O deputado federal Abílio Brunini (PL-MT), um dos mais ruidosos bolsonaristas da Câmara, foi gravado nesta quinta-feira (24), durante CPMI do Golpe, fazendo um gesto atribuído à supremacia branca. Durante a fala do deputado André Fernandes (PL-CE), ele esticou os três dedos e fez um círculo. Juntos, os sinais simbolizam a letra “w”, de “white” (branco). Já o círculo formado representa a letra “p”, de “power” (poder).
"O Duarte pediu 1 minutos a mais e eu respondi, dá mais 3 minutos pra ele. Aí começaram a soltar fakenews que eu estava fazendo gestos racistas????????
Este é o vídeo do exato momento que eu respondo. Não caia em fakenews", mentiu Brunini, que acrescentou: "A esquerda está pautando a imprensa para fazer cortina de…" pic.twitter.com/IhqsvlRAyY
O gesto é tradicionalmente utilizado por movimentos racistas ao redor do planeta: surgiu nos Estados Unidos e faz referência ao poder dos brancos na sociedade. Recentemente, ganhou destaque no Brasil após um assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Filipe Martins, usá-lo durante sessão no Senado.
Embora duramente criticado nas redes socais, Abílio nega que tenha agido de má fé. Ele afirma ter pedido mais “três minutos” e que não fez qualquer ligação do gesto com a referência supremacista. O deputado culpou a esquerda por criar "narrativas".
"Vocês são nojos, vocês esquerdistas são nojo. Estão atacando minha família nesse momento. Estão entrando nas redes sociais da minha família. Estão entrando nas redes sociais da minha mulher me ofendendo. Vocês são uma vergonha”, disse Abílio.
Olho no lance. Deputado Brunini faz gesto supremacista branco? Confira vc mesmo. pic.twitter.com/y2PUanI3cv
Em alguns países, o gesto é usado para sinalizar “ok”, mas, no Brasil, pode indicar uma obscenidade. O “w”, formado com os três dedos, significa “White”, e os outros 2 dedos formam a letra “P”, que significaria “Power”. “White Power” é uma expressão racista que significa “Poder Branco”.
A Liga Antidifamação (Anti-Defamation League – ADL) classificou o gesto como um sinal utilizado por supremacistas brancos para se identificarem. A ADL diz que o símbolo se tornou uma “tática popular de trolagem” por indivíduos da extrema-direita, que postam fotos nas redes de si mesmos fazendo o gesto.
Internautas pediram a cassação do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) após o parlamentar defender piadas sobre negros ou nazismo. No Twitter, as críticas ao congressista chegaram ao trending topic (tópico em tendência), um dos assuntos mais comentados da rede social.
“Qualquer apologia ao nazismo, ainda que disfarçada sob a manta do “direito de expressão”, deve ser punido com cassação de mandato, inelegibilidade e, a depender da gravidade do caso, com PRISÃO!”, afirmou Janones, que escreveu:
"A fala do Deputado Federal Nikolas Ferreira, onde ele defende indiretamente o nazismo e relativiza o holocausto, apenas confirma o que venho falando TODOS OS DIAS: o bolsonarismo precisa ser criminalizado URGENTEMENTE, exatamente como a Alemanha fez com o Nazismo".
Em entrevista ao podcast “Irmãos Dias”, Nikolas Ferreira disse que a liberdade de expressão assegura aos comediantes a possibilidade de fazer piadas relacionadas ao holocausto e envolvendo pessoas negras. Segundo o parlamentar, a regulação de discursos que possam promover ódio contra grupos sociais deve ser uma responsabilidade compartilhada pela própria sociedade.
“A liberdade de expressão é uma discussão muito mais profunda do que as pessoas acreditam. Você tem um autor que relata que existem judeus que não são contrários a uma tese que foi feita por um estudioso que colocou o holocausto como se fosse mentiroso. Se for parar para pensar, o holocausto aconteceu, nós vamos deixar gente falar que o holocausto não aconteceu e ficar influenciando pessoas? A própria comunidade judaica deu a liberdade para esse cara falar isso, porque? Segundo ele, a liberdade de expressão é plena em uma sociedade que se autorregula, não é censurando as coisas, deixando que as coisas aconteçam e que as pessoas consigam analisar que aquilo é um absurdo”, inicia o parlamentar.
“Nos EUA, por exemplo, tem o partido nazista, não tem relevância nenhuma. As pessoas vão olhar e falar: ‘isso é ridículo, não vou fazer parte daquilo’, mas tem também o outro lado: toda a liberdade tem o seu limite, você não tem uma liberdade de expressão para poder chegar dentro de um hospital e fazer uma piada com uma pessoa com síndrome de down, porque ali não é o ambiente e nem o local para isso”, acrescentou o bolsonarista.
