“Lula é mais aceito peloestablishmentinternacional do que pelas oligarquias locais”, escreve o diplomata aposentado Milton Rondó, naCarta Capital, a propósito da entrevista de Lula da Silva na revistaTimes, onde foi capa nesta semana. A reação da mídia nativa mostra o seu completo despreparo e mediocridade ao abordar o assunto.
Olha o galho, mas não enxerga a árvore, muito menos a floresta. A floresta mostra a importância da liderança do ex-presidente, reconhecido e prestigiado no mundo inteiro. Seria motivo de orgulho para o país, se as “elites do atraso” gostassem do Brasil e do povo brasileiro. A árvore mostra a visão holística do entrevistado acerca do conflito na Eurásia, que não repete feito papagaio os pronunciamentos do porta-voz do governo norte-americano. Ao contrário do que se lê, se ouve e se vê abaixo da linha do Equador. O galho é o que se inventa para justificar a cegueira.
Não apenas o Congresso Nacional fica pior a cada eleição, os vários veículos de mídia também. NaGloboNewso comentarista mais inteligente da turma buscava explicar a posição de Lula sobre a guerra da Ucrânia, apontando os erros do presidente-comediante ucraniano, quando abruptamente foi tirado do ar. A lucidez não tem sinal de satélite nos meios de comunicação daTerra brasilis.Não passa na Globo.
Nenhuma opinião discordante conseguiu romper o bloqueio imposto pela insensatez. Saudosa da inexistente “terceira via” e sedenta por uma ponte que justique voltar para os braços de Bolsonaro, os analistas midiáticos aproveitaram a oportunidade, não para felicitar o destaque da edição do prestigiado periódico de repercussão mundial, e sim para tecer críticas desairosas e desrespeitosas a Lula. Grande novidade.
Sobraram as comparações de praxe entre o democrata que fez o melhor governo da história da nação com o representante da extrema-direita, que tem como programa a destruição neoliberal (em curso, desde oimpeachment) das políticas públicas em todas as áreas (saúde, educação, cultura, infraestrutura, desenvolvimento econômico, geração de emprego e renda, meio ambiente, etc). Igualar os desiguais é necessário para depois fazer como o editorial deO Estadão, em 2018, que declarou ser uma escolha difícil optar entre a democracia e o fascismo. Como se o preconceito contra as esquerdas (o PT, em particular), inflado pelos próprios meios de comunicação, fosse desculpa para corromper o bom senso. Não é.
Os estudantes de Jornalismo não merecem ter como horizonte trabalhar em um ambiente tão tóxico. Idem, no que toca os profissionais capazes tolhidos, hoje, em sua atividade por diretrizes verticais e comerciais. Uma pena porque as redes sociais, em grande parte manipuladas pelos robôs bolsonaristas, não representam uma alternativa. A solução está na democratização da democracia, que não se confunde com a liberdade para propagarfake news. A democracia é um processo histórico cumulativo de valores civilizatórios. As opiniões devem manter esse compromisso para receber o selo de validade.Please.
Acompanhe Natália Bonavides também pelo Telegram! É só pesquisar @nataliabonavides ou acessar o link https://t.me/nataliabonavides… para entrar no canal e ficar por dentro das ações do mandato.
Forças armadas não devem opinar sobre eleições. Normalizar pitacos de generais sobre assuntos de civis, como no julgamento de Lula, é que é um ataque à democracia. A nota da Defesa prova q há generais dedicados a ameaçar as eleições e, como provou Pazuello, a vida de nosso povo!
Várias entidades vêm organizando suas bases para lançar comitês de luta voltados à pauta de suas categorias e em defesa do Brasil e dos brasileiros em diversas regiões do
País.
Levantamento realizado pela Conectar Pesquisas e Inteligência, em parceria com a organização Todos Pela Educação, aponta que 58% da população brasileira acima de 16 anos se mostra insatisfeita com a condução da educação pelo Governo Federal.
Desde o início da gestão de Jair Bolsonaro, cinco ministros já passaram pelo comando do Ministério da Educação (MEC) e os projetos da pasta sofreram uma redução drástica no volume de recursos disponíveis. Além disso, o MEC também vem sendo alvo de denúncias de corrupção e acusado de estar sob controle de partidos do Centrão, base de apoio parlamentar do governo Bolsonaro.
É hora de dar um basta a tudo que o bolsonarismo trouxe de desgraça para a vida da juventude. Cuida, tira o título de eleitor e vamos fazer parte da construção dessa luta em defesa dos nossos sonhos e dos nossos direitos.
Regularize seu título até 4 de Maio, não deixe para à última hora. Aos Jovens com 16 anos e acima, saiba da importância de poder votar e fazer um Brasil digno, democrático de direito, seja cidadão. É rapidinho e nem precisa sair de casa, basta acessar http://tse.jus.br
O episódio da bala disparada pela arma de Milton Ribeiro seria algo banal se não estivesse encaixado no contexto das aparentes alucinações da realidade
por Moisés Mendes
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O episódio da bala disparada pela arma do ex-ministro Milton Ribeiro seria algo banal, da periferia dos assuntos considerados sérios, se não estivesse encaixado no contexto das aparentes alucinações da realidade brasileira.
Um pastor entra armado no aeroporto da capital do país, por onde circulam as figuras mais importantes da República, manuseia uma pistola dentro de uma pasta, toca onde não deveria tocar e provoca um incidente com a marca do bolsonarismo.
O episódio tem uma arma, a imprudência, tem a inabilidade, o desrespeito às normas legais de segurança e ainda tem o desprezo pelo bom senso e pelos outros. É um caso terrivelmente bolsonarista.
Se o presidente da República, um armamentista, não consegue efetuar um tiro por esquecer de destravar a arma, um pastor-educador não deve ter a obrigação de saber como travar uma pistola.
E assim o caso passa a frequentar só os cantinhos dos grandes jornais, como um fato esdrúxulo, quando é parte do roteiro escrito pela extrema direita. É um incidente coerente com o que vivemos por imposição do fascismo.
Ninguém morreu, ninguém se queixou de nada, a Polícia Federal devolveu o revólver ao seu dono e ninguém ficou sabendo por que um pastor tem porte de arma.
Que situação excepcional garante a Milton Ribeiro o direito de andar armado em áreas públicas e fechadas com grande circulação de pessoas?
Se o pastor entrou no aeroporto com a arma, não se dirigiu ao posto da Polícia Federal, se foi ao balcão da empresa e só ali decidiu retirar a munição, é porque estava preparado até aquele momento para imprevistos. Dentro do aeroporto.
Se não estivesse, teria se dirigido ao check-in com tudo resolvido antes com as autoridades policiais que devem fazer valer os protocolos nessas situações.
Com a arma carregada, é possível supor que, se fosse acossado pelos sentimentos de medo e de violenta emoção, o ex-ministro poderia reagir atirando. Dentro do aeroporto.
O bolsonarismo nos oferece personagens e situações inimagináveis em circunstâncias consideradas normais, mesmo que não se saiba mais o que possa ser normal no Brasil.
É razoável supor, a partir do caso de Ribeiro, que muitos brasileiros se sintam no direito de circular armados em toda parte. Ou só em aeroportos?
Não circulam também em rodoviárias, shoppings, nas ruas e em festas do agronegócio? Em motociatas?
Noticiam que Ribeiro estaria registrado como colecionador e como caçador. Um colecionador que carrega parte da coleção para onde vai.
Um caçador que põe a pistola na pasta e entra no aeroporto, com a armada pronta para uso, para caçar o quê? Parece tema de pauta policial, mas não é.
Foram registradas no ano passado no Brasil 204 mil novas armas, mais do que o dobro de 2019. Bolsonaro mandou o país se armar.
Quase 80% dos registros são de cidadãos comuns, colecionadores e caçadores do time do ex-ministro, que acaba de criar e normalizar a bala perdida de aeroporto.
O professor que cuidava da Educação, um pastor presbiteriano, um homem de Deus, anda armado e se envolve em incidente típico de zonas de conflito e violência urbana. E estava no aeroporto de Brasília.
Não é um mero incidente de plantão policial, é mais um fato dos costumes bolsonaristas para a compreensão do estágio a que chegou o país controlado pela família no poder.
O tiro de Ribeiro deveria estar nos cantinhos dos sites da grande imprensa, como está, se tivesse partido da pasta de um contraventor. Mas o protagonista é um homem da Bíblia.
O tiro no aeroporto traz, para quem vê significado em quase tudo, o prenúncio de que algumas coisas podem sair do controle, porque estão mexendo em pastas e enfiando as mãos em cumbucas de alto risco.
Dá para imaginar o que pode acontecer no país armado por Bolsonaro, com a intenção explícita de formar milícias, com tanta gente sem competência para fazer o que deve ser o abc de qualquer manual de caçador.
