Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

O CORRESPONDENTE

22
Mai23

Com Ricardo Salles como relator, CPI do MST tem ampla maioria de ruralistas inimigos dos sem terra

Talis Andrade
 
 
Imagem
Apaixonado bolsonarista, Zucco inimigo dos sem terra lançou o livro:

faz o ele zucco.jpg

 

Instalada nesta quarta (19), a Comissão de Inquérito Parlamentar (CPI) do MST terá maioria ruralista nas posições de comando e objetivo de desgastar o governo e criminalizar os movimentos sociais. Para Guilherme Boulos (PSOL-SP), o relator Ricardo Salles (PL-SP) busca uso eleitoreiro da CPI.

A CPI tem como objeto principal apurar quem são os financiadores das recentes ocupações feitas pelo Movimento dos Sem Terra.

Os principais postos de comando da comissão ficaram nas mãos da oposição, como o governo já havia antecipado. O presidente da CPI será o deputado Tenente Coronel Zucco (Republicanos-RS), e o relator será Ricardo Salles (PL-SP), ex-ministro do Meio Ambiente do governo Jair Bolsonaro (PL).

A primeira vice-presidência ficará com Kim Kataguiri (União Brasil-SP), seguido pelo Delegado Fabio Costa (PP-AL), na segunda vice-presidência, e Evair Vieira de Melo (PP-SP), na terceira vice-presidência.

Além dos postos de comando, a comissão tem uma esmagadora maioria relacionada a Frente Parlamentar Agropecuária (FPA). Dos 27 titulares, 17 são integrantes da bancada ruralista, uma das maiores forças da Câmara dos Deputados.

O Partido dos Trabalhadores indicou parlamentares ligados ao movimento sem-terra. São eles: João Daniel (SE), Marcon (RS) e Valmir Assunção (BA), ligados ao MST; Padre João (MG), Camila Jara (MS), Paulão (AL) e Nilto Tatto (SP).

A presidenta do Partido dos Trabalhadores, nomeada uma das suplentes da base do governo, lembrou que a atuação do MST já foi tema de outras CPIs e que nada de irregular foi descoberto. “Há uma tentativa de criminalizar o movimento social e dar voz à extrema direita, contribuir para mais preconceito e ataques infundados. Mas nós estaremos na comissão e vamos mostrar que o MST é o maior movimento social organizado no Brasil e quem sabe no mundo”, disse a deputada.

 

Movimentos Sociais x Agronegócio

 

Coautor do requerimento de abertura da CPI, o deputado Tenente Corolnel Zucco (Republicanos-RS) teve como maior doador individual da sua campanha eleitoral o empresário gaúcho Celso Rigo, dono da indústria de beneficiamento de arroz Pirahy Alimentos.

Segundo reportagem do Brasil de Fato, do jornalista Paulo Motoryn, a Pirahy Alimentos doou R$ 60 mil para a campanha de Zucco.

Além do empresário do agronegócio, André Gerdau, CEO da Gerdau, também doou R$25 mil para a campanha de Zucco. Em 2016, segundo reportagem do Brasil de Fato, uma fábrica da Gerdau, em Recife (PE), teve a entrada bloqueada por metalúrgicos e militantes do MST que iniciavam o Dia Nacional de Paralisações, contra as medidas neoliberais do governo golpista de Michel Temer.

Presença do Gustavo Gayer Inscreva-se: tenentecoronelzucco.com.br/formulario
 
 
Imagem
 
Imagem
 
Imagem
 
Imagem
Zucco e líderes da extrema direita
 

 

Em livro recém-lançado, o deputado Zucco chamou o MST de movimento de “terrorista” e “grupo criminoso travestido do movimento social”.

Ex-ministro do Meio Ambiente do governo de Jair Bolsonaro, Ricardo Salles também é um notório defensor do agronegócio e da criminalização dos movimentos sociais sem-terra. Salles defendeu “passar a boiada” enquanto a imprensa intensificava a cobertura da pandemia de covid-19.

morte índio bolsonaro.jpeg

 

genocidio amazonia morte índio.jpeg

 

Entre as alterações normativas que Salles protagonizou enquanto o país lutava contra os altos índices de óbitos devido ao coronavírus, uma delas se refere justamente a invasão, exploração e até comercialização de terras indígenas ainda não homologadas.

Segundo apurações da Folha de S.Paulo, parlamentares afirmam que um dos objetivos da comissão é avançar com projetos de lei que aumentam a punição para quem ocupa propriedades e, até mesmo, excluir os “invasores” de programas sociais, caso elas sejam beneficiárias.

Em junho de 2021, o já ex-ministro de Bolsonaro, foi um dos alvos da operação Akuanduba da Polícia Federal, que investigava suspeitas de facilitação à exportação ilegal de madeira do Brasil para os Estados Unidos.

Um dos principais pontos usados na argumentação dos investigadores foi a edição de um despacho interpretativo assinado pelo ex-presidente do Ibama, Eduardo Bim, em 25 fevereiro de 2020. O documento retirava a obrigatoriedade de concessão de uma autorização específica para a exportação de madeira.

