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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

14
Mar22

Escandalosamente ordinário

Talis Andrade

Ilustração: Conde Baltazar.

 

“O GNV vai bater em oito reais, um monte de gente com fome e diz que a guerra é lá na Ucrânia”

 
03
Dez21

8 em cada 10 mortes violentas entre crianças e adolescentes são de negros

Talis Andrade

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247 - Em cada 10 mortes violentas intencionais na faixa etária de 0 a 17 anos, cerca de 8 são de crianças e adolescentes negros. A maior parte das vítimas, 86%, são do sexo masculino, enquanto o grupo mais atingido é o de jovens de 15 a 17 anos (82%). A reportagem é do jornal Folha de S.Paulo. 

Os dados fazem parte do novo relatório do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgado nesta quinta-feira (2), que reforça o risco de morte que homens negros jovens correm no Brasil.

O levantamento Violência contra crianças e adolescentes reuniu boletins de ocorrência a respeito de cinco tipos de crimes, entre janeiro de 2019 e junho de 2021, contra vítimas de 0 a 17 anos.

Foram compilados números de maus tratos, lesão corporal dolosa em contexto de violência doméstica, exploração sexual, estupro e mortes violentas intencionais (homicídios dolosos, feminicídios, latrocínio, lesão corporal seguida de morte e mortes decorrentes de intervenção policial).

Segundo a pesquisadora Sofia Reinach, coordenadora do levantamento, essa é a primeira vez que o instituto detalha os tipos de crimes cometidos contra as crianças. "É um estudo que qualifica melhor a violência", diz.

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24
Nov21

Laudos revelam moradores foram mortos por tiros de fuzil na cabeça e no tórax

Talis Andrade

      Rio de Janeiro, zona de guerra, e pobreza de um povo vítima da peste, da pobreza, da fome e morte matada         

 

por Rafael Nascimento de Souza /Extra            

A Polícia Civil informou na manhã desta quarta-feira que a Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo, Maricá e Itaboraí (DHNSGI) recebeu os laudos de necrópsia dos nove mortos na operação do Batalhão de Operações Especiais (Bope) no Complexo do Salgueiro, no último domingo. Segundo a instituição, “os resultados dos laudos apontam que as mortes foram provocadas por projéteis de arma de fogo (PAFs), sem indícios de facadas ou outro tipo de arma com ação cortante ou perfurocortante”, destacou o comunicado.

Crimes anterioresComplexo do Salgueiro foi palco de outras mortes em série durante operações policiais em São Gonçalo

Ainda de acordo com a Civil, projeteis foram encontrados nos corpos de três das vítimas. Os objetos foram arrecadados e passarão por confronto balístico. A Polícia Civil informou ainda que “as armas dos policiais militares que participaram da ação e a lista dos nomes dos agentes devem ser entregues ainda nesta quarta-feira".

 

Moradores do Salgueiro denunciam que PMs invadiram casas e fizeram churrasco

Moradores do Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, denunciam que durante a operação do Batalhão de Operações Especiais (Bope) na localidade das Palmeiras, no último fim de semana, policiais militares invadiram casas, agrediram moradores e até usaram um espaço de festas como bunker – entre sábado e domingo – para fazer churrasco e consumir bebidas alcoólicas. A operação terminou com nove suspeitos mortos e ficou marcada pela cena de moradores retirando corpos de um mangue da comunidade. Após as denúncias das supostas invasões, moradores temem possíveis represálias dos agentes que teriam entrado no local e permanecido lá por quase 24 horas.

Morador denuncia ação no Salgueiro'Resgatamos os corpos e não achamos nenhuma arma. Fizeram uma chacina'

A informação das invasões das casas foi divulgada nesta quarta-feira pela “Folha de São Paulo” e confirmada pelo O GLOBO. A associação de moradores do Complexo do Salgueiro confirmou o suposto fato e afirmou que a “invasão dos PMs foi uma arbitrariedade e um abuso de autoridade". Jaqueline da Silva, presidente da associação de moradores do Salgueiro, disse que o local supostamente arrombado pelos militares é um espaço de festas da comunidade. Ela critica a atuação dos PMs.

Operação no Salgueiro: Polícia Civil quer saber quem são os PMs que estavam na ação que matou ao menos nove pessoas

– Os moradores contaram que eles passaram o dia lá. Ali é um espaço de festas particular. As pessoas alugam para festas. Eles entraram, beberam e comeram o que tinha lá dentro. Inclusive, teriam feito churrasco e consumiram a bebida alcoólica do local – conta a presidente da associação, que destaca:

– Com medo o dono não registrou o boletim de ocorrência. Infelizmente, aquilo foi um abuso de autoridade e não pode ficar assim.