Bolsonaro e líderes do bolsonarismo não sabem destravar e travar armas. A extrema direita é a bala perdida da política brasileira.
Membros de gabinete paralelo, pastores foram 127 vezes ao MEC e ao FNDE no governo Bolsonaro. Sempre para rezar, rezar o venha a nós o dinheiro dos negócios da educação
Milton Ribeiro com Arilton Moura (esq.) e com Gilmar Silva dos Santos (dir.) (Foto: Luis Fortes/MEC
Enquanto 3,5 mil escolas aguardam recursos para serem concluídas, o MEC autorizou a construção de mais 2 mil, sem orçamento previsto, para que aliados do presidente usem como propaganda política. Muita coisa ainda virá, por isso o pânico dos bolsonaristas com a CPI do MEC!
O argumento de inclusão regional nos processos seletivos das universidades federais pode ser definido em lei. A previsão está no projeto (PL 5044/20), que prevê esse critério no processo seletivo. A deputada Natália Bonavides (PT-RN), autora da proposta, explica que isso já é praticado por várias instituições de ensino, mas muitas vezes há questionamentos na justiça. Ela afirma que além de resolver uma questão jurídica, o projeto deve ajudar a democratizar o acesso às universidades, principalmente nas pequenas cidades e incentivar os profissionais a atuarem nessas mesmas regiões.
O Brasil é incrivel. Armado, o ex min Milton do mec faz disparo de arma de fogo, que é crime com pena de 2 a 4 anos de reclusão. Isso se ele tem porte. Se não, piora. Provavelmente será dito que foi o demônio que disparou. Pastores Arilton e Gilmar já estão no local. Armados!
Em Nova Iorque - lugar tido como exemplo por adoradores de armas - o ex-min da educação seria preso e algemado. Mas por aqui “os rigores da lei são para os inimigos”. Para os amigos, a benevolência. Por isso os pastores só foram ao palácio para orar. Obraram!
De todo modo, poderá ser indultado (sarcasmo!!!).
Grozny Arruda
@ArrudaGrozny
TEMPOS NEONAZISTA . . . . Ex-ministro MiltonRibeiro disparou acidentalmente uma arma de fogo dentro de Aeroporto em BSB. Estilhaços de munição atingiram uma pessoa. Quando se troca livros por armas a tragédia é iminente.
Milton Ribeiro dispara o primeiro tiro do golpe de Bolsonaro
Fernando Brito
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Do alto do cavalo, digo, do alto de seu saber jurídico, Jair Bolsonaro, Primeiro e (graças a Deus) Único Imperador da República decreta que seu decreto perdoando Daniel Silveira, o deputado leão de chácara, “é constitucional e será cumprido”.
Portanto, o Supremo Tribunal Federal, a quem compete o controle de constitucionalidade de todos os atos administrativos é, solenemente, declarado inútil.
Seu poder está definitivamente usurpado e Jair Bolsonaro pode, a partir de agora, decretar a nulidade de toda e qualquer sentença que de lá saia, se o quiser.
“Eu acima de tudo”: foi só tirar duas letras.
Para isso, garantem-lhe os “manos” fardados, reduzidos à condição de guarda pretoriana idosa do César, que está à beira de cruzar com ela o Rubicão da independência dos poderes.
Por isso marcha ali outro personagem que soa estranho, como dublê de ministro da Defesa de fato e candidato a vice-presidente.
É triste e ruinosa a situação da República e só não é pior porque ainda resta – ao menos suponho – inteligência entre os militares para saber que a imposição de medidas de força não tem possibilidade de sustentar-se por mais que alguns dias, porque não se tem a mídia e nem a conjuntura mundial que havia em 1964.
Isso parece ser, ainda, a nossa maior garantia, pois já mandaram o cabo e o cavalo para pisotear as decisões judiciais.
A vereadora Jessi cão Opressora, de Londrina, acaricia imagem de Jair Bolsonaro durante a eleição de 2018
Apoiadores do presidente estimulam atos violentos contra os mais fracos ou adversários políticos. Para suspeitas envolvendo a administração federal, não cobram nem as investigações previstas em lei
As ameaças de morte feitas por três deputados ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na semana retrasada não são mais surpresa na política brasileira. Desde a eleição de 2018, os apoiadores de Jair Bolsonaro defendem abertamente práticas como assassinato e tortura, sem sofrerem nenhum tipo de punição. Quatro anos depois, o ímpeto por justiçamento continua, mas se mostra bem seletivo.
