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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

29
Out23

"Joguei búzios para Nikolas Ferreira. Veja o que deu..."

Talis Andrade

 

No domingo 2/10 de 2023, que derrotou Bolsonaro no primeiro turno das eleições, Nikolas Ferreira obteve 1.492.047 votos, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O recorde nacional anterior em um pleito era de Eduardo Bolsonaro (ex-PSL, atual PL), que teve 1.814.443 votos nas eleições de 2018.

Depois do vereador mineiro, o segundo deputado federal mais votado do país é Guilherme Boulos (PSOL), em São Paulo. Com 100% das seções apuradas no Estado, ele recebeu 1.001.472 votos.

Após a confirmação da eleição do parlamentar, o presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) afirmou que conta com o apoio de Nikolas para atrair eleitores mais jovens.

 

Nikolas Ferreira e Jair Bolsonaro durante uma motociata em Poços de Caldas, Minas Gerais

CRÉDITO, GETTY IMAGES. Nikolas Ferreira e Jair Bolsonaro durante uma motociata em Poços de Caldas, Minas Gerais

 

Reportagem de Julia Braun, para a BBC News, informa:

Um relatório elaborado pelo NetLab, grupo de pesquisa da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e intitulado 'Evangélicos nas redes' identificou o deputado eleito como um macro-influenciador que atua como um dos porta-vozes do ativismo conservador evangélico no Brasil.

Segundo os pesquisadores responsáveis pelo estudo, seus conteúdos muitas vezes giram em torno daquilo que eles classificam como uma "guerra político-cultural" que tenta opor os evangélicos a políticos e apoiadores da esquerda.

Postagem no Instagram de Nikolas Ferreira

CRÉDITO, NIKOLAS FERREIRA / INSTAGRAM

 

"Esse vídeo é um alerta para abrir os nossos olhos para a guerra silenciosa que estamos vivendo", diz ele em um vídeo de março, em que fala sobre uma "doutrinação" nas escolas e universidades e cita a criação de um exército pelo que define como "o inimigo" dos cristãos. A gravação tem mais de 240 mil visualizações e 55.000 curtidas no Instagram.

A ideia falsa de que há uma ameaça de perseguição religiosa aos cristãos no Brasil também aparece com certa frequência em suas redes sociais.

Em um vídeo de fevereiro, ele cita uma "guerra contra a igreja para poder tirar a influência do cristianismo". "A esquerda brasileira só está dando os seus primeiros passos em caminho do que já está acontecendo na Argentina, no Chile e em outros diversos países", diz.

Reportagem da BBC News Brasil mostrou como aliados próximos do presidente Jair Bolsonaro têm usado esse tipo de desinformação sobre perseguição a cristãos como forma de atrair votos.

Mas segundo especialistas, o discurso em torno da cristofobia não faz sentido em um país como o Brasil, onde 86,8% da população se identifica como cristã, entre católicos e evangélicos, segundo dados do censo de 2010 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Post no Instagram de Nikolas Ferreira

CRÉDITO, NIKOLAS FERREIRA / INSTAGRAM. Em um vídeo de fevereiro, Nikolas cita uma "guerra contra a igreja para poder tirar a influência do cristianismo"

 

Um ranking global elaborado pela organização Portas Abertas anualmente e que alerta para a perseguição a cristãos no mundo também não inclui o Brasil na lista, já que o país é considerado livre de qualquer opressão. Leia mais

 O professor Dejalma Cremonese denuncia que Nikolas pratica intolerância religiosa: 

24
Set23

Ministro aciona AGU contra a língua mentirosa de Nikolas Ferreira por fake news de banheiros unissex

Talis Andrade

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No Twitter, o ministro Sílvio disse que "Quem usa a mentira como meio de fazer política, incentiva o ódio contra minorias e não se comporta de modo republicano tem que ser tratado com os rigores da lei. É assim que vai ser"

 
por Ingrid Soares
 
O ministro Silvio Almeida (Direitos Humanos e da Cidadania) acionou a Advocacia-Geral da União (AGU) ontem (22/9) contra os deputados Nikolas Ferreira (PL-MG) e Filipe Barros (PL-PR) pela divulgação de fake news sobre a obrigatoriedade de banheiro unissex no Brasil.
 

