"Joguei búzios para Nikolas Ferreira. Veja o que deu..."
No domingo 2/10 de 2023, que derrotou Bolsonaro no primeiro turno das eleições, Nikolas Ferreira obteve 1.492.047 votos, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O recorde nacional anterior em um pleito era de Eduardo Bolsonaro (ex-PSL, atual PL), que teve 1.814.443 votos nas eleições de 2018.
Depois do vereador mineiro, o segundo deputado federal mais votado do país é Guilherme Boulos (PSOL), em São Paulo. Com 100% das seções apuradas no Estado, ele recebeu 1.001.472 votos.
Após a confirmação da eleição do parlamentar, o presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) afirmou que conta com o apoio de Nikolas para atrair eleitores mais jovens.

CRÉDITO, GETTY IMAGES. Nikolas Ferreira e Jair Bolsonaro durante uma motociata em Poços de Caldas, Minas Gerais
Reportagem de Julia Braun, para a BBC News, informa:
Um relatório elaborado pelo NetLab, grupo de pesquisa da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e intitulado 'Evangélicos nas redes' identificou o deputado eleito como um macro-influenciador que atua como um dos porta-vozes do ativismo conservador evangélico no Brasil.
Segundo os pesquisadores responsáveis pelo estudo, seus conteúdos muitas vezes giram em torno daquilo que eles classificam como uma "guerra político-cultural" que tenta opor os evangélicos a políticos e apoiadores da esquerda.

CRÉDITO, NIKOLAS FERREIRA / INSTAGRAM
"Esse vídeo é um alerta para abrir os nossos olhos para a guerra silenciosa que estamos vivendo", diz ele em um vídeo de março, em que fala sobre uma "doutrinação" nas escolas e universidades e cita a criação de um exército pelo que define como "o inimigo" dos cristãos. A gravação tem mais de 240 mil visualizações e 55.000 curtidas no Instagram.
A ideia falsa de que há uma ameaça de perseguição religiosa aos cristãos no Brasil também aparece com certa frequência em suas redes sociais.
Em um vídeo de fevereiro, ele cita uma "guerra contra a igreja para poder tirar a influência do cristianismo". "A esquerda brasileira só está dando os seus primeiros passos em caminho do que já está acontecendo na Argentina, no Chile e em outros diversos países", diz.
Reportagem da BBC News Brasil mostrou como aliados próximos do presidente Jair Bolsonaro têm usado esse tipo de desinformação sobre perseguição a cristãos como forma de atrair votos.
Mas segundo especialistas, o discurso em torno da cristofobia não faz sentido em um país como o Brasil, onde 86,8% da população se identifica como cristã, entre católicos e evangélicos, segundo dados do censo de 2010 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

CRÉDITO, NIKOLAS FERREIRA / INSTAGRAM. Em um vídeo de fevereiro, Nikolas cita uma "guerra contra a igreja para poder tirar a influência do cristianismo"
Um ranking global elaborado pela organização Portas Abertas anualmente e que alerta para a perseguição a cristãos no mundo também não inclui o Brasil na lista, já que o país é considerado livre de qualquer opressão. Leia mais
O professor Dejalma Cremonese denuncia que Nikolas pratica intolerância religiosa: