Somente três dias após a confirmação da morte do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, assassinados na Amazônia, Jair Bolsonaro (PL) participa de uma motociata em Manaus, capital do Amazonas, neste sábado (18).
Mais uma vez o chefe do governo federal demonstra desprezo pelas duas vítimas, que se dedicavam à proteção da Amazônia e dos indígenas.
Bolsonaro não mostrou a mesma disposição para ir até Atalaia do Norte, onde as buscas por Bruno e Dom se concentravam, para prestar solidariedade, mas não poupa esforços para praticar sua motociata com apoiadores.
Motociata em Manaus do mortício, dos hospitais matadouros, das filas nos corredores da morte, dos empestados pela Covid-19 que não tiveram acesso a máscara, não tiveram acesso ao teste, não tiveram acesso aos medicamentos, não tiveram acesso a uma ambulância, não tiveram acesso a uma maca, não tiveram acesso a um leito, não tiveram acesso `a UTI, não tiveram acesso à intubação, que tiveram uma morte dolorosa, sem ar, sem cuidados paliativos, por culpa da militarização dos Ministério da Saúde, do mando de um ministro incompetente, de um general da ativa sem nenhum conhecimento para exercer o cargo. A estratégia da morte por Covid, para uma pretensa imunidade de rebanho, parecida morte, a morte animalesca, a morte sofrida pelos presos políticos, a mesma desumanidade, a mesma crueldade que os militares torturaram e executaram subversivos na Casa da Morte e na Ponta da Praia, no Rio de Janeiro da ditadura militar, que ensanguentou o Brasil durante 21 anos, de l964 a 1985.
Manaus de alguns ensandecidos talvez órfãos da Covid, talvez viúvos da Covid, esquecidos do morticínio de Manaus foram para a motociata do Senhor da Morte, motociata igual se fez em La Paz, para festejar o golpe contra Evo Morales, para assediar mulheres indígenas que hoje, no Brasil, são estupradas, escravizadas e assinadas no Vale do Javari, invadido por madeireiros, por garimpeiros, por grileiros, por traficantes de pasta da coca, traficantes de madeira nobre, traficantes de ouro, traficantes de pedras preciosas, de plantas medicinais e outros produtos florestais na Amazônia sem lei da bancada de marginais senadores, deputados, latifundiários, milícias e guerrilheiros estrangeiros invasores do Brasil abandonado, do Brasil à venda, do Brasil Leiloado.
Jair Bolsonaro decidiu imitar uma pessoa com falta de ar durante a crise de falta de oxigênio na pandemia da covid
O poderoso chefão
Nesta terça-feira (24), uma chacina realizada pelo Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) e Polícia Rodoviária Federal (PRF) na Vila Cruzeiro, Complexo da Penha, executou 25 pessoas negras, e feriu sete, gravemente no Rio de Janeiro.
Na Cidade e no Estado do Rio de Janeiro, os redutos eleitorais da família bolsonaro. Pelo Rio de Janeiro, Bolsonaro foi 28 anos deputado federal. O filho Flávio foi eleito deputado estadual duas vezes, e na última eleição senador. O filho Carlos, pelas urnas democrática e livres e transparentes, vereador no lugar da mãe.
Rogéria Bolsonaro foi vereadora no Rio por dois mandatos, entre janeiro de 93 e janeiro de 2001. Em 1998, com a separação, perdeu o cargo para o filho Carlos Bolsonaro.
O governo federal nada faz no Rio sem o mando presidencial, principalmente as polícias federais e milícias. O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, um apagado fantoche.
PRF mílícia das favelas do Rio
O ex-secretário nacional de Segurança Pública, José Vicente da Silva diz que “há muito o que ser investigado, principalmente pelo Ministério Público”, na chacina da Vila Cruzeiro.
“É uma operação fracassada. Morreu uma inocente. Em relação aos demais considerados suspeitos, ainda não dá para dizer que morreram só criminosos, ainda que haja constatação de que estavam fortemente armados, uma realidade de boa parte das favelas do Rio. Mesmo que apreendidos 13 fuzis, ainda assim não vale a morte de um inocente”, diz.
Ele afirma ainda que a PRF, ao participar da ação, estava descumprindo a lei. “Há uma questão nessa ação: o que estava fazendo a PRF lá? Decerto, estava descumprindo a lei pura e simplesmente, porque o artigo 144 da Constituição, que trata da incumbência das policias, diz que a responsabilidade da PRF são rodovias federais, só que na Vila Cruzeiro não passa nenhuma via federal. Não é a primeira vez que eles saem do policiamento ostensivo para policiamento ostentação, com roupas de combate. É necessário que o Ministério Público Federal veja isso”, ressaltou.
Asfixia o jeitinho bolsonarista de matar
Por falta de UTI nos hospitais, de cuidados paliativos, dezenas e dezenas de brasileiros morreram asfixiados. Notadamente em Manaus.
Sem ar, a morte mais horrenda, que Bolsonaro, fria, sem nenhum sentimento de compaixão pelo sofrimento do povo brasileiro, imitou. Coisa doentia de psicopata.
Em meio à crise vivida no sistema de saúde por conta da pandemia de Covid-19, o presidente decidiu imitar uma pessoa com falta de ar para atacar.
A “imitação” acontece diante de um colapso no sistema de saúde. Com a falta de medicamentos necessários para a intubação com oxigênio.
“Se você começar a sentir um negócio esquisito lá, você segue a receita do ministro Mandetta, que antecedeu o general da ativa Eduardo Pazuello. Você vai para casa, e quando você estiver lá… Ugh, Ugh, Ugh, com falta de ar, aí você vai para o hospital”, disse o presidente, imitando uma pessoa se sufocando. A cena aconteceu durante a live semanal do ex-capitão, nesta quinta-feira (18). Veja vídeos:
POLÍCIA ASFIXIA PRESO COM COCAÍNA
Na chacina da Vila Cruzeiro as polícias estadual (Bope) e federal (PRF) tortura e mata preso com o pó de coca do kit flagante.
Thainã de Medeiros, de 39 anos, ativista do Coletivo Papo Reto e funcionário do gabinete da deputada estadual Renata Souza (PSOL) na Assembleia Legislativa (Alerj), gravou o momento em que um policial faz o disparo contra ele e um grupo de aproximadamente 30 moradores.
Tinha esse corpo ali, que a galera disse que estava na mata. Eu subi com a OAB [Ordem dos Advogados do Brasil] e, em determinado momento, a gente entendeu que a Defensoria [Pública] estava chegando e que seria importante eles presenciarem aquele corpo, porque ele estava com visíveis marcas de execução", informou Thainã.
O assessor disse que o rosto do cadáver tinha marcas de pó branco, e contou ter ouvido de moradores que o homem teria sido obrigado por PMs a comer cocaína. "A cara dele eu me lembro muito. A boca espumando...", acrescentou.
Thainã não soube dizer quem seria a homem, mas falou que uma irmã e a mãe da vítima apareceram momentos depois. Passados alguns instantes, a mãe teria decidido descer a favela com o corpo.
Genivaldo de Jesus Santos, de 38 anos, foi abordado por policiais rodoviários federais e colocado dentro de "câmara de gás" adaptada
Imagens assustadoras de um homem sendo colocado dentro de uma viatura da Polícia Rodoviária Federal (PRF) cheia de fumaça chamaram atenção da Ordem dos Advogados do Brasil de Sergipe. Em nota, a instituição frisa que acompanha, “de forma vigilante, os desdobramentos das investigações sobre o episódio”.
“A OAB Sergipe respeita as instituições, mas não compactua com qualquer tipo de violência ou de tortura, razão pela qual se manterá atenta à apuração da responsabilidade pela fatídica morte”, pontua a entidade.
Segundo laudo do Instituto Médico-Legal (IML) de Sergipe, Genivaldo de Jesus Santos, de 38 anos, morreu por asfixia mecânica e insuficiência respiratória aguda após abordagem violenta da PRF na quarta-feira (25/5). O homem faleceudepois que dois policiais o prenderam dentro de uma espécie de “câmara de gás” nazista montada no porta-malas de uma viatura.
Confira vídeo do momento:
Sâmia Bomfim
@samiabomfim
A tortura e morte de Genivaldo Santos em uma câmara de gás montada pela PRF em uma viatura é um crime bárbaro! Junto com a bancada do PSOL vou acionar o MPF por uma investigação rigorosa, além de cobrar da própria PRF todas as informações relacionadas aos responsáveis pela ação.
Natália Bonavides
@natbonavides
BARBÁRIE! Genivaldo de Jesus, homem negro, foi morto de forma brutal em Sergipe. Sufocado até a morte numa viatura policial transformada em Câmara de Gás. A estrutura racista não muda, só se adapta e segue espalhando ódio e crueldade. Justiça por Genivaldo!
Entre os colegas de Renato Freitas houve quem cometesse plágio, comemorasse a morte de crianças e colocasse a vida de outros em risco. Mas quem a Casa optou punir?
O vereador Renato Freitas (PT) teve o parecer pela cassação de seu mandato aprovado nesta terça (10) em votação no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara de Curitiba. Supostamente está sendo punido por ter entrado numa igreja católica durante um ato pelas vidas negras. No papel e nos discursos de seus colegas que votaram pela cassação, Freitas quebrou o decoro por ter colocado em risco a liberdade de culto. Mas a verdadeira razão para a cassação não estava presente ontem, nas declarações de votos, nem na extensa papelada do processo conduzido contra o parlamentar.
O caso contra Renato Freitas não começou quando ele pisou na Igreja do Rosário. Freitas selou seu destino muito antes, quando chamou seus colegas representantes de igrejas evangélicas da cidade de trambiqueiros e os acusou de lucrar com a miséria alheia. Ao fazer isso, defendeu os jovens periféricos, um dos grupos sociais mais afetados pelas ações da Câmara. Foi em maio de 2021, durante um dos períodos mais duros da pandemia de Covid na cidade.
Como seus demais colegas, Freitas tomou posse em janeiro, após ser eleito numa disputa adiada pelas montanhas de corpos deixados pelo coronavírus e pela pandemia que afetava outros milhares de brasileiros lotando ambulatórios e UTIs em todo país. A “nova Câmara” trouxe várias novidades: a Casa havia ganho uma bancada de mulheres de oito componentes, um feito não inédito, mas incomum. E havia eleito três negros, entre eles a primeira mulher.
E como sua representante com maior número de votos, a Câmara também recebeu duas integrantes de uma inédita bancada do partido Novo, uma sigla que se promete uma mudança na “velha política”.
Por causa da pandemia, muito do ano legislativo de 2021 foi diferente do que a Casa entende por normal, a começar pelas sessões virtuais. Mas muito continuou exatamente igual. Os vereadores, cercados pelosdesafios imensos impostos a cidade pela Covid e pela grave crise econômica, permaneceram encastelados em suas casas confortáveis.
Freitas entrou na igreja para expressar seu inconformismo com a morte de Moïse Kabagambe:
Nesse período a Casa não fez nada para impedir que as crianças e jovens das escolas municipais da cidade fossem tratadas como cidadãos de segunda classe, condenadas a um ineficiente ensino remoto e a ausência de medidas para que pelo menos as crianças em situação mais delicada pudessem retornar às escolas.
Debaixo do nariz dos vereadores, a prefeitura permitiu que as escolas privadas contratadas para fornecer vagas para a educação infantil de 0 a 3 anos abrissem as portas para seus estudantes particulares, mas mantivessem aqueles cujas mensalidades o erário pagou fora de sala de aula, prejudicando crianças e pai trabalhadores da cidade.
Mas mais grave ainda, os parlamentares ficaram muito à vontade com o mau comportamento dos colegas. Ignoraram solenemente a falta de decoro de um dos seus que insistiu em entrar no prédio da Câmara sem máscara em plena onda de contaminação da Covid. Obviamente isso colocava em risco não só os outros parlamentares, mas dezenas de funcionários públicos e a população que frequenta a Casa.
Com exceção de fofoca, o episódio não gerou em nenhum parlamentar reação nenhuma. O vereador, é claro, não se desculpou. Qual o problema de colocar a vida dos outros em risco, não é?
Em outro episódio, uma parlamentar do Novo, colega da vereadora Indiara Barbosa, que na sessão do Conselho declarou que o partido “cortou na própria carne” aqueles que se recusam a se comportar direito nesse ambiente da “nova política”, apresentou um parecer contendo extensos trechos de plágio. Ironia das ironias, o parecer era contrário a um projeto de Carol Dartora (PT) que instituía cotas raciais nos concursos públicos do município.
O que fez a parlamentar? Pediu desculpas? Admitiu o erro? (Para ser justa, a vereadora reapresentou o parecer retirando os trechos plagiados, mas sem admitir o erro, nem se desculpar por ele). Não, acusou a imprensa (no caso, este jornal) de ser uma “máquina destruidora de reputações” e seguiu em frente, confiante de seus colegas não se incomodariam. E não se incomodaram. Apesar de plágio ser crime previsto no Código Penal. Mas tudo bem, não é mesmo?
Em outro momento, os vereadores voltaram a se calar e não ver nada de errado quando uma colega aproveitou o uso do microfone durante uma sessão ordinária da Casa para proclamar que “bandido bom é bandido morto”. Mas a morte de quem a vereadora Flavia Francischini (PSL) estava comemorando? Era de um bandido perigoso? Não. Os “bandidos” que morreram eram dois adultos e também duas crianças, de 2 e 7 anos, uma delas morta com um tiro na cabeça numa chacina no bairro Fazendinha. Não é surpresa que Francischini não tenha sofrido nenhuma represália pelo comentário.
Fossem estudantes jovens, esses parlamentares teriam sido prontamente punidos. Porque as escolas e universidades, a despeito de serem criticadas pelos parlamentares, são melhores que seus pares do legislativo em cumprir regras. Mas os vereadores, que querem botar dentro das escolas a polícia, a guarda municipal, detectores de metal e tratar estudantes como aprendizes de bandidos, não são tão afoitos quando se trata de “cortar na própria carne”.
Mas afinal, que crime tão hediondo cometeu Renato Freitas para romper com essa camaradagem confortável de seus colegas? Bom, Freitas questionou, entre outras coisas, a influência religiosa no tratamento de jovens viciados em drogas. E ousou agir com a arrogância e impulsividade dos jovens, numa Casa que fede a formol e segredos escondidos em armários.
O parlamentar entrou numa igreja construída por negros depois que a missa havia sido concluída e ocupou o púlpito por alguns minutos para dar voz a indignação e tristeza dos jovens e negros com a morte sem sentido do congolês Moïse Kabagambe, que foi trabalhar honestamente e não voltou para casa.
Renato pediu desculpas à Casa, à Igreja. A própria Cúria pediu que ele não fosse cassado. Mas para o jovem, especialmente o jovem periférico, não há segunda chance. Ele já havia se comportado mal outras vezes, destacaram os integrantes da comissão durante a sessão que o cassou. Não por ter cometido um crime ou ter colocado a vida de ninguém em risco, ou comemorado a morte de uma criança. Mas por ousar criticar seus colegas. Isso sim é imperdoável.
Na Comissão, o vereador Denian Couto declarou que é parte do trabalho do parlamentar sofrer pressão, que constitui a única frase proferida por ele com a qual concordei. A questão é que, no fim das contas, entre a pressão de ser chamada de racista e a pressão para permanecer exatamente tudo como está, a Câmara, vimos, cede a essa última.
E assim a História de Curitiba agora terá um capítulo em que vereadores e vereadoras perpetuaram a violência institucional contra jovens e negros porque isso era muito mais confortável do que aceitar como parte da cidade milhares de jovens cuja arrogância e impulsividade o vereador Renato Freitas representa. Cortar na carne? Só naquela carne que, sabemos, é muito mais barata.
A Delegacia de Descobertas de Paradeiros (DDPA) e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) informaram que, pelo menos, 140 pessoas seguem desaparecidas após a forte chuva que atingiuPetrópolis, na Região Serrana doRio. O número deve ser maior, mas os nomes já cadastrados foram passados por familiares.
Até o momento, são117 mortes confirmadas pela Defesa Civil e o Governo do Estado do Rio de Janeiro.
As forças armadas ainda não apareceram para ajudar os civis. Do governo militar de Bolsonaro a ameaça de golpe. Golpe significa mais mortes.
Não se dá golpe sem mortes, sem presos políticos, sem tortura, sem desaparecidos, sem exilados, retirantes da morte por balas ou espancamentos ou cadeira do dragão.
Lá nas lonjuras da Europa, Jair Bolsonaro (PL) disse nesta quarta-feira (16) que as Forças Armadas serão "fiadoras" do processo eleitoral. A declaração foi concedida àJovem Panapós o Tribunal Superior Eleitoral (TSE)divulgar o documentocom as perguntas das Forças Armadas sobre o processo eleitoral e as respostas da corte. Um país democrático não pode viver sob ameaça de golpe. Veja vídeos:
"Estou aguardando — todo o Brasil está aguardando — o que as Forças Armadas dirão sobre a resposta do TSE. Se procede, se o TSE tem razão ou se não tem razão e o porquê. E os próximos passos serão dados pelas nossas Forças Armadas”, disse Bolsonaro.
As Forças Armadas fizeram 74 perguntas à Justiça Eleitoral. As respostas foram dadas pela Secretaria de Tecnologia da Informação (STI), do TSE. Pobre Brasil ajoelhado pelo poder militar. Pela ocupação militar do governo. São mais de 8 mil e 454 cargos de civis. Um trem da alegria desgovernado.
E o governo militar de Bolsonaro é o governo da morte pelas bestas do Apocalipse. Pela Fome. São milhões de desempregados. O Brasil dos sem terra. Dos sem teto. Dos moradores de rua. Dos moradores de áreas de risco. O Brasil dos sem nada.