 

Uso eleitoreiro

 

Em entrevista à Folha de S.Paulo, Ricardo Salles afirmou que poderá aumentar o escopo de atuação e investigar o MTST. Em março, o ex-ministro de Bolsonaro se declarou pré-candidato a prefeitura de São Paulo nas eleições de 2024.

A extrema-direita ainda não se decidiu se apoia o atual prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes (MDB) ou o deputado federal Ricardo Salles. Por outro lado, a esquerda já praticamente definiu Guilherme Boulos (PSOL) como candidato.

Para Boulos, Salles faz uso eleitoreiro da relatoria da CPI do MST para viabilizar a sua candidatura à Prefeitura de S.Paulo. “Ele quer fazer uso eleitoreiro da CPI, quer usar a CPI de palco para viabilizar a candidatura dele em São Paulo. É lamentável”, disse Boulos.

O deputado do PSOL diz que Salles não tem credibilidade para ser relator da comissão. “Ele é o cara de passar boiada, acusado de relação com madeireiro. Isso já coloca sob suspeição a maneira como vai ser conduzida a CPI”, disse.

“Se for falar de crime, vamos falar do tráfico de madeira e de crimes ambientais cometidos a rodo pelo Ricardo Salles quando era ministro do Meio Ambiente. Uma comissão como essa que vai analisar crimes no campo deveria começar por aí, pelos crimes da turma do Salles, de madeireiros e garimpeiros.”

O coordenador do MTST afirma que vai participar dos debates quando para “combater arbitrariedades e tentativas de criminalizar movimentos sociais”.

18
Mai23

Gleisi aponta Dallagnol como um dos responsáveis pelo 8 de janeiro

Talis Andrade

 

Um já foi...

"O Fora STF surgiu na Lava Jato com Deltan Dallagnol. E deu no 8 de janeiro", afirmou a presidente do PT

 

247 - A deputada Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, criticou a entrevista coletiva do deputado cassado Deltan Dallagnol, na qual o parlamentar fez ataques a instituições como o Supremo Tribunal Federal (STF) e Tribunal Superior Eleitoral (TSE), após perder o mandato.

Pelo Twitter, Gleisi lembrou que os ataques ao STF surgiram com a Lava Jato, coordenada por Dallagnol no Ministério Público Federal. "Na coletiva, além do tom messiânico asqueroso, o deputado cassado volta a fazer convocação à extrema-direita e ataca instituições como TSE e STF. Só lembrando aqui que o Fora STF surgiu na Lava Jato com Deltan Dallagnol. E deu no 8 de janeiro", afirmou a presidente do PT.

O ex-coordenador da Lava Jato perdeu o mandato de deputado após a Federação Brasil da Esperança (PT, PCdoB e PV) e o PMN questionarem seu registro de candidatura com dois argumentos principais. O primeiro, em razão de uma condenação do Tribunal de Contas da União (TCU) por gastos milionários com diárias e passagens de outros procuradores da Lava Jato. Procuradores da Lava Jato causaram um prejuízo de cerca de R$ 2,7 milhões aos cofres públicos, informou o tribunal.
 

O segundo argumento é que ele teria pedido exoneração como procurador enquanto era alvo de 15 procedimentos administrativos no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), que poderiam resultar em aposentadoria compulsória ou demissão.

 

10
Mai23

Morte de Rita Lee tem forte repercussão internacional: "livre, rebelde, visionária, ícone do rock"

Talis Andrade

Nando Motta

Rita Lee imortalizada pelas lentes de Bob Wolfenson.
Bob Wolfenson

A morte de Rita Lee tem forte repercussão na imprensa internacional. Jornais, emissoras de rádio e TV noticiam com destaque o falecimento da "cantora, compositora, arranjadora, membro do mítico grupo de rock Os Mutantes", na noite de segunda-feira (8), aos 75 anos.

O site da rádio Nova, uma das emissoras mais envolvidas na divulgação da Música Popular Brasileira na França, desde os anos 1980, colocou rapidamente em sua homepage a retransmissão de um programa recente dedicado à cantora, gravado em 20 de março. 

Na emissão "Classico: Lança Perfume", a jornalista e crítica musical Véronique Mortaigne, ex-colunista do Le Monde, atual colaboradora da Nova e da Vanity Fair, fala sobre a trajetória de Rita. 

"Infinitamente livre, suas letras enfrentam os tabus dos anos 1980: o sexo, a homossexualidade, a cultura queer, o aborto, o debate sobre uma legislação para a maconha e a violência policial, entre tantos outros assuntos", diz a jornalista no programa. Mortaigne acabava de retornar de uma viagem ao Brasil e comentou o frágil estado de saúde de Rita Lee, já bastante afetada pelo câncer no pulmão. 

"Rita Lee era uma legenda do rock", exclama o canal BFMTV. Em um texto curto, mas acompanhado da mensagem de falecimento publicada por Roberto de Carvalho e a família no Instagram, BFMTV conta que a cantora lutava contra o câncer desde 2021.