Procurada, a Polícia Civil afirmou que nenhum morador registrou boletim de ocorrência e que “se de o fato aconteceu, caberá a Corregedoria da PM investigá-lo”. A Civil destacou que esse é um crime militar. A Polícia Militar informou que “até o momento não recebeu nenhum registro formal sobre o fato”. É um estado sem lei, zona de guerra, e massacres de um povo miserável. 

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15
Nov21

Bolsonaro aparelha o Judiciário

Talis Andrade

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Mamadeira de piroca inflável na manifestação golpista e anti-STF de Bolsonaro no Dia da Independência / 7 de Setembro último 

 

Bolsonaro vai nomear 75 desembargadores 

 

 

por Cristina Serra

- - -

Está em curso uma operação de aparelhamento do Judiciário pelo bolsonarismo, conforme alertou a colunista Mônica Bérgamo na Folha. Bolsonaro vai nomear nada menos que 75 desembargadores para os seis tribunais regionais federais, cortes subordinadas apenas ao STF e ao STJ no ordenamento da Justiça no Brasil. É um aumento de 50% em relação às vagas atuais.

Tamanho assalto será possível graças a dois projetos de iniciativa do Superior Tribunal de Justiça, aprovados por Câmara e Senado, que tramitaram com inusual rapidez durante a pandemia, sem ter qualquer urgência e bem longe de uma discussão sobre a real necessidade de expansão da estrutura existente. Um dos projetos aumentou o número de vagas em cinco TRFs. O segundo criou o TRF da 6a, região, exclusivo para o estado de Minas Gerais que terá, de saída, 18 desembargadores.Image

Os dois projetos têm origem no STJ, durante a presidência do mineiro João Otávio de Noronha. Para quem ainda não ligou o nome à pessoa, Noronha é aquele por quem Bolsonaro disse ter “amor à primeira vista”. Foi ele, por exemplo, que tirou Fabrício Queiroz da cadeia e o mandou para o remanso da prisão domiciliar. Também presenteou a mulher de Queiroz com o mesmo benefício quando ela ainda era foragida da justiça.

rachadinhas metade fica com os sabidos bolsonaro .

 

Noronha é da 5a. Turma do STJ, conhecida pela benevolência com que acolhe recursos da defesa de Flávio Bolsonaro, apontado como chefe de organização criminosa que roubou dinheiro público por meio do célebre esquema das rachadinhas. Em decisão recente, a 5a. Turma anulou provas de baciada e praticamente devolveu a investigação à estaca zero.

Com a falta de pudor habitual, Bolsonaro disse ter “10%” do STF com Kássio Marques. Por este padrão, dá para prever que as vagas de novas excelências nos TRFs tendem a ser preenchidas por lacaios da pior espécie. O bolsonarismo é uma infestação com a força devastadora das maiores pragas.Image

 
19
Out21

Quem matou Leuvis Manuel Olivero que escreveu a "Memória Viva" de Marielle Franco

Talis Andrade

No livro o "Ódio Governava, a Rua Falava", a constatação: “Jair Bolsonaro é uma das figuras mais conhecidas e desprezadas do Brasil"

 

por Brian Mier / Brasil Wire

Em 2011, Leuvis Manuel Olivero, um imigrante dominicano nos Estados Unidos formado em Estudos Internacionais pelo Trinity College em Connecticut, fez uma viagem ao Rio de Janeiro. Nas suas próprias palavras, Lu, como se referia a si próprio, “mergulhou nas emergentes cenas de vandalismo da cidade. No processo de pesquisa de uma das culturas de arte de rua mais vibrantes da América do Sul, ele explorou vários elementos da vida cotidiana no Rio. ”

Ele decidiu ficar, apaixonou-se e teve uma filha. Em 2014 publicou seu primeiro livro, Graffiti City . Ele o descreveu como:

“Um mergulho no coração da cultura carioca através de seu prisma mais polêmico: as ruas. Percorrendo a linha entre arte e vandalismo, Graffiti City explora a relação entre Pixação e Graffiti (arte do graffiti), e como essas duas culturas distintamente carioca refletem o que significa ser carioca. Graffiti City examina as inúmeras formas de expressão visual que também lutam por espaço nas paredes do Rio e como as ruas se tornaram um verdadeiro espaço de diálogo. Graffiti City é o primeiro livro a apresentar uma linha do tempo histórica detalhada das artes urbanas do Rio e das culturas de vandalismo, e analisa as pressões sociais e políticas que ajudaram a moldar a arte e o vandalismo nas ruas do Rio. ”

