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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

O CORRESPONDENTE

30
Ago23

As famílias de SP que moram em microcasas para escapar da vida nas ruas

Talis Andrade
Barracas com moradores de rua embaixo do MinhocãoBarracas enfileiradas surgiram embaixo do Minhocão, em São Paulo
 
  • por Katy Watson
  • BBC 

O Minhocão é um dos pontos mais famosos de São Paulo. Uma via elevada que serpenteia o centro da cidade, desenhando um caminho entre prédios populosos.

A via, que tem o nome oficial de Elevado Presidente João Goulart, faz parte do sistema que conecta o leste ao oeste da cidade.

Por mais que domine a cidade pelo seu tamanho, o Minhocão também abriga um número crescente de pessoas.

Abaixo da via elevada, cada vez mais famílias sem-teto erguem suas tendas, expulsas das suas casas pelo aumento dos aluguéis.

Muitos outros têm de se contentar com cobertores que lhes são entregues pela prefeitura.

No inverno, fica mais difícil a cada dia.

As autoridades de São Paulo estimam que cerca de 34 mil pessoas estejam dormindo nas ruas em 2023, enquanto números da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) estimam em cerca de 50 mil.

A população sem-teto aumentou mais de 31% desde a pandemia e o número de famílias que dormem na rua aumentou 111% no mesmo período, segundo a prefeitura.

Com um número crescente de pessoas precisando de ajuda, as estratégias tradicionais de cozinhas comunitárias e abrigos estão aquém do esperado.

Portanto, este ano a cidade apresentou uma nova solução temporária: a microcasa.

A primeira vila de microcasas foi construída próxima às margens do Rio Tietê, no bairro do Canindé, na zona norte da capital Paulista.

Lar de uma das primeiras favelas de São Paulo, hoje o local abriga cerca de 20 famílias, cada uma morando em uma caixinha que parece um contêiner e mede 18 m².

Uma praça com um parquinho para crianças dá um ar comunitário ao local. As crianças brincam enquanto os pais, sentados em bancos, as observam.

O objetivo é construir mil casas desse tipo em toda a cidade até o final do ano, abrigando 4 mil pessoas.

“É uma forma de cuidar das pessoas a partir do conhecido conceito internacional housing first (moradia primeiro, em tradução livre), oferecendo habitação como o primeiro passo para ajudá-las a se reerguerem”, explica Carlos Bezerra Júnior, secretário de Assistência e Desenvolvimento Social da Prefeitura de São Paulo, responsável pelo projeto.

Daniela Martins, de 30 anos, apresenta sua microcasa.

Ela divide a cama de casal com o marido Rafael, de 32 anos, e a filha Sofia, de 4 anos. Na parede oposta, há um berço para o bebê Henri, de 3 meses.

A cozinha de canto tem um pequeno fogão, uma pia e uma geladeira. Ao lado, fica um banheiro simples.

A pandemia de covid-19 atingiu duramente a família. Rafael perdeu o emprego como vendedor e o trabalho de Daniela como faxineira acabou.

Eles viveram em um abrigo por oito meses antes que essa oportunidade surgisse.

“Este é um lugar onde estamos tentando voltar a viver em sociedade, a sermos humanos de novo, sabe?”, diz Rafael. “Queremos apenas uma vida normal. Muitos empregadores pensam que as pessoas que vivem em abrigos são pessoas más”.

O estigma que acompanha a perda de uma casa torna muito mais difícil a recuperação de uma família, dizem especialistas de instituições de caridade para moradores de rua.

“Tradicionalmente, quem vive nas ruas é em sua maioria homens, com alguns problemas mentais e familiares”, diz Raquel Rolnik, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo.

“Agora, estamos falando de famílias inteiras vivendo nas ruas. Então, claramente a questão é habitação. E a ideia de que a administração municipal está se mobilizando para abordar o tema é uma boa notícia”.

No entanto, diz ela, as microcasas não são a solução perfeita.

“Há muitas críticas ao formato, à concentração de casinhas agrupadas no mesmo local, formando guetos”, explica.

Ela critica a falta de planejamento urbano e pensa que poderia ser feito um melhor uso das habitações já existentes — muitas vezes abandonadas —, para torná-las também habitáveis.

O Brasil é um país famoso por sua desigualdade e imensas favelas. Mas mesmo nelas — grandes áreas de habitações improvisadas construídas frequentemente por posseiros — tornaram-se inacessíveis para muitos.

“Claro que é grátis para o primeiro que ocupa, mas não é grátis para o segundo, para o terceiro ou para o 10º”, afirma Raquel Rolnik, referindo-se à moradia nas favelas.

“Eles também se baseiam em atividades comerciais – uma atividade que fornece o que não é entregue no mercado formal. E isso num contexto de total ausência de uma política habitacional”.

A segunda maior favela de São Paulo chama-se Paraisópolis, nome que a moradora Eliane Carmo da Silva, que mora em um quarto apertado com mofo crescendo nas paredes, considera irônico.

A casa dela fica num pequeno beco fora da avenida principal, no piso térreo, com pelo menos mais dois andares construídos de maneira improvisada acima dela.

Eliane e o marido pagam R$ 350 por mês por um espaço suficiente para abrigar uma cama de casal, um fogão e uma geladeira.

Esse valor é mais do que eles podem pagar atualmente. A neta deles, Rennylly Victoria, tem uma doença cardíaca, e o pouco que ganham vai para a medicação que a mantém viva.

Embora o proprietário seja compreensivo, está cada vez mais difícil sobreviver, apesar de receberem alimentos e ajuda de instituições de caridade locais.

