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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

24
Ago22

Schwarcz: Bolsonaro receber coração de D. Pedro como dignitário é palhaçada

Talis Andrade

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Lilia Schwarcz é historiadora, antropóloga e escreveu livros sobre Dom Pedro e a Independência do Brasil. Ela participou do UOL Entrevista hoje e criticou a chegada do coração de Dom Pedro ao Brasil: "Cultura mórbida", disse. Schwarcz criticou o presidente Jair Bolsonaro (PL) por receber o órgão como se ele representasse um "dignatário" (indivíduo que exerce um cargo elevado ou goza de um título proeminente).

 

O que ninguém comenta é o quanto isso vai custar, porque o coração vem e volta. Quanto vai custar esse empréstimo? E queria perguntar o que significa isso.

Lilia Schwarcz, historiadora

 

"Agora a assessoria de imprensa do governo e o Ministério das Relações Exteriores dizem que é como se significasse a presença de Dom Pedro no Brasil. Não é nada disso. É um coração mantido em formol, e vai ser uma palhaçada Bolsonaro aguardar o coração como se fosse um dignatário [dignitário].

"E precisamos perguntar que noção de história é essa. Uma história parada no tempo, morta, detida em órgão falido do corpo de um imperador. E um imperador que começou muito popular, mas, no momento em que saiu do Brasil, era profundamente impopular", opinou Schwarcz.

Bolsonaro quer posar como Dom Pedro com atos de 7 de setembro, diz Lilia Schwarcz

 

Ao citar os atos programados para 7 de Setembro, a historiadora alertou que Bolsonaro "quer posar como Dom Pedro" nos gestos e atitudes.

"Ele quer se apresentar como Dom Pedro. De que maneira? Dom Pedro foi obrigado a dar golpe em seu pai, Dom João VI, para garantir a independência e a soberania do Brasil por um bem maior. O que fará Bolsonaro? A mesma coisa. Vai ter que dar golpe para garantir o verdadeiro destino do Brasil, que não será entregue aos comunistas, segundo a liturgia bolsonarista".

Dessa forma, segundo Schwarcz, o coração de Dom Pedro será utilizado para conturbar o ambiente eleitoral do Brasil.

"Bolsonaro tem três objetivos: ser reeleito, suavizar a atmosfera de crise econômica com a 'PEC Kamikaze' e quer se impor como líder para seus fiéis seguidores. Ele quer conturbar o cenário eleitoral. Ele fará muito discurso antidemocrático e falará mal do processo eleitoral. O objetivo é conturbar e, nesse sentido, ele vai conseguir", concluiu.

Manifestações de 7 de setembro serão alimento para apoiadores de Bolsonaro, diz Lilia Schwarcz

Para a antropóloga, na mesma data do ano passado o efeito simbólico acabou não sendo o esperado por parte do presidente Jair Bolsonaro, porque a imagem que acabou sendo referência foi a do tanque de guerra do exército brasileiro soltando fumaça, sem o impacto de demonstração de força que seria o esperado.

" A festa e o ritual eles não impedem o choro, eles fazem chorar. Qual é o objetivo? É formar uma comunidade de emoção, uma comunidade de sentidos, uma comunidade que comunga juntamente. Mas ela, para comungar, é preciso que ela seja muito perfeita na ritualística senão ela funciona, não encanta. Em 2021, a imagem que ficou foi daquele tanque soltando fumaça preta".

Parada militar da República das Bananas. Por Amarildo LimaDesfile Militar de Jair Bolsonaro Vira Meme Nas Redes Sociais

 

A especialista afirma que, desta vez, no entanto, Bolsonaro vai querer fazer diferente e construir uma data que cause mais impactos e tumultue o cenário eleitoral. Mas ela diz não ser possível ainda identificar se esses impactos terão algum tipo de efeito nas eleições.

