A morte de Rita Lee tem forte repercussão na imprensa internacional. Jornais, emissoras de rádio e TV noticiam com destaque o falecimento da "cantora, compositora, arranjadora, membro do mítico grupo de rock Os Mutantes", na noite de segunda-feira (8), aos 75 anos.
O site da rádioNova, uma das emissoras mais envolvidas na divulgação da Música Popular Brasileira na França, desde os anos 1980, colocou rapidamente em sua homepage a retransmissão de um programa recente dedicado à cantora, gravado em 20 de março.
Na emissão"Classico: Lança Perfume",a jornalista e crítica musical Véronique Mortaigne, ex-colunista doLe Monde, atual colaboradora daNovae daVanity Fair,fala sobre a trajetória de Rita.
"Infinitamente livre, suas letras enfrentam os tabus dos anos 1980: o sexo, a homossexualidade, a cultura queer, o aborto, o debate sobre uma legislação para a maconha e a violência policial, entre tantos outros assuntos", diz a jornalista no programa. Mortaigne acabava de retornar de uma viagem ao Brasil e comentou o frágil estado de saúde de Rita Lee, já bastante afetada pelo câncer no pulmão.
"Rita Lee era uma legenda do rock",exclama o canalBFMTV.Em um texto curto, mas acompanhado da mensagem de falecimento publicada por Roberto de Carvalho e a família no Instagram,BFMTVconta que a cantora lutava contra o câncer desde 2021.
"Cantora e musicista, Rita Lee teve uma rica discografia, assim como os sucessos dos anos 1980 'Lança Perfume' ou 'Saúde'", diz o jornalLe Parisien.Esses dois hits são programados com certa frequência na FM francesa.
OjornalPúblico também homenageia a artista. "A cantora e compositora brasileira Rita Lee ficará para sempre como a eterna rainha do rock brasileiro, apesar de ter seguido muitos outros gêneros musicais", escreve o diário português, que também elogia suas qualidades de autora, como uma "escrita clara e impiedosa, salpicada de ironia, humor e amor".
Visionária e inspiradora
A agênciaAFPfala da cantora como "a rainha rebelde do rock brasileiro". Uma artista "rebelde, visionária e inspiradora de várias gerações de mulheres" no Brasil. O texto recorda que Rita Lee Jones estreou como cantora na banda feminina Teenage Singers, cantando covers de The Beatles e outros grupos internacionais. Depois, em 1966, formou o trio de rock psicodélico Os Mutantes, com o qual alcançaria fama nacional no auge da Tropicália, um movimento libertário que revolucionou a música brasileira durante a Ditadura Militar (1964-1985). Mas foi com Caetano Veloso e Gilberto Gil, líderes do movimento, que Rita Lee descobriu seu "lado brasileiro".
Separada de Os Mutantes em 1972, ela seguiu com a banda Tutti Frutti e, depois, com carreira solo. "Foi uma mulher pioneira no cenário musical. Suas roupas extravagantes e canções irreverentes, que falavam de sexo, amor e liberdade, tornaram-se símbolos feministas", continua a agência.
Seus inúmeros sucessos incluem "Ovelha Negra" (1975), "Mania de Você" (1979), "Lança Perfume" (1980) e "Amor e sexo" (2003).
Em 50 anos de carreira, ela lançou mais de 30 álbuns, foi indicada sete vezes ao Grammy Latino e venceu uma vez em 2001, na categoria de Melhor Álbum de Rock Brasileiro, com "3001". A Academia Latina da Gravação concedeu-lhe o Prêmio de Excelência Musical em 2022 pelo conjunto de sua obra.
"Vanguardista e inovadora", a artista que começou no Tropicalismo se abriu para outros ritmos, lembra o jornal argentinoEl Clarín. "Ela vendeu cerca de 60 milhões de discos", completa o diário.