Nas redes sociais, os parlamentares bolsonaristas divulgaram vídeos onde afirmavam que a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) "instituiu" banheiros unissex nas escolas brasileiras. As publicações geraram polêmica e foram repercutidas por outros atores políticos, como o senador Sergio Moro (União-PR).

No Twitter, o ministro Sílvio disse que "Quem usa a mentira como meio de fazer política, incentiva o ódio contra minorias e não se comporta de modo republicano tem que ser tratado com os rigores da lei. É assim que vai ser".

Em referência ao senador Sergio Moro e ao deputado cassado Arthur do Val, Almeida diz que também serão tomadas providências contra eles.

10
Mai23

"Se o senhor é da Swat, eu sou dos Vingadores", diz Flávio Dino a Marcos do Val (vídeo)

Talis Andrade
 
 
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O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, ironizou os questionamentos do senador Marcos do Val (Podemos-ES) durante a audiência pública da Comissão de Segurança Pública do Senado, nesta terça-feira (9). "Se o senhor é da Swat, eu sou dos Vingadores", disse o ministro ao senador. 

O embate entre Dino e Do Val começou depois que o ministro da Justiça foi questionado pelo senador sobre os atentados do 8 de Janeiro. Segundo o parlamentar, Dino assistiu à vandalização das sedes dos Três Poderes pela janela do gabinete do Ministério da Justiça, sugerindo que o chefe da pasta se omitiu de impedir a ação dos manifestantes.

Dino respondeu que o senador havia editado trechos de entrevistas para "pescar contradições inexistentes", e justificou que não estava no local antes da invasão, mas que se dirigiu ao Ministério da Justiça assim que soube do início da depredação.

"Eu não estava lá, eu fui avisado [da violência da manifestação] e cheguei lá. E é claro que o presidente Lula sabia [que as sedes dos Três Poderes estavam sendo vandalizadas] porque eu telefonei e avisei."

E continuou: "Não precisa o senhor ir para porta do Ministério da Justiça fazer vídeo de internet porque se o senhor é da Swat, eu sou dos Vingadores. O senhor conhece o Capitão América? O Homem-Aranha?"

O senador pelo Espírito Santo é militar da reserva do Exército e frequentemente expressa orgulho de ter participado de treinamentos em instituições dos Estados Unidos como Swat, Nasa e FBI.

 

VEJA TAMBÉM

 

30
Mar23

Fantasias masculinas: o reflexo abjeto de Nikole e Bolsonara

Talis Andrade
 
Quem é Nikolas Ferreira, o deputado que discursou de peruca na Câmara, e o  que é transfobia | Política | Valor Econômico
 
 

 

por Renato Duarte Caetano, Gabrielle dos Santos Marques e Ricardo Fabrino Mendonça /Cult

 

Eis aqui a mulher do bolsonarismo: ela veste terno, usa uma peruca gema de ovo de quinta categoria e brada histericamente a paranoica ladainha de seu deplorável kit básico da intolerância: “homens têm pipi, mulheres têm pepeca, pessoas trans têm uma agenda oculta que visa abusar das nossas inocentes criancinhas, e eu sou oprimida por falar o óbvio”. O nível de ressentimento, ódio e medo presente em seu discurso deixa evidente a vitimização que é tão marcante nos caminhos que levaram à ascensão da extrema direita no Brasil.

O paladino da moral e dos bons costumes não usa armadura reluzente nem anda de espada em punho. Ele ostenta sua ferida. Aberta, sangrando, em necrose. Mas só isso não basta.

Para realmente conquistar os corações patriotas, é preciso adicionar à performance o tempero paródico do palhaço estereotipado. Sem ele, a performance não fingiria ser inclusiva e democrática. É rindo da mulher que caricatura que Nikolas expõe a feminilidade que entende ser possível, restrita à projeção do próprio olhar misógino. Não há ali vias para o deslocamento e encontro com o feminino. A mulher de Nikolas é a projeção de si mesmo. Nikole é um espelho que revela muito do bolsonarismo, de suas inseguranças, seus temores, suas projeções e suas impotências.

A deputada Nikole aprendeu essa receita com sua grande mentora, a candidata Bolsonara. Para quem não se lembra, durante o debate presidencial transmitido pela Globo em 29 de setembro de 2022, a candidata à presidência Simone Tebet chamou, por equívoco, sua adversária Soraya Thronicke de “candidata Bolsonara”. O então presidente Bolsonaro logo fez chacota, não apenas rindo ao vivo durante o debate, mas também no dia seguinte, quando postou uma foto em seu Instagram com um filtro que transformava seu rosto no de uma mulher.