Olivero continuou sua vida na Zona Norte do Rio, lutando para sobreviver em uma cidade que não é fácil para os estrangeiros. Ele se envolveu cada vez mais com o movimento da Capoeira. Então, em uma explosão de criatividade, ele publicou 8 livros por conta própria em 2021. Na contracapa de seu livro de 420 páginas em outubro de 2020, Black Spaces White Faces: Um Ensaio sobre o Branqueamento da Capoeira no Rio de Janeiro , diz:

“Neste ensaio, foco a arte da capoeira, na cidade do Rio de Janeiro, como uma análise de caso de como ocorre o processo de branqueamento, dividindo o ensaio em três partes. A primeira parte apresenta o projeto teórico de como o contexto para o branqueamento foi criado; apontando sua gênese para o tráfico atlântico de africanos, enquanto a segunda parte do ensaio explora o processo de branqueamento. Por fim, a terceira parte deste ensaio explora as manifestações do branqueamento no mundo da capoeira. ”

Pouco depois do aniversário de 2 anos do assassinato da vereadora carioca afro-brasileira socialista Marielle Franco, Olivero publicou Memoria Viva . Sua sinopse da contracapa diz:

“Era 14 de março de 2018. Tiros foram disparados naquela noite quente de verão. Só mais uma noite no Rio, se não fosse pela vítima, a vereadora Marielle Franco, baleada com violência, quando voltava para casa de um evento a apenas alguns quilômetros de distância. O perpetrador? Essa é a pergunta que ainda não tem resposta.

“Memória Viva” explora o legado da vereadora Franco através do prisma das ruas. Ele examina o vandalismo e a arte do graffiti que mantêm sua memória viva. À medida que as investigações continuam e mais um aniversário de sua morte se aproxima, as perguntas permanecem, mas as ruas não esquecem, e essa demonstração de amor e apoio reflete o impacto de Marielle nesta cidade ”.

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Em novembro de 2020, publicou o livro em língua portuguesa, Enquanto o Ódio Governava, a Rua Falava, que descreveu da seguinte forma:

“Jair Bolsonaro é uma das figuras mais conhecidas e desprezadas do Brasil. Sua ascensão à presidência, na onda trumpiana iniciada em 2016, inaugurou uma retórica política nunca ouvida publicamente no Brasil. Mas as ruas do Rio de Janeiro responderam com uma onda de pichações anti-Bolsonaro, representando a resistência anônima dos cariocas contra a ascensão do fascismo brasileiro. Este livro é uma extensão da exploração contínua do projeto Aerosol Carioca sobre o graffiti e o vandalismo no Rio de Janeiro. Seu objetivo é claro: servir como uma voz de resistência visual à violência e ao ódio que o Brasil sofre hoje. ”Em abril de 2021, ele escreveu seu último livro, uma homenagem a sua filha chamada 3085 Dias e Contagem .

“Nos primeiros 3.085 dias de minha filha”, disse ele, “escrevi centenas de anotações no diário sobre como era ser pai. Conforme os dias passavam, eu anotava as entradas em pedaços de papel soltos, páginas de cadernos, em conversas do WhatsApp e onde mais eu pudesse, para não perdê-los. À medida que as notas se acumulavam, percebi que, se não escrevesse este livro agora, as memórias que tanto desejava que Sophia carregasse com ela seriam esquecidas. Perdido no tempo. Durante uma sessão de escrita de duas semanas, sentei-me e tentei condensar aqueles oito anos de memórias nas entradas encontradas neste livro. ”

No dia 10 de outubro, Olivero saiu de um restaurante de classe média, bairro da Zona Norte da Tijuca. Segundo testemunhas oculares, enquanto ele caminhava pela rua Baltazar Lisboa , vários homens armados dentro de um Hyundai HB20 abriram fogo, atingindo-o na cabeça e no abdômen. Quando o corpo de bombeiros chegou ao local, ele já estava morto. A Polícia Civil do Rio de Janeiro abriu investigação de homicídio.

No dia 17 de outubro, um grupo de amigos protestou no local do crime, reiterando o mesmo que se fala em todo o mundo do assassinato ainda não resolvido de Marielle Franco: Quem mandou matar Leuvis Manuel Olivero?