Em 2012, Rita Lee anunciou sua aposentadoria dos palcos aos 64 anos, alegando "fragilidade física". Desde então, vivia reclusa em sua casa de campo no interior do estado de São Paulo, com o marido, Roberto de Carvalho, a frequente visita dos três filhos, e seus animais, outra de suas grandes paixões.
'Padroeira da liberdade'
Nas imagens que compartilhou em suas redes sociais recentemente, apareceu com cabelos curtos, vestindo pulôveres coloridos. Fiel ao seu estilo rebelde, em 2022 ela revelou à revista Rolling Stone Brasil que o papel de "rainha do rock" nacional atribuído a ela por brasileiros de todas as idades não lhe convencia totalmente.
"Gosto mais de ser chamada de 'padroeira da liberdade' do que 'rainha do rock', o que acho um tanto cafona...".
Meu bem, você me dá água na boca Vestindo fantasias, tirando a roupa Molhada de suor de tanto a gente se beijar De tanto imaginar (imaginar) loucuras
A gente faz o amor por telepatia No chão, no mar, na lua, na melodia Mania de você, de tanto a gente se beijar De tanto imaginar, imaginar loucuras
Nada melhor do que não fazer nada Só pra deitar e rolar com você Nada melhor do que não fazer nada Só pra deitar e rolar com você
Meu bem, você me dá água na boca, água na boca Vestindo fantasia, tirando a roupa Molhada de suor de tanto a gente se beijar De tanto imaginar, imaginar loucuras
A gente faz amor por telepatia (telepatia) No chão, no mar, na lua, na melodia Mania de você, de tanto a gente se beijar De tanto imaginar (imaginar) loucuras (imaginar)
Nada melhor do que não fazer nada Só pra deitar e rolar com você Nada melhor do que nada na cuca Só pra deitar e rolar com Bituca, com Bituca
Em textos poéticos, a angústia frente ao eterno retorno da tragédia dos povos da Amazônia. O Criador vislumbra o impasse da destinação de suas criaturas. Tudo em nome da “poeira brilhante na lama”, como definiu Davi Kopenawa
Num sonho tormentoso, Deus se vê falando a Motociata e Motosserra, ilustres ninfocidas e guardiãs do recém-criado décimo círculo infernal.
1. Há muito contemplo o caminho que percorreis. Conheço as vossas tramas e os vossos ardis. Bem sei do que sois capazes.
2. Agora, pois, atentai à minha palavra: Eis que ponho inimizade eterna entre vós e os ribeirinhos, e selo convosco uma firme aliança, simbolizada por este anel, feito do mais fino ouro que se pôde extrair da Terra Yanomami.
3. Sem o vosso auxílio e unidade de espírito não se cumpriria tão cedo o plano que ora cogito.
4. Arrependi-me novamente da criação e decidi, de uma vez por todas, extirpar os seres viventes da face da terra.
5. Não posso, porém, renunciarasí no másà minha obra, pois, feito o belo Narciso, também ele um ser criado à minha imagem e semelhança, apego-me a tudo aquilo em que me vejo, ainda que mal, espelhado.
6. Por isso, lembrei-me de vós, que formais uma só carne e um só pensamento.
7. Recordai o mandamento que ditei a vossos pais: crescei e multiplicai-vos!
8. Tomai em vossas mãos aquilo que escapou das minhas. Expandi a vossa atuação até os confins da terra e até o fundo dos mares. E não poupeis o luzeiro menor, dominai-o! E, se puderdes, tratai de ocultar o maior, toldando o firmamento com o vosso admirável arsenal de pestilências.
9. Acreditei uma vez nas virtudes dos filhos de Noé e dos filhos de seus filhos. De todo o coração, apostei na redenção da criatura. Debalde!
10. Fazei, pois, cumprir o meu intento e sereis recompensadas com a incomparável paz do inexistente.
Entrevisto o presidente Lula na manhã desta quinta. A conversa vai ao ar, na própria 5ª, no programa 'O É da Coisa', na BandNews FM, na Band, na BandNews TV e nas plataformas do grupo Bandeirantes.