Mortos pela Peste. Pela covid. Milhares e milhares morreram porque tomaram remédios ineficazes, recomendados pelo charlatanismo assassino de Bolsonaro. Muitos morreram porque não tiveram acesso a um teste, não tiveram acesso a uma máscara (máscaras faltam ainda hoje), não tiveram acesso à vacina, que o governo fez campanha negacionista, demorou a comprar, permitindo a corrupção dos coronéis. O Ministério da Saúde militarizado, comandado pelo general da ativa Eduardo Pazuello, ofereceu remédios comprovadamente ineficazes. Fez propaganda do kit cloroquina que me engana e mata. O povo procurou as UTIs sem vaga. Na fila da morte, sem direito a uma maca, sem direito a um leito hospitalar. Um povo que morreu sem ter acesso à intubação. Que morreu sem ar. Asfixiado. Vide o morticínio de Manaus.
Os mortos da Morte morrida pela lama tóxica das barragens em Minas Gerais, pelas águas dos rios contaminados pelo mercúrio do garimpo ilegal na Amazônia. No fogo que desmata a floresta amazônica, para a passagem da boiada de Ricardo Salles. As mortes das doenças do Terceiro Mundo: malária, leishmaniose visceral, doença de chagas, doença do sono, tuberculose e as diarreicas. AS enfermidades causadas por agentes infecciosos ou parasitas, que atingem principalmente as populações mais pobres.
A morte pela Guerra das milícias que governam Petrópolis. Milícias que elegem os senadores, os deputados federais, os deputados estaduais, os vereadores, os prefeitos, os governadores do Rio de Janeiro, reduto eleitoral da família Bolsonaro. Milícias que mataram Marielle Franco, Moïse Kabagambe, que apóiam o golpe de Bolsonaro, as milícias eleitorais armadas em expansão, lideradas por partidos da extrema direita e células nazistas.
Cemitério de Nossa Senhora Aparecida em Manaus, Brasil, o país com a segunda maior taxa de mortalidade Covid-19 do mundoMichael DANTAS AFP/File
Por Raquel Miura
O ano de 2021 começou de maneira trágica, com a falta oxigênio nos hospitais de Manaus. Médicos, enfermeiros e parentes desesperados vendo pacientes agonizando dias depois de integrantes do governo federal terem visitado a capital amazonense para divulgar o tratamento precoce sem eficácia contra a Covid. Enquanto nos hospitais a luta por atendimento definia a vida ou a morte.
A crise sanitária aguda, com mais de 600 mil mortos, acabou numa CPI do Senado, instalada por determinação do Supremo Tribunal Federal.Depoimentos e documentos que escancaram a atuação errática do governo Bolsonaro, com gabinete paralelo pró-cloroquina, cartas da Pfizer ignoradas resultando na compra atrasada de vacinas e até papel fraudado para vendar imunizante da Índia superfaturado. Não àa toa que a temperatura subiu muitas vezes na CPI.
A pressão de todos os lados levou o governo a acelerar a compra de vacinas e, com a robustez da estrutura do SUS, a imunização finalmente, reduzindo sobremaneira o número de mortos. Mesmo diante de prova cabal de que a vacinação era o caminho,o presidente Jair Bolsonaro ainda insistia no negacionismo.
“Quando você estiver sentindo falta de ar” - disse Bolsonaro em uma transmissão ao vivo imitando alguém com dificuldade para respirar - “Você vai para o hospital. Para fazer o quê? Para tomar o quê, se não toma nenhum remédio comprovado? Para ser entubado. Esse é o protocolo do Mandetta. E canalha é aquele que critica a cloroquina, a ivermectina e não apresenta uma alternativa.”
Bolsonaro defendeu a divulgação do nome de funcionários da Anvisa que trabalharam na aprovação da vacina para crianças. Antes ele já havia provocado fúria ao divulgar dado mentiroso relacionando imunização contra a Covid ao HIV.
Bolsonaro perde apoio popular
A postura do presidente fez despencar seu apoio popular e ele reforçou a tática de buscar inimigos, mirando a artilharia para o Supremo Tribunal Federal, que fechava o cerco a radicais, com a prisão de bolsonaristas como Daniel Silveira e Roberto Jefferson.O ápice da crise institucional veio no 7 de setembro.
“Não mais aceitaremos qualquer medida, qualquer ação ou qualquer sentença que venha de fora das quatro linhas da Constituição. Nós também não podemos continuar aceitando que uma pessoa continue barbarizando a nossa população. Ou o chefe desse poder enquadra o seu, ou esse poder pode sofrer o que não queremos”, disse Bolsonaro numa referência ao ministro do STF Alexandre de Moraes.
Além dos ataques ao Judiciário, conforme sua popularidade caía, o presidente mais uma vez repetia, feito um mantra, que as urnas eletrônicas não eram confiáveis, e que qualquer resultado diferente da sua reeleição seria por ele contestado. Até dia e horário marcou para apresentar provas, mas não as apresentou.
O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, em uma foto de 7 de setembro de 2021. PAULO LOPES AFP/Archivos
Orçamento paralelo para o Legislativo
Bolsonaro foi orientado a baixar a bola e, se quisesse ter o centrão como apoio, a engolir o discurso golpista. Não foi só isso. O grupo que apoia o presidente engordou os bolsos com cargos, emendas e até orçamento paralelo, dinheiro público sem rastreio dos órgãos de controle. Com isso o Executivo conseguiu aprovar propostas polêmicas como as mudanças no pagamento dos precatórios, o que lhe assegura uma bolada em ano eleitoral. O que tema gerou debate no Congresso entre governo e oposição.
Se no Legislativo Bolsonaro conseguiu certo apoio a custas de muito dinheiro, na economia o ano foi um desastre: inflação nas alturas com a disparada do preço de produtos como a carne, desemprego, alta na conta de luz, e gasolina também com o preço a perder de vista, fazendo até motoristas de aplicativo a abandonarem a função.