"Eu penso que ele vai tentar caprichar na festa, vai tentar caprichar nos efeitos, na eficácia simbólica da festa-ritual. E vai conturbar o ambiente, esse é o objetivo! A gente tem que sempre pensar quais são os objetivos para saber se eles vão ser cumpridos, se esse for o objetivo, eu quero crer que ele terá grande sucesso. Se isso terá impacto nas eleições de outubro, já é outra conversa, mas que impacto terá e que isso é alimento para os fiéis seguidores do 'mito' eu penso que sim, será um grande alimento".

Em virtude das comemorações do bicentenário da independência, a Companhia na Educação promoverá a live “O mito do 7 de setembro: uma visão crítica do bicentenário” com Carlos Lima Jr., Lilia M. Schwarcz e Lúcia K. Stumpf, autores do livro "O sequestro da Independência" (2022).

Pelo caráter educativo e crítico da história brasileira, a intenção dos autores nessa conversa é compartilhar com educadores de todo o país uma visão processual e multifacetada – balizada na análise de diferentes fontes históricas, mas principalmente imagens – acerca da independência do Brasil, datada de 7 de setembro de 1822.

Não perca! Aproveite para compartilhar com estudantes, coordenadores pedagógicos e professores de História, Arte e Humanidades. Essa é mais uma oportunidade para potencializar os conhecimentos e análises interdisciplinares.

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24
Ago22

Diplomacia vê vexame em país tratar pedaço de Pedro 1º como chefe de Estado

Talis Andrade

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por Leonardo Sakamoto /UOL

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O Brasil passa vergonha por tratar um pedaço do corpo de seu falecido imperador com honras de chefe de Estado, como se ele estivesse vivo. Essa é a avaliação de experientes embaixadores e ministros do Ministério das Relações Exteriores ouvidos pela coluna em condição de anonimato. O Itamaraty afirmou, em nota à imprensa, que fará um evento para o coração no formol de Pedro 1º com a presença de representantes de outros países.

"Amanhã, dia 23 de agosto, o coração será recebido no Palácio do Planalto e, em seguida, haverá cerimônia, no Palácio Itamaraty, com a presença do corpo diplomático estrangeiro", diz a nota. Isso ecoa a desastrada palestra contra o sistema eleitoral brasileiro que o presidente Jair Bolsonaro proferiu a embaixadores, no Palácio do Planalto, no dia 18 de julho.

O governo federal pediu emprestado o coração de Pedro 1º a Portugal, onde está preservado em formol desde 1834, para as celebrações de 200 anos da Independência. O seu corpo está sepultado na cripta imperial, que fica no Monumento à Independência, próximo ao Museu do Ipiranga, em São Paulo, junto com os restos mortais de suas esposas, Leopoldina e Amélia.

Termos como "absurdo", "vexame", "perplexo" e "gasto inútil de dinheiro público" foram usados pelos diplomatas ouvidos pela coluna para comentar a declaração do ministro Alan Coelho de Séllos, chefe do cerimonial do Itamaraty.

"O coração será recebido no Brasil como chefe de Estado, e será tratado como se Dom Pedro I fosse vivo entre nós, não é? Portanto, ele será objeto de todas as medidas que se costumam atribuir a uma visita oficial, uma visita de Estado, de um soberano estrangeiro, no caso de um soberano brasileiro ao Brasil", disse Séllos, em registro do G1.

Mesmo com o toque de Idade Média que a campanha eleitoral vem ganhando nas últimas semanas, tratada como guerra santa e cruzada pelo presidente e parte seus aliados e seguidores, ainda soa distópico o Brasil de 2022 tratar uma relíquia, um pedaço do corpo de um personagem histórico, como um chefe de Estado.

Isso sem contar os altos custos que o deslocamento disso impõe em um momento em que o país deveria ter outras prioridades.

O órgão chegou a Brasília, nesta segunda (22), sem um propósito educacional ou histórico, como uma tentativa do governo de usar politicamente a data em meio à campanha pela reeleição de Bolsonaro. Vai atrair curiosos, da mesma forma que sangue na TV também atrai. O coração ficará exposto para visitação pública de 25 de agosto a 5 de setembro.

Um dos diplomatas citou à coluna que no Decreto 70.274, de 9 de março de 1972, publicado na ditadura militar e assinado pelo general Médici, seguido pelo Itamaraty para cerimoniais, não há previsão de que um coração no formol seja tratado da mesma forma que o governante de outro país.