"Cantora e musicista, Rita Lee teve uma rica discografia, assim como os sucessos dos anos 1980 'Lança Perfume' ou 'Saúde'", diz o jornal Le Parisien. Esses dois hits são programados com certa frequência na FM francesa.

O jornal Público também homenageia a artista. "A cantora e compositora brasileira Rita Lee ficará para sempre como a eterna rainha do rock brasileiro, apesar de ter seguido muitos outros gêneros musicais", escreve o diário português, que também elogia suas qualidades de autora, como uma "escrita clara e impiedosa, salpicada de ironia, humor e amor".

Visionária e inspiradora

A agência AFP fala da cantora como "a rainha rebelde do rock brasileiro". Uma artista "rebelde, visionária e inspiradora de várias gerações de mulheres" no Brasil. O texto recorda que Rita Lee Jones estreou como cantora na banda feminina Teenage Singers, cantando covers de The Beatles e outros grupos internacionais. Depois, em 1966, formou o trio de rock psicodélico Os Mutantes, com o qual alcançaria fama nacional no auge da Tropicália, um movimento libertário que revolucionou a música brasileira durante a Ditadura Militar (1964-1985). Mas foi com Caetano Veloso e Gilberto Gil, líderes do movimento, que Rita Lee descobriu seu "lado brasileiro".

Separada de Os Mutantes em 1972, ela seguiu com a banda Tutti Frutti e, depois, com carreira solo. "Foi uma mulher pioneira no cenário musical. Suas roupas extravagantes e canções irreverentes, que falavam de sexo, amor e liberdade, tornaram-se símbolos feministas", continua a agência.

Seus inúmeros sucessos incluem "Ovelha Negra" (1975), "Mania de Você" (1979), "Lança Perfume" (1980) e "Amor e sexo" (2003).

Em 50 anos de carreira, ela lançou mais de 30 álbuns, foi indicada sete vezes ao Grammy Latino e venceu uma vez em 2001, na categoria de Melhor Álbum de Rock Brasileiro, com "3001". A Academia Latina da Gravação concedeu-lhe o Prêmio de Excelência Musical em 2022 pelo conjunto de sua obra.

"Vanguardista e inovadora", a artista que começou no Tropicalismo se abriu para outros ritmos, lembra o jornal argentino El Clarín. "Ela vendeu cerca de 60 milhões de discos", completa o diário. 

Em 2012, Rita Lee anunciou sua aposentadoria dos palcos aos 64 anos, alegando "fragilidade física". Desde então, vivia reclusa em sua casa de campo no interior do estado de São Paulo, com o marido, Roberto de Carvalho, a frequente visita dos três filhos, e seus animais, outra de suas grandes paixões.

'Padroeira da liberdade' 

Nas imagens que compartilhou em suas redes sociais recentemente, apareceu com cabelos curtos, vestindo pulôveres coloridos. Fiel ao seu estilo rebelde, em 2022 ela revelou à revista Rolling Stone Brasil que o papel de "rainha do rock" nacional atribuído a ela por brasileiros de todas as idades não lhe convencia totalmente.

"Gosto mais de ser chamada de 'padroeira da liberdade' do que 'rainha do rock', o que acho um tanto cafona...".

Meu bem, você me dá água na bocaVestindo fantasias, tirando a roupaMolhada de suor de tanto a gente se beijarDe tanto imaginar (imaginar) loucuras
A gente faz o amor por telepatiaNo chão, no mar, na lua, na melodiaMania de você, de tanto a gente se beijarDe tanto imaginar, imaginar loucuras
Nada melhor do que não fazer nadaSó pra deitar e rolar com vocêNada melhor do que não fazer nadaSó pra deitar e rolar com você
Meu bem, você me dá água na boca, água na bocaVestindo fantasia, tirando a roupaMolhada de suor de tanto a gente se beijarDe tanto imaginar, imaginar loucuras
A gente faz amor por telepatia (telepatia)No chão, no mar, na lua, na melodiaMania de você, de tanto a gente se beijarDe tanto imaginar (imaginar) loucuras (imaginar)
Nada melhor do que não fazer nadaSó pra deitar e rolar com vocêNada melhor do que nada na cucaSó pra deitar e rolar com Bituca, com Bituca
Meu bem, você me dáÁgua na boca
Meu bem, Bituca

 

26
Abr23

Internautas repercutem alta dos juros e cobram a renúncia de Roberto Campos Neto

Talis Andrade
www.brasil247.com - { imgCaption }}

'Esse bolsominion golpista não atingiu a meta da inflação e está trabalhando para f*** o país a mando do ladrão de jóias', disse um perfil em rede social

 

247 - Usuários das redes sociais cobram nesta terça-feira (25) a renúncia do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto,. Ele está no cargo desde 2019, no governo Jair Bolsonaro (PL), e vem sendo pressionado por políticos e pela sociedade a baixar a taxa de juros (Selic), em 13,75% atualmente. 

Um internauta disse que "esse bolsominion golpista não atingiu a meta da inflação e está trabalhando para f*** o país a mando do ladrão de jóias. Renuncia cidadão...".