“Este mês, tivemos que usar o dinheiro do aluguel para comprar os remédios”, explica Eliane, acrescentando: “Nunca vou deixá-la morrer”.

Ela também não deixará sua ambição morrer. “No momento, pagar o aluguel não nos permitiria sobreviver. Sem doações, as coisas seriam incrivelmente ainda mais difíceis”, diz ela.

"Meu sonho é ter minha própria casa, é claro - trabalhar para ganhar dinheiro e avançar."

30
Ago23

'Invisíveis até na morte': a luta de um morador de rua para evitar que sua mulher fosse enterrada como indigente

Talis Andrade
 
Cláudio Oliveira diante de cova da ex-companheira em Fortaleza
Diante de cova de ex-mulher em Fortaleza: corrida contra o tempo pelo direito de reconhecer e sepultar o corpo. Foto Marília Camelo

  • Thays Lavor
  • De Fortaleza para a BBC News

 

"Eu cuidava dela, a gente ia se cuidando. Todo dia penso na Ana Paula, não é fácil perder o amor da gente", lamenta o cearense Cláudio Oliveira, de 48 anos, em meio a garrafas velhas e uma barraca de camping numa praça de Fortaleza.

Cláudio e Ana viveram juntos por 22 anos nas ruas da capital do Ceará. Moraram em oito praças da cidade e criaram quatro cachorros.

A relação selada na rua, no entanto, não deu a Cláudio o direito legal de reconhecer o corpo da companheira, que morreu há quatro meses.

A perda levou Claudio a protagonizar uma corrida contra o tempo, em busca de poder reconhecer e sepultar o corpo da mulher, que não tinha documentos.

"Ela era casada, mas nos casamos de novo, na rua. Todo mundo aqui conhecia a gente. De repente ela foi embora, sumiu - quando soube dela, já tinha morrido. Andei muito, fui, voltei, meus pés ficaram inchados de tanto andar. Passei em todo canto para não deixá-la ser enterrada como indigente", conta o morador.

A trajetória expõe um problema ainda crítico no Brasil, o da identificação da população em situação de rua.

Vítimas de inúmeros estigmas, essas pessoas somavam 101,8 mil no Brasil em 2015, segundo estimativa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Desse total, 40% não possuem documentos de identificação, de acordo com o Movimento Nacional da População em Situação de Rua (MNPR).

Tal situação, além de dificultar o acesso a quase todos os direitos negados pela falta da comprovação (de ir e vir, a voto, educação, saúde, habitação e trabalho, por exemplo), também os torna invisíveis na hora da morte. Sem identificação, são enterrados como indigentes em cemitérios públicos.

"Às vezes a gente tem a impressão que até para morrer esse povo não é gente, e a gente precisa muito superar isso", afirma Nailson Nelo, da Pastoral do Povo da Rua.

 

Via-crúcis

Após Ana Paula sumir, Cláudio passou duas semanas à sua procura em praças, abrigos e hospitais da cidade. Em 28 de julho, soube que a companheira, de 51 anos, havia morrido no Instituto Doutor José Frota, um dos maiores hospitais de Fortaleza.

Àquela altura, a mulher falecera havia dois dias e o corpo, sem identificação, já tinha sido encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML) - em cinco dias, seria direcionado para sepultamento.

Menos de uma semana: este foi o tempo que Cláudio teve para reclamar o corpo e provar que era companheiro de Ana.

"No hospital, a assistente social confirmou que o corpo já estava no IML, mas não me deixaram vê-la, pois não tinha como provar que a gente vivia junto. Foi difícil, rodei muito até conseguir", conta Cláudio.

Para Fabiana Miranda, representante da Associação Nacional dos Defensores Públicos (Anadep), ainda há muitos obstáculos, como discriminação e preconceito, para que moradores de rua possam ter acesso a serviços públicos.

"A burocracia ainda é extremamente rígida e não consegue se adequar às necessidades da população de rua. Gestores precisam flexibilizar exigências à realidade dessas pessoas", analisa a defensora pública.

No caso de Claudio, o entrave era a falta de documentação da companheira - ou seja, era preciso provar que o corpo que ele reclamava era mesmo da pessoa a qual ele se referia.

Segundo a assistente social Carla Carneiro de Souza, que acompanhou todo o processo, foram feitos exames de papiloscopia (impressões digitais) e de DNA para comprovar a identidade do corpo.

Nesse processo, descobriu-se que o casal já tinha sido abordado por um dos serviços da prefeitura, o Centro Pop (de referência à população de rua), e que possuía cadastro lá.

"Então foi encontrada uma certidão de casamento de Ana, onde constava o nome real dela, que era Maria Emília. A certidão havia sido tirada para poder emitir os seus documentos civis", conta Carla. Ana Paula provavelmente perdera os documentos.

Nesta busca, também foi identificada uma filha de Ana Paula, que contribuiu ao reconhecimento do corpo, por meio do exame de DNA, mas se absteve da responsabilidade pelo enterro.

Faltava ainda, contudo, comprovar a relação estável do casal.

"Tive muita ajuda. Eu não podia deixar que ela fosse jogada na vala como nada. Era a minha família, a gente ia pra todo canto, pegava a estrada e ia mangueando (mendigar)", conta Cláudio, alcoólatra como a antiga companheira.

Solução

A comprovação da união estável só foi possível por meio do Núcleo de Direitos Humanos da Defensoria Pública do Ceará, que tomou uma medida denominada liberação administrativa.