Os bolsonaristas só consideram a lei “muito branda” quando os alvos são opositores ou os mais vulneráveis. Tentam justificar ações ilegais, como espancamentos e execuções, contra os que consideram “bandidos”. Já para os escândalos envolvendo o governo ou os familiares do presidente, os apoiadores de Bolsonaro não cobram nem explicações, quanto mais a abertura de investigações previstas em lei.
Um exemplo foi o escândalo que levou à demissão do ministro da Educação, Milton Ribeiro, flagrado em áudio dizendo que pastores evangélicos intermediam a liberação de recursos da pasta “a pedido do presidente”. Implacáveis com adversários políticos ou gente sem poder político ou econômico, como professores, artistas ou ativistas, os bolsonaristas se calaram diante do maior escândalo já envolvendo o MEC. A vontade de “meter bala” e “baixar o cacete” deu lugar a outras denúncias (na maior parte das vezes vazias ou requentadas), a teorias conspiratórias ou à comemoração de datas cívicas.
Não importa nem se o alvo está vivo ou morto. Um vereador de Curitiba tem predileção por atacar a vereadora Marielle Franco, assassinada no Rio em 2018. Atacar alguém que não está aqui para se defender pode não ser crime, mas autores desse tipo de ataque costumam ser qualificados com um conhecido adjetivo que denota ausência de coragem.
No começo de abril, a deputada federal Carla Zambelli (União-SP), o deputado estadual do Paraná Coronel Lee (PSL) e o deputado estadual de Minas Gerais Junio Amaral (PL) ameaçaram Lula de morte. As ameaças foram motivadas por uma fala de Lula em que o-ex-presidente pede para a militância pressionar os deputados. Para os bolsonaristas, Lula quer “invadir as casas” dos parlamentares. Zambelli prometeu “mete chumbo”. Lee disse que mandaria “a turma de Lula” para o inferno. Armando uma pistola, Amaral disse que Lula seria “bem recebido” em sua casa em Contagem (MG).
Junio Amaral: pistola
Lee
Zambelli: chumbo
Código Penal
Ignorar denúncias e criticar adversários sempre fez parte do jogo político, mas no caso dos apoiadores de Bolsonaro há duas diferenças. A primeira é que eles se apresentam como pessoas que não fazem parte do que consideram o corrompido mundo político. Na prática, agem como os demais ao blindar o governo que apoiam.
A segunda diferença é que muitos deles, em sua atuação política nas redes sociais, incorrem (ou já incorreram) em práticas que poderiam ser consideradas como de incitação ao crime. O próprio Bolsonaro, em campanha no Acre, prometeu “fuzilar a petralhada”. Incitação à violência não é garantida pelo direito à livre expressão. Defender o fechamento de um tribunal com armas na mão e sugerir o espancamento de juízes são práticas criminosas. Injúria, calúnia e difamação têm penas previstas no Código Penal.
“A liberdade de expressão, como qualquer outro direito, não está assegurada sem limites. Não estão abarcados discursos de ódio ou que preguem a eliminação de pessoas. O Código Penal contempla o delito de incitação ao crime.”
Bruno Milanez, advogado criminalista
Bolsonaro em campanha no Acre em 2018: “fuzilar a petralhada”
A imunidade parlamentar, explicou aoPluralo criminalista Bruno Milanez, não dá a ocupantes de cargos públicos o direito de incentivar atos violentos. “O parlamentar tem foro privilegiado e imunidade, mas o texto constitucional contempla as manifestações relacionadas ao exercício do cargo. Quando ele xinga alguém ou quando diz que uma pessoa deveria ser espancada, estaria fora do âmbito.” Vereadores não têm foro privilegiado.
O tema deixa margem para interpretações. Um parlamentar teria a liberdade de chamar o governo de “ladrão”, por exemplo, mesmo sem provas. “As manifestações públicas no sentido de desaprovar o adversário político, ou no sentido de tentar reduzir a importância do adversário, fazem parte do jogo democrático”, afirmou Bruno Milanez. “Os tribunais possuem orientações sobre o que ocorre no âmbito das discussões acaloradas. Mas há situações diferentes, fora do calor dos fatos.”
“Não passamos pano”
Um caso recente que mostra a tática de testar os limites da lei em ataques a adversários e recuar quando o escândalo atinge o próprio grupo político foi registrado no mês passado em Londrina. Antes da passagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela cidade, no dia 19, a vereadora bolsonarista Jessicão (PP) compartilhou um vídeo em que seu assessor pede para os opositores de Lula não deixarem o petista sair da cidade “numa boa”.