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16
Out21

O paraíso fiscal e o inferno real de Paulo Guedes

Talis Andrade

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por Weiller Diniz

A anunciação do ministro Paulo Guedes foi a de um redentor milagroso, enviado para expiar os pecados econômicos na seita bolsonarista. Rapidamente desabou do paraíso para o inferno sem estagiar no purgatório. Intoxicado por uma ceia profana de dólares em uma “offshore”, num paraíso fiscal, Guedes terá de rezar muitas novenas para evitar a crucificação na diocese da economia, da qual sempre vocalizou um desapego insincero. Os US$ 9,5 milhões nas Ilhas Virgens Britânicas, o equivalente a R$ 52 milhões (mesmo valor das malas penitentes do contrito Geddel Vieira Lima), foram excomungados até mesmo na prelazia governista, erodida sistematicamente por sacrilégios éticos.

O silêncio dos confessionários, liturgia adotada nos primeiros dias após revelado o escândalo não empolgou os seguidores. A consequência da pregação herética foi a convocação dele nas duas Casas do Congresso Nacional. Na Câmara foram 310 votos para que Guedes purgasse suas blasfêmias no púlpito dos parlamentares. Dias depois, quando foi constrangido a sair da clausura para iluminar os fiéis incrédulos do bolsonarismo, em 8 de outubro, pontificou estar dentro da lei. Disse que se afastou da diretoria da empresa antes de assumir a capela bolsonarista. Confessou, inclusive, que perdeu dinheiro. Pobre alma, desviada pela avareza.

Profetizada por toda a paróquia, a legalidade evangelizada pelo ministro não convenceu, nem pela palavra, menos ainda pelo mau exemplo. Há muitas dúvidas quanto a outras heresias praticadas por ele nas trevas financeiras das Ilhas Virgens. Ao se afastar da diretoria da empresa, Guedes deixou de ser sócio ou acionista? Quem o sucedeu? Qual a atuação da sua mulher e filha, que são suas sócias? Fizeram investimentos? Obtiveram lucros a partir de decisões tomadas por Paulo Guedes? Além da legalidade, há outros questionamentos, morais e éticos, entre o céu e a terra.

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A Lei de Conflito de Interesses é tão peremptória quanto os cânones bíblicos: ministros estão proibidos de atuar em empresas que possam ser eventualmente beneficiadas por suas decisões no governo. Um dos pontos desse mandamento ético diz que é conflito de interesse “praticar ato em benefício de interesse de pessoa jurídica de que participe o agente público, seu cônjuge, companheiro ou parentes, consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, e que possa ser por ele beneficiada ou influir em seus atos de gestão”. O afastamento de Guedes da diretoria não redime o pecado, já que mulher e filha seguiram no comando da abadia milionária no paraíso das Ilhas Virgens.

Em julho desse ano, Paulo Guedes, ao apostolar sobre tributos, defendeu retirar do projeto de lei do Imposto de Renda a regra que taxaria recursos de brasileiros em paraísos fiscais: “Ah, porque tem que pegar as offshores’ e não sei quê. Começou a complicar? Ou tira ou simplifica. Tira. Estamos seguindo essa regra”, doutrinou o ministro no debate em evento organizado pelo altíssimo clero da CNI (Confederação Nacional da Indústria) e da Febraban (Federação Brasileira de Bancos). O patriotismo retórico de Guedes é renegado pelo comportamento infiel e descrente. Quem esconde empresas e valores em paraísos fiscais prefere rezar por cartilhas pouco ortodoxas e para santos de pau oco. Paraíso fiscal, majoritariamente, é a terra santa para o dinheiro sujo.

Enquanto se ajoelhava no milho da basílica buscando a benção para os dólares em paraíso fiscal, Guedes foi abençoado com lucros celestiais. Há um reluzente conflito de interesses entre a ganância e a gestão da economia brasileira. Mais do que o sacrilégio de deixar os recursos longe do Brasil, o reinado dele é apocalíptico para a economia brasileira. A inflação voltou ameaçadora e já se avizinha dos dois dígitos, realidade cruel desconhecida de muitas gerações. Até mesmo o bem-sucedido plano Real, que Guedes tanto excomungou em missas reservadas, responsável pela redenção inflacionária nas gestões Itamar Franco/Fernando Henrique Cardoso, está amaldiçoado.

