O falso atentado a Tarcísio de Freitas ainda é uma história inacabada
Ela passa pela Agência Brasileira de Inteligência, Jovem Pan, e sabe-se mais o quê
Armação, não foi. Mas um tiroteio entre bandidos, por pouco, não ficou como se tivesse sido um atentado contra o candidato bolsonarista ao governo de São Paulo
Tarcísio de Freitas (Republicanos).
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Na manhã do último dia 17, em Paraisópolis, Tarcísio visitava a sede de um projeto social quando estourou um tiroteio do lado de fora, que resultou na morte de um homem e na fuga de outro.
Quem fazia a segurança do candidato? Segundo ele, a Polícia Militar paulista. Segundo a Polícia Militar paulista, ela mesma. Mas apareceram indícios de que gente estranha também fazia.
A Jovem Pan deu primeiro na edição do seu “Jornal da Manhã”: “Informação de última hora: Tarcísio é alvo de atentado em Paraisópolis”. No Twitter, Tarcísio escreveu:
“Em primeiro lugar, estamos todos bem. Durante visita ao Polo Universitário de Paraisópolis, fomos atacados por criminosos. Nossa equipe de segurança foi reforçada rapidamente com atuação brilhante da PM de SP. Um bandido foi baleado. Estamos apurando detalhes sobre a situação”.
Às 11h49m, no Twittwer, Mário Frias, bolsonarista de raiz e ex-secretário de Cultura do governo Bolsonaro, postou:
“URGENTE! Tarcisio de Freitas acaba de sofrer um atentado em Paraisópolis. Uma equipe da Jovem Pan estava próxima. As informações preliminares são de que o candidato estava em uma van blindada e todos estão bem.”
Seis minutos depois, ainda no Twitter, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) registrou:
“Acabei de falar com nosso candidato ao Governo de São Paulo e ele está bem. Graças a Deus o atentado em Paraisópolis/SP não fez vítimas fatais.”
A mensagem de Flávio foi ilustrada com uma foto onde aparece uma chamada do programa “Morning Show”, da Jovem Pan, e o título: “Urgente: Tarcísio de Freitas sofre um atentado em Paraisópolis”.
Àquela altura, no Palácio da Alvorada, Bolsonaro, o pai, já fora informado a respeito. Dali partiu a ordem para que seu programa de propaganda eleitoral daquele dia explorasse o episódio.
A pressa foi tal que, sob um fundo preto, sem locução, foi aplicado apenas um letreiro que dizia:
“O candidato a governador de São Paulo Tarcísio de Freitas e sua equipe foram atacados por criminosos em Paraisópolis”.
Foi pela Jovem Pan que Bolsonaro soube? Segundo um assessor dele, não. Foi pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Pelo menos dois dos seus agentes faziam a segurança de Tarcísio.
A Abin não pode fazer segurança de candidatos. Ela é apenas um órgão de inteligência do governo federal. Mas, vê-se que vai além dos seus chinelos sempre que o presidente autoriza.
No fim da tarde daquele dia, depois que a Secretaria de Segurança Pública concluíra que não fora um atentado, Tarcísio, em entrevista coletiva à imprensa, reconheceu:
“Não foi um atentado contra a minha vida, não foi um atentado político, não tinha cunho político-partidário. Foi um ataque no sentido de que, se você intimida uma pessoa que está lá fazendo uma visita, isso é um ataque.”
“Foi um ato de intimidação. Foi um recado claro do crime organizado que diz: ‘Vocês não são bem-vindos aqui. A gente não quer vocês aqui dentro’. Para mim é uma questão territorial. Não tem nada a ver com uma questão política.”
Áudio obtido pela Folha de S. Paulo aponta que um integrante da campanha de Tarcísio mandou um cinegrafista da Jovem Pan apagar imagens do tiroteio. O cinegrafista filmou parte da ação.
Um dos encarregados da segurança do candidato, que portava um crachá, interrogou o cinegrafista:
“Você filmou os policiais atirando?” – ele perguntou.
“Não, trocando tiro efetivamente, não. Tenho tiro da PM pra cima dos caras”, respondeu o cinegrafista.
O segurança perguntou se ele havia filmado as pessoas que estavam no local onde tudo aconteceu, e o cinegrafista disse que não. Por fim, o segurança mandou:
“Você tem que apagar”.
Em nota, a Jovem Pan diz que “exibiu todas as imagens feitas durante o tiroteio”, e que “o trabalho do cinegrafista permitiu que a emissora fosse a primeira a noticiar o ocorrido.”
Acrescenta a nota:
“Não houve contato da campanha do candidato Tarcísio com a direção da emissora com o intuito de restringir a exibição das imagens e, por consequência, o trabalho jornalístico.”
A polícia paulista vai requisitar as imagens à emissora. O homem que morreu não foi identificado. O que fugiu, também não. O inquérito aberto pela polícia corre em segredo.
Agente Danilo Cesar Campetti, de revolver na mão, na cena do crime, da execução de Felipe da Silva Liva desarmado, e morto a tiro pelas costas
À esquerda, o agente licenciado da Abin Fabrício Cardoso de Paiva, assessor da campanha a governador de Tarcísio, à direita.