Assim, Cláudio pôde reconhecer o corpo da companheira e se responsabilizar por ele. Há pouco mais de dois anos isso não seria possível em um prazo tão curto, e levaria um tempo mínimo de dois a seis meses.

"Antigamente, para conseguir essa liberação, era preciso entrar com uma ação judicial, e eles quase nunca conseguiam, pois normalmente a população de rua não tem nem sequer documentação, ou seja, são invisíveis 100%", explica a defensora pública geral do Ceará, Mariana Lobo.

Antes, através da ação judicial, era preciso oficiar todos os cartórios da cidade para verificar se a pessoa morta ou quem fazia o pedido tinha alguma documentação, processo que poderia levar até seis meses - e os corpos acabavam sendo enterrados como indigentes.

"Além desta situação em que eles estão, negar o direito à cidadania, negar o direito de velar um corpo de um ente querido seria outro ônus e outra invisibilidade colocada em cima deles", afirma a defensora.

'Minha infância foi uma porcaria'

De fato, a vida de Claudio é marcada por dificuldades. Logo ao nascer, ele foi trocado na maternidade. Com dois anos voltou para a família biológica, onde viveu até os 18 anos, no bairro Vila União, em Fortaleza.

Rejeitado pela mãe e alvo de violência doméstica, ele cresceu fugindo de casa. Com laços familiares rompidos, buscou refazer a vida nas vias da cidade, onde conheceu Ana Paula.

"Minha infância foi uma porcaria. Minha mãe me batia, não gostava da minha cor, morreu impedindo que a chamasse de mãe. Com Ana Paula peguei a estrada. Mendigamos juntos, vivemos muita coisa, era minha companheira. O que eu passei com ela, nem com minha família, que é sangue do meu sangue", relembra Claudio, que vive de esmolas e R$ 87 mensais do Bolsa Família.

Obstáculos

Para órgãos como o Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) e o MNPR, estimativas do Ipea e dos municípios sobre população de rua no país não refletem a realidade. Para eles, o Brasil possui hoje aproximadamente 400 mil moradores de rua.

"A contagem só é feita por meio de números que chegam pela assistência e pela população encontrada nas praças e vias mais movimentadas. Mas a população de rua também está em terrenos baldios, buracos, lixões e outros lugares em que a assistência não chega", diz Leonildo Monteiro, do CNDH.

Segundo ele, as principais demandas que chegam ao CNDH sobre população em situação de rua têm origem na falta de documentação. "Tentamos garantir os direitos que lhe são básicos e que acabam não acontecendo por falta desta identificação, o que é um absurdo", avalia.

Há conversas em curso para que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) inicie a contagem desta população em 2020, mas não há nada de concreto em relação a isso.

A Política Nacional para População em Situação de Rua, instituída pelo governo federal em 2009, teve adesão de apenas oito capitais até hoje, segundo o MNPR: Brasília, Curitiba, Porto Alegre, Belo Horizonte , São Paulo, Salvador, Fortaleza e Rio de Janeiro. (Publicado em 19 dezembro 2016)

19
Jun23

Veja o exato momento em que Lula liga para GloboNews e enquadra jornalista mentiroso

Talis Andrade

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Jorge Pontual aprendiz de Augusto Nunes

Jorge Pontual, analista da GloboNews, insinuou que um programa habitacional criticado em Campinas (SP) estaria vinculado à sua gestão

 

Na última sexta-feira (16), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu intervir ao perceber que o comunicador Jorge Pontual, analista da GloboNews, insinuou que um programa habitacional criticado em Campinas (SP) estaria vinculado à sua gestão.

Os comunicadores do programa "Em Pauta" debatiam sobre a construção de moradias populares extremamente pequenas, com apenas 15 metros quadrados cada, destinadas aos residentes da Ocupação Nelson Mandela, em Campinas. O projeto é de responsabilidade do prefeito da cidade, Dário Jorge Giolo Saadi, e não possui qualquer vínculo com o governo Lula.

A ação ocorreu após a jornalista Eliane Cantanhêde pedir a palavra para anunciar que o programa contava com um telespectador especial, o presidente Lula.  

A jornalista Eliane seguiu lendo a mensagem enviada pela assessoria de Lula, ressaltando que não existe qualquer vínculo do governo com o programa executado na cidade do interior paulista. 

13
Jun23

Todo machão é uma bicha enrustida

Lava Jato um bando de depravados quinta-colunas

Talis Andrade

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por Jair de Souza

- - -

O título deste texto é uma lembrança de uma pichação com a qual me deparei há muitos anos em um dos muros da cidade de São Paulo. Foi ela que me veio imediatamente à mente ao ler hoje as notícias sobre o sumiço de bilhões de reais das contas operadas pelos integrantes da força-tarefa de Curitiba conhecida como Operação Lava Jato.

A decisão de fazer uso da mencionada citação não advém de nenhum sentimento relacionado com a homofobia, mas tem tudo a ver com a condenação da HIPOCRISIA.

É que, uma vez mais, fica comprovada aquela tese que diz que “aqueles que vivem se apresentando como exemplos de moralidade, via de regra, não passam de grandes depravados”. No caso dos próceres lavajatistas, a depravação atingiu um nível de desfaçatez tão elevado como poucas vezes antes tínhamos observado em alguma sociedade humana.