Apresentado como a reencarnação da dádiva divina, Paulo Guedes sacralizou-se como o ícone do fracasso na Administração. O desemprego atingiu níveis infernais. Mais de 14 milhões de pais e mães de família não conseguem trabalho. A renda brasileira desabou e o real é uma das moedas que mais se desvalorizou no mundo. O Ministério da Economia virou um Éden estéril. A pasta assiste, genuflexa, a fome se expandir, a indigência crescer, a mendicância se alastrar, a fuga de investidores, o crescimento da dívida pública, a queda abrupta da renda per capita e um tombo histórico no ranking das economias mundiais. Mas há altares para consagrar orçamentos paralelos, cloroquinas, tubaínas e propinas. A vida dos brasileiros só piora. Um verdadeiro calvário.

A meta de zerar o déficit em um ano, assim como a maioria das prioridades da equipe econômica, eram pregações de um vigário incapaz, de um falso profeta. A ideia “luminosa” de iniciar a capitalização com os recursos do FGTS sublimou. As ambicionadas reformas administrativa e tributária agonizam na mesma proporção da queda da credibilidade do ministro. Guedes também perdeu na CPMF e no auxílio emergencial. Vítima de uma possessão diabólica, promete um paraíso econômico em “V”, virtual. Os Estados Unidos, cultuados pelo bolsonarismo até a era satânica de Donald Trump, está a 5 milhões de postos de trabalho para recuperar o nível de emprego antes da pandemia. A gestão Biden mostra um gráfico em “V” real.

Em um estudo da OCDE, o Brasil é o único em 30 nações analisadas a apresentar PIB negativo (-0,1%) na comparação entre os trimestres mais recentes. Enquanto Portugal, Reino Unido, Áustria apontam uma ascensão gloriosa (+ de 4%) e países da América do Sul registram perspectivas de crescimento acima de 1%, o Brasil desce às profundezas de maneira consistente rumo ao purgatório da miséria. Outra projeção, do Banco Mundial, mostra que o Brasil terá o pior desempenho da América Latina e do Caribe em 2022. Bahamas e Barbados crescerão acima de 8%, Bolívia, Colômbia, Argentina, Paraguai acima de 3% e o Brasil, na lanterna infernal da região, com estimativa de 1,7% de expansão.

As estimativas do Fundo Monetário Internacional sobre crescimento também foram revisadas para baixo em 2022. Reflexo da alta na taxa básica de juros, inflação elevada e desemprego. Cresce o endividamento das famílias e a fome ressurge como resultado do flagelo. O levantamento da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede PENSSAN) é obsceno. Quase 20 milhões de brasileiros declararam passar 24 horas ou mais sem ter o que comer. Mais de 25 milhões não têm segurança se irão se alimentar regularmente e já diminuíram a quantidade ou qualidade do que comem. Mais de metade do país (55%) sofre de algum tipo de insegurança alimentar (grave, moderada ou leve).

Guedes é mais um apóstolo ordinário entre os descaídos. É o ministro responsável pela ruína da economia que deveria proteger. Equipara-se aos demais anjos caídos do culto bolsonarista que fracassaram em outras paróquias da esplanada. O ex-ministro da Educação não sabia escrever, errava nas contas e escapuliu de maneira fraudulenta. O atual, cujo nome é ignorado, exorciza os centros do saber, as universidades. O ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, catequizava a destruição da natureza e é suspeito de contrabando de madeiras. O ex da Saúde, Eduardo Pazuello, e o atual, Marcelo Queiroga, profanam o santuário da Saúde em plena pandemia, condenando milhares de pessoas à morte.

Outros sacerdotes macabros completam a legião dos incapazes. Ernesto Araújo dessacralizou a diplomacia brasileira, outrora venerada. Na devoção servil ao bezerro de ouro acima dos trópicos ideologizou o Itamaraty e nos isolou do mundo com versículos xenófobos, negacionistas e terraplanistas. Outro idólatra da prelazia bolsonarista trapaceou, corrompeu a Justiça e o Ministério Público até ser recompensado com um altar dentro da seita maligna. Depois foi renegado pelos infames. Alma penada que não desapega. Ex-juiz e ex-ministro Sérgio Moro emporcalhou o Estado Democrático de Direito com pregações fascistas para alcançar a glória política. Ainda reza pela improvável ascensão.

O messias da destruição, da morte, do negacionismo e da mentira purgou ao abandonar a catedral do cercadinho do Alvorada e as celebrações ensaiadas para ir ao Santuário de Aparecida nas comemorações da padroeira. Jair Messias Bolsonaro foi xingado de “genocida”, “assassino”, “ladrão” e “lixo”. O arcebispo da cidade, Orlando Brandes, foi inclemente: “Para ser pátria amada, não pode ser pátria armada.