"Pede renuncia e se junta a Paulo Guedes", escreveu outra pessoa. 
 
De acordo com um perfil no Twitter, "os Brasileiros conscientes querem a Renúncia de Campos Neto para que o País possa crescer!". "Chega de Bolsonarismo do Atraso!".
Eduardo Francisco
@eduardolima8209
Renuncia CAMPOS NETO
Imagem
WANIA POMPEU
@WaniaPompeu
Os Brasileiros conscientes querem a Renúncia de Campos Neto para que o País possa crescer! Chega de Bolsonarismo do Atraso!
Imagem
 
25
Abr23

Afiliada da Jovem Pan financiou terroristas

Talis Andrade
www.brasil247.com - { imgCaption }}

 

 

Por Altamiro Borges

A Jovem Pan ficou famosa por ter virado um antro de bolsonaristas raivosos – desde o dono, o asqueroso Tutinha, até os seus principais comentaristas. Tanto que ela ganhou o apelido de Jovem Klan por sua linha editorial de extrema-direita. Agora, porém, surge a grave denúncia de que além de destilar veneno em sua programação na rádio e televisão, uma de suas afiliadas também financiou os terroristas que participaram dos atos golpistas do fatídico 8 de janeiro em Brasília. 

Na semana passada, o empresário Milton de Oliveira Júnior, proprietário da Jovem Pan em Itapetininga, no interior de São Paulo, confessou que bancou os vândalos que destruíram as sedes do Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal (STF). Em um programa da rádio local, o fascistoide disse inclusive ter os “recibos” que comprovam suas doações para os terroristas. “Não tenho medo de assumir o que eu faço, está lá”, esbravejou. 

A falsa valentia do covardão bolsonarista

Todo metido a valentão, o dono da afiliada da Jovem Klan afirmou ainda que não tem medo de ir para a cadeia por suas contribuições financeiras aos atos golpistas e reafirmou as mentiras bolsonaristas sobre a eleição do presidente Lula. “Se eu tiver que ser preso porque ajudei patriotas a irem para Brasília fazer um protesto contra um governo ilegítimo, que eu seja preso, não há problema nenhum”. Essa valentia toda, porém, não durou muito tempo. 

A Jovem Pan – que perdeu muitos anunciantes nos últimos meses e enfrenta uma intensa campanha de desmonetização nas redes sociais – já procurou se precaver. Segundo o site Splash, “após a repercussão negativa da fala de Milton Oliveira, ela comunicou o fim do contrato com sua afiliada por ‘expor’ a emissora e por ‘violar cláusulas’ do acordo, que ‘têm como objetivo a preservação da marca e a reputação da Jovem Pan enquanto empresa de comunicação’”. 

 
Já o covardão bolsonarista de Itapetininga parece estar se borrando de medo. Tanto que sua emissora já retirou do YouTube o vídeo com a sua confissão. E em seu perfil no Facebook Milton Oliveira também afirma agora que “sempre” respeitou a Justiça e nega que tenha apoiado “qualquer ato que ataque a democracia”. Ele jura que deu grana apenas a um amigo “para sua alimentação durante a viagem de retorno de Brasília”. Haja covardia!
 

A comunicação no governo Lula

 
 
15
Abr23

Ao lado de Xi Jinping, Lula dá o tom da nova ordem global

Talis Andrade

A terra plana capota!

www.brasil247.com - { imgCaption }}

 

Luis Nassif & Conde: Adeus Dólar!

 

por André Cintra

Se a visita de Xi Jinping à Rússia, em março, assinalou o que o próprio líder chinês chamou de “nova era”, o encontro entre Xi e o presidente Lula, nesta sexta-feira (14), em Pequim, parece acelerar e sacramentar esta outra ordem global. “Vamos trabalhar pela ampliação do comércio e equilibrar a geopolítica mundial”, declarou Lula, ao lado de Xi.

A missão comercial está devidamente cumprida. Em solenidade no Grande Palácio do Povo, sede do governo, Brasil e China firmaram o maior acordo bilateral na história das relações entre os dois países. As 15 parcerias firmadas somam mais de R$ 50 bilhões, conforme projeção divulgada pela Presidência da República.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que integra a comitiva de Lula à China, ponderou que o Brasil “não pode estar isolado de ninguém, é grande demais para ficar escolhendo parceiro”. Mas deixou claro que a dependência do capital norte-americano tem prejudicado o País.

“Queremos investimentos dos Estados Unidos no Brasil, mas estamos vivendo quase que um momento de desinvestimento. Algumas empresas americanas no passado tomaram a decisão de deixar o Brasil”, disse Haddad. Em outras palavras, é hora de buscar recursos asiáticos.

Mas a ida de Lula à China, a despeito da relevância da pauta econômica, tem uma significação geopolítica ainda maior. O brasileiro foi categórico e deu o tom em Pequim: “A compreensão que o meu governo tem da China é a de que temos que trabalhar muito para que a relação Brasil-China não seja meramente de interesse comercial. Temos interesses políticos – e nós temos interesses em construir uma nova geopolítica para mudar a governança mundial, dando mais representatividade às Nações Unidas”.