Reinaldo Azevedo: Tarcísio, Paraisópolis e o falso atentado
O repórter cinematográfico que gravou o tiroteio que matou um homem e parou a campanha de Tarcísio de Freitas (Republicanos), candidato ao Governo de São Paulo, na favela de Paraisópolis, falou com a equipe de jornalismo da TV Cultura. O caso foi revelado pelo jornal Folha de S. Paulo. Na entrevista, Marcos Andrade revelou como foi abordado por um servidor da Agência Brasileira de Inteligência, que faz a segurança do candidato, pedindo para apagar as imagens do confronto. Ele disse que havia pelo menos mais um agente da Abin no local. O vídeo do repórter cinematográfico da TV Jovem Pan pode ter registrado o momento em que o homem "suspeito" foi morto. O material pode esclarecer se seguranças da campanha de Tarcísio de Freitas participaram do ataque ou se um policial militar foi o autor do tiro.
Quem matou Felipe? Passados 11 dias do assassinato do jovem de 27 anos em Paraisópolis, zona sul de São Paulo, o candidato bolsonarista ao Governo do Estado, Tarcísio de Freitas (Republicanos), voltou a se colocar como "vítima" da ação de criminosos, mas todas as evidências levam a crer que o suposto “atentado”, anunciado nas redes antes de ter acontecido, foi uma grande armação. No debate na Globo desta quinta-feira (27), Tarcísio ainda fez uma confissão pública de que houve, a pedido de sua campanha, destruição de provas e evidências que poderiam esclarecer quem foi que assassinou Felipe a tiros. Confira a analise de Renato Rovai, editor da Fórum:
“Tarcísio fez armação e matou meu filho para se eleger”, diz pai de jovem em Paraisópolis
O pintor Fernando, pai de Felipe da Silva Lima executado pelos segurança do general Tarcísio de Freitas, deu entrevista a Joaquim de Carvalho. O irmão de Felipe também falou: "Temos medo", disse.
Vide comentários:
EX-BOZOLOIDE ARREPENDIDO •
a habilidade para mentir e enganar as pessoas, vindas da ala bolsonarista, não tem limites.
Paulo Cezar Nogueira •
O sujeito nem se elegeu e já implantou a milícia do Rio em São Paulo.
Antonio •
O suposto tiroteio, onde só os seguranças do Tarcísio atiraram... mandaram até o cinegrafista apagar as filmagens, pra sumir com as provas do caso.
No começo os exaltados queriam explorar a tese de atentado. Depois, viram que seriam facilmente desmascarados, e ficaram caladinhos. Não querem mais falar sobre o assunto...
Jose Almeida •
Quem é o homem morto? Ele não estava armado. Como ele foi baleado? POr quem? POr que? Toda essa armação será desmascarada. Tarciso fará companhia ao Bolsonaro em Bangu, como bom carioca.
Antonio •
Escolha sua Teoria da Conspiração preferida:
- O “atentado” contra Tarcísio
- As urnas eletrônicas que tiram votos de Bolsonaro
- A armação dos policiais para prender Roberto Jefferson
- As rádios que não veiculam propaganda
- A censura do Alexandre de Moraes
- A vacina que implanta um chip
- A suposta “facção CPX”
- A mídia aumentando mortes por Covid
A ESTRATÉGIA DO MITO
Diante da certeza
De que será derrotado
Bolsonaro bate na mesa
E grita desesperado
Desafiando o Judiciário
Para minar com ataques diários
O Estado democrático de Direito
Porque acha preferível
Ser considerado inelegível
Do que perder o pleito.
.
Estimula a violência
Propagando mentiras
E com falsa benevolência
Com benesses conspira
Contra o arbítrio
Daqueles famintos
Que devido à carência
Talvez sejam induzidos
A reconduzir o mau mito
À cadeira da Presidência.
.
A outra opção imoral
Que Bolsonaro tem
É a convulsão social
Provocada por quem
Investe na instabilidade
Para que a sociedade
Assustada se abale
E aceite a instalação
De um governo de opressão
Exercido pelos militares.
.
Ao perder o seu cargo
Perderá o escudo do foro
E será processado
Pelos crimes e desaforos
Que cometeu impunemente
Enquanto foi o Presidente
Mais inapto, inepto e vil
E caberá a todos nós
Unir nossa força e voz
Para a reconstrução do Brasil.
.
Eduardo de Paula Barreto
Marcos Antônio da Silva •
O povo de São Paulo tem responsabilidade moral de evitar que o Estado se transforme na República de Salò caipira, refúgio e reduto dos fascistas apeados do poder federal.
Eduardo de Paula Barreto •
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O TEMPO DAS TREVAS.
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Chegamos ao fundo do poço
E nas trevas não enxergamos nada
Tornamo-nos apenas um esboço
De uma sociedade civilizada
Que deixou lá na superfície
Toda a expertise
Adquirida ao longo dos tempos
Desaprendemos a amar
A ser tolerantes e a aceitar
Que o mundo não é mais o mesmo.
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Com oitenta tiros
Desfaz-se uma família
Deixando mortos os entes vivos
Em cuja memória o morto brilha
E os dedos que acionam os gatilhos
Apontando o pai para o triste filho
Destroem a sua reputação
E sem nenhuma autocrítica
Transformam a inocente vítima
Em apenas mais um ladrão.
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Tornam-se frequentes os suicídios
E o ódio se materializa
Buquês são trocados por feminicídios
Ressurgem os ideais nazistas
E os embates físicos violentos
Se sobrepõem aos argumentos
Na resolução de conflitos
E o mal adquire maior relevância
Sempre que quem prega a intolerância
É chamado de mito.
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Eduardo de Paula Barreto