Os colunistas Alberto Bombig e José Roberto de Toledo debateram sobre os limites da liberdade de expressão para parlamentares ao repercutirem o caso do deputado Nikolas Ferreira.
Zanatta é favorável à política bélica do governo do ex-presidente Bolsonaro e posta com frequência sobre o tema em suas redes sociais - (crédito: Zeca Ribeiro)
"Quem imaginaria que nós teríamos tanto brasileiro armado capaz de defender sua propriedade, a sua família e, mais do que isso, disposto a lutar?", indaga a deputada bolsonarista parceira de um deputado que assassinou a noiva. A arma do crime e o assassino da vereadora Marielle Franco
por Ândrea Malcher
Correio Braziliense
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A deputada Júlia Zanatta (PL-SC) repercutiu odecreto assinado na última sexta-feira (21/7) que busca controlar o comércio de armas e munição no país. Em evento de inauguração de um clube de tiro em Florianópolis (SC), no sábado (22), a parlamentar afirmou que “todo poder emana do cano de uma arma”.
“A gente vai continuar mais unidos e firmes do que nunca na defesa da nossa liberdade. Porque eles sabem que todo poder emana do cano de uma arma”, disse ela.
A parlamentar criticou as medidas anunciadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), alegando que há uma “guerra assimétrica” entre aqueles que defendem o acesso de civis às armas e o governo, e foi além, avaliando a medida como “genocida”. "Quem imaginaria que nós teríamos tanto brasileiro armado capaz de defender sua propriedade, a sua família e, mais do que isso, disposto a lutar?"
Zanatta é favorável à política bélica do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e posta com frequência sobre o tema em suas redes sociais. “Obrigada a todos que não negociam a liberdade e continuam apoiando os clubes de tiro, mesmo com um desgovernado tentando de tudo para amedrontar as pessoas”, escreveu ela em junho em publicação no Instagram.
Júlia Zanatta postou em suas redes sociais foto na qual aparece armada com uma metralhadora e vestindo uma camiseta em alusão ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e à política desarmamentista do novo governo. Helder e Bezzi comentam. A deputa faz parelha com deputado assassino, ex-delegado que assassinou a noiva Paulo Bilynskyj, que também ameaçou Lula. Os dois covardes dependem do eleitorado dos cacs e clubes de tiro, forças armadas do golpe anunciado de Bolsonaro que tentou explodir uma bomba no Aeroporto de Brasília
Os 11 furos do caso Bilynskyj, o delegado e influencer armamentista cuja namorada 'se suicidou'
Priscilla e Paulo se conheceram na Internet. Paulo virou deputado federal com a devida coragem de ameaçar Lula de morte. Priscilla esquecida em um cemitério. Não tem o prestígio de Marielle Franco, mas pode ter sido assassinada pela mesma arma roubada do Bope
Furos na investigação beneficiam versão delegado Paulo Bilynsky, que recebeu apoio da família Bolsonaro. A família da modelo Priscila Bairros acredita em assassinato.
Paulo Bilynsky (foto) e júlia Zanatta ameaçaram Lula de morte. Foto: Fepesil/TheNews2/Folhapress
“Fuzil sem número. Marca sem identificação”.
Essa descrição consta no boletim de ocorrência da morte da modelo Priscila Delgado de Bairros, registrado no dia 20 de maio, em São Bernardo do Campo, região metropolitana de São Paulo. O porte de fuzil sem número de série éum crime inafiançável. Nove dias depois, a Secretaria de Segurança de São Paulo disse que a polícia errou e o que foi originalmente identificado como uma arma, na verdade, era um “acessório”.
Essa é só mais uma das controvérsias que cercam a morte de Priscila no apartamento do delegado Paulo Bilynskyj, que tomou seis tiros e foi ferido na perna, na mão, no peito, na costela e no braço. Segundo o policial, Bairros, noiva do delegado, disparou contra ele após um surto de ciúmes e depois se suicidou. A família da jovem suspeita que Bilynskyj, delegado influencer que usa o Instagram para falar de armamentos, possa ter assassinado ela.
Ainda não está claro o que aconteceu na manhã de 20 de maio. Mas até agora uma coisa ficou evidente: as posições da Polícia Civil e do Ministério Público sobre o que aconteceu na manhã de 20 de maio aliviam a barra do delegado.
Na descrição do B.O., constam que seis armas e milhares de munições foram encontradas no apartamento: duas pistolas (uma da Polícia Civil), uma metralhadora, uma espingarda (com registro vencido, ainda no nome de Helenice Vaz de Azevedo Corbucci) e dois fuzis. Um deles é aquele registrado no B.O..