Para ser pátria amada seja uma pátria sem ódio. Para ser pátria amada, uma república sem mentira e sem fake news. Pátria amada sem corrupção… Mãe Aparecida, muito obrigado porque na pandemia a senhora foi consoladora, conselheira, mestra, companheira e guia do povo brasileiro que hoje te agradece de coração porque vacina sim, ciência sim e Nossa Senhora Aparecida junto salvando o povo brasileiro”.

Mesmo incinerado no submundo dantesco, Paulo Guedes, ainda praguejou. Disse estar “indignado” com as labaredas esconjurando seu tesouro nas Ilhas Virgens. Um monastério da candura financeira, mais puro que os desejos impuros das domésticas que insistiam em pecar na sublimação esbanjadora do dólar baixo: “todo mundo indo para a Disneylândia, empregada doméstica indo para a Disneylândia, uma festa danada”.

A riqueza dele também não paga os impostos para ajudar as bolsas ofertadas até para os filhos dos porteiros. Definitivamente, na subida aos céus ou na queda às profundezas, Paulo Guedes não divide o elevador de serviço com o brasileiro. Sempre irá pelo social. Guedes se regozijará no paraíso enquanto padecemos no inferno de mortes, dor e fome. Legado de uma legião demoníaca.

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01
Out21

Sobre médicos e monstros

Talis Andrade

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por Cristina Serra

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São estarrecedoras, mas não exatamente surpreendentes, as denúncias envolvendo a operadora de planos de saúde Prevent Senior. A suspeita de que há algo de podre na rede de hospitais da empresa abriu nova e necessária frente de investigação na CPI da Covid. 

Entre as irregularidades, estariam a prescrição abusiva de medicamentos e tratamentos ineficazes, sem que os pacientes e seus parentes tivessem sido consultados. As ilicitudes apontadas incluem ainda ameaçar os médicos de demissão para que receitassem esses remédios, e também fraude de suposta pesquisa científica, prontuários e atestados de óbito, o que resultaria em subnotificação de casos de Covid.

Tudo isso é grave, criminoso e cruel, mas se encaixa na lógica do modelo de negócio dos planos de saúde. Para capturar incautos, prometem mundos e fundos. Na prática, dificultam o acesso aos serviços, sobretudo se o paciente precisar de uma internação, um dos itens mais caros do setor. 

Mal ou bem, é assim que funciona. Mais mal do que bem, tanto que os consumidores frequentemente têm que recorrer à justiça para que muitas dessas arapucas cumpram o que já está nos contratos. Aí vem uma pandemia e o tal modelo de negócio implode porque, de uma hora para outra, milhares de clientes precisam dos leitos mais caros, em UTIs, e por muito tempo. 

No caso da Prevent Senior, voltada para o público idoso, o mais afetado nos primeiros meses da pandemia, não é difícil imaginar o estrago na margem de lucro. Daí para empurrar cloroquina goela abaixo dos pacientes e vender a ilusão de que eles poderiam se tratar em casa é um pulo.

Esse caso nos faz refletir sobre médicos e monstros e nos mostra que saúde não pode ser tratada como negócio. A alternativa, nós já temos. É preciso fortalecer e aumentar o investimento no Sistema Único de Saúde, o nosso SUS, porque saúde é direito humano e coletivo.

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01
Out21

Caso Prevent Senior: a omissão criminosa do CFM

Talis Andrade

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por Fernando Brito

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É inacreditável o silêncio do Conselho Federal de Medicina diante do escândalo provocado pelas denúncias das experiências macabras desenvolvidas na Prevent Senior.

É o mesmo conselho, recorde-se, que mobilizava médicos em todo o país para chamarem de charlatães os médicos cubanos que se dispunham a atender em regiões remotas, para onde médicos brasileiros não queriam ir e deixavam vagas ociosas.

Médicos – estes, sim, dignos da profissão – tiveram de buscar uma advogada para denunciar os abusos e, ironicamente, têm de se manter em quase anonimato – a CPI tem seus nomes – para que não venham a sofrer represálias da entidade de classe.

Por iniciativa do Senador Rogério Carvalho, ele próprio médico – a CPI pediu ao Ministério Público, à Polícia Federal e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (sob cuja autoridade estão os planos de Saúde) que abram investigações.

O que é isso?

O Conselho Federal, sem nenhum base científica e sob a oposição de quase todas as sociedades médicas de especialidades relacionadas a doenças infectocontagiosas, respaldou, desde o início, o charlatanismo do kit covid. Mais de um ano após estas substâncias terem sido marcadas como ineficazes e eventualmente perigosas por pesquisadores do mundo inteiro, o CFM mantém a legitimação de sua prescrição em nome da “liberdade médica” para agradar Jair Bolsonaro.