Ao que Xi Jinping prontamente respondeu: “A China coloca as relações com o Brasil em um lugar prioritário nas nossas relações exteriores”. Líder de um “grande país socialista moderno”, o presidente chinês afirmou que seu governo busca “um desenvolvimento de alta qualidade”, “um novo paradigma de desenvolvimento”, com “uma abertura de alta qualidade”, que “destrave novas oportunidades para o Brasil e outros países”.

É como se vivêssemos uma transição histórica que desafia não apenas a hegemonia norte-americana – mas também o poderio do G7 (o grupo formado por sete nações que, até duas décadas atrás, eram as mais ricas do mundo: Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá).

O que está em jogo é o papel que os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) terão nesta nova ordem. Lá atrás, em 2001, quando o economista Jim O’ Neill, do Goldman Sachs, cunhou o acrônimo Bric, a ideia era chamar a atenção dos investidores para o crescente potencial dos chamados “emergentes”.

Mas a articulação desses países foi além dos propósitos originais. Embora o Brasil tenha perdido força, no grupo e no mundo, com o governo Jair Bolsonaro (PL), a retomada dos Brics passa necessariamente pela contribuição de Lula.

Num dia, o presidente brasileiro fala abertamente em criar alternativas ao dólar no comércio internacional. No outro, reforça a necessidade de reduzir as assimetrias entre os países. À maneira Lula, sem os protocolos que costumam marcar as declarações do chinês Xi Jinping ou do russo Vladimir Putin, os Brics ganham um porta-voz carismático e mobilizador, à altura destes tempos.

Desde 2020, o PIB dos Brics supera o PIB do G7, um marco por si só extraordinário. Parece faltar pouco para que o bloco lidere igualmente a cena geopolítica e influencie cada vez mais a comunidade internacional.

Em recente depoimento à DW, Günther Maihold, do Instituto Alemão para Assuntos Internacionais e de Segurança (SWP), resumiu a sina dos Brics: “A lenda fundadora das economias emergentes esvaneceu. Os países do Brics estão vivendo seu momento geopolítico”.

Há um consenso de que a guerra na Ucrânia é um desafio para essa transição. China e Brasil concordaram em tentar viabilizar, conjuntamente, uma proposta para a paz, sem a ingerência dos Estados Unidos e da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Se essa proposta eventualmente vingar, e se iniciativas como a criação de uma moeda comercial dos Brics saírem do papel, a margem de influência da Casa Branca será a menor em 80 ou 90 anos.

13
Abr23

Lula na China: Nova Rota da Seda e semicondutores são ponto alto da negociação comercial

Talis Andrade

Lula 100 dias

www.brasil247.com - { imgCaption }}

 

RFI - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarca nesta quarta-feira (12) na China para uma viagem com importante peso diplomático para o Brasil, mas também para os negócios. Pequim é o maior parceiro comercial de Brasília há 14 anos e a comitiva brasileira, formada por 40 autoridades, entre elas oito ministros e cinco governadores, espera fechar cerca de 20 acordos bilaterais em áreas como agricultura, investimentos, ciência, tecnologia e meio ambiente, entre outras.

A viagem deveria ter ocorrido em meados de março, mas foi cancelada para Lula tratar uma pneumonia. Nas áreas comerciais mais sensíveis, a presença pessoalmente do chefe de Estado e seu gabinete se mostra determinante. É por isso que, na visão do pesquisador associado do FGV-Ibre Livio Ribeiro, especializado em economias emergentes e em particular a chinesa, a volta do Brasil às negociações multilaterais, após quatro anos de afastamento durante o governo de Jair Bolsonaro, é o aspecto mais relevante desta visita a Pequim.

"Por uma escolha de Estado, nós saímos da mesa. Essa escolha teve custos, e agora estamos voltando à mesa e isso é extremamente importante, na minha opinião. Segundo ponto é que eles tenham uma discussão de vários acordos e medidas nas áreas de economia e finanças”, ressalta.

"Quando a gente olha a pluralidade da comitiva, com vários temas ao mesmo tempo, faz sentido na medida em que passamos tanto tempo sem jogar esse jogo. Tudo está sendo colocado na mesa ao mesmo tempo. E tradicionalmente na China, os ritos importam muito – até mais para os chineses do que para a gente. Assim sendo, a presença do presidente muda o nível da discussão e faz toda a diferença”, salienta Ribeiro, que também é sócio da consultoria BRCG.

Entrada do Brasil na Cinturão e Rota

Antes de viajar, Lula declarou a jornalistas que vai convidar o líder chinês Xi Jinping para visitar o Brasil, acrescentando que deseja “fazer investimentos que signifiquem algo novo, como rodovias, hidrelétricas". Para a China, um aspecto crucial da pauta bilateral é a negociação sobre a inclusão do Brasil no megaprojeto chinês Cinturão e Rota, conhecido como Nova Rota da Seda, mas o tema é alvo de divergências dentro do próprio governo.