Por quase uma década, todos os meios de nossa mídia corporativa se dedicaram a uma incessante magnificação das imagens positivas de Sérgio Moro, Deltan Dallagnol e de outros dos sujeitos ativamente vinculados aos órgãos participantes da força-tarefa do MPF à qual fizemos menção. Em contrapartida, empenho equivalente, ou até mais intenso, foi exercido no sentido de demonizar e arrasar a reputação daqueles que eram tidos como os principais inimigos do projeto político encampado pelos mentores do lavajatismo.

A bem da verdade, a questão da moralidade nunca foi o cerne da motivação que levou a essa confluência em torno da Lava Jato. O que sempre prevaleceu era o interesse de impedir o avanço de nossa nação no rumo de sua constituição em um país verdadeiramente independente e soberano, posto que, nos primeiros quinze anos deste século, o Brasil parecia estar seguindo por uma trilha de autonomia que não se alinhava com as diretrizes dos centros hegemônicos do mundo capitalista. Pôr fim a esse estado de coisas era um dos objetivos prioritários daqueles que se beneficiavam com nosso atrelamento subordinado às orientações emanadas dos Estados Unidos e, secundariamente, das principais potências capitalistas europeias.

Evidentemente, os propósitos declarados pelos que estavam descontentes com o quadro econômico-social que estava se vislumbrando por aqui não apareciam com a clarividência com que foram expostos no parágrafo anterior. Sorrateiramente, os argumentos empregados para organizar o amplo leque de forças necessário para levar adiante o processo de sufocação dos setores políticos populares se centravam na moralidade, neste caso, numa moralidade de cunho econômico, no combate à corrupção.

E foi em função de travar a luta contra a corrupção que uma parte significativa do aparato jurídico de nosso país e toda nossa mídia corporativa entraram em cena. A atuação articulada e simbiótica desses dois grupos serviria como o baluarte da luta que visava destruir as bases de sustentação econômica do Brasil e, simultaneamente, impedir que as forças políticas de esquerda pudessem continuar conduzindo seu projeto de inclusão social dos setores mais carentes.

Não foi à toa que os principais alvos da Operação Lava Jato fizessem parte da infraestrutura básica que colocava o Brasil como forte concorrente dos grandes conglomerados estadunidenses ao redor do mundo, assim também como em nível local, enquanto que, concomitantemente, procurava-se aniquilar a figura de Lula e do PT.

Em consequência dos golpes recebidos pelos agentes lavajatistas, nossa engenharia da construção foi quase que inteiramente destroçada. De empresas mais dinâmicas de nossa economia e das mais competitivas em todos os rincões de nosso planeta, nossas construtoras atualmente não passam de uma caricatura do que já foram. Hoje em dia, nem mesmo para obras em nosso próprio território nossas empresas de construção civil conseguem concorrer em pé de igualdade com suas contrapartes estrangeiras.

De maneira análoga, vimos como nossa indústria petrolífera foi violentamente agredida e desarticulada. As jazidas do pré-sal foram entregues a grupos petroleiros do exterior e nossa emblemática Petrobrás passou a sofrer violentos ataques visando sua privatização e inviabilização. Sua rede de distribuição foi transferida a mãos privadas; suas principais refinarias foram privatizadas (a bem da verdade, quase que doadas) e postas sob controle de grupos capitalistas estrangeiros.

Outro ultraje ao qual a nação foi submetido com a cumplicidade dessa quadrilha foi o criminoso processo de privatização da Eletrobrás. A monstruosa campanha de difamação deslanchada por nossa mídia corporativa contra nossas empresas públicas em combinação com a sanha persecutória de promotores identificados com o viralatismo facilitou essa transposição descarada de patrimônio público para as mãos de poucos espertalhões.

Agora, estamos constatando que a Operação Lava Jato funcionava de fato como uma verdadeira organização criminosa, que usava o pretexto do moralismo no combate à corrupção para levar adiante seu projeto de destruição de nossa base econômica e da imobilização de nossa liderança política do campo popular.

Porém, os integrantes da Lava Jato não agiram tão somente para atender altruisticamente os interesses do grande capital imperialista. O que as recentes informações nos estão revelando é que aqueles que tinham sido pintados como abnegados lutadores contra a corrupção, em realidade, eram os mais abjetos praticantes daquilo que diziam combater.

Em outras palavras, como já é tradicional entre os hipócritas, os autoproclamados paladinos do combate à corrupção são na verdade corruptos da pior espécie. Só que, neste caso, sua atuação nefasta não causou abalos apenas em nossa moralidade. Seu nefasto proceder foi fator determinante para que hoje nossas ruas estejam repletas de famílias vivendo ao relento, em busca de um pedaço de pão para saciar sua fome aguda.

02
Dez22

A linguagem e o autoengano bolsonarista

Talis Andrade

 

Por Jair de Souza

O povo brasileiro está vivenciando um momento crucial para a história de toda a humanidade. O porvir dos embates que estão se desenrolando em nosso país vai ser também, em grande medida, determinante para o desenlace da luta global contra o ressurgimento do nazismo.

A análise da evolução histórica do capitalismo nos mostra que o fascismo é um dos recursos extremos ao qual as forças do grande capital apelam em seus intentos de aniquilar a resistência popular em períodos de sérias crises existenciais para esse sistema de exploração social. As peculiaridades adotadas pelo fascismo sofrem variações em função das especificidades presentes em cada povo, região ou momento em que o mesmo aparece.

No Brasil da atualidade, em razão de seu acentuado caráter racista, o fascismo apresenta-se com uma faceta mais afinada com o nazismo hitlerista do que com a vertente mussoliniana com a qual despontou na Itália. E, precisamos dizê-lo sem subterfúgios, em nossas terras tupiniquins, o nazismo se incorporou adotando as formas típicas do bolsonarismo. Para que não subsista nenhuma dúvida, o bolsonarismo é, sim, a feição com a qual a mais extremada corrente ideológica do grande capital se impôs em solo brasileiro. Portanto, para todos os efeitos práticos, um bolsonarista pode e deve ser equiparado a um nazista.