Houve “liberdade médica” para aqueles que resistiram a prescrever poções ineficazes a seus pacientes e foram perseguidos e demitidos por isso? É “liberdade médica” omitir a Covid nos atestados de óbito de pacientes, por interesses políticos? Ou será que é de liberdade que se fala ao retirar pacientes de Unidades de Terapia Intensiva e coloca-los para morrer em leitos mais “baratos”?

Os médicos do Brasil estão, com toda a razão – chocados e indignados com o que está vindo a público. Mas isso não basta, é preciso que se mobilizem para, no mínimo, fazer o Conselho Federal de Medicina sair de sua posição cúmplice neste caso.

A CPI está fazendo com que a podridão desta história venha à tona. Mas é preciso que a categoria médica não se escude num corporativismo tolo e não questionar o seu Conselho.

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04
Set21

Independência ou morte

Talis Andrade

 

por Miguel Paiva /Jornalistas pela Democracia

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Escrevo este texto antes do dia 7 de setembro, o maior enigma político dos últimos tempos. Racionalmente e até com um certo desejo achamos que não vai acontecer nada, mas no fundo todos temos medo, não aquele medo que paralisa, mas o medo da quebra total de regras por parte da direita que quer ver o circo pegar fogo, literalmente.

Para este governo e para a ideologia que o acompanha isso é normal. Não há nada a construir nem mesmo a candidatura do presidente para 2022. Ele sabe que não terá fôlego e, portanto, só sobrevive com o golpe, e golpe hoje em dia tem um significado muito mais complexo. O bolsonarismo aposta na morte. É da morte que ele se alimenta apesar disso se parecer um paradoxo já que morte é fim. Mas várias mortes juntas, a morte como filosofia, acaba fornecendo o que eles querem. 

O fascismo sempre viveu dessa ideologia. Acabar com a política, com os políticos, com os pobres, com as minorias, enfim, com tudo para que o tirano possa governar com suas milícias de estimação impondo a morte como filosofia e como punição para os incautos opositores.

Mas a morte morre cedo. A morte não resiste ao instinto de sobrevivência das pessoas. Por mais que assuste por não entendermos o que acontece depois, se é que acontece, queremos distancia dela. Desde quando damos o nosso primeiro respiro queremos dar o próximo. 

Viver é instintivo para a maioria das pessoas, mas o instinto de morte, a ideologia da morte assusta e acaba arrebanhando seguidores que encaram a morte como solução, desde que seja a morte do próximo e não a sua. É uma espécie de loteria constante como filosofia de vida. Para quem não tem dinheiro essa acaba sendo mesmo uma saída. Acreditar em Deus, na loteria e no caso, no presidente enquanto ele não te escolher para o sacrifício divino. Somos todos cordeiros de Deus em potencial esperando o chamado para o juízo final em Brasília ou o sacrifício em qualquer viela de Rio das Pedras pelas mãos da milícia. 

Este é o medo que estabelece regras. Mesmo não durando, e a História está aí para provar, ele causa muitos estragos. Perdemos um tempo social irremediável. Andamos anos para trás e retomar o caminho tem um custo muito alto. Mesmo que Lula vença as eleições, o trabalho será enorme, mas a vontade de trabalhar também. Sair fora deste ambiente mórbido e perverso vai criar automaticamente uma alegria de viver. Reconstruiremos a vida no Brasil com prazer, passando pelo trabalho, pela saúde, pela cultura e pela liberdade de viver, não de comprar fuzil e não tomar vacina. 

Venceremos a Covid como seria normal em um país democrático e não teremos mais medo de festejar nas ruas. Por enquanto vamos para as ruas defender esse sonho que está ameaçado. E que as ruas voltem a ser palco de festas e não campo de batalhas como eles querem.

 

21
Fev21

“Temos descontrole absoluto de armas em circulação no país”

Talis Andrade

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Na véspera do Carnaval, o governo federal publicou quatro decretos que aumentam o acesso a armas e munições no Brasil. Questionados no STF, os decretos se somam a mais de 30 normativas editadas desde o início do governo Bolsonaro que flexibilizam o acesso a armas de fogo e fragilizam seu controle no país. “Hoje o que a gente tem é um descontrole absoluto das armas de fogo em circulação e isso coloca a sociedade em risco”, avalia Melina Risso, especialista em segurança pública e diretora de projetos do Instituto Igarapé, em entrevista à RFI.