Multidão famintae medalhas inéditas
O lado mais perverso de tudo: a pobreza. Famílias indo morar na rua sem dinheiro para o aluguel. E uma cena cada vez mais comum nas cidades brasileiras: pessoas revirando lixo para achar o que comer. Uma multidão dependendo da solidariedade alheia para comer.
O país de uma multidão faminta, o crescimento do PIX como ferramenta nas transações comerciais, o leilão do 5G na telefonia.
No esporte, teve a volta do público aos estádios de futebol, a polêmica sobre comentários homofóbicos no vôlei eas medalhas inéditas no Japão, como no surfe de Ítalo Ferreira, no skate de Rayssa Leal e na ginástica olímpica de Rebeca Andrade.
“Eu fiquei muito feliz por ter representado o Brasil, por ter ido tão bem, por levar o nome da ginástica, o nome do nosso país para o mundo inteiro. Espero que a gente tenha mais investimento, que as pessoas acreditem mais em todos os esportes, e não só na ginástica. O esporte salva vidas, o esporte educa”, disse Rebeca.
O país teve ainda debandada de pesquisadores de órgãos institucionais, incêndio na Cinemateca brasileira, prisão de cantor por agressão à mulher, vinte dias de perseguição a Lazaro Barbosa que assombrou moradores de Goiás, e ação de bandidos que usaram escudos humanos e levaram terror a Araçatuba, no interior paulista, chegando a instalar mais de cem explosivos.
No Rio Grande do Sul, quatro réus foram a júri popular este ano pelo incêndio da boate Kiss onde 242 pessoas morreram há oito anos.
No Rio de Janeiro, houve a prisão da mãe e do padastro vereador acusados pela morte do pequeno Henry Borel e a angústia das famílias de três meninos de Belford Roxo, que desapareceram há um ano e só agora confirmaram que eles foram brutalmente assassinados pelo tráfico.
Violência
A violência na floresta também chocou o país, com índios desnutridos, a pele e osso, avanço do garimpo ilegal, morte de animais nos incêndios edesmatamento recorde na Amazônia, reconhecido pelo ministério da Justiça.
Destaque no jornal Le Monde desta quinta-feira (02/07) para a volta das queimadas na Amazônia que registraram em junho o maior número de focos dos últimos treze anos.AP - Leo Correa
Políticos comemoraram a anulação de investigações, como o caso do triplex contra Lula, as provas das rachadinhas contra Flávio Bolsonaro, e algumas outras da Lava Jato contra Eduardo Cunha e Sérgio Cabral. De olho e 2022, o presidente Bolsonaro se filiou ao PL, Sérgio Moro foi para o Podemos eLula tem cortejado o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin para vice.
“Não importa se no passado fomos adversários, se trocamos algumas botinadas, se no calor da hora dissemos o que não deveríamos ter dito. O tamanho do desafio que temos pela frente faz de cada um de nós um aliado de primeira hora”, disse Lula após jantar com Alckmin.
Goiânia – Goiás teve 923 mortes na fila por um leito de unidade de terapia intensiva (UTI) desde o início da pandemia até o mês de maio de 2021. Isso considerando apenas os pacientes com suspeita ou confirmação de Covid-19.
Entre os mais de 900 mortos na fila, está Idelma de Oliveira, 72 anos, que morreu depois de mais de 48 horas de espera por um leito de UTI. Enquanto a vaga não saía, ela aguardou no Hospital Municipal de Itauçu, cidade de 9 mil habitantes na região Central de Goiás, a 70 km da capital.
“Eu perguntei para o médico: ‘Quanto tempo minha mãe aguenta esperar a vaga de UTI?’. Ele disse: ‘Só Deus sabe’”, relata a filha de Idelma, a vendedora Suely José de Sousa, 47 anos.
Suely cuidou da mãe Idelma no hospital, enquanto não saía a vaga de UTI perfil Covid-19. Faltavam remédios para intubação e mãe acordava da sedação com o tuno na traqueia
No hospital da pequena cidade, Idelma esperou horas para ser intubada, porque não tinha oxigênio suficiente. Depois de a equipe da saúde municipal tentar procurar em várias cidades vizinhas, quatro cilindros foram abastecidos na capital.
Mesmo com Idelma intubada, sua filha Suely dormia no hospital, pois faltavam remédios para que a paciente ficasse totalmente sedada com o tubo inserido até a traqueia.
“De meia em meia hora, ela tentava arrancar o tubo. Eu tinha que correr e chamar a enfermeira ou o médico para aumentar a sedação”, conta Suely.
A família da paciente chegou a comprar um tipo de alimentação especial, que não tinha no hospital e deveria ser administrada com uma sonda. No entanto, a sonda não chegou a ser colocada, segundo parentes de Idelma.
No segundo dia de espera pela UTI, a possibilidade de chuva forte e queda de energia fizeram com que familiares de pacientes intubados alugassem um gerador. Na semana anterior, o hospital tinha ficado três horas seguidas sem energia elétrica.
Frustração
O leito para Idelma surgiu na manhã de 5 de março. Suely chegou a buscar a documentação da mãe para fazer a transferência, mas quando chegou ao hospital, recebeu a notícia que a mãe tinha acabado de morrer. A ambulância para buscá-la já estava na porta.
“Receber a notícia de que sua mãe foi embora é muito doloroso. Ainda mais quando a gente correu atrás de tudo que você pensar. Corremos atrás de UTI, medicamento, de tudo! Mas a doença não te dá opção para nada”, lembra Suely.
O marido de Idelma, o aposentado Wilson José, morreu de Covid-19 no dia seguinte. Ele estava internado em uma UTI de outra cidade. “Perdi minhas duas joias preciosas para uma doença maldita, mas o estado também não faz muito para salvar as vidas das pessoas”, lamenta.
Caos no interior
Cerca de 20 km de onde Idelma morreu à espera de UTI, fica a cidade de Inhumas, que faz parte da Região Metropolitana de Goiânia (RMG). O município de 53 mil habitantes foi o que teve mais óbitos de Covid-19 na fila por UTI em Goiás.