Porém, analogamente ao que sucedeu quando o movimento comandado por Adolf Hitler começou a ganhar expressão na Alemanha, é a inoculação virulenta de um ódio cego e doentio contra certos grupos humanos o que também dá o tom na aglutinação das forças da podridão bolsonarista no Brasil. Por aqui, a herança do colonialismo acentuou o ódio de classe a o acoplou à perfeição ao ódio de raça, uma vez que, entre nós, ser pobre e ser negro são quase que sinônimos.

Os pilares da ideologia bolsonarista, assim como os de sua inspiradora alemã, não se sustentam na verdade. No entanto, a essência de sua existência mentirosa jamais é admitida. Em contraposição a suas principais características efetivas, o bolsonarismo costuma adotar palavras e explicações inteiramente opostas aos objetivos práticos que persegue com tenacidade. Em outras palavras, é a hipocrisia que permeia, norteia e prevalece em tudo o que diz respeito ao bolsonarismo. Para melhor expressar este fenômeno, vamos dar umas breves pinceladas em alguns dos principais pontos desta nefasta maneira de ver e sentir o mundo.

Reconhecidamente, os bolsonaristas estão entre os maiores entreguistas que nossa pátria já produziu. Todos eles odeiam a mera possibilidade de imaginar que o Brasil se torne uma nação livre, independente e soberana. Segundo eles, nosso país e nosso povo deveriam se manter inteiramente subjugados ao domínio e aos interesses das grandes potências do capitalismo ocidental, em especial, dos Estados Unidos. Ultrapassando inclusive os desígnios de Donald Trump, os bolsonaristas cultivam irrestritamente a ideia do “America First” (“Os Estados Unidos em primeiro lugar”). O acolhimento do termo América em referência exclusiva aos Estados Unidos é outro ponto que reforça o nível de sua submissão ideológica a seus mentores estadunidenses.

Assim, já se tornou habitual na gestão bolsonarista de governo isso de vestir a camiseta amarela da seleção, cantar o hino nacional, gritar loas a nossa pátria, ao passo que o petróleo e nossas principais riquezas naturais vão sendo entregues a grupos capitalistas estrangeiros.

Não obstante serem notórios por seu elevado grau de depravação, a começar pelo de seu expoente máximo, por sua falta de apego à moralidade ou à ética, os bolsonaristas gostam de se apresentar como paladinos da defesa das tradições familiares e dos bons costumes. Porém, basta fazer uma sondagem pelos buscadores da internet para constatar que quase todos os casos recentes de podridão moral têm como protagonistas gente marcadamente associada ao bolsonarismo. Apesar disto, eles persistem na afirmação de que estão engajados numa guerra sem quartel em defesa da família, da moral e dos bons costumes.

No tocante à religião, o bolsonarista é um típico inimigo de tudo o que a figura de Jesus simboliza. Se o nome de Jesus está intrinsecamente ligado à justiça, à solidariedade, à fraternidade, à paz e ao amor, a motivação que impulsa os bolsonaristas vai em sentido diametralmente oposto. Os bolsonaristas vivem em função do ódio, da opressão, da guerra, da injustiça e do egoísmo. Se em seu legado de vida Jesus nos ensinou a repartir o pão e a amparar os mais necessitados, os bolsonaristas, por sua vez, cultuam a diabólica teologia da prosperidade, ou seja, aquela ideologia com a qual seus adeptos se aferram a seus mesquinhos interesses egoístas. Em outras palavras, não existe nenhuma possibilidade de ser seguidor de Jesus tendo por base essa desumana maneira de pensar.

Nos últimos tempos, vem-se evidenciando que a base de apoio do bolsonarismo político está constituída majoritariamente por seguidores de igrejas que se dizem cristãs, tanto de denominações evangélicas como católicas. Como admitir que um cristão de verdade seja também um bolsonarista convicto? Há uma contradição insuperável nessas duas categorias. Assim como ninguém pode servir a Deus e ao diabo ao mesmo tempo, não existe nenhuma possibilidade de se estar bem com Jesus e com o bolsonarismo. O bolsonarismo sintetiza a perversidade contra a qual Jesus sempre lutou.

Nenhuma pessoa em sã consciência refutaria que os postulados da famigerada teologia da prosperidade vão inteiramente na contramão de tudo o que Jesus sempre pregou em sua vida. Aqueles que se atrevem a fazer a defesa do bolsonarismo por meio do nome de Jesus sabem que estão agindo sorrateiramente para inculcar nos mais incautos valores que têm muito mais a ver com a maldade inerente ao capitalismo selvagem, com a essência do nazismo, ou seja, do bolsonarismo.

Portanto, não devemos permitir que nenhum bolsonarista possa se valer da manipulação para impor interesses que atentam contra o conjunto de nossa nação. Nosso povo aspira a um mundo de justiça, de solidariedade, de amparo aos mais carentes, de amor e de paz. Para contribuir com a luta no rumo desses objetivos, devemos travar uma forte batalha contra os preconceitos do nazismo e de sua versão brasileira, o bolsonarismo. Por mais que faça uso deturpado da linguagem, o bolsonarismo se caracteriza pela maldade que lhe é intrínseca.