Os upper receivers listados no boletim são como a base da parte superior, que conecta o cano ao corpo da arma longa. Foto 1: Michel Delsol/Getty Images | Foto 2: Reprodução
Solicitei, então, à SSP o boletim com a correção da informação sobre a peça em questão. No B.O., é identificado como “fuzil” e, logo abaixo, são descritos dois “upper receiver” (que pode se referir a uma peça onde ficam agregadas componentes essenciais para o funcionamento de uma arma ou o conjunto de todas as peças) com “acessórios”. Mas, em entrevista telefônica, o órgão disse que não houve correção no documento porque era apenas um “acessório” e não uma arma em si. Ou seja, o B.O. não foi editado porque a SSP considerou que nós, jornalistas, não entendemos o que estava escrito. O erro não seria deles, mas um erro nosso de interpretação. Como você pode ler abaixo, está escrito: “FUZIL – Nº SEM NÚMERO – Marca: SEM IDENTI.
Se o delegado tinha mesmo um fuzil não numerado em casa, deveria ser preso. Mas, como foi determinado que tecnicamente a arma não existe, Bilynskyj está solto. A questão é que, ainda que a SSP tenha razão e trate-se apenas de um acessório, a posse dele também pode configurar crime, com pena de três a seis anos, dependendo das variáveis, segundo advogados criminalistas que entrevistei.
No B.O., há doisupper receiverssem numeração e mais os acessórios,comoo reddot(um apetrecho que dá aquela mira de luz), a lanterna e umgripp(a empunhadura que vem acoplada em um cano).Tudo isso costuma vir conectado no upper. É ali que encaixam.
Osupper receiverslistados no boletim são como a base da parte superior da arma, que conecta o cano ao corpo da arma longa, como um fuzil. Dentro deles, há várias peças essenciais. Ou seja, não é um “acessório” como a SSP defende: é uma peça fundamental para um fuzil funcionar. Sem ele, a arma não funciona. É como o tronco de um corpo, que conecta os membros.
Ouvi então o advogado criminalista João Carlos Dalmagro Jr., que é atirador desportivo e conhece bem a legislação e o controle sobre armamentos. “A descrição do B.O. leva a crer que se está tecnicamente diante de parte de uma arma. Se oupper receiverestiver acoplado ao cano, onde o número de série deve estar gravado, a consequência penal da posse desse conjunto é a mesma da de uma arma em si. Então, precisa de autorização do Exército para aquisição”, me disse Dalmagro.
Ele vai além: “A impressão que se tem a partir desse boletim de ocorrência é que oupper receiverfaz parte desse conjunto, mas para ter certeza disso seria necessário ver o que foi apreendido”. Dalmagro também chama atenção à forma como os acessórios foram listados no B.O, que leva a crer que o fuzil e as peças são uma coisa só. “Os acessórios estão listados na mesma linha que os upper receiver, ao contrário do que ocorre na descrição da metralhadora, de onde se extrai que ela foi apreendida “com” acessórios e bandoleira, mencionando-se inclusive o número dos mesmos (1 red dot e 1 grip com lanterna). Tudo leva a crer que é uma coisa só“, pontua.
Questionada se os acessórios estavam acoplados noupper receivere cano, a SSP disse não ter essa informação.
A resposta é curiosa. Ao mesmo tempo que diz não ter detalhes dos acessórios, a secretaria tinha a informação suficiente parapressionar o UOLno dia 30 para alterar o título de uma matéria sobre o número de fuzis de Bilynskyj. O título era “Polícia errou ao contar fuzil a mais em casa de delegado, diz secretaria” e foi alterado para “Fuzil relatado em BO do caso Bilynskyj é um acessório, diz SSP”.
A pena para a posse ilegal de arma de fogo de uso restrito – ou parte dela, como seria, em tese, o caso de umupper receiver“completo” – é de reclusão de três a seis anos. Se estivermos falando de arma de fogo de uso proibido, a pena sobe: entre quatro e 12 anos. Dalmagro lembra ainda de um detalhe. “Com a alteração trazida pelo pacote anticrime, nesta última hipótese (arma de fogo de uso proibido), o delito é considerado hediondo. A hediondez do crime, além do aumento da pena em si, veda o indulto e endurece as possibilidades de progressão de regime e livramento condicional”.
Oupper receiveré um produto controlado. As pessoas podem ter peças sobressalentes, se forem dos fuzis que elas já têm, como a do Colt apreendido, por exemplo.
Upper receiver não é “acessório”, mas peça fundamental para o fuzil funcionar, como fica claro na imagem acima. Foto: Divulgação
Lembram daquelas 117 peças de fuzis apreendidas em 2019com o amigo de Ronnie Lessa, PM acusado de envolvimento na morte da vereadora carioca Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes? Oupper receiveré esse tipo de peça. É como um lego. Você pode combinar váriosupperselowersde calibres diferentes. Como as peças são menores que o fuzil completo, elas são mais fáceis de se contrabandear. As peças renderam prisão e processoao milicianoeao amigo (continua)
As 117 peças de fuzil encontradas com o amigo de Ronnie Lessa. Foto: Divulgação
Deixando de lado o voto, o fascismo só pode ser detido por um movimento de massas, que o confronta diretamente
por Pete Dolack
Isso pode acontecer aqui. “Aqui” é qualquer país onde o capitalismo comanda. Quando uma democracia formal burguesa se transforma em fascismo? Essa é uma pergunta que precisa ser respondida tendo por referência muitos lugares, certamente sem a exceção dos Estados Unidos, que já experimentou uma tentativa de autogolpe com inconfundíveis conotações fascistas.