Simei: “Qualquer novidade eu divulgo sim”
“Não vamos deixar esse vagabundo pisar aqui em Londrina e sair numa boa”, disse no vídeo o assessor de Jessicão, Pablo Simei, que prometeu divulgar a agenda de Lula na cidade (o PT não divulga a agenda por causa das constantes ameaças). “Qualquer novidade eu divulgo sim. Aqui nós não queremos esse vagabundo.”
Procurado peloPlural, Pablo Simei disse que a intenção era jogar ovos em Lula (o que acabou não acontecendo). No vídeo, o assessor disse para manifestantes contrários ao petista comprarem ovos podres (depois corrigiu) — o que poderia ser considerado um ato falho diante da inflação sem controle no governo apoiado por ele: depois sopa de osso, só falta o brasileiro incorporar o ovo podre ao cardápio.
“Eu como cidadão, brasileiro, de bem, patriota, não posso deixar um vagabundo como esse ex-presidiário, pisar na cidade aonde (sic) eu moro, e não fazer o meu protesto contrario a ele e seus lacaios”, escreveu Simei. “Jogar ovo podre na cara deste ex-presidiário não chega nem perto ao que os lacaios seguidores dele fazem.”
Simei, para quem Lula é um “criminoso da pior espécie que existe” e um “lobisomem em pele de cordeiro”, se comprometeu a enviar aoPluralpublicações de teor semelhante feitas por parlamentares de esquerda ou apoiadores do ex-presidente. Mais de uma semana após o contato, nada foi enviado.
A vereadora Jessicão Opressora (ou Jessica Ramos Moreno) endossou o conteúdo do vídeo. “Estranho seria se um assessor meu estivesse recepcionando o ex-presidiário, Lula, com um buquê de rosas na mão! Eu e minha equipe não passamos pano pra bandido”, escreveu noTwitter.
Na última semana, a vereadora fez postagens em defesa do deputado federal Daniel Silveira (União-RJ), preso no ano passado, entre outros motivos, por ter sugerido o espancamento de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Na semana passada, Silveira passou uma noite na Câmara dos Deputados por se recusar a usar tornozeleira eletrônica.
Jessicão e seu assessor devem julgar que nenhum brasileiro está autorizado a ligar dois pontos ou considerar a possibilidade de parte da extrema direita abandonar o discurso violento e partir para a ação — que seria facilitada caso o decreto presidencial que dispensa o rastreamento de munições estivesse em vigor, diga-se de passagem.
Para a vereadora, Silveira é perseguido em ataques à liberdade de expressão. Liberdade não exercida por ela para sequer cobrar explicações a respeito do escândalo no Ministério da Educação. Dez prefeitos já confirmaram que pastores pediam “ajuda financeira” para suas igrejas ao liberar recursos. Se ficar comprovado que os religiosos cobravam barras de ouro, como denunciou um prefeito, alguém em Londrina terá muito pano para passar no produto da propina.
Jessicão não quer oprimir os pastores do MEC
“Tá com dó leva pra casa”
Com mais de 311 mil votos, Sargento Fahur (PSD) foi o deputado federal mais votado no Paraná em 2018. Ficou conhecido como agente da Polícia Rodoviária Estadual que postava vídeos nas redes sociais e se aposentou em 2017. No ano passado foi chamado de “o homem que não tem medo de ninguém” em entrevista ao programa “Pânico”, da rádioJovem Pan.
Fahur tem 101 mil inscritos noYouTubee 626 mil seguidores noTwitter, onde mantém fixado um discurso feito em 2019 na Câmara. “Se tapa e pescoção em vagabundo desse cadeia, eu mereço sair daqui preso e pegar prisão perpétua, porque já arrebentei muitos desses vagabundos no cacete, na bala”. Para ele, “lugar de vagabundo é no mármore do inferno” e mortes de suspeitos não devem ser investigadas. “Não tem que investigar nada não. Tem que arquivar e acabou.”
Duas postagens feitas no dia 17 de fevereiro deste ano poderiam ser interpretadas como incentivo a atos violentos. Em uma, ele sugere que um professor da rede estadual de Roraima tome “um cacete” por supostamente dizer que “quem rouba está trabalhando” (segundo o jornalGazeta do Povo). Na outra, sugere novamente o “cacete”, dessa vez para um religioso suspeito de abusar de crianças no Mato Grosso.