Quase todos os países da América Latina, incluindo Argentina e Chile, já fazem parte do plano de investimentos em infraestruturas para facilitar o escoamento da produção e a conexão entre os continentes.

“Tem muito preconceito e desconhecimento sobre o que significa de fato a iniciativa. Ela deve ser entendida como um mecanismo de promoção do poder econômico chinês. Vários países tiraram benefícios dela”, afirma. “Eu vejo com bons olhos que se possa cogitar a possibilidade de entrarmos na Cinturão e Rota e que se possa receber dinheiro dos bancos de fomento chineses. Isso é se subjugar ao imperialismo chinês? Não. Isso é reconhecer a importância desse ator no mundo e para a gente”, avalia.

Planta de produção de semicondutores: um tema sensível

Outro tema delicado na agenda é a possível instalação, no Brasil, de uma planta de produção de semicondutores chineses – uma pauta urgente para Pequim desde que os Estados Unidos decidiram restringir as exportações desse componente, indispensável para a produção de chips eletrônicos, para a China. O tema está no foco das divergências entre Washington e Pequim no governo de Joe Biden.

"O objetivo da China é ser autônoma em relação aos semicondutores americanos, portanto ela quer produzi-los no território chinês, mas também se espalhar pelo mundo. As negociações com o Brasil estão ocorrendo para Pequim poder produzi-los em solo brasileiro”, nota a economista Mylène Gaulard, professora associada da Universidade de Grenoble e especialista nas economias brasileira e chinesa, em entrevista à RFI.

O Brasil desempenha um papel importante para a industrialização da China – na pauta de importações, Pequim compra principalmente minério de ferro e petróleo do Brasil, mas também soja e outras matérias-primas para alimentar a população urbana, que disparou desde os anos 2000. Na mão inversa, o Brasil importa principais bens industrializados.

A balança comercial é favorável ao Brasil: em 2022, a China importou mais de US$ 89,7 bilhões em produtos brasileiros e exportou quase US$ 60,7 bilhões para o mercado nacional. O volume total comercializado aumentou 21 vezes desde a primeira visita de Lula ao país, em 2004, informou o governo federal.

Na área de tecnologia, é esperada a conclusão de um acordo para a construção do sexto satélite CBERS, em parceria entre os dois países e que, desta vez, permitirá o aperfeiçoamento do monitoramento dos biomas brasileiros, como a Amazônia.

 

A agenda oficial de Lula começa na quinta, em Xangai, onde vai participar da cerimônia de posse de Dilma Rousseff como presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), popularizado como Banco dos Brics. A petista já assumiu o cargo em março, mas o evento foi adiado para poder contar com a presença de Lula.

O ponto alto da viagem é na sexta, quando Lula vai se reunir com o presidente chinês, Xi Jinping.

10
Abr23

Vitória contra a privatização merece um brinde

Talis Andrade
www.brasil247.com - { imgCaption }}

 

por Paulo Moreira Leite

Em duas canetadas, Lula permitiu que as famílias brasileiras façam uma pequena celebração política na Páscoa de 2023. 

O presidente assinou as primeiras medidas para interromper o processo privatização e entrega de empresas estatais, projeto essencial da política economica entreguista de seus antecessores, que governaram o país entre o golpe de Michel Temer em 2016 e a derrota de Jair Bolsonaro em 2022.

Três empresas foram retiradas do PPI, o programa de parceria de investimentos. A Conab, de abastecimento. A Telebrás, de Comunicações. E claro, a Petrobras, marco histórico da luta da população brasileira por sua soberania.

Cobiçada pelo capital estrangeiro desde sua fundação, fruto de uma gigantesca mobilização popular, na última década a Petrobras tornara-se alvo prioritário de empresas imperialistas pela descoberta das valiosas reservas do pré-sal. Num movimento agressivo, sem escrúpulos, elas promoveram um golpe de Estado para derrubar uma presidente eleita, Dilma Rousseff, apenas para tomar posse de uma riqueza capaz de produzir, na próxima década, um total de 8,2 bilhões de barris de óleo, avaliados em US$ 116 bilhões, sem falar em US$ 92 bilhões em royalties e US$ 77 bilhões em impostos. 

No café da manhã com jornalistas, na manhã de quinta-feira, 6 de abril, Lula assinalou a mudança de rumo na condução do país. Disse que o capital estrangeiro será "muito bem recebido no Brasil para fazer novos investimentos e para abrir novos negócios, mas não para comprar nossas empresas". É um bom caminho. 

Alguma dúvida?