Destaca que o capítulo 7 trata das cerimônias e honras fúnebres em caso de óbito do presidente da República, o capítulo 8, de outras autoridades civis e militares brasileiras e o 9, de falecimento de chefe de Estado estrangeiro, e o 10, de falecimento de chefe de missão diplomática estrangeira.

Mas todos dizem respeito a mortes ocorridas no presente, e não há quase 188 anos.

24
Ago22

Viagem do coração de D. Pedro I de Portugal para o Brasil; cientistas protestam

Talis Andrade

O coração de D. Pedro I saiu da cidade do Porto, em Portugal, na noite de domingo (21) e chegou a Brasília na segunda-feira (22). O governo brasileiro pediu a relíquia emprestada para as comemorações dos 200 anos da Independência, mas a autorização para o traslado desagradou muitos cientistas.

A viagem vai ser feita pela Força Aérea Brasileira. A primeira parada é no Palácio do Planalto. "O coração do nosso D. Pedro será recebido com honras de chefe de Estado, com salvas de canhão e escoltado pelos Dragões da Independência, ficará fora cerca de 20 dias, mas vai regressar com mais reconhecimento e admiração por parte do povo brasileiro", afirmou Rui Moreira, presidente da Câmara Municipal do Porto, que equivale à prefeitura da cidade.

Em seguida, o órgão vai para o Palácio do Itamaraty e fica em exibição até as comemorações do bicentenário. A viagem de volta para a cidade do Porto está marcada para o dia seguinte, 8 de setembro.D.Pedro I retirada crânio

As negociações para o empréstimo do coração levaram cerca de quatro meses e envolveram o governo português, a Câmara do Porto e representantes da Irmandade da Lapa, entidade religiosa que guarda a relíquia.

O parecer positivo para a viagem só ocorreu depois que uma equipe de peritos avaliou as condições do órgão e garantiu que não haveria riscos. Os profissionais exigiram que o transporte seja em um ambiente pressurizado. Rui Moreira vai viajar acompanhando o coração, mas todos os custos e medidas de segurança são responsabilidade do governo brasileiro.

 

Reações contrárias

 

Desde que o  pedido do empréstimo foi divulgado, vários intelectuais, nos dois países, se manifestam contra. Para a arqueóloga e historiadora brasileira Valdirene Ambiel, a viagem é um desrespeito à memória de D. Pedro I e pode ser instrumentalizada como propaganda política.

“Em 1972 foi quando o corpo de D. Pedro foi trasladado para o Brasil, lamentavelmente foi usado de maneira política, durante o regime militar”, diz a historiadora à RFI. “O bicentenário é um evento muito importante, mas, acima de tudo, nós brasileiros temos que nos preocupar com a reflexão sobre a nossa independência. Não que a figura de D. Pedro tenha que ser esquecida, jamais, nem a importância dele para esse país”, completa.

Para as comemorações dos 150 anos da independência, o então presidente militar, general Emílio Garrastazu Médici, coordenou o traslado do corpo de D. Pedro I de Portugal para o mausoléu do Monumento à Independência, em São Paulo, à margem do simbólico rio Ipiranga.

 

O que eu observei 40 anos depois, em 2012, é que não houve respeito pelo ser humano, pelo estado em que encontrei o corpo de D. Pedro”, diz Valdirene Ambiel.

 

A historiadora desenvolve um estudo baseado em análises dos restos mortais do imperador e das imperatrizes Leopoldina e Amélia, que também estão no mausoléu. “A condição dessa edificação é péssima. A última vez em que estive no espaço foi pouco antes da pandemia e a umidade no local era deplorável”.

Para a historiadora, além de um “desrespeito à dignidade” de D. Pedro I, o pedido do coração é um gasto de dinheiro público desnecessário.