Todos os que nos interessamos pelo estudo da linguagem temos clareza do poder que as palavras exercem sobre nossa própria mente. Muitas vezes, elas são empregadas com o propósito de autoengano, buscando justificar um posicionamento em favor de causas que sabemos não serem dignas. Em vista disto, cabe a cada um de nós desmascarar a hipocrisia praticada pelos bolsonaristas na tentativa de suavizar sua consciência diante das atrocidades induzidas por suas práticas malignas.

Quem perdeu a eleição quer mandar em Lula

 

Militar golpista passa dos limites

 
 
Nikolas do time golpista. Prometendo que Bolsonaro, quatro anos parado, "na hora certa irá agir". Esse Ferreira precisa explicar que ferro promete para o povo livre e democrata. Basta de ameaça de guerra civil, de golpe sangrento. Ditadura nunca mais talisandrade.blogs.sapo.pt/tag/sangreira
 
Nikolas Ferreira 
@NikoIasFerreira
Estamos confiantes que na hora certa o capitão irá agir, quem mais está com o nosso Presidente? 
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Meu nome não é Jhonny 
@RodineiCosta7
E revoltante ver essa cena !!!
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29
Out22

Na véspera da eleição, Carla Zambelli saca arma e aponta para militante de Lula na rua (vídeos)

Talis Andrade

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Crime de racismo. Abuso de poder. Atentado ao pudor. Falta de decoro parlamentar. Gíria miliciana. Ameaça de morte. Violência contra morador de rua negro, pobre e desarmado

 

247 - A deputada federal reeleita por São Paulo Carla Zambelli, apoiadora de Jair Bolsonaro, sacou uma arma e apontou para um homem na rua na tarde deste sábado (29), véspera do segundo turno da eleição.

O episódio aconteceu na travessa da Joaquim Eugênio Lima com a Lorena, no bairro nobre Jardins, segundo Antonio Neto, do PDT, que divulgou um vídeo da cena no Twitter (veja abaixo).

No vídeo, ela segue o homem por uma distância, que foge e entra num bar. Ela entra atrás e ordena aos gritos: “Deita no chão! Deita no chão!”. “Quer me matar para quê, mano?”, pergunta o homem.

Segundo o jornal O Globo, Zambelli afirmou que "militantes de Lula" a "cercaram e agrediram quando saía do restaurante". As imagens, no entanto, não mostram agressão, e sim Zambelli correndo - e caindo enquanto corria - atrás de um homem negro. Outro vídeo mostra um homem que acompanha Zambelli também correr e atirar - não é possível identificar em qual direção.

Leandro Grass, candidato ao governo do Distrito Federal pelo PV, já anunciou que vai pedir a cassação do mandato da deputada. "Estou preparando o pedido de cassação da Zambelli. Assim que protocolar, enviarei aqui", postou no Twitter.

ДRiКА✜⁷
a fanfiqueira da carla zambelli caindo sozinha e depois botando os cães de guarda dela pra cima da pessoa
@drickaos
"um homem negro"
Quote Tweet
CHOQUEI
@choquei
AGORA: Bolsonarista Carla Zambelli se pronuncia após sacar a arma para petista: “Um homem negro veio pra cima de mim. Me machucaram. Me chamaram de vagabunda e de prostituta. #Eleições2022
 
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16
Set22

Poesia

Talis Andrade

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O plástico embalando o corpo.

Saco plástico preto para proteger da garoa.

Corpo vestido de plástico em frente à vitrine da loja.

O corpo jogado.

A roupa que tem preço.

A vida que não vale.

De que vale uma vida?

Um corpo no chão.

Parece morto,

mas está vivo.

Ou não?

11
Set22

Eleitores responsabilizam Bolsonaro pelo avanço da fome, diz pesquisa

Talis Andrade

 

Pobreza, fome e miséria foram apontadas por 17% dos brasileiros como um dos três maiores problemas do País, o que representa a opinião de 29 milhões de pessoas

 

por André Cintra

 

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Em debate com outros candidatos à Presidência na Band, Jair Bolsonaro (PL) disse não acreditar que a fome atinja hoje 33 milhões de pessoas no País. Pesquisa Ipec contratada pelo jornal O Globo mostra que os eleitores não apenas sabem que o presidente está errado. Para 29 milhões de brasileiros, a fome e a pobreza são os principais problemas do Brasil hoje. Entre os entrevistados, 34% afirmam que o governo Bolsonaro é o principal responsável por essa mazela.

D acordo com O Globo, a percepção de que o governo atual é o culpado varia de acordo com os segmentos da pesquisa. “No Nordeste, onde (Bolsonaro) tem desempenho eleitoral abaixo de sua média, segundo as pesquisas de intenção de voto, é maior (38%); entre os evangélicos, grupo em que aparece à frente do ex-presidente Lula, a parcela de culpa cai pela metade: 17%”.

A pesquisa também sondou os eleitores sobre saídas para o combate à fome. Para 78%, o governo deve investir na criação de mais empregos. Alternativas como doação de alimentos e políticas de moradia estão “no patamar de 40%”. Na sequência, aparece o apoio a políticas assistenciais – medida que tem mais citações no Nordeste.

O peso desse tema na campanha eleitoral cresceu. “No aspecto geral, quando disposta lado a lado com outros desafios do país, a tríade pobreza, fome e miséria foi apontada por 17% como um dos três maiores problemas, empatada com segurança pública e violência e atrás de desemprego, corrupção, saúde, educação e inflação. O percentual representa a opinião de 29 milhões de brasileiros”, indica a pesquisa. “Há quatro anos, 11,5 milhões diziam o mesmo.”