(Minutos depois de publicar essa nota, leio a manchete da Folha neste domingo, 9/4/2023. "Apoio à privatização salta e chega e 38% da população". É uma vergonha. A manchete esconde que, segundo o próprio Datafolha, a maioria dos brasileiros é contrária às privatizações, por 45% a 38%).
10
Abr23

Após 12 matanças na gestão Bolsonaro, Lula quer rever atuação da PRF

Talis Andrade
www.brasil247.com - { imgCaption }}

ESTRADAS DA FÚRIA

Polícia Rodoviária de Bolsonaro participoou de diversas ações fora das estradas entre 2019 e 2022

 

por Consultor Jurídico

A Polícia Rodoviária Federal foi responsável por 12 matanças durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), quando a corporação atuou regularmente em áreas urbanas e favelas. A gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) busca reverter o aparelhamento promovido por seu antecessor, com uma "revisão de protocolos operacionais".

As matanças consistem em três óbitos ou mais em um mesmo grupo. O Rio de Janeiro foi palco de mais de sete das matanças da PRF no último governo, com 28 mortos. O segundo estado com mais matanças foi Alagoas: dois massacres e oito mortes. Na sequência vem Minas Gerais, que registrou uma matança, com 15 mortes.

Ao todo, o órgão registrou 126 mortos em confronto por agentes rodoviários de 2019 a 2022, sendo 57 em massacres. As informações são do jornal O Globo, obtidas por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI).

Entre 2017 e 2018, no governo do ex-presidente Michel Temer (MDB), houve 36 mortes e quatro massacres vinculados à PRF. Os registros de mortes só passaram a ser sistematizados em 2017. Após Bolsonaro assumir o poder, a média anual de mortes subiu 75%, enquanto a média de massacres cresceu 50%.

De acordo com o Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (Geni) da Universidade Federal Fluminense, as ações policiais com presença de agentes rodoviários no estado do Rio de Janeiro aumentaram ano a ano e quadruplicaram de 2019 a 2022: foram de quatro para 16.

Em outubro de 2020, uma força-tarefa da Polícia Civil e da PRF interceptou um comboio de milicianos em Itaguaí, na Baixada Fluminense. 12 suspeitos foram mortos, mas não aparecem na lista recebida via LAI, pois os confrontos fatais não envolveram diretamente policiais rodoviários.

Já em 2021, a PRF, com o apoio da Polícia Militar, encabeçou uma emboscada que causou 26 mortes em Varginha (MG). Porém, a corporação só contabilizou 15 mortes em seus controles internos. Há um inquérito em curso na Polícia Federal que apura suspeitas de execução e outras ilegalidades nessa ocasião.

Conforme a Constituição, a PRF tem a função de patrulhamento ostensivo das rodovias federais. Em 2019, o então ministro da Justiça, Sergio Moro (ex-juiz e hoje senador pelo União Brasil do Paraná), assinou uma portaria que autorizou os agentes rodoviários a cumprir mandados de busca e apreensão. Já em 2021, seu sucessor no cargo, André Mendonça (hoje ministro do Supremo Tribunal Federal), editou uma norma que excluiu tal previsão, mas manteve a permissão para que a corporação batesse ponto em ações conjuntas fora das estradas.

Ao Globo, a PRF disse que atua fora do ambiente rodoviário, em áreas de interesse da União, quando em apoio a outros órgãos. Segundo a corporação, qualquer registro de morte em ação policial deve ser tratado como exceção e "analisado sob aspectos operacionais e correcionais".

Mudança institucional

O atual ministro da Justiça, Flávio Dino, prega a extinção da portaria que autoriza a atuação da PRF fora das estradas. Já o novo diretor-geral da corporação, Antônio Fernando Oliveira, defende a possibilidade de entrar em favelas em situações excepcionais.

Mesmo assim, as ordens superiores, especialmente em delegacias fluminenses de áreas mais críticas — como na Baixada e em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio —, têm buscado desestimular a atuação fora das rodovias. A PRF também tenta virar a chave com a criação de uma Coordenação de Direitos Humanos e de um grupo de trabalho para debater o uso de câmeras pelos agentes.

A atual gestão do governo federal já substituiu diversos superintendentes da PRF nos estados. Na última quarta-feira (5/4), o governo também conseguiu exonerar Wendel Benevides Matos, que foi corregedor do órgão durante a gestão Bolsonaro.

Casos emblemáticos

Em março do último ano, a PRF, a PF e o Batalhão de Operações Especiais (Bope) da PM fluminense fizeram uma ação conjunta no Complexo do Chapadão, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Os agentes rodoviários responderam por três dois seis mortos.

Já em maio daquele mesmo ano, a corporação foi responsável por quatro das 23 mortes ocorridas em um confronto no Complexo da Penha, também no Rio. O agente Alexandre Carlos de Souza e Silva, então chefe da unidade que atuou no massacre, foi promovido a superintendente do órgão no estado menos de um mês depois.

Em agosto de 2022, a PRF se envolveu em uma perseguição que começou na BR-101, em Itaboraí (RJ), mas cujos três óbitos ocorreram já no interior de uma favela próxima à rodovia.

Em maio do último ano, um homem negro de 38 anos chamado Genivaldo de Jesus Santos foi morto por agentes da PRF em Sergipe após ser parado por andar de moto sem capacete. Ele foi colocado no porta-malas de uma viatura e os agentes despejaram gás lacrimogênio e spray de pimenta no compartimento fechado, o que o sufocou.