“Eu, como cidadã brasileira, no momento complicado do nosso país, inclusive para nós da área científica, que temos cortes muito grandes de pesquisa há muitos anos, não vejo razão para que haja gasto de dinheiro público com esse transporte. Acredito que se nós tivéssemos mais investimento não apenas na ciência, mas principalmente na educação de base, seria fundamental e inclusive uma homenagem a D. Pedro, que foi quem reconheceu a profissão de professor nesse país”.

 

Exposição inédita

 

Mesmo com as controvérsias, a viagem do coração também vai garantir uma oportunidade inédita para que a população da cidade do Porto veja o coração de perto. A relíquia fica armazenada em um vaso de vidro com formol, numa urna trancada por cinco chaves, dentro de um cofre, na Igreja da Lapa. Neste fim de semana que antecede o embarque para o Brasil, o coração vai ficar em exposição ao público pela primeira vez, no salão nobre do prédio.

Para isso, foi construída uma vitrine especial, com proteção para o caso de quedas. A montagem da instalação levou em conta a altura média de brasileiros e portugueses, e o coração vai ficar posicionado como se estivesse no lugar correto dentro de um corpo humano.

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Vai haver ainda um esquema de segurança para evitar aglomerações próximas da vitrine e presença permanente de policiais. Quando o coração chegar de volta ao Porto, no dia 9 de setembro, vai haver mais um final de semana de exposição e uma cerimônia de encerramento para guardar novamente a relíquia no cofre.

08
Jun22

De onde vem a fúria bolsonarista com as mulheres?

Talis Andrade

 

Assassinatos covardes de 22 moças, estudantes com idades entre 21 e 35 anos, pela repressão, nos porões da ditadura militar, inspira a misoginia de uma fina-flor de impotentes

 

 

por Homero Gottardello /Jornalistas 

Covardia é o traço mais imundo, a característica mais sórdida dos regimes de exceção. A forma com que o alienado planaltino tratou uma repórter na tarde desta segunda-feira, em Guaratinguetá, na frente de meio mundo, dá o tom da deformidade que tomou o país. Filhote da ditadura militar, o criado de Donald Trump – por falar nele, que fim será que teve? – é o atual defensor de seu aspecto misógino, uma anormalidade expressa no número de moças com idades entre 21 e 35 anos que foram mortas nos porões da repressão, sob a alegação de serem agentes da luta armada. Mulheres “perigosíssimas” capazes de colocar as Forças Armadas em alerta permanente.

Com seus cadernos, estojos e livros, representavam uma ameaça à segurança nacional e, em razão disso, 22 delas foram torturadas e estupradas, trucidadas por gente sádica, indigna, que hoje inspira a fina-flor do bolsonarismo em seu androcentrismo – um comportamento que Freud explica pelo viés da impotência. As estudantes Catarina Helena Abi-Eçab (morta com um tiro na cabeça aos 21 anos), Aurora Maria Nascimento Furtado, de 26 anos (morta sob tortura com queimaduras, cortes e hematomas generalizados, além de um afundamento no crânio de 2 cm por ter sido subjugada à “coroa de cristo”), e Helenira Resende, morta aos 28 anos (metralhada nas pernas, presa e torturada até a morte), cujo corpo nunca foi localizado – são apenas três exemplos. Mas a perseguição se estendeu a outras categorias.

 

O que se nota hoje, passados quase 50 anos do período, é que os DOI-CODIs da vida não deram conta de combater o crime organizando nascente, durante a década de 70, mas usaram de mão-de-ferro contra costureiras e até mesmo donas de casa, como Dona Labibe Elias Abduch, de 65 anos, morta com um tiro no peito, na Cinelândia, Centro do Rio de Janeiro, sem que nunca ter pisado em um sindicato, sem ter filiação partidária ou qualquer ciência sobre organizações de esquerda. Para evitar a implementação de uma “ditadura do proletariado”, a repressão assassinou – oficialmente – 434 pessoas, 56% delas jovens com menos de 30 anos de idade.

A comerciária Maria Ângela Ribeiro é outra vítima deste ódio pelas mulheres, que foi reavivado e, agora, pode ser percebido nos mais simples gestos do bolsonarismo. Também foi morta a tiros, também no Centro do Rio de Janeiro, apenas por estar lá, no dia 21 e junho de 1968, quando policiais cercaram os transeuntes e avisaram que atirariam para matar. Cumpriram sua palavra e lá tombou Maria Ângela: sem culpa, sem motivo, sem saber porquê.