O Globo lembra que a crise atual pode parecer inusitada para um país que, em 2014, saiu do Mapa da Fome da ONU (Organização das Nações Unidas). Em apenas oito anos, o Brasil regressou ao ranking. “Por aqui, 4,1% da população (o equivalente a 8,6 milhões de pessoas) sofreu de falta crônica de alimentos entre 2019 e 2021. O número de brasileiros que tiveram insegurança alimentar moderada ou severa no período chegou a 61,3 milhões (28,9% da população)”, diz o jornal.

Um dos impactos do avanço da fome é o aumento da demanda por políticas assistenciais do governo. Em três anos (2019-2022), o número de famílias na extrema pobreza inscritas no Cadastro Único (CadÚnico) saltou de 13,2 milhões para 14,7 milhões.

 
17
Ago22

Intolerância religiosa no Brasil é crime

Talis Andrade

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A intolerância religiosa é considerada uma forma de violência de caráter físico ou simbólico, é um ato de discriminação, ofensa e agressão às pessoas por causa de sua crença e prática religiosa

 

A Palavra da Semana, um dos termos que são mais pesquisados e compartilhados na web, é Intolerância Religiosa, que está em evidência por conta da postagem de Michelle Bolsonaro no Twitter relacionada à religião africana. No Brasil, intolerância religiosa é crime previsto em lei, de acordo com o Código Penal brasileiro, Decreto-Lei número 2.848, dos crimes contra o sentimento religioso. É crime escarnecer publicamente por motivo de crença ou função religiosa, impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso, vilipendiar publicamente ato objeto de culto religioso. Quem comete esse crime pode pegar pena de detenção de um mês a um ano ou pagar multa. A intolerância religiosa é considerada uma forma de violência de caráter físico ou simbólico, é um ato de discriminação, ofensa e agressão às pessoas por causa de sua crença e prática religiosa. Especificamente no Brasil essa intolerância está diretamente relacionada com o racismo religioso, sendo uma violência praticada em maior grau contra os praticantes das religiões de matrizes africanas.


Palavra da Semana
Produção e apresentação: Professora Deise Maria Antonio Sabbag -
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) 
Coprodução e Edição: Rádio USP Ribeirão 
Coordenação: Rosemeire Talamone
Estagiária: Brenda Marchiori
Baixar arquivoIntolerância Religiosa: Maio 2016

Grande parte dos conflitos religiosos que acontecem no mundo envolve crenças religiosas, misturado a fatores políticos, econômicos, raciais e étnicos. Muito do preconceito contra algumas religiões é por desconhecimento, intolerância e falta de diálogo com o outro. Então, religiões que deveriam viver em paz, acabam por se odiar e se enfrentar em conflitos e desgastes inúteis. A charge acima indica(A) religiões diferentes em diálogo inter-religioso. (B) um compartilhamento harmonioso entre pessoas de religiões diferentes. 
(C) um falso religioso contrariando os principios de uma verdadeira religião. 
(D) pessoas de religiões iguais em uma celebração religiosa.​

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15
Ago22

Bolsonarista Gabriel Monteiro apontou arma para vítima que havia pedido para interromper relação sexual, segundo depoimento

Talis Andrade

www.brasil247.com - Youtuber Gabriel MonteiroSupostos defensores dos 'bons costumes', Feliciano, Kicis e Eduardo  Bolsonaro se calam sobre Monteiro, suspeito de pedofilia - Brasil 247

 

Além de ter apontado a arma para a cabeça da vítima, Monteiro também estava gravando o ato e enviando vídeos a amigos no WhatsApp

 

247 - Uma das quatro vítimas que acusam o vereador Gabriel Monteiro (PL-RJ) de estupro relatou, em depoimento à polícia, que ele chegou a apontar uma arma para a cabeça dela após ela pedir para interromper uma relação sexual. Trechos do depoimento foram divulgados pelo Fantástico, da TV Globo, e recuperados pelo jornal Estado de S. Paulo.

Além de ter apontado a arma para a cabeça da vítima, Monteiro também estava gravando o ato e enviando vídeos a amigos no WhatsApp, segundo o depoimento. Ela conta que havia pedido para parar o ato sexual pois o vereador estava adotando comportamento agressivo, desferindo tapas em seu rosto e socos na sua costela. No dia seguinte, ela relata ter ido ao hospital, sendo que em seu prontuário está registrada "hipótese diagnóstica: violência sexual".

Sobre o fato de ter divulgado vídeos mantendo relações com menores, a defesa de Gabriel Monteiro alega que as meninas mentiam a verdadeira idade ao parlamentar. No entanto, uma das testemunhas afirma que “ele falava diretamente que ele não gostava de maiores de 18 anos”.

Além disso, Luísa Batista, uma das ex-assessoras que denunciaram o vereador por assédio sexual e moral, disse que ele tinha consciência de que se relacionava com menores. “Ele tratava (uma das meninas) como namoradinha dele. Mas todo mundo sabia que era errado, que ela era menor de idade, e que ele, além de ser maior de idade, era um parlamentar, não podia estar com essa conduta.”

A Câmara Municipal do Rio de Janeiro deve votar a cassação de Gabriel Monteiro, após aprovação por unanimidade, pelo Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, do relatório que pede a perda de mandato do vereador.

O documento, de autoria do vereador Chico Alencar (PSOL), menciona, como exemplos de infrações cometidas por Monteiro, a "filmagem e armazenamento de vídeo de sexo com adolescente; exposição vexatória de crianças e pessoas em situação de rua em vídeos manipulados; assédio moral e sexual contra assessores do mandato; denúncias contundentes de estupro por quatro mulheres que relatam o mesmo modus operandi", entre outros.