Fahur: política do “cacete” para professor
Em nota, Sargento Fahur (ou Gilson Camargo Fahur) disse que “ser bandido é uma escolha” que traz consequências. “Uma delas é a sentença prisional, como também o possível óbito devido à livre e espontânea vontade de estar em enfrentamento com a polícia por circunstâncias no mínimo questionáveis. Atuei por 35 anos como policial militar e ainda não entendo o porquê de tanto espanto quanto a este posicionamento. Eu posso dizer com propriedade sobre as barbaridades que este tipo de gente é capaz de cometer.”
Sim, a possível (e mais provável) consequência de entrar em confronto com a polícia é a morte. Entrar em confronto com a polícia é crime, o que independe de qualquer circunstância anterior, questionável ou não. Mas não consta que o professor de Roraima tenha cometido algum crime. Se tivesse, “cacete” não faz parte do Código Penal. Já o padre a que se refere a outra postagem foi solto com a imposição de medidas cautelares. Ele ainda não foi julgado.
Bolsonarista raiz, Fahur finalizou a nota enviada aoPluralcom a já conhecida recomendação: “Se alguém estiver com dó, é só levar pra casa”. Recomendação que não precisaria ser feita a Frederick Wassef, advogado de Jair e Flávio Bolsonaro, que levou para casa um foragido da Justiça ligado à família apoiada por Fahur, sem qualquer pedido de esclarecimento por parte do deputado. Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio e apontado como operador das rachadinhas (ou peculato) na Assembleia Legislativa do Rio, foi preso em junho de 2020 em uma casa de Frederick Wassef em Atibaia (SP).
Queiroz faz churrasco em Atibaia, em foto enviada à família em 2019: alguém levou pra casa mesmo
Risco nas eleições
O resultado da naturalização de discursos violentos em um cenário eleitoral polarizado e radicalizado como o brasileiro é imprevisível, pois ninguém sabe no que ovos podres fora de controle podem se transformar. O policial civil e vereador em Porto Alegre Leone Radde (PT), que criou um grupo para monitorar discursos de ódio nas redes sociais, não se mostra otimista.
“Tenho certeza que teremos atentados durante a eleição deste ano. Ou logo depois, dependendo do resultado.”
Leonel Radde, policial civil e vereador em Porto Alegre
Radde encaminha à polícia postagens racistas ou que contenham ameaças. Uma pessoa já foi presa. Além de ameaças, ele recebe fotos de armas, vídeos feitos por supremacistas brancos norte-americanos (um deles mostra uma mulher negra enforcada) e avisos de que outras pessoas serão assassinadas.
Há duas semanas, alguém avisou que o vereador e o ex-presidente Lula serão mortos antes da eleição deste ano. Em outra mensagem, a data das mortes foi marcada para o dia 31 de outubro. Outros alvos seriam a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) e o ativista LGBTQIA+ Antônio Isuperio.
Algumas das ameaças recebidas por Leonel Radde
O vereador recomenda que pessoas que se sentirem ofendidas ou ameaçadas procurem a polícia ou Ministério Público. Ou que denunciem seus autores nas redes sociais. “Muitas vezes o melhor efeito é atingido com a exposição nas redes. Os autores podem sofrer algum tipo desgaste no ambiente de trabalho ou de estudo”.
Mas é bom pensar duas vezes antes de divulgar mensagens que incentivem a violência. No caso de postagens feitas por candidatos, as eleições de 2018 provaram que o efeito pode ser o contrário e que o autor pode ganhar um cargo em alguma casa de leis ou em algum governo por aí.
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Motociata de Bolsonaro teve 3,7 mil pessoas em 2022 e 6,6 mil em 2021. A Secretaria de Logística e Transportes divulgou os dados de participantes do evento em São Paulo neste sábado da Semana Santa
O evento com motos teve menos participantes do que a edição de 2021, quando, também de acordo com a Artesp, 6,6 mil pessoas participaram.
A nota da Artesp, órgão do Governo e São Paulo, aponta que os dados foram somados após a passagem das motos nas praças de pedágio da Rodovia dos Bandeirantes.
O trajeto da capital até a cidade de Americana inclui as praças de pedágio de Campo Limpo Paulista, Itupeva e Sumaré, e os dados consideram o período de cinco horas em que as rodovias estavam interditadas, liberadas apenas para as motos participantes do evento e carros de apoio ao presidente.