 
Bolsonaro posta montagem para ironizar Tebet: 'Candidata Bolsonara'
 
 

Aqui se via, em primeira mão, a mulher do bolsonarismo, expressa no grotesco e burlesco autorretrato gerado por um filtro de Instagram. Enquanto criticam o pressuposto de que mulheres trans reduzem a categoria mulher a um sentimento teoricamente fortuito e efêmero, o bolsonarismo reclama um retorno ao que há de mais duradouro e estereotipado na representação das mulheres: fantasias masculinas. Projeções que se fazem caricatas a partir do barato e do banal: a peruca de plástico e o filtro de Instagram.

Criando uma versão abjeta da própria paródia de gênero mobilizada por drag queens, o bolsonarismo dobra sua aposta na chacota para reforçar estereótipos de gênero. Nikolas Ferreira não questiona nenhuma relação de poder ao se colocar como deputada Nikole. Tampouco o faz Bolsonaro ao “assumir-se” como candidata Bolsonara. Muito pelo contrário, o movimento realizado por ambos é o de reforçar hierarquias sociais que historicamente condenam certas mulheres e certos homens à condição de dejetos da sociedade.

Esse é o poder do ridículo que emana da grotesca paródia da extrema direita: o de relativizar o poder político, a seriedade e as conquistas de movimentos sociais que lutam pela inclusão de seus corpos na conta sempre malfeita da democracia, para lembrar os termos de Jacques Rancière. A violência contra mulheres trans e cis é uma realidade perversa que se constitui como parte fundante do pacto social brasileiro.

Ao convocarem o povo a rir de suas imagens travestidas, o que desejam Nikolas e Bolsonaro é reafirmar e renovar a dimensão violenta e excludente desse pacto. Como um jogo de espelhos tortos e deformados, o bolsonarismo busca refletir um horizonte político no qual só é possível vislumbrar uma imagem porca e suja do povo brasileiro. Uma imagem que revela a si mesmo.

Apesar de tudo, a performance carnavalesca da deputada Nikole nos coloca de frente a uma clássica e justa questão: o que é uma mulher? Sua resposta, óbvio, não tem nada a acrescentar ao antigo debate; ela é mais velha do que o próprio conceito, restringe-se a mulher à mãe. E como se não bastasse, ela é a mãe em perigo, a que precisa ser resgatada dos “homens de dois metros” que querem roubar seus, pasmem, banheiros!

Fôssemos nós psicanalistas, veríamos aqui uma versão barata do ilustre presidente Schreber. O alto nível de perversidade imbuído no delírio paranoico é inversamente proporcional à baixeza estética de sua performance. Mas deixemos a psicanálise aos analistas. De um ponto de vista político, o que está em jogo na cena que se desenrolou no último Dia Internacional da Mulher é um problema social com amplas repercussões: a ideia de que os movimentos LGBTQIAP+, em especial as pessoas trans, querem ditar a maneira pela qual as pessoas devem viver suas vidas. Ideia que arrebata corações, aplausos e simpatias ao alimentar temores e ansiedades das pessoas diante de um mundo tido como incerto.

Quando tudo parece de ponta-cabeça, a estabilidade é buscada no retorno, mas como nos lembra Derrida, a violência do fantasma que retorna concentra-se em sua estética espectral. A fantasia masculina ressuscitada é mais grotesca e ridícula do que já foi antes, mas ela não deixa de partir do assombro e do horror.

Mas tranquilizemos a extrema direita. Não… a esquerda, o feminismo, as pessoas trans e outros fantasmas não querem invadir banheiros nem acabar com suas famílias. Não há porque imaginar que a existência dessas pessoas vá derreter a solidez da fantasia da família-padrão-margarina. Dessa forma, Nikole e Bolsonara podem despir-se de suas pseudofeminilidades indignas, que usam estética da afetação caricata para suavizar seus autoritarismos.

Até porque, o 8 de março de 2023 foi o primeiro em que duas mulheres trans, apesar de tudo e para o terror do referido deputado, puderam discursar em plenário sobre o significado da data. Muitas outras virão.

 

 

 

 

 


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