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Gabriel Monteiro e Mamãe Falei simbolizam derrocada de políticos youtubers  - Blog do Ricardo Antunes

Liberdade política para nazistas, falsas operações policiais, turismo  sexual de guerra e abuso sexual de menores: o que os casos Monark, Da  Cunha, Mamãe Falei e Gabriel Monteiro revelam sobre a "nova"

 

As manifestações pelo impeachment de Dilma Roussef e o crescimento das redes sociais alavancou uma porção de movimentos e jovens representantes de uma nova direita brasileira. Buscando dialogar com os jovens, reciclando ideias econômicas liberais e difundindo valores conservadores nos costumes, essas novas figuras se tornaram youtubers, instagramers e tiktokers, e muitos aproveitaram a fama para alcançar mandatos eletivos em Câmaras e Assembleias Legislativas ou perseguem esse objetivo.

Inesperadamente, nos últimos meses, assistimos a uma avalanche de cancelamentos nas redes sociais contra diversas dessas novas figuras, com destaque para os casos do delegado Da Cunha, Monark, Mamãe Falei e Gabriel Monteiro. Em comum, todos são homens, heterossexuais e youtubers, que adoram gerar polêmicas nas redes com suas opiniões políticas estapafúrdias e, em alguns casos, com ações midiáticas chocantes.

Foi com esse tipo de ação que o delegado da Polícia Civil de São Paulo Da Cunha e o PM carioca Gabriel Monteiro ganharam milhões de seguidores. Ambos adotaram a prática de filmar supostas operações policiais e ações de caridade para postar nas redes e angariar popularidade. Os dois estão sendo investigados por possíveis crimes no exercício de suas profissões. 

Da Cunha foi indiciado por peculato, crime de funcionário público que se aproveita do cargo para obter benefícios, e foi afastado de suas funções. Há suspeitas de que montou um esquema cinematográfico para forjar as operações policiais que divulgava em seus canais, com contratação de particulares para organizar as filmagens. O policial alega que está sendo perseguido pelas autoridades.

O vereador Gabriel Monteiro foi denunciado em matéria do Fantástico por assédio sexual contra funcionários e abuso sexual de menores. Nas últimas semanas, apareceu em diversos vídeos que circularam nas redes. Num deles, mantém relação sexual com uma adolescente de 15 anos. Foi denunciado à justiça por ter gravado o ato. Em outro vídeo, acaricia e beija uma menor durante uma suposta ação de caridade. Qualquer um que assista percebe que há algo errado no modo como trata a criança. 

Monteiro alega que há um complô da Rede Globo, de seus ex-assessores e da máfia dos reboques do Rio de Janeiro para destruir a sua imagem. A narrativa persecutória não está obtendo êxito e Gabriel enfrentará processo que resultará em cassação de seu mandato. O sorteio indicou que o relator de seu caso na Câmara será o vereador Chico Alencar (PSOL-RJ). 

O Conselho de Ética da Assembleia Legislativa de São Paulo cassou, por unanimidade, o mandato de Arthur do Val (Mamãe Falei), devido aos áudios vazados em sua suposta operação humanitária e midiática na Ucrânia, país invadido pela Rússia. Nos áudios repugnantes, Arthur faz declarações dizendo que as ucranianas são “fáceis porque são pobres” e se mostra exaltado com as possibilidades sexuais no contexto da guerra naquele país. Se no início do caso a postura do ex-deputado foi de pedir desculpas, tudo mudou agora. Nos últimos dias, Arthur declarou à imprensa que ia “cair atirando” e convocou a militância do MBL para defender seu mandato no dia da cassação. Diz estar sendo perseguido por sua postura ética e atuante contra corrupção. Parece piada.

O caso do ex-youtuber e ex-membro do Flow, Monark, também ganhou novos contornos. Depois de declarar num programa ao vivo que o partido nazista deveria ter autorização legal para existir no Brasil, reivindicando liberdade política para assassinos de negros, judeus e homossexuais, Monark foi massacrado pela opinião pública e desapareceu por alguns dias das redes. Além disso, foi banido (até o momento) do Youtube. Alegando estar sendo perseguido e censurado, procurou outra plataforma e já lançou um novo podcast, onde continua se vitimizando a afirmando as mesmas ideias furadas.

O que esses quatro casos revelam é que a autodenominada “nova direita”, que muito empolgou parcelas significativas da juventude nas redes e nas ruas – especialmente a juventude branca, heterossexual e masculina – é uma farsa. Por trás da defesa de uma liberdade de expressão sem limites, da bandeira da ética e da moralidade, da exaltação da tolerância zero ao crime e da ladainha do liberalismo econômico se esconde a necessidade de blindagem de suas opiniões e práticas degeneradas, imorais e dignas de um charlatanismo sem limites. Ainda bem que a opinião pública está se movendo contra essas figuras.

Defesa do nazismo feita por Kim Kataguiri não incomoda o aliado MoroMoro diz que fala antissemita de Kim Kataguiri no Flow Podcast foi uma  “gafe verbal”Com presença de Moro, Podemos anuncia ingresso de integrantes do MBL ao  partido – Podemos
Jamais apoiarei quem tem esse tipo de opinião', diz Moro sobre Arthur do Val  - ISTOÉ IndependenteMoro abandona Mamãe Falei por causa de ofensa a ucranianas
 

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