A motociata foi intitulada “Acelera para Cristo”, em referência à Sexta-Feira da Paixão, e funcionou como ato de pré-campanha tanto para Bolsonaro quanto para seu ex-ministro da Infraestrutura,Tarcísio de Freitas(Republicanos), que é pré-candidato ao governo de São Paulo e também participou do desfile de motos.
Bolsonaro já participou de motociatas em Brasília, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Goiás, Santa Catarina, Pernambuco, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo.
A primeira presença do presidente nesse tipo de evento ocorreu em maio de 2021, na capital federal. Nesses episódios, cercado de seus apoiadores, ele já fez ataques às urnas eletrônicas, às vacinas contra a Covid e a ministros de cortes superiores, como Justiça Eleitoral e Supremo, além de já ter sido multado por não usar máscara e cometido infração por usar capacete irregular.
Humberto Costa
O ato de campanha antecipada de Bolsonaro foi um fiasco, com a participação de menos de quatro mil motos. Mas, mesmo assim, custou R$ 1 milhão aos cofres públicos.
Ariel Palacios
No início da década de 1920, o ditador italiano, o "duce" Benito Mussolini (o fundador do Fascismo), adorava andar em moto com seus militantes.
Há mais de quinze dias, novos casos e denúncias de corrupção no governo vão se sucedendo nos jornais. Na última semana, mais três escândalos de fraudes no governo surgiram no horizonte contra Bolsonaro. A mídia revelou que o Ministério da Educação transferiu R$ 26 milhões para a compra de kits de robóticas a escolas públicas que sequer têm água. As suspeitas de desvio de recursos levou o PT e a oposição no Senado se mobilizarem para a instalação de uma CPI para apurar os casos.
Na quinta, 7, a Folha apontou que o MEC beneficiou empresa de aliado do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), em Alagoas. Ele é um dos mais próximos aliados do presidente da República e figura como representante máximo do Centrão. O segundo escândalo surgiu no mesmo dia. O Estadão revelou conduta suspeita de servidores da pasta.
Servidores públicos do primeiro escalão do MEC dão sinais exteriores de riqueza e patrimônio incompatível com rendimentos. Diretores do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE) compraram carros luxuosos que custam até 30 vezes seus salários. Os suspeitos foram indicados pelo centrão e adquiriram recentemente SUVs após assumirem os cargos no órgão.
O mesmo FNDE apareceu em uma história suspeita. O órgão ia fazer na terça, 5, um pregão suspeita de sobrepreço para a compra de ônibus escolares. Um negócio milionário com sobrepreço estimado em R$ 732 milhões. O pregão não aconteceu porque o TCU suspendeu e anunciou uma investigação. O jornal também revela que o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, se reuniu com presidente do FNDE antes da liberação do pregão.
Em março, surgiu a denúncia de prefeitos teriam recebido pedidos de pagamento de propina a pastores ligados ao ex-ministro da Educação Milton Ribeiro. Em depoimento à Comissão de Educação, cinco prefeitos confirmaram ter recebido pedidos de suborno dos pastores. O prefeito de Bonfinópolis (GO) declarou ter sentido “ânsia de vômito” ao ouvir que teria que pagar R$ 15 mil pela liberação de R$ 7 milhões para a construção de uma escola. Outro prefeito, de Luís Domingues (MA), afirmou que o grupo pediu 1 kg de ouro, além da propina de R$ 15 mil.
Como se não bastasse isso tudo, mais um filho do presidente Jair Bolsonaro se vê sob a suspeita de negócios escusos. A Polícia Federal intimou o filho Zero Quatro de Bolsonaro, Jair Renan, para depor em inquérito sobre tráfico de influência no governo, corrupção e lavagem de dinheiro.
São abundantes as denúncias feitas pela imprensa sobre o assalto de predadores da educação ao cofre do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação). É como praga em plantação. Deixa terra arrasada, mas enche o bolso de pastores trambiqueiros, da escumalha do centrão e de empresários de fachada.
Na esbórnia com o dinheiro público, propina é cobrada em ouro e empurram-se jogos de robótica para escolas que não têm água nem internet, onde as aulas são suspensas por causa do calor e a descarga nos banheiros não funciona. O destino dos robôs será ferrugem e poeira.
Apesar da fartura de indícios criminosos, senadores da oposição têm tido enorme dificuldade para criar a CPI do MEC. Enfrentam a pressão do governo e da bancada evangélica, fortemente mobilizada para proteger os cupinchas do presidente, Gilmar dos Santos e Arilton Moura, e o ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, todos pastores.