Foram 41 casos, o que representa uma taxa de 7,7 a cada 10 mil habitantes, maior entre as cidades com população acima de 5 mil pessoas. Grande parte das mortes na fila em Inhumas foi em março de 2021, quando foram registrados 30 casos. Uma média de um por dia.
A lotação nas unidades de saúde de pacientes esperando vaga de UTI era tanta, que médicos da rede municipal de Inhumas fizeram uma carta aberta à sociedade em 14 de março. No documento, eles relataram dificuldade diária para conseguir estoque suficiente e sedativos.
“Vivemos um cenário de pacientes acordando, extubando, fazendo arritmias cardíacas e assincronia ventilatória, aumentando a chance de óbito, além do desespero por não ter o que fazer”, declararam médicos de Inhumas na carta.
Judicialização
Em um cenário de “uma tragédia nunca antes vista”, como foi descrito pelo promotor Mário Henrique Caixeta no início de março, a Defensoria Pública do Estado de Goiás (DPEGO) e o Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO) chegaram a recorrer ao Judiciário para garantir as vagas de UTI.
O presidente do órgão, desembargador Carlos Alberto França, entendeu que o Judiciário não pode substituir a equipe médica para eleger quais pacientes devem ser atendidos primeiro.
A decisão de prioridade na fila de UTI é feita por uma equipe médica do Complexo Regulador, que faz parte da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO). A escolha depende de fatores como a gravidade do paciente e as condições do local onde ele espera a vaga.
Em um despacho de 18 de março, o Complexo Regulador afirma que entre os fatores para a morte à espera de UTI estão: transporte impedido porque o paciente não tem condições, agravamento do paciente enquanto as buscas pela vaga ocorrem e quando o hospital que pediu a vaga não diz detalhes sobre o paciente, com exames e dados clínicos.
O impiedoso e cruel e desumano ministro da Economia do governo militar de Bolsonaro, o pinochetista Paulo Guedes, defendeu nesta quinta-feira (17) dar restos de comida aos pobres – “pessoas fragilizadas, mendigos, pessoas desamparadas”, como política de combate à fome no Brasil.
A fome mata. A fome acabou se agravando na pandemia. Em 2020, 19 milhões de pessoas viviam em situação de fome no país, segundo o Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da covid-19 no Brasil. Em 2018 (governo Michel Temer), eram 10,3 milhões. Ou seja, em dois anos houve um aumento de 27,6% (ou quase 9 milhões de pessoas a mais).
"Quem quer que tenha sido o pai de uma doença, a mãe foi uma dieta deficiente", diz o médico Ribas Filho, presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran), em referência a um lema da nutrologia.
Temos que usar máscaras porque elas diminuem a transmissão da Covid-19, visto que o contágio é feito através de gotículas expelidas por nariz ou boca de uma pessoa contaminada, e com contato direto ou indireto, acabam entrando no organismo de uma pessoa saudável através de seus olhos, nariz ou boca.
Agora Paulo Guedes, que foi contra o auxílio emergencial de 600 reais, quer contaminar o pobre com restos de comida. Com sobejos.
Durante participação em evento promovido pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Guedes afirmou que os desperdícios da cadeia produtiva precisam ser mais bem aproveitados para acabar com a fome no país.
“O prato de ‘um classe média’ europeu é pequeno, no nosso, há uma sobra enorme. Precisamos pensar como utilizar esse excesso no dia a dia. Aquilo dá para alimentar pessoas fragilizadas, mendigos, pessoas desamparadas. É muito melhor que deixar estragar”, disse o ministro. Para enganação dos bolsonaristas pobres, mente Paulo Guedes: o europeu come pouco, passa fome.
“Como utilizar esses excessos que estão em restaurantes e esse encadeamento com as políticas sociais, isso tem que ser feito. Toda aquela alimentação que não for utilizada durante aquele dia no restaurante, aquilo dá para alimentar pessoas fragilizadas, mendigos, desamparados. É muito melhor do que deixar estragar essa comida toda”, completou Paulo Guedes.
A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, que também participou do evento, fez coro defendendo comprar alimentos fora da validade. Cousa que também mata. Ser bolsonarista é defender um governo da fome, da peste, da morte na fila dos hospitais sem direito a uma maca, a um leito hospitalar, da morte por asfixia, da guerra, a defesa de uma ditadura, de um governo militar, de um governo armamentista, de um governo que defende a tortura, as milícias e os motins das polícias militares. Ainda bem que Paulo Guedes reconhece que o Brasil é um país de "pessoas fragilizadas, mendigos, desamparados". Para estes brasileiros sem teto, sem terra, sem nada, os restos de comida.
Segundo dados da Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro, a taxa de letalidade da Covid-19 no estado está em 5,89%, a maior do país. A taxa de ocupação em leitos de UTI no Rio é de 84%, mas faltam medicamentos e há registro de filas para internação.
Quis o destino que eu sobrevivesse e quis Deus que eu chegasse à Presidência da República. Todos nós temos uma missão aqui na Terra. A cruz é pesada, mas Ele ajuda a carregá-la toda vez, com todos vocês. A vocês, a minha lealdade, o meu respeito, o meu compromisso de lutar por aquilo que é o mais sagrado: a nossa liberdade.
Imagine se o poste tivesse sido eleito presidente da República, como estaria nosso Brasil no dia de hoje?. [Deixa] dizer a vocês que lamento cada morte no Brasil, cada morte, não importa a motivação da mesma. Mas nós temos que ser fortes, nós temos que enfrentar os desafios, temos que viver e sobreviver. Desde o começo, eu disse que tínhamos dois problemas: o vírus e o desemprego. Muitos governadores e prefeitos simplesmente ignoraram a grande maioria da população brasileira e, sem qualquer comprovação científica, decretaram lockdowns, confinamentos e toque de recolher. Hoje vocês já sabem o que é uma democracia e uma tentativa, um início de ditadura patrocinada por esses governadores.
Nós não tiramos emprego de ninguém, muito pelo contrário. Fizemos o possível para que eles fossem mantidos. Estamos ainda em momento difícil, mas, se Deus quiser, logo ele passará. Mas nós temos que viver, nós temos que ter alegrias também, nós temos que ter ambições, nós temos que ter esperança. E vocês sabem que, em qualquer momento, eu sempre estarei ao lado de vocês.
Quando alguns falam que eu deveria ter decretado lockdown nacional, fique bem claro para vocês: o meu Exército brasileiro jamais irá às ruas para manter vocês dentro de casa. O meu Exército brasileiro e a nossa Polícia Militar, a nossa Polícia Rodoviária Federal que está aqui.
É obrigação nossa lutar por liberdade, lutar por democracia e realmente fazer com que o nosso país mude. Pode ter certeza: nós juramos dar a vida pela pátria e vocês, mais do que isso, têm compromisso para com a liberdade. O nosso Exército são vocês. Mais importante que o Poder Executivo, o Poder Judiciário, o Poder Legislativo, é o poder do povo brasileiro.
A gente pede a Deus que não seja necessário, que todas as autoridades se conscientizem dos seus direitos e dos seus deveres. Nós estamos prontos, se preciso for, para tomar medidas necessárias para garantir a liberdade de vocês. É inadmissível quando um poder usurpa direitos e garantias individuais previstos no artigo 5º da Constituição.
Nós temos o sagrado direito de ir e vir, nós temos o direito de trabalhar, nós temos o direito de professar nossa fé, ir às igrejas e se encontrar com Deus. Esses direitos não podem ser usurpados. Infelizmente sentimos o que é um poder delegar a outro esses direitos inalienáveis.
Não é ameaça, jamais ameaçarei qualquer poder, mas – como disse – acima de nós, dos três poderes, está o primeiríssimo poder, que é o povo brasileiro. Pode ter certeza: nós faremos tudo para que a vontade popular seja realmente efetivada.
Estamos no final de uma pandemia, se Deus quiser. Espero brevemente partimos para normalidade. Enquanto isso, uma manifestação como essa, onde tivemos um amplo apoio de motociclistas de todo o Brasil, isso nos anima, isso nos traz oxigênio, isso nos traz responsabilidade e autoridade também para poder agir em nome de vocês.
[Eu e] Os meus 22 ministros – aqui presente o Tarcísio, entre outros – sabemos da nossa responsabilidade. Podem contar conosco. Afinal de contas, só estamos lá exatamente por causa de vocês.
Então, amigos do Rio de Janeiro, amigos do Brasil, um momento como esse realmente não tem preço. Ser reconhecido e ser, por que não dizer, aplaudido por grande parte da população, apesar das dificuldades. Tem uma passagem bíblica de provérbios que diz: se você se mostrar frouxo no dia da angústia, a sua força será pequena. O povo brasileiro é forte. Em sua grande maioria, sabe dar valor à liberdade e aos seus direitos. Reconhece os verdadeiros representantes: aqueles que realmente estão ao seu lado e queiram estar.
Pode ter certeza: não digo aos poucos, mas vamos, sim, cada vez mais, fazendo com que as pessoas eleitas por vocês melhorem a sua qualidade. Nós temos esse compromisso. Da minha parte, eu jurei dar minha vida pela pátria não apenas quando prestei o serviço militar, na Escola Preparatória de cadetes do Exército, em Campinas, mas quando assumi a Presidência. Sei da enorme responsabilidade que eu tenho, mas sei também do povo maravilhoso que nos apoia.
A todos vocês, meus amigos do Brasil e do Rio de Janeiro, muito obrigado a todos vocês. Motociclistas de todo o Brasil, muito obrigado pela presença. Vocês abrilhantaram esse evento, que não é meu, é de vocês, é do povo, é da democracia e da nossa liberdade.
Brasil acima de tudo, Deus acima de todos!
Após depor na CPI, Pazuello participa de ato com Bolsonaro sem máscara
Pazuello deixou o cargo de ministro da Saúde em março, em meio a uma forte alta de casos e mortes pela Covid-19
O ex-ministro da Saúde general Eduardo Pazuello participou, sem máscara, de um ato político, no Rio de Janeiro, ao lado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). A aparição neste domingo (23/5) ocorre dias depois de o militar falar à CPI da Pandemia, no Senado, que investiga possíveis omissões no combate da Covid-19.
“Estamos no final de uma pandemia, se Deus quiser. Espero brevemente partimos para normalidade”, disse, em discurso no Aterro do Flamengo.
“Enquanto isso, uma manifestação como essa, onde tivemos um amplo apoio de motociclistas de todo o Brasil, isso nos anima, isso nos traz oxigênio, isso nos traz responsabilidade e autoridade também para poder agir em nome de vocês”, continuou.
“Nós temos o sagrado direito de ir e vir, nós temos o direito de trabalhar, nós temos o direito de professar nossa fé, ir às igrejas e se encontrar com Deus. Esses direitos não podem ser usurpados”, disse.
O chefe do Executivo está acompanhado do filho e vereador do Rio Carlos Bolsonaro (Republicanos), dos deputados federais Helio Lopes (PSL-RJ), Marco Feliciano (Republicanos-SP), Carlos Jordy (PSL-RJ) e Filipe Barros (PSL-PR) e dos ministros Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Tarcísio Gomes de Freitas (Infraestrutura) e Luiz Eduardo Ramos (Casa Civil).
Bolsonaro provoca aglomeração em passeio com motociclistas
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) participa neste domingo (23/5) de um passeio com motociclistas no Rio de Janeiro. O Rio é o reduto eleitoral do mandatário e de dois de seus três filhos políticos.
Mais de mil policiais militares foram deslocados de 4 batalhões para acompanhar o pelotão. A polícia civil seguiu de helicóptero e fuzileiros navais também foram convocados para garantir a segurança do presidente.
Antes de subir na moto, Bolsonaro cumprimentou apoiadores reunidos no local, aos gritos de “mito”. Contrariando orientações das autoridades sanitárias, o presidente e simpatizantes não usaram máscaras e provocaram aglomerações. O chefe do Executivo é crítico de medidas de controle adotadas para conter a disseminação do coronavírus.