Os quatro decretos publicados na edição extra do Diário Oficial da União na noite de sexta-feira (12) ampliam de quatro para seis o número de armas que o cidadão comum pode ter. O limite para policiais, juízes e membros do Ministério Público agora será de oito armas. Atiradores passam a poder adquirir até 60 armas sem necessitar autorização do Exército, e caçadores, 30. As medidas também elevam de 2 mil para 5 mil a quantidade de munições que pode ser adquirida por essas categorias.

Melina Risso situa os últimos decretos na agenda armamentista do presidente Jair Bolsonaro, que, desde 2019, publicou mais de 30 normativas que reduzem os critérios para a compra de armas de fogo e fragilizam o controle.

“A lei sempre estabeleceu mecanismos de controle para a posse e porte de armas. Hoje o que a gente tem é um descontrole absoluto das armas de fogo em circulação e isso coloca a sociedade em risco”, avalia.

As regras alteram o Estatuto do Desarmamento, em vigor desde 2003, em três eixos: a facilitação do acesso às armas, a liberação de armas com maior poder de fogo e o enfraquecimento do controle.

“Por um lado, ele tem fragilizado os critérios para que as pessoas possam ter armas. Reduzindo os atestados ou permitindo que o atestado seja dado por um instrutor de tiro, por exemplo. As pessoas não precisam mais ir a um psicólogo registrado na Polícia Federal, qualquer psicólogo pode dar um atestado de capacidade”, detalha Risso.

Ela destaca o grande aumento na permissão de armas para a categoria de caçadores, atiradores e colecionadores. “O acervo dessa categoria que estava registrada no Exército em dezembro de 2020 era de 556 mil armas. Essa categoria vem crescendo de maneira muito significativa, de 2019 para 2020, o número de novas armas registradas cresceu 110%”, cita.

“Como essa categoria tem um privilégio de acesso a armas, ela precisa de muito mais fiscalização. Já tivemos diversos casos investigados de fraude na concessão do registro de caçadores, atiradores e colecionadores e também prisões de pessoas que têm esse registro por desvio de armas para organizações criminosas. No entanto, o investimento no controle dessa categoria feito pelo Exército não acompanhou o crescimento da categoria", sublinha.

Em outro nível, as mudanças ampliam o tipo de armas a que essas pessoas têm acesso. “Armas que eram antes proibidas passam a ser permitidas, aumentando o poder de fogo das armas em circulação e colocando inclusive em risco as forças de segurança”, afirma a especialista em segurança pública.

Falta de controle beneficia criminosos

Por último, a redução dos mecanismos de controle inquieta a diretora de projetos do Instituto Igarapé.

“Você tinha por exemplo que registrar sua arma a cada cinco anos, agora isso passou para a cada dez anos, então você fica um período muito maior sem o controle deste armamento, sem saber se as pessoas continuam com as mesmas condições anteriores de possuírem uma arma. Outra questão, por exemplo, é permitir que clubes de tiro possam fazer o recarregamento das munições. Quando você faz o recarregamento da munição, você perde a capacidade de fazer o rastreamento dela.”

O risco implicado, explica Risso, é impedir a resolução de crimes. Diversas entidades defendem há anos a redução dos lotes de registro de munição, para aumentar o poder de investigação das polícias.

Ela lembra o caso do assassinato da vereadora Marielle Franco, cuja munição foi desviada de um lote de munições comprado pela Polícia Federal. “Este lote tem 2 milhões de munições, então ele foi dividido em muitas vezes e eu não tenho como rastrear de onde essas munições saíram. Um lote pequeno permitiria rastrear com muito mais precisão os canais de desvio”, diz.

“Isso só privilegia as pessoas que não seguem as regras, os criminosos e o crime organizado”, finaliza a especialista.

Armas em alta, homicídios em alta

O impacto dessas alterações já pode ser percebido nos números de registros desde 2019. Foram 273.835 novas armas registradas no Brasil nos primeiros dois anos de governo Bolsonaro, quase o triplo do biênio anterior, de acordo com levantamento da BBC Brasil.

Em 2020, o número de homicídios no país cresceu 5%, chegando a quase 44 mil mortes violentas, “mesmo em um ano de pandemia, em que a gente tinha uma situação muito diferente de mobilidade”, nota Risso.

Ainda não é possível estabelecer uma relação de causa e consequência entre esses dados, mas estudo anterior, feito pelo Ipea em 2013, mostra que o crescimento de 1% no número de armas em circulação tem um impacto de até 2% de crescimento no número de homicídios no país.

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