Outra frente de embaraço à CPI tem origem na letargia do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que repete seu comportamento quando da CPI da Covid. Na época, Pacheco resistiu o quanto pôde, mesmo quando o Brasil chegava, então, a 4.000 mortos por dia. Era como se vinte aviões caíssem todos os dias em solo brasileiro sem nenhum sobrevivente! E Pacheco falava em buscar um “pacto” com o governo.
Agora, diz-se preocupado com o “viés eleitoral” de uma CPI para investigar falcatruas no MEC. Com modos melífluos de causídico de província, Pacheco até consegue dar algum verniz de civilidade à sua atuação no comando do Senado. Não tem os maus bofes de jagunço e a truculência de um Arthur Lira (PP-AL), por exemplo. Nem por isso deixa de ser linha auxiliar de Bolsonaro.
A CPI da Covid só foi criada por determinação do STF. Caso a oposição consiga o número de assinaturas necessárias agora, o enredo se repetirá? Legislativo que não cumpre seu papel se rebaixa, age como cúmplice e colabora com a ruína da democracia.
Precisamos salvar a educação das garras do fundamentalismo religioso e da rapina de empresários, que nada têm a ver com o interesse público. CPI do MEC Já!
professora Francisca
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Desde o dia 28 de março, Milton Ribeiro não é mais o ministro da Educação (e já vai tarde), envolto em denúncias de desvio de verbas para pastores evangélicos “amigos” do presidente. Com denúncia no jornal O Estado de S. Paulo e vazamento de áudios no jornal Folha de S.Paulo, a situação do ex-ministro ficou insustentável.
Principalmente porque no desgoverno Bolsonaro, a educação tem sofrido cortes constantes de verbas e as escolas públicas do ensino básico se veem em situação de muita precariedade. Somente sobre a denúncia de corrupção envolvendo pastores e a formação de um gabinete paralelo no MEC, trata-se de R$ 9,7 milhões.
Além disso, o Estadão denuncia também a autorização dada por Bolsonaro para a construção de 2 mil novas escolas sem disponibilizar recurso para finalizar as obras paralisadas em outras 3,5 mil. O caso está sendo chamado de Escolas Fake News (a que ponto chegaram as mentiras do atual presidente) e conta com o envolvimento do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, líder do chamado Centrão.
E falta dinheiro para a estruturação das escolas, para os salários dos profissionais da educação, para as universidades, para a pesquisa e a ciência. Não há dinheiro para a compra de absorventes para meninas e mulheres carentes (felizmente o Congresso derrubou esse veto desumano à compra dos absorventes), mas sobra dinheiro para os amigos e para as Forças Armadas comprarem viagra e remédio contra a calvície, tão fundamentais para a defesa da nação. É de pasmar.
Estranhamente, a mídia patronal e conservadora parece ter esquecido a corrupção no Ministério da Educação (MEC). Mas nós não esquecemos e jamais esqueceremos. Porque esse desgoverno somente reajustou o Piso Nacional Salarial dos Professores sob intensa pressão dos sindicatos representantes da categoria no país inteiro.
Todo apoio, portanto, à instauração da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), proposta pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Os senadores não podem ceder aos apelos insistentes do governo contra a CPI.
Quem não deve não teme e as denúncias de corrupção no MEC são gravíssimas. A sociedade brasileira precisa de esclarecimentos e, comprovado o ilícito, os responsáveis devem ser punidos como determina a lei.
Precisamos salvar a educação brasileira das garras do fundamentalismo religioso e da rapina de empresários, que nada têm a ver com o interesse público. CPI do MEC Já!
Marília Arraes
@MariliaArraes
O #TBT do dia é mais do que especial. Hoje faz 1 semana que conseguimos derrubar o veto de Bolsonaro ao nosso projeto que cria o Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual. As mulheres do Brasil inteiro comemoraram essa vitória histórica!
Natália Bonavides
A mobilização para derrubar o veto de Bolsonaro ao projeto da companheira
@MariliaArraes que garante dignidade menstrual para as mulheres é urgente. Vamos simbora garantir esse direito! Não daremos um minuto de paz! #DignidadeMenstrualJá
É hoje! A luta das mulheres vai derrubar o veto de Bolsonaro ao projeto da companheira
@MariliaArraes, e de nossa relatoria, para garantir absorventes a quem precisa. É uma luta pelo direito à saúde e por dignidade! Toda mobilização pela derrubada do veto! #DerrubaVeto59