Além das mortes, a PRF causou polêmica por promover ações políticas. Às vésperas do segundo turno das eleições do último ano, em outubro, o então diretor-geral da corporação, Silvinei Vasques, pediu votos para Bolsonaro em uma rede social.

No dia da votação, a PRF direcionou bloqueios a ônibus com eleitores, especialmente no Nordeste, onde Lula teve larga vantagem sobre Bolsonaro. Já quando apoiadores do ex-presidente fecharam rodovias por todo o país, a instituição se omitiu.

PRF mata homem com bomba de gás em viatura em Sergipe: Um homem negro de 38 anos morreu após passar por uma abordagem realizada por policiais rodoviários federais no município de Umbaúba, litoral sul de Sergipe. Genivaldo de Jesus Santos morreu após ser submetido a uma ação truculenta da PRF (Polícia Rodoviária Federal). No UOL News, o colunista Carlos Madeiro fala sobre o tema e traz últimas informações

06
Abr23

Drama em creche de SC tem repercussão mundial; imprensa europeia destaca série de ataques no Brasil

Talis Andrade

Autores de massacres não merecem holofotes

www.brasil247.com - { imgCaption }}
População acende velas em homenagem a crianças vítimas de ataque a creche em Blumenau
População acende velas em homenagem a crianças vítimas de ataque a creche em Blumenau REUTERS - STRINGER

O ataque à creche particular "Cantinho Bom Pastor", em Blumenau (SC), nesta quarta-feira (5), que resultou na morte de quatro crianças entre 3 e 7 anos, teve repercussão mundial. Diversos jornais europeus repercutiram o ato "covarde"  na cidade catarinense, que decretou 30 dias de luto oficial e suspendeu as aulas na cidade por dois dias.

O Le Monde lembra que diversas tragédias parecidas ocorreram no país nos útlimos anos e cita dois ataques recentes. 

O primeiro em Aracruz (ES), em novembro, foi perpetrado por um adolescente de 16 anos, que matou quatro pessoas com uma arma. O jornal francês também cita o assassinato da professora Elisabete Tenreiro, de 71 anos, na Escola Estadual Thomazia Montoro, em São Paulo, por um aluno de 13 anos, em 27 de março.

Desde agosto, oito ataques similares aconteceram no país. 

O inglês The Guardian faz a mesma observação que o Le Monde e lembra que surgiram "boatos" na redes sociais sobre a organização de novos ataques a escolas em Blumenau, conhecida, lembra o jornal inglês, pela Oktoberfest, festa que celebra as tradições alemãs.

Os rumores de novas ações, entretanto, não passavam de "trotes", segundo a polícia militar catarinense, que enviou, por precaução, patrulhas para outras unidades escolares. 

Durante o ataque, o agressor, de 25 anos, "pulou o muro" da creche com uma arma branca, do tipo machadinha, e desferiu golpes nas crianças, na região da cabeça",segundo Diogo de Souza Clarindo, do Corpo de Bombeiros.

De acordo com testemunhas, o homem atacou as crianças no parquinho da creche. Morador de Santa Catarina e com antecedentes criminais, ele se entregou à Polícia Militar e foi detido. Alguns veículos brasileiros optaram por não divulgar sua identidade para não incentivar novos ataques.

Os feridos, duas meninas de cinco anos e dois meninos de três e cinco, estão fora de perigo.  As autoridades informaram que, no momento da ação, cerca de 40 crianças estavam na creche. 

"Monstruosidade"

O espanhol El País, assim como o jornal italiano Corrière della Sera, destacam a série de ataques aos estabelecimentos de ensino brasileiros.

O jornal espanhol lembrou, em sua reportagem, de um outro ataque ocorrido em maio de 2021 na pré-escola Aquarela, na cidade catarinense de Saudades (SC), que resultou na morte de três crianças e duas professoras.

O francês Le Monde ainda destaca a declaração do presidente Lula, publicada nesta quarta-feira no Twitter. “Não há dor maior que a de uma família que perde seus filhos ou netos, ainda mais em um ato de violência contra crianças inocentes e indefesas. Meus sentimentos e preces para as famílias das vítimas e comunidade de Blumenau diante da monstruosidade ocorrida na creche Bom Pastor”, escreveu o presidente.

Após se reunir com Lula, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, anunciou que o governo federal vai destinar R$ 150 milhões aos municípios para reforçar a segurança nas escolas.

 Tragédias repetidas

Os ataques a escolas aumentaram nos últimos anos no Brasil. Além dos já citados neste texto, em 2019, dois ex-alunos mataram oito pessoas a tiros em uma escola de ensino médio em Suzano, na periferia de São Paulo, e depois se suicidaram.

O ataque mais mortal já registrado em escolas no país ocorreu em 2011. Na tragédia, 12 crianças foram mortas, quando um homem abriu fogo em sua antiga escola em Realengo, subúrbio da zona oeste do Rio de Janeiro, antes de se matar.

(RFI e AFP)

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2023
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2022
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2021
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2020
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2019
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2018
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2017
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub