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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

13
Fev23

Furo do 247 revela gênese de operação destinada a lavar culpa dos golpistas de 8/01

Talis Andrade
 
 
 
TRIBUNA DA INTERNET
 
 
 

 

O repórter Marcelo Auler pôs luz em diálogos do Whatsapp de Ibaneis Rocha. Governador afastado do DF ouviu propostas indecentes do empresário Luiz Estevão

 

Por Luís Costa Pinto 

Revelados pelo repórter Marcelo Auler, do Brasil 247, em reportagem publicada na tarde desta segunda-feira, 13 de fevereiro, os diálogos mantidos pelo governador afastado do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), com o empresário dono do portal Metrópoles, ex-senador cassado por corrupção e ex-detento do presídio da Papuda (onde cumpriu pena por corrupção em contratos de construção civil com o Poder Judiciário),  Luiz Estevão de Oliveira Neto, desnudam a origem da construção da versão que tenta responsabilizar a vítima pelo crime cometido pelos bolsonaristas que vandalizaram os palácios que sediam os três poderes da República no última dia 8 de janeiro. A partir da troca de mensagens depreende-se que Estevão açulou Ibaneis a estruturar sua linha de defesa no sentido de dividir responsabilidades pelo terrorismo antidemocrático e vândalo com o Governo Federal que assumira havia apenas uma semana – sobretudo com os ministros Flávio Dino (Justiça) e José Múcio Monteiro (Defesa).

Luiz Estevão já havia protagonizado, em 1992, a construção de uma versão rocambolesca destinada a acobertar um crime que marcou epicamente a História brasileira. Ele foi, junto com o também empresário brasiliense Paulo Octávio Pereira e o então secretário-geral da Presidência, Cláudio Vieira, um dos artífices centrais da “Operação Uruguai”. Nos últimos dias da CPI que apurou as denúncias formuladas por Pedro Collor, irmão do presidente Fernando Collor, que explicitavam os crimes do empresário Paulo César Farias (PC) praticados na Esplanada dos Ministérios, Vieira e os amigos de adolescência e juventude de Fernando Collor, Estevão e Paulo Octávio, assinaram documentos forjados cujo objetivo era fazer parecer que o dinheiro que sustentava a boa vida do clã Collor de Mello era fruto de empréstimos (falsos, verificou-se horas depois de apresentada a versão) obtidos em bancos uruguaios.

A dinâmica de manipulação dos fatos em 1992 e no dia 8 de janeiro de 2023, verificada a partir da troca de mensagens escritas entre o dono do portal Metrópoles (um dos quatro portais de notícias gerais de maior audiência da Internet brasileira), é a mesma. Há mais de 30 anos ele tentou eximir o amigo presidente de responsabilidade nas traficâncias de PC Farias irrigadas com dinheiro de contratos públicos. Agora, Estevão, cassado em 2000, quando se tornou o primeiro senador brasileiro a perder o mandato por decisão de seus pares em razão das denúncias de corrupção que o envolviam com o ex-juiz trabalhista Nicolau dos Santos Neto, tentou construir argumentos para fazer Ibaneis Rocha se afastar da imputação de culpa por incompetência e omissão nos atos terroristas e no vandalismo contra prédios federais em 8 de janeiro.

 
TST mantém cassação de aposentadoria do ex-juiz Lalau | Espaço Vital
Ex-juiz Lalau
 
 

Mas, Luiz Estevão não economizou no rol de barbaridades propostas ao governador do DF, que seria afastado do cargo horas depois do diálogo epistolar por aplicativo de mensagens. “O GDF poderia assumir a reparação de todos os danos causados ao Congresso, STF e Planalto. O custo é baixo e o gesto é relevante”, propôs a Ibaneis, que é advogado por ofício e chegou a presidir a seccional da Ordem dos Advogados do Brasil em Brasília. O governador desconversou, pois até os estagiários de seu movimentado e bem-sucedido escritório de advocacia sabem que o gesto equivaleria a uma confissão de responsabilidade nos ataques aos prédios dos Três Poderes da República durante o golpe tentado no dia 8 de janeiro. “Vou ver amanhã como fazer”, respondeu Ibaneis. Naquela mesma noite recebeu a ordem de se afastar do Palácio do Buriti (sede do governo distrital) e foi impedido de manter diálogos com investigados nos atos antidemocráticos por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal e presidente do Tribunal Superior Eleitoral. A garimpagem de Marcelo Auler fez com que emergissem à superfície do submundo das investigações brasiliense, ainda, os apertos que as repórteres Andréia Sadi, da GloboNews, e Cátia Seabra, da Folha de S. Paulo, impuseram ao governador do Distrito Federal. Sem encontrar respostas para as perguntas precisas das jornalistas, Ibaneis foi entregando aos poucos a conexão que tinha com Anderson Torres, o ex-ministro da Justiça de Bolsonaro a quem nomeara secretário de Segurança Pública dias antes dos atentados antidemocráticos e que deu ordens desencontradas (inquérito da Polícia Federal e do Ministério Público investiga se comissivamente proposital ou inconsequentemente irresponsável) para o relaxamento da segurança na Esplanada dos Ministérios. A leitura dos prints de mensagens expostos na reportagem de Auler, um furo do portal Brasil 247, fazem derreter qualquer linha de defesa de Ibaneis Rocha e põe o dono do portal Metrópoles no epicentro da construção de uma versão cara ao bolsonarismo pérfido e vil, que tenta se livrar do rol de crimes que lhes é imputado: a de que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus ministros da Justiça e da Defesa seriam corresponsáveis pelos ataques incivis à República e à lisura eleitoral.

 

15
Dez20

A conduta na balbúrdia da vacina basta para justificar impeachment de Bolsonaro

Talis Andrade

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por Janio de Freitas

Diante de todos os desastres que o corroem, o Brasil parece morto

 

É impossível imaginar o que falta ainda para a única providência que salve vidas —quantas, senão muitos milhares?— da sanha mortífera de Jair Bolsonaro. Mas não é preciso imaginar a indecência da combinação de “elites” e políticos, para ver o que e quem concede liberdade homicida em troca de ganhos.

Pessoas com autoridade formal para o conceito que têm emitido, além de suas respeitabilidades, como o jurista Oscar Vilhena Vieira, o ex-ministro da Justiça e criminalista José Carlos Dias e o médico Celso Ferreira Ramos Filho, presidente da Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro, entre outros altos quilates, têm qualificado com clareza e destemor a anti-ação de Bolsonaro e seus militares na mortalidade pandêmica. Crime, criminoso(s), organização familiar criminosa, homicidas, desumanidade —são algumas das palavras e expressões aplicadas ao que é feito contra a vida. Contra o próprio país, portanto.

A conduta da Presidência e de seus auxiliares na Saúde, na balbúrdia da vacina, basta para justificar o processo de interdição ou de impeachment, sem precisar dos anteriores crimes de responsabilidade e outros cometidos por Bolsonaro e pelo relapso general Eduardo Pazuello. Nem se sabe mais o número de requerimentos para processo de impeachment apresentados à Câmara. Sobre eles, Rodrigo Maia, presidente da casa, lançou uma sentença sucinta: “Não há agora exame de impeachment nem vai haver depois”.

Nítido abuso de poder, nessa recusa a priori. É dever do presidente da Câmara o exame de tais requerimentos, daí resultando o envio justificado para arquivamento ou para discussão em comissões técnicas. Rodrigo Maia jamais explicou sua atitude. Daí se deduz que não lhe convém fazê-lo, com duas hipóteses preliminares: repele a possível entrega da Presidência ao vice Mourão ou considera a iniciativa inconveniente a eventual candidatura sua a presidente em 2022.

Seja como for, Rodrigo Maia macula sua condução da Câmara, bastante digna em outros aspectos, e se associa à continuidade do desmando igualado ao crime de índole medieval. Os constituintes construíram um percurso difícil e longo para o processo de impeachment, e que assim desestimulasse sua frequência. Mas deixaram com um só político o poder de consentir ou não na abertura do processo. Fácil via para o abuso do poder. E sem alternativa para o restante do país, mesmo na dupla calamidade de uma pandemia letal e um governo que a propaga.

Há denúncias protocolares da situação por entidades, não muitas, e por um número também baixo de pessoas tocadas, de algum modo, pelo senso de responsabilidade, a inquietação, a dor. Movimento para que os genocidas vocacionais sejam enfrentados, nenhum. As camadas sociais que continuam tranquilas com seus rendimentos são, entende-se, as que podem manipular os ânimos públicos. São também as que têm mais noção do que se passa, mas sem que isso atenue o seu egoísmo e desprezo pelas camadas abaixo. Assim, não há reação ao duplo ataque. Diante de todos os desastres que o corroem, o Brasil parece morto.

Mas nem com esse aspecto, ou essa realidade, precisaria descer tão baixo na imoralidade. Sobrassem alguns resquícios de decência nas classes que, a rigor, são o poder no Brasil, a descoberta de que a Abin, a abjeta Agência Nacional de Informação, foi mobilizada para ajudar Flávio Bolsonaro no processo criminal da “rachadinha” criaria alguma indignação. E levaria ao pronto afastamento de todos os beneficiários e comprometidos com esse crime contra a Constituição, as instituições, os trâmites da Justiça e a população em geral.

O general Augusto Heleno Pereira negou a revelação da revista Época. É um velho mentiroso. Isso está provado desde os anos 90, quando me escreveu uma carta negando sua suspeita ligação com Nicolau dos Santos Neto, o juiz da alta corrução no TRT paulista. Tive provas documentais para desmenti-lo. Estava então no Planalto de Fernando Henrique. Com Bolsonaro, além de desviar a Abin em comum com Alexandre Ramagem, que a dirige, Augusto Heleno já esteve em reuniões com os advogados de Flávio, que é agora quem o desmente.

Ramagem, por sua vez, é o delegado que Bolsonaro quis na direção da Polícia Federal, causando a saída de Sergio Moro do governo. Fica demonstrado, portanto, pelas figuras de Augusto Heleno e Ramagem no desvio de finalidade da Abin, que Bolsonaro tentou controlar a PF para usá-la na defesa de Flávio, de si mesmo, de Carlos, de Michelle, de Fabrício Queiroz e sua mulher Márcia e demais componentes do grupo.

Se nem essa corrupção institucional levar à retirada de toda a corja, será forçoso reconhecer um finalzinho. Não da pandemia, como disse Bolsonaro. Do Brasil, mesmo.

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