A perseguição a estudantes e camponeses foi implacável, mas os maiores criminosos do país flanaram livremente, durante o período da repressão política. De modo que na lista de mortos pela ditadura militar não constam os nomes de Francisco da Costa Rocha, o “Chico Picadinho”; Luiz Baú, o “Monstro de Erechim”; João Acácio Pereira da Costa, o “Bandido da Luz Vermelha”, ou José Paz Bezerra, o “Monstro do Morumbi”. Os investigadores do DOPS também não foram páreo para Pedro Rodrigues Filho, o “Pedrinho Matador”, cuja pena pelos crimes cometidos durante o período da “redenção” já somava quase 130 anos, em 1973.

Caçada impiedosa

Daí, a incompetência para capturar assassinos em série foi compensada pela caçada impiedosa a jovens inofensivas, como a empregada doméstica Íris Amaral, de 26 anos, morta a tiros durante uma operação contra a Ação Libertadora Nacional (ALN). Íris nunca fez parte da organização política, mas, por azar, estava passando pela estrada Vicente de Carvalho, no Irajá, justamente na hora em que agentes do DOI-CODI abriram fogo em via pública, sabe-se lá contra quem. No caso da camponesa Margarida Maria Alves, cuja luta contra os latifundiários paraibanos à frente do sindicato local, na “metrópole” de Alagoa Grande, sabe-se que o tiro no rosto que ela levou na porta de casa, de um jagunço armado com uma calibre 12, teve como motivação sua luta pelos direitos trabalhistas – é que os trabalhadores rurais eram vistos como uma ameaça comunista pelo regime, da mesma forma que os índios, hoje, o são.

Mirando sua brutalidade contra pessoas notadamente indefesas, a repressão dos anos de chumbo brasileiros é o ponto máximo da patifaria estatal. Da mais alta patente aos praças, dos delegados aos legistas, dos agentes de inteligência aos alcaguetes, reinou um medo absoluto da bandidagem verdadeira, um temor da marginália “de raiz”, um pavor da pistolagem que pode ser constatado pela omissão do estado policial em relação ao narcotráfico e a consolidação do crime organizado no Brasil, durante os anos 70. O fracasso na inibição destes grupos foi tão flagrante quanto o das Primeira e Segunda Repúblicas em relação ao cangaço. E, se herdou do Estado Novo os instrumentos de perseguição política que puseram fim ao banditismo no sertão, a ditadura falhou no combate a grupos como a Falange Vermelha, focando no elo mais fraco e fácil de se romper da cadeia: a militância estudantil e suas jovens ativistas – covardia pura.

A imagem do corpo da professora Maria Regina Lobo Leite de Figueiredo, executada sem que oferecesse resistência à prisão, é uma das mais chocantes fotografias do período de trevas em que o país esteve mergulhado. Para além da tortura, moças vulneráveis, desvalidas, não foram apenas apagadas, mas massacradas, fulminadas com uma ira que diz muito sobre seus algozes. Gente desumana investida do poder público, homens de uma crueldade doentia, de uma morbidez vil, de uma atrocidade aberrante que, neste instante, serve de exemplo para milícias digitais e grupos paramilitares armados, a massa depravada do bolsonarismo. O aumento dos ataques dessa malta às mulheres, bem como sua extensão a negros, índios e homossexuais, é um indicador alarmante de normalização da selvageria e da barbárie. Um país onde os homens não respeitam as mulheres não pode ser reconhecido como nação e um sujeito que agride uma mulher, se aproveitando da condição de ter mais força do que ela, não pode ser admitido como homem.

Ou damos um basta nisso ou vamos todos levar a pecha da ginofobia, do desprezo e da aversão às mulheres. Se os brasileiros elegeram um poltrão, cabe ao próprio povo sua destituição. (Publicado em 21 junho de 2021)

Feminicídio no Brasil - Blog do Ari Cunha

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