavam de uma manifestação, nos anos, 1990, de mulheres de militares que pediam aumento nos salários da caserna. Ela ficou mais conhecida nas eleições de 2018, quando disputou, sem sucesso, uma vaga na Câmara dos Deputados. Ela usou o nome de Bolsonaro nas urnas, embora nunca o tenha adicionado legalmente.

Durante a campanha eleitoral de 2018, veio a público o processo litigioso de sua separação de Jair Bolsonaro. Em viagem à Noruega, onde viveu por cinco anos, a advogada acusou Bolsonaro de ameaçá-la durante a disputa pela guarda do filho do casal. Passados mais de dez anos do episódio, Ana Cristina negou as acusações que havia feito anteriormente. Atualmente, ela trabalha como assessora do vereador Renan Marassi (PPS-RJ) na Câmara dos Vereadores de Resende, município no sul do Rio de Janeiro.

Em 2001, ela foi nomeada pelo vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) como assessora-chefe de seu gabinete na Câmara dos Vereadores do Rio. Por isso, passou a ser investigada pelo Ministério Público do Rio no âmbito do procedimento que apura funcionários fantasmas e eventual prática de “rachadinha”, a devolução de salários de assessores, no gabinete de Carlos.

No caso de Carlos, outros seis familiares dela também são investigados por terem constado como assessores. Já no procedimento que apura a existência do esquema no gabinete do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), outros dez familiares de Ana Cristina, incluindo também o ex-sogro José Procópio Valle, são investigados. Nessa investigação surgem como alvo também Fabrício Queiroz, amigo do presidente e ex-chefe da segurança de Flávio.

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07
Set22

Carlos foi pivô de início de brigas entre Bolsonaro e a segunda mulher, Ana Cristina Valle

Talis Andrade

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Em carta, ela expõe a desconfiança de Jair sobre a relação dela com Carlos, de quem era madrasta; “eu o amei e em troca tive o título de sedutora de menor”

 

247 - Cartas escritas por Ana Cristina Valle, a segunda mulher de Jair Bolsonaro, endereçadas ao ex-marido revelam alguns motivos para desentendimentos do casal. O mais esperado e presente: dinheiro. Mas o mais inusitado: Carlos Bolsonaro, vereador do Rio de Janeiro e chamado de 02 pelo pai. Trechos dos textos foram divulgados no UOL pela jornalista Juliana Dal Piva, que investiga o patrimônio da família, e a íntegra foi lida no podcast UOL Investiga.

Em uma das cartas, ela deixa clara a desconfiança de Jair sobre a relação dela com Carlos, de quem era madrasta. “Foram muitas as injustiças e ingratidões de sua parte. Nunca fiz nada que pudesse desabonar a minha conduta com você e nossa família. O primeiro ponto onde tudo começou: Carlos”, começa Ana Cristina.www.brasil247.com - { imgCaption }}

 

“Por 2 anos, eu o amei, amparei e socorri todos os seus medos e em troca tive o título de sedutora de menor. Ah, como dói, dói muito, fala para ele que meu amor era sincero e puro. Não pornográfico e nunca foi e, se eu desabafei, foi porque ele me passou confiança para me ajudar com você, Jair. Mas nada adiantou”, escreveu.

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Segundo a reportagem de Dal Piva, “Bolsonaro mantinha enorme desconfiança em relação à ex-mulher”. Ana Cristina, que é mãe de Jair Renan, trabalhou como chefe de gabinete de Carlos entre 2001 e 2008. É a partir desse período que vários integrantes de sua família foram indicados para cargos públicos durante os mandatos dos enteados e do, agora, ex-marido. Ao todo, 18 parentes dela estiveram nomeados em algum momento.

 

 

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