De acordo com a administração do Parque Olímpico, mais de 10 mil motos passaram pela entrada do local. O passeio durou mais de uma hora. No Aterro do Flamengo, o presidente da República se reuniu para pronunciamento.
Decretos municipal e estadual no Rio de Janeiro obrigam o uso de máscaras. O descumprimento da norma é passível de multa.
Panelaço e manifestação contrária
Nas redes sociais, foram registradas algumas manifestações contrárias ao presidente. Pessoas nas janelas dos prédios gritaram contra Bolsonaro e fizeram um panelaço quando a “motociata” passou.
Depois de mentir na CPI, Pazuello vai sem máscara à aglomeração de Bolsonaro
O general, que durante a semana mentiu à CPI da Covid, subiu no carro de som da manifestação bolsonarista e acenou aos manifestantes que gritavam seu nome.
A convocação feita por Bolsonaro nas redes sociais fez com que caravanas de apoiadores se deslocassem de moto para a capital fluminense.
Segundo Aziz, protegido por um habeas corpus, o general Pazuello mentiu aos senadores. Ele ainda afirmou que a oitiva com o general foi “hilária”.
O requerimento para convocar novamente Pazuello já foi apresentado e deve ser votado na próxima semana pelos integrantes da CPI da Covid.
Em depoimentos prestados nas últimas quarta, 19, e quinta, 20, Pazuello buscou preservar Jair Bolsonaro se responsabilizando por medidas sobre a pandemia do novo coronavírus.
Funcionários de hospitais denunciam a falta de sedativos para intubação de pacientes com Covid no RJ
por Diego Haidar /O Globo
Volta a faltar sedativos para manter os pacientes que estão intubados em unidades da rede pública de saúde do Rio de Janeiro. A denúncia é de funcionários de hospitais do Rio e da Baixada Fluminense, reforçada por familiares das vítimas.
Enfermeiros e técnicos do Hospital Albert Schweitzer, em Realengo, na Zona Oeste do Rio, dizem que faltam medicamentos para manter os pacientes intubados.
"Eles [pacientes com Covid] estão intubando sem sedação porque não tem. Está em falta", disse um funcionário.
Um dos funcionários conta que um paciente adulto de 49 anos retirou o tubo na emergência.
"Eu sei que a intubação dele foi complicada porque não tinha os sedativos para apagar ele. Teve uma hora que ele extubou", contou o funcionário.
E disse que os médicos precisaram fazer uma traqueostomia (abertura cirúrgica para a abertura da traqueia) no paciente.
"Ele não está sedado. Ele está semissedado", disse o funcionário.
A falta de remédios também prejudica o atendimento no Hospital Federal do Andaraí, na Zona Norte. Os funcionários dizem que sem sedativos os pacientes ficam inquietos.
E não é possível colocá-los em posição de "prona" - ou seja, de bruços, de barriga para baixo - o que melhora a oxigenação do paciente.
"Lá tem pacientes graves intubados com idade em torno de 40 anos, que não estão podendo ser pronados, ou seja, virados de barriga para baixo, para melhorar a ventilação pulmonar, por falta de medicações. Não tem bloqueador neuromuscular e sedação apropriada para o procedimento. Muito triste ter o que fazer para melhorar o paciente e não poder por falta de medicação", disse uma funcionária.
Segundo os funcionários do Andaraí, a unidade teve que receber medicamentos de outro hospital federal, o Cardoso Fontes, de Jacarepaguá, na Zona Oeste.
A rede particular também sofreu com a falta desses medicamentos.
Depois disso, o Ministério da Saúde enviou para o estado do Rio de Janeiro uma remessa de sedativos que resolveu o problema por algumas semanas. Mas agora, o medicamento já está faltando novamente em algumas unidades.
Isso acontece num momento em que a quantidade de pessoas internadas com Covid-19, em leitos de UTI, na cidade do Rio, continua perto do máximo registrado. São 756 pacientes graves.
Além da capital, famílias que têm pacientes internados na Baixada Fluminense também denunciam a falta de remédios. A Maria Tavares, de 75 anos, está intubada, com Covid-19, no Hospital Geral de Nova Iguaçu, na Posse.
O neto Diego Tavares conta que a avó não está sedada e que é triste saber que ela pode estar sentindo dor.
"Estou com a minha avó de 75 anos internada no Hospital da Posse. Ela está intubada com caso grave de Covid. Os médicos disseram que ela está sedada, porém, está em falta a sedação no hospital. Eu tenho fotos e informações da minha avó acordada que comprovam que não tem sedação no hospital. Eu vim pedir ajuda dos senhores governantes para que comprem e envie para Posse sedação", disse Diego.
Segundo a jornalista Natuza Nery, colunista do Estúdio i da GloboNews, governadores enxergaram a ação da subprocuradora como política e pretendem acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) contra ela, pedindo a suspeição alegando abuso de autoridade
No pedido, Lindôra levanta acusações contra os governadores pedindo justificativas sobre “a desativação de diversos hospitais de campanha no ano passado, considerando que a pandemia prossegue e que a falta de leitos pode deixar pessoas sem a assistência adequada, além de representar possível prejuízo ao erário ou mau uso da verba pública”
Lindôra, que recentemente minimizou a pandemia dizendo que “estão politizando o covid”, tem sido usada por Aras e Jair Bolsonaro em uma espécie de contra-ataque à investigação que terá início no senado com a instalação da CPI do Genocídio.
A subprocuradora requisita informações completas sobre as verbas federais e estaduais utilizadas na construção dos hospitais de campanha, incluindo especificação de valores repassados pela União aos estados e a quantia redistribuída aos municípios. Também pede a relação completa dos insumos e equipamentos das estruturas desativadas, com a comprovação da destinação de bens e valores. Além disso, solicita dados sobre o uso das verbas federais destinadas ao combate à pandemia, perguntando, por exemplo, se algum valor foi realocado para outros fins.
Nota deste corresponde: A inquisição de Lindôra acontece prontamente quando instalada a CPI da Covid-19 no Senado Federal, quando Bolsonaro é acusado de crime contra a humanidade e os governadores reclamam a falta dos medidamentos do kit intubação.