Estamos nos referindo à tentativa de autogolpe de Donald Trump, para usar a expressão latino-americana, em janeiro de 2021. Muitas pessoas, mesmo na esquerda, riem dos acontecimentos daquele dia, apontando que o pretenso golpe não teve chance de ser bem-sucedido. Não teve chance de sucesso. Isso não significa que deva ser descartado com desdém; pelo contrário, deve ser levado em conta com a maior seriedade. O golpe da cervejaria de Hitler, em 1923, também não teve chance de sucesso, e seu movimento violento permaneceu à margem, como lunático, por vários anos. Mas sabemos como foi a história alemã depois.
Não haverá comparação fácil entre os Estados Unidos contemporâneo com a Alemanha de Weimar. Não estamos vivendo nos tempos de Weimar. Não há camisas marrons organizadas correndo loucamente pelas ruas. Não há um militar profundamente hostil à democracia e pronto para agir com base nessa hostilidade, nem um número significativo de industriais financiando tropas de assalto. A história não se repete, como tragédia ou farsa, de forma organizada e certamente ela não precisa disso. No entanto, podemos tirar uma lição da história antes de fazer um balanço das condições políticas contemporâneas.
Um mito a ser dissipado é que Hitler foi eleito. Ele não foi. Ele recebeu o poder do presidente alemão, Paul von Hindenburg, que o nomeou como chanceler. Infelizmente, isso era completamente legal sob a constituição de Weimar. Ademais, foi o suficiente para o maior partido da oposição, os social-democratas, segurar as suas armas. Como se sabe, eles se recusaram a liberar sua milícia e se limitaram a dar uma ordem legal, a qual foi simplesmente destruída. O outro grande partido da oposição, os comunistas, declararam que “depois de Hitler, será a nossa vez”, um sentimento público que contrastava bastante com o fato de que os seus membros estavam sendo forçados a se esconder ou a se exilarem. Menosprezam até o fato de que os nazistas recém-empossados começaram a cercar membros do partido e a destruir seus escritórios.
Os líderes sindicais humildemente apoiaram Hitler depois que ele assumiu o poder, concordando em participar do que agora seria uma celebração do primeiro de maio, sob a liderança nazista. Dois dias depois daquele primeiro de maio, os nazistas começaram a prender líderes sindicais e a banir os sindicatos existentes; os social-democratas logo teriam o mesmo destino. Hitler levou apenas três meses para varrer toda a oposição e assumir o poder ditatorial. Com toda a oposição política varrida, as perseguições aos judeus, ciganos e às comunidades LGBT começaram com resultados que o mundo nunca deveria esquecer ou minimizar.
Por que Paul von Hindenburg promoveu Hitler a chanceler? Na última eleição antes da nomeação, em janeiro de 1933, o voto nazista na verdade havia diminuído em relação à votação anterior; o voto combinado de comunistas e social-democratas foi 1,5 milhão de votos a mais do que o voto nazista, que totalizou 33%, embora o voto combinado de esquerda tenha ficado um milhão a menos do voto combinado de nazistas e do Partido Nacional, o instrumento político restante da direita tradicional.
A maior parte do apoio aos tradicionais partidos de direita da Alemanha na década de 1920 foi transferida para os nazistas, que deram um salto gigantesco de 2,6% em maio de 1928 para 18% (segundo entre 10 partidos) em setembro de 1930. Hitler foi nomeando chanceler (o equivalente ao atual primeiro-ministro), mas foi dado aos nazistas apenas dois dos 10 cargos no gabinete. Infelizmente, um desses cargos era o do Ministério do Interior que controlava a polícia, permitindo que os nazistas inundassem a polícia com seus capangas de camisa marrom. Esse ministro do Interior, Wilhelm Frick, participou do golpe da cervejaria, mas não recebeu mais punição do que uma pena leve, depois suspensa. (continua)
Anderson Silva, bolsonarista da extrema direita, é pastor na igreja Vivo Por Ti de Brasília, e cabo eleitoral de Damares Alves
Um pastor da igreja Vivo Por Ti, de Brasília, Anderson Silva, afirmou durante entrevista em um podcast que os fiéis de sua congregação deveriam pedir a Deus que mate e "quebre os dentes" dos inimigos.
Ao lado do deputado bolsonarista Nikolas Ferreira (PL-MG), o religioso repetiu o discurso de Bolsonaro de ódio contra o presidente Lula e integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF).
"Falta a gente orar assim: senhor, arrebenta a mandíbula do Lula. Senhor, prostra enfermos os ministros do STF para que eles te conheçam no leito de enfermidade", disse ele.
Nikolas Ferreira e duas mulheres que participam do podcast "Tretas e Diálogos" riram da afirmação. Anderson Silva se filiou ao PL no início de 2022 e algumas vezes apareceu em fotos ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro.
O raivoso pastor tem o corpo escandalosamente tatuado com centena de sinais que apresenta como divinos, inclusive a cruz nazista.
A "lava jato" está de volta. Com outra roupagem. Sem alguns de seus atores principais. Mas, mesmo com time reserva, reestreia com o mesmo truque devastador da primeira temporada: enfraquecer os ministros do Supremo e STJ que anulam sistematicamente as condenações sem provas da era sinistra do totalitarismo judicial iniciada em Curitiba.
O mote atual da força tarefa clandestina é criminalizar a aproximação dos juízes brasileiros com colegas e autoridades internacionais em encontros promovidos na Europa — durante os quais, frise-se, os magistrados continuam participando normalmente das sessões de julgamento por teleconferência.
A manobra envolve personagens obscuros que lucraram com a "operação" e hoje voltaram para o ostracismo. Os jornalistas engajados na ressurreição das práticas judiciais corruptas da 'lava jato" enxergaram nos congressos e fóruns um espaço de retaliação contra os julgadores que atrapalharam seus negócios.
"Interessante que os encontros do lavajatismo no exterior, feitos às centenas, sem transparência e com pagamentos de diárias, jamais mereceram essa atenção", comenta um ministro, que compara a campanha contra congressos à queima de livros na idade média e na alvorada do nazismo, na Alemanha, há 90 anos.
O que foi o lavajatismo
Ao menos por quatro anos, uma espécie de ditadura substituiu no Brasil o STF, o STJ e todos os tribunais regionais. Mas não só. A troika instalada em Curitiba — com sucursais abertas no país — sobrepujou também o Congresso, o Planalto e a Procuradoria-Geral da República.
Essa nova estrutura de poder, carregada nos ombros da opinião pública subverteu também a hierarquia das redações de jornais. Os temíveis repórteres que firmaram pacto de cooperação com os procuradores da República no poder passaram a ditar as manchetes. Mas foram além disso.
Membros honorários da força tarefa, no papel de assessores de imprensa, como definiu o ministro Gilmar Mendes em entrevista ao Brasil 247, esses jornalistas passaram a interferir nos fatos. Não mais como espectadores. Mas como arquitetos e protagonistas da autoapelidada "operação".
Suas principais funções foram a de emparedar ministros do Supremo e do STJ com falsas notícias para tirar deles a coragem de se opor às decisões fraudulentas de Sergio Moro e seus cúmplices. Outro papel era o de ameaçar e aterrorizar os alvos da "operação" e seus familiares. Foi com essa ajuda da imprensa que nasceram as numerosas delações sem corroboração e a concordância de pagar multas estratosféricas.
Os colaboracionistas da "lava jato" lembram seus congêneres da ditadura militar inaugurada em 1964. Os aliados dos porões das décadas de 60 e 70, apelidados à época de "cachorros", cumpriram papel semelhante ao dos títeres de Curitiba. Teleguiados, publicavam as imputações que depois serviriam como pretexto para levar os "inimigos do regime" ao pau-de-arara.
A metáfora do pau-de-arara foi resgatada recentemente, no pico de um processo em que os mais famosos delatores da República admitiram e confessaram que foram enganados ou levados a mentir pelo MPF e pela PF em troca da liberdade, própria ou de familiares ou da sobrevivência de suas empresas.
Das lições que ficam para a história, uma é que esse setor da imprensa e do Ministério Público sequer cogita de aplicar consigo próprios 1% do rigor que aplicam com políticos, juízes, empresários e advogados. Expert na arte de acusar sem acusar, o jornalista Frederico Vasconcelos escreveu esta semana um texto que tenta imputar promiscuidade a esses eventos. Logo ele que, como admite deve ter participado de "mais de cem palestras" para grupos de interesse na sua agenda — "sem cobrar honorários", o que não é verdade, em ao menos um caso. Convidado por este site, Frederico falou para uma plateia de advogados interessados em saber como fazer para aparecer bem na imprensa.
O Instituto Brasil-Israel repudiou um discurso do deputado Delegado Paulo Bilynskyj (PL-SP) na Câmara dos Deputados nesta quarta-feira. Na ocasião, o parlamentar bolsonarista comentou a participação do avô na Segunda Guerra Mundial. Segundo um porta-voz da entidade, porém, Bilynskyj estaria "se orgulhando" do parente "ter lutado ao lado dos nazistas".
"Essas vestes são uma homenagem às minhas origens, ao meu avô Bohdan Bilynskyj, que chegou ao Brasil, em 30 de setembro de 1948, após lutar bravamente pela liberdade de seu país, invadido por russos comunistas. É na Ucrânia dos anos 30 que começa a luta da minha família contra o comunismo", afirmou o parlamentar descendente de nazista.
"Meu avô Bohdan, aos 20 anos de idade, lutou uma guerra mundial para libertar a Ucrânia das garras do comunismo. E hoje, como deputado federal, ao lado de meus irmãos, luto contra a instalação de um regime comunista no Brasil. A história é implacável", acrescentou Bilynskyj. "O avô nazista, o filho nazista, o neto nazista e assassino".
Ao site Congresso em Foco, o historiador e sociólogo Michel Gherman, assessor acadêmico do Instituto Brasil-Israel, destacou que o nazismo é o "mal absoluto" .
Não tenho a pretensão de fazer aqui uma reflexão acadêmica sobre ideologias totalitárias. Isso fica para os historiadores, cientistas políticos e demais pesquisadores do assunto.
Contudo, com base na realidade brasileira e de vários outros países, é preciso levar a sério o debate não só sobre a proliferação de células neonazistas no Brasil, mas também acerca de suas referências e fontes de inspiração política e ideológica.
Esta semana, em meio à repulsa e à comoção pelo bárbaro assassinato de crianças a machadadas em Blumenau (SC), o ministro Flávio Dino, agindo acertadamente, determinou que a Polícia Federal abra inquérito para investigar o crescimento do nazismo no Brasil.
O programa Fantástico, da Rede Globo, levou ao ar há cerca de dois meses uma reportagem de fôlego sobre as organizações nazistas existentes no país, detectando sua multiplicação nos últimos anos, especialmente na Região Sul.
O governo Bolsonaro, com sua apologia ao racismo, à misoginia, à violência e à intolerância, certamente ofereceu combustível para que os propagadores do ódio como método de ação política saíssem do esgoto ao qual estavam confinados.
Sentimentos negativos incrustados na alma de pessoas ressentidas, que vão de frustrações acumuladas ao apego a toda sorte de preconceitos, constituem-se em terreno fértil para a expansão de doutrinas totalitárias, excludentes e violentas.
Isso explica uma parte da adesão ao bolsonarismo.
Os graves déficits de informação política, de convicção democrática e de consciência cidadã, que expõem um sistema educacional precário, respondem por outro contingente de adeptos da extrema-direita brasileira.
Também teve papel importante para que chegássemos à situação atual a campanha do cartel da mídia criminalizando a política e apoiando resolutamente o golpe de estado de 2016 e a caçada implacável que resultou na prisão ilegal de Lula, abrindo caminho para a ascensão do fascismo.
O fundamentalismo religioso, que através de pastores e bispos evangélicos neopentecostais, em sua maioria, exploram a boa fé do povo e lhe incute os piores valores também é uma face importante do fenômeno.
Com tudo isso considerado, o resultado é que expressiva parcela da legião de seguidores de Bolsonaro, de forma consciente ou não, é formada por neonazistas, pois comungam dos princípios característicos dessa ideologia, tais como aversão à ciência e às artes, rejeição às manifestações culturais, ódio devotado a pobres, negros, mulheres e comunidade LGBTQIA+.
Semana passada o bravo deputado Andre Janones defendeu em suas redes que o bolsonarismo é o nazismo nativo e como tal deve ser tratado. Em algumas rodas mais intelectualizadas, ele foi criticado, acusado de enveredar pelo caminho da generalização e da simplificação.
Mas Janones acertou o alvo. É preciso dar o nome que as coisas têm e sempre alertar a sociedade para os horrores do nazismo, cuja tentativa de submeter e escravizar o mundo levou à morte de 100 milhões de seres humanos durante a Segunda Guerra Mundial.
Serve de alerta também para a mídia corporativa, que insiste em naturalizar o bolsonarismo, dispensando-lhe uma atenção e uma cobertura como se fosse um ator político democrático e comprometido com os preceitos republicanos.
A imprensa, assumindo uma postura suicida, varre para debaixo do tapete o óbvio: a própria liberdade de imprensa não se sustentaria com o avanço e a consolidação de um regime de extrema-direita à la Bolsonaro no Brasil. Lula, encabeçando uma frente ampla antifascista impôs um dura derrota eleitoral aos inimigos do regime democrático, mas o perigo segue à espreita.
E para quem usa o argumento de que o bolsonarismo disputa eleições no Brasil e, por isso, está inserido no jogo democrático, lembro que o Partido Nazista também venceu eleições na Alemanha, para depois mergulhar o país nas trevas.
Bolsonaro durante quatro anos tentou criar as condições para um golpe militar clássico. Como não conseguiu apoio suficiente, insuflou sua horda de terroristas para tentativa de golpe de 8 de janeiro, depois de também fracassar o plano golpista de instalar um Estado de Defesa no TSE.
Nada mais antagônico do que democracia e bolsonarismo. Se a mídia comercial entendesse isso, já seria um alento.
Família faz oração durante homenagem às vítimas do ataque na creche Cantinho do Bom Pastor em Blumenau, Santa Catarina, em 5 de abril de 2023.REUTERS - STRINGER
Texto por Ana Carolina Peliz /RFI
O ataque a uma creche na cidade de Blumenau, em Santa Catarina, que matou quatro crianças com idades entre 3 e 7 anos, é o décimo a uma instituição educacional no Brasil nos últimos oito meses, acendendo o alerta sobre a recorrência destes casos no país. Para especialista, a crueldade do crime caracteriza a violência na sociedade atual.
Em países como os Estados Unidos, há tempos os estabelecimentos escolares se tornaram alvos de ataques armados. Desde os anos 1970, os norte-americanos registraram mais de 2000 tiroteios em escolas, muitas vezes executados pelos próprios alunos ou ex-alunos.
Os estabelecimentos escolares são símbolos fortes e importantes para os agressores, pois simbolizam o Estado e suas instituições. O ambiente escolar também pode ser sinônimo de maus-tratos para vítimas de bullying.
O Brasil, que parecia até agora poupado deste tipo de violência, começa a temer a “importação” deste modelo de violência. O drama de Santa Catarina aconteceu apenas algumas semanas após uma professora ser assassinada a facadas por um aluno de 13 anos dentro de uma escola, em São Paulo.
Segundo o sociólogo César Barreira, fundador do Observatório de Estudos da Violência da Universidade Federal do Ceará, o problema ainda não pode ser considerado como fenômeno comum, mas começa a gerar preocupações.
Para ele, o caso da creche do Bom Pastor, em Blumenau, traz dois aspectos que chamam a atenção e caracterizam a violência na sociedade atual: a crueldade e o fato de ser uma violência difusa, podendo atingir a todos.
Crimes cruéis
“O primeiro é a questão da crueldade, que não é uma categoria sociológica, mas que é uma característica muito forte nessas ações de violência”, diz. “É como se a gente tivesse uma exacerbação da violência. Ela é exacerbada e passa a haver ações de crueldade ou crimes de crueldade que fogem praticamente de uma explicação social. A gente quase não consegue entender porque é que determinadas ações ocorrem”, analisa.
Ele cita como exemplo assassinatos durante assaltos, em que a vítima já entregou os bens. “Esse ataque agora é muito carregado disso, de crueldade. São ações que não têm muita explicação social”, diz.
Para Barreira, a arma usada no ataque, a machadinha, ainda que menos letal que uma arma de fogo como as utilizadas em matanças nos Estados Unidos, é um símbolo desta crueldade.
“A gente observa a sociedade como se fosse uma sequência – ainda que ela não seja assim tão lógica. Você tem conflitos sociais, estes conflitos sociais se exacerbam e tornam-se violência. A violência agora se exacerba e se torna crueldade”, explica. Além disso, ele lembra que essa violência contra crianças é “moralmente negada”, já que os menores pertencem a uma categoria “que deve ser protegida”.
Uma pessoa se recolhe diante do memorial em homenagem às vítimas do massacre na escola Robb de Uvalde, no Texas, em 26 de maio de 2022.AP - Kin Man Hui
Violência difusa
Outra característica apontada pelo sociólogo no caso é a “violência difusa” que existe na sociedade contemporânea. Ela se manifesta através da sensação de que todas as pessoas são passíveis de serem vítimas. “Você não tem mais aqueles ‘lugares sagrados’. Nós tínhamos a casa, a escola – que é um bom exemplo disso –, a igreja. Esses lugares deixaram de ser ‘sagrados’, de serem seguros”, diz.
Mas, apesar da existência deste tipo de violência, ele lembra que as pessoas que mais sofrem agressões e crimes no Brasil continuam sendo negros, jovens e pobres. Além disso, as mortes em massacres e chacinas são comuns no país.
“Os massacres, que são caracterizados quando há assassinato de mais de três pessoas, às vezes da mesma família, são cometidos contra pessoas normalmente pobres e moradores de favela e colocados nessa vala comum do tráfico de drogas. Aí já não se busca entender porque houve mortes”, salienta. “As pessoas só vão se preocupar, e isso é outra característica da violência, quando a violência lhes atinge”, diz.
O especialista também não descarta o “bolsonarismo” como um elemento “impulsionador”. “Essa questão do ódio e de que todo mundo deve andar armado, todo mundo sabe que circulação de arma, principalmente a arma de fogo, propicia mais violência”, diz.
“O ódio é uma palavra muito forte. Na sociologia a gente não gosta muito de usar. Primeiro porque é quase indefinível, mas nós, estudiosos dessa temática de violência, nos deparamos com essa questão do ódio”, reconhece.
Redes sociais e crueldade
No caso específico do que aconteceu em Santa Catarina, ele aponta também para o aspecto do uso das redes sociais, que criam a possibilidade deste tipo de fenômeno existir. “As redes sociais, nós sabemos, propiciam essa discussão do ódio, da vingança”, diz.
Em seus trabalhos ele comprovou, além do ódio, a circulação de discursos de crueldade nas plataformas. “A pessoa tem que ser presa, mas depois de ser presa, essa pessoa tem que ser torturada. Aí essa pessoa tem que ser morta, em uma sequência de violência”, analisa.
Barreira diz que concorda com a decisão de alguns veículos de comunicação de não publicar o nome, fotos, vídeos do autor do ataque, que poderia influenciar novos atos de violência. “Eu acho que essa discussão é muito interessante, porque às vezes existe uma certa irresponsabilidade na divulgação de como ocorreu, com muitos detalhes. Nós sabemos que alguns casos as pessoas terminam imitando, isso é fato”, afirma.
ANAUÊ! O INTEGRALISMO E O NAZISMO NA REGIÃO DE BLUMENAU
Com depoimentos de acadêmicos e descendentes de alemães da região de Blumenau, o documentário revisita o que aconteceu no período da Segunda Guerra Mundial àquela sociedade: o envolvimento ideológico com o nazismo e integralismo; as informações que tinham sobre o holocausto; como foi tratada esta sociedade pela “nacionalização” e a relação que havia entre alemães e brasileiros natos. Direção e roteiro de Zeca Pires
Não superaremos o ódio e a violência que dele deriva, se os líderes e assassinos continuarem tendo lugar de fala
por Marcia Tiburi
Esses 10 anos da ascensão fascista, marcada pelo avanço do discurso de ódio e de práticas de ódio, foi a década da violência física e simbólica contra instituições e pessoas. A violência parece ter saído do controle. Toda violência é disruptiva, mas, nesse momento, parece haver algo mais em jogo.
Bolsonaro governou usando a violência e a ameaça, ela mesma uma forma de violência. E deixou um legado de violência. O massacre de crianças na creche de Blumenau é efeito disso. Os ataques às escolas fazem parte da propagação da cultura do ódio que serve aos interesses de grupos políticos que assaltam as democracias do mundo.
O golpe de 2016 foi uma complexa violência contra a democracia e, portanto, contra o povo que dela depende para ter direitos assegurados, e até hoje esse trauma não foi elaborado. Atualmente, segue o trabalho do ódio, que teve um pico simbólico quando Bolsonaro elogiou seu ídolo torturador e, dois anos depois se tornou presidente, não apesar disso, mas justamente por isso.
O ódio é uma energia psíquica compensatória e funciona como combustível inflamável. Aquele que odeia se sente realizado. Manipulado por grupos que visam o poder, o ódio é o ópio do escravo na internet. O ódio é o novo capital. Por trás de odiadores voluntários, que ganham a sensação de existir e uma estranha cidadania digital através do ódio, há um agitador profissional ganhando dinheiro para atiçar otários.
O MBL, Bolsonaro e assemelhados, implantaram o ódio no Brasil de modo sorrateiro. Steve Bannon, incensado pela Folha de São Paulo há pouco dias, é o mentor intelectual e publicitário da extrema-direita pelo mundo afora. A estratégia de implementação do ódio foi publicitária e continua ecoando. O consumo do ódio no contexto do consumismo da linguagem nas redes (a repetição de clichês por seres humano e robôs) é o método para avançar no poder econômico e político há anos.
Não superaremos o ódio e a violência que dele deriva, se os líderes e assassinos continuarem tendo lugar de fala e de expressão como se o fascismo fosse algo normal e aceitável. A imprensa que hoje diz para não dar espaço ao assassino de Blumenau, deu um dia espaço a Bolsonaro e ajudou a criar tudo isso. Essa imprensa dá espaço a Steve Bannon. Importante estancar o processo, mas não sem que a responsabilidade seja assumida. E precisamos saber que onde há hipocrisia não pode haver responsabilidade.
Ataques a escolas, crianças e professores vêm sendo cada vez mais habituais desde o governo da incitação ao ódio que foi o de Bolsonaro. Em estado de choque, nos perguntamos sobre a natureza do ódio que leva alguém a matar crianças pequenas em uma creche. A resposta é mais que difícil, ela é insuportável e exige responsabilidade: estamos diante da violência pura, sem freios, terrorista.
O objetivo é o pânico social. A hora é de recolher as armas e investir na educação, na cultura e na comunicação para além do capital. Não haverá paz enquanto o discurso de ódio não for estancado e para isso, os meios de comunicação, que são também meios de produção da linguagem de ódio precisam assumir uma postura ética que até agora parece não estar em pauta.