Ministério Público de SP tem de abrir uma investigação. Prefeito de S.Sebastião, numa entrevista-chilique à BandNews FM, deixou escapar que empresários com casas em Maresias impediram a construção de 400 habitações populares. Quem são? O que fizeram? Por que a Prefeitura cedeu?
Entidade empresarial de Bento Gonçalves culpa o Bolsa Família por trabalho escravo. Nunca mais nem uma taça de vinho dessa gente!!! E qualquer pessoa decente fará o mesmo enquanto esses caras não pedirem desculpas e não assumirem a sua culpa. ELITE LIXO!
O vereador Sandro Fantinel (Patriotas), de Caxias do Sul, já sabe a quem culpar pelo trabalho escravo nas vinícolas: os baianos, q seriam sujos. O vereador é um criminoso, segundo a Constituição e a Lei 7.716. Ministério Público vai atuar?
Ditadura militar e zoofilia de serial killers (sadismo sexual)
Quais são as músicas censuradas na ditadura militar?
7 músicas censuradas durante a ditadura militar
Apesar de Você (Chico Buarque)
Tiro ao Álvaro (Adoniran Barbosa)
Vaca Profana (Caetano Veloso)
Cálice (Gilberto Gil/Chico Buarque)
Milagre dos Peixes (Álbum – Milton Nascimento)
Pra Não Dizer que Não Falei das Flores (Geraldo Vandré)
Acender as Velas (Zé Keti)
Quantas músicas de Chico Buarque foram censuradas?
Os principais cantores censurados pela Ditadura Militar foram: Caetano Veloso, Chico Buarque, Elis Regina, Geraldo Vandré, Gilberto Gil, Kid Abelha, Milton Nascimento, Raul Seixas, Paulo Coelho, Toquinho, Vinícius de Morais, Odair José e Torquato Neto. Chico Buarque de Hollanda, por sua vez, teve pelo menos 10 canções censuradas.
Quem censurava as músicas na ditadura militar?
As músicas da ditadura militar expressavam o descontentamento dos artistas com as barbáries cometidas durante esse período da história brasileira. E assim como as peças de teatro, filmes, poesias e outras obras elaboradas nesse período, a produção musical estava susceptível à censura por parte dos militares.
Quantos livros foram censurados na ditadura militar?
A quantidade exata de livros censurados na ditadura ainda é desconhecida. Desde 1970, o Departamento de Censura de Diversões Públicas (DCDP) do Ministério da Justiça tornou-se responsável pela censura a livros. Entre 1970 e 1982, o órgão analisou oficialmente pelo menos 492 livros, dos quais 313 foram vetados.
Quais foram os cantores que foram exilados na época da ditadura?
Artistas brasileiros que foram exilados na Ditadura Militar
Caetano Veloso
Gilberto Gil
Oscar Niemeyer
Chico Buarque
Raul Seixas
Geraldo Vandré
Quais foram os principais cantores que se opuseram à ditadura militar?
Em 1979, João Bosco e Aldir Blanc compuseram “O bêbado e a equilibrista”, que fala sobre os exilados. É um retrato do Brasil no final do período ditatorial, com mães chorando (Choram Marias e Clarisses) pela falta de seus filhos, os “Carlitos” tentando sobreviver (alusão a um personagem de Charles Chaplin.
O que é o AI-5?
O AI–5 é uma norma legal instituída pelo governo militar que estabelecia prerrogativas para que os militares pudessem perseguir os opositores do regime. Consistia basicamente em uma ferramenta que dava legalidade jurídica para o autoritarismo e a repressão impostos pelos militares desde 1964.
Porque a música Jorge Maravilha foi censurada?
Em Jorge Maravilha, Chico cantava: “você não gosta de mim, mas sua filha gosta”, o que gerou a especulação de que Amália Lucy, fã declarada dele e filha de outro presidente militar, o general Geisel, tinha sido ahomenageada da canção. Chico sempre negou que tenha composto a música para Amália.
Quem lutou contra a ditadura militar?
Neste cenário, lançaram-se à luta armada dezenas de organizações, das quais destacaram-se a Ação Libertadora Nacional (ALN), o Comando de Libertação Nacional (COLINA), o Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8), o Partido Comunista do Brasil (PCdoB), a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) e a Vanguarda Armada …
Porque a música Tiro ao Álvaro foi censurada?
O documento oficial que veta “Tiro Ao Álvaro” (canção de 1960) dá a justificativa de “falta de gosto”. A letra brinca com a oralidade do povo de São Paulo ao contar com as palavras “tauba”, “automorve” e “revorve”.
Quais livros foram censurados?
Censurado: 6 livros que foram tirados de circulação
O casamento, de Nelson Rodrigues. …
Feliz ano novo, de Rubem Fonseca. …
A crucificação rosada, de Henry Miller. …
Lolita, de Vladimir Nabokov. …
Madame Bovary, de Gustave Flaubert. …
O crime do padre Amaro, de Eça De Queiroz.
Quais os livros proibidos no Brasil?
Confira abaixo os títulos e onde foram censurados:
1984, de George Orwell.
Lolita, de Vladimir Nabokov.
O crime do Padre Amaro, de Eça de Queirós.
Feliz Ano Novo, de Rubem Fonseca.
Tessa: A gata, de Cassandra Rios.
Quem era os exilados?
Significado de Exilado substantivo masculino Pessoa que, por razões políticas, foi obrigada a deixar sua pátria, seu país; expatriado, desterrado: os exilado voltarão ao Brasil. … Etimologia (origem da palavra exilado). A palavra exilado deriva como particípio do verbo exilar, pela junção de exílio-, e -ar.
Quem eram as pessoas torturadas na ditadura militar?
A casa dos horrores torturou até a morte jovens opositores do regime militar. Outros viveram a perversidade de serem torturados na frente de filhos crianças, como Amélia e Cesar Teles. O casal, de pouco mais de 20 anos, foi preso em dezembro de 1972, e apanhou seguidamente. Geraldo Vandré enloqueceu na tortura. Ficou atoleimado. Virou um farrapo humano. Ficou viciado em drogas para aliviar as dores da tortura. Exilado no Chile passou a ser informante em troca de cocaína. Vandré virou a soma de tortura + dor + droga + loucura + leseira. A ditadura torturou bebês, crianças. Vários serial killers foram forturadores. Torturadores que praticavam todo tipo de sadismo sexual, usando inclusive diferentes animais.
AI-5, ato institucional de 1968, exigia liberação de músicas, filmes e mais previamente à publicação; Chico Buarque, Gilberto Gil, Gal Costa e outros artistas essenciais brasileiros foram reprimidos
por Yolanda Reis
Em 1 de abril de 1964, começou o Regime Militar no Brasil. Uma das maiores lembranças da ditadura é o Ato Instucional nº5 - ou AI-5. Este, de dezembro de 1968, instaurou regras como junção dos poderes legislativo e executivo, toques de recolher, proibição de reuniões não autorizadas e, mais lembrado, a censura da liberdade de expressão.
A arte foi uma das que mais sofreu com as medidas. Depois do AI-5, músicas, filmes, livros, revistas e jornais precisavam de aprovação governamental prévia à publicação. Diversos artistas, vivos até hoje, tiveram canções censuradas. Os motivos iam desde subversão à palavras de grafia errada.
eparamos, abaixo, 10 músicas essenciais da cultura brasileira censuradas durante a ditadura - e explicamos porquê o governo militar não gostava delas:
“Cálice” (1973), Chico Buarque e Gilberto Gil
Letra: “Pai, afasta de mim este cálice / De vinho tinto de sangue”
Por quê foi censurada: o refrão, quando falado, vira “afasta de mim este cale-se”. Na folha de censura da Ditadura, aparece, anotado à tinta de caneta: “cale-se, cale-se, cale-se.” Era uma crítica à censura.
“Apesar de Você” (1970), Chico Buarque
Letra: “Hoje você é quem manda / Falou, tá falado / Não tem discussão / A minha gente hoje anda / Falando de lado / E olhando pro chão, viu / Você que inventou esse estado / E inventou de inventar / Toda a escuridão / Você que inventou o pecado / Esqueceu-se de inventar / O perdão / Apesar de você / Amanhã há de ser / Outro dia”
Por quê foi censurada: A letra foi aprovada em primeiro momento. Depois de alguns meses, porém, o Tribuna da Imprensa comentou que era como um hino jovem. Reviram, perceberam o significado escondido, censuraram. Inclusive, o militar que a liberara antes foi punido. Buarque, em depoimento, disse que a canção era sobre uma mulher mandona. Não colou. A polícia invandiu a gravadora para destruir todas as cópias - por sorte, esqueceram da matriz, e a música original ainda existe.
“Jorge Maravilha” (1973), Chico Buarque
Letra: “E nada como um tempo após um contratempo / Pro meu coração / E não vale a pena ficar, apenas ficar / Chorando, resmungando / até quando, não, não, não [...] Você não gosta de mim, mas sua filha gosta”
Por quê foi censurada: Depois de lançar “Apesar de Você”, Chico Buarque tinha todas as músicas automaticamente “interditadas”. Inventou o pseudônimo Julinho da Adelaide. Lançou, sob ele, “Jorge Maravilha”. Inicialmente aprovada, foi censurada quando o Jornal Brasil dedurou o músico. A partir disso, todas as composições submetidas ao governo precisavam ser acompanhadas pelo RG e CPF do compositor.
Acredita-se que a música seja uma provocação direta ao então presidente Ernesto Geisel, pois Amália Lucy, filha dele, declarou publicamente amar Chico Buarque. O músico nega: conta uma história da vez que foi preso e levado ao DOPS, e um policial pediu um autógrafo para a filha, pois esta o adorava.
“Tiro Ao Álvaro” e “Um Samba no Bexiga” (1973), Adoniran Barbosa
Letra: “Meu coração até parece / Táuba de tiro ao álvaro [...] Teu olha mata mais / Que atropelamento de automover / Mata mais que / Bala de revorve.” (“Tiro ao Álvaro”)
“Domingo nois fummo num samba no Bexiga / Na Rua Major, na casa do Nicola / À mezzanotte o'clock / Saiu uma baita duma briga / Era só pizza que avuava junto com as braciola.” ("Um Samba no Bexiga")
Por quê foi censurada: Aparentemente, “falta de gosto”, como diz a anotação da folha de análise do governo. As palavras erradas eram típicas da persona de Adoniran, um homem simples dos subúrbios de São Paulo. Naquele mesmo ano, foram vetadas outras três composições do músico: “Casamento de Moacir”, “Despejo na Favela” e “Já fui uma Brasa”.
"Pra não dizer que não falei das flores" (1968), Geraldo Vandré
Letra: “Caminhando e cantando / E Seguindo a canção / Somos todos iguais / Braços dados ou não [...] Vem, vamos embora / Que esperar não é saber / Quem sabe faz a hora / Não espera acontecer [...] Há soldados armados, amados ou não / Quase todos perdidos de armas na mão / Nos quartéis lhes ensinam uma antiga lição / De morrer pela pátria e viver sem razão".”
Por quê foi censurada: A música fala de movimentação, resistência, não conformidade. Não demorou para virar hino de resistência à Ditadura Militar. A primeira censura foi na apresentação dela em um programa da TV Globo. Não recebeu o lugar de melhor canção a mando do governo. Depois, proibida oficialmente por “ofensas” ao exército. Em 2009, foi eleita pela Rolling Stone Brasil uma das 100 Maiores Músicas Brasileirasde todos os tempos.
“Uma Vida Só (Pare de Tomar a Pílula)” (1973), Odair José
Letra: “Pare de tomar a pílula”
Por quê foi censurada: Fanfarrão e piadista, Odair José teve diversas faixas censuradas: “Vou Tirar Você Desse Lugar“, “Deixe Essa Vergonha de Lado”, “Cristo, Quem é Você?”, “Vou Morar Com Ela” e “Pare de Tomar a Pílula”. O motivo era que as letras, todas em tom de brincadeira, falavam sobre sexo - e iam contra a moral e bons costumes.
“Hoje É Dia de El-Rey” (1973), Milton Nascimento e Dorival Caymmi
Letra: “Filho, meu ódio você tem / Mas El Rey quer viver só de amor / Sem clarins sem mais tambor/ Vá dizer: nosso dia é de amor / [Filho:] Juntai as muitas mentiras / jogai os soldados na rua / nada sabeis desta terra / hoje é o dia da lua / Leva daqui tuas armas / então cantar poderia / mas nos teus campos de guerra / hoje morreu poesia.”
Por quê foi censurada: A música mostra uma conversa do Filho, que não gosta do rei, e do Pai, que acredita ser El Rey ser de amor. “Conteúdo nitidamente político,” julgou o censor da Ditadura.
“Cruel Cruel Esquizofrenético Blues“ e “Ela Quer Morar Comigo na Lua”, (1982), Blitz
Letra: “Esse vazio idiota que te consome/E some com a tua paz / Que se foi como aquela empregada radical / Que você mandou embora numa cena feia / Depois da ceia na noite de Natal / Só porque ela pegou no peru do seu marido” (“Cruel Cruel Esquizofrenético Blues”)
“Ela diz que eu ando bundando” (“Ela Quer Morar Comigo na Lua”)
“Vaca Profana” (1984), Caetano Veloso
Letra: “Dona das divinas tetas / Derrama o leite bom na minha cara / E o leite mau na cara dos caretas”
Por quê foi censurada: Considerada de mau gosto, tanto pelo título, quanto pelo conteúdo. Feriam a moral e bons costumes dos brasileiros.
“Opinião” (1964), Zé Keti
Letra: “Podem me prender / Podem me bater / Podem, até deixar-me sem comer / Que eu não mudo de opinião / Daqui do morro / Eu não saio, não”
Por quê foi censurada: Canção de anos antes do AI-5, foi censurada em 1968. A letra é composição contra a ideia do governo de derrubar as favelas; virou, porém, palavras de resistência. Em 1970, Zé Keti a regravou.
Podem me prender, podem me bater Podem até deixar-me sem comer Que eu não mudo de opinião Daqui do morro eu não saio não Daqui do morro eu não saio não
Podem me prender, podem me bater Podem até deixar-me sem comer Que eu não mudo de opinião Daqui do morro eu não saio não Daqui do morro eu não saio não
Se não tem água, eu furo um poço Se não tem carne, eu compro um osso E ponho na sopa e deixa andar Deixa andar, deixa andar
Fale de mim quem quiser falar Aqui eu não pago aluguel Se eu morrer amanhã, seu doutor Estou pertinho do céu
Podem me prender, podem me bater Podem até deixar-me sem comer Que eu não mudo de opinião Daqui do morro eu não saio não Daqui do morro eu não saio não
Daqui do morro eu não saio não Daqui do morro eu não saio não
Filho – Não pode o noivo mais ser feliz Não pode viver em paz com seu amor Não pode o justo sobreviver Se hoje esqueceu o que é bem-querer Rufai tambores, saudando El-Rey Nosso amo e senhor dono da lei Soai clarins pois o dia do ódio e o dia do não Vem com El-Rey
Pai – Filho meu, ódio você tem Mas alguém quer provar o seu amor Sem clarins e sem mais tambor Nenhum rei vai mudar a velha dor
Filho – Juntai as muitas mentiras Jogai os soldados na rua Nada sabeis desta terra Hoje é o dia da lua
Pai – Filho meu, cadê teu amor Nosso Rey está sofrendo a tua dor Filho – Leva daqui tuas armas Então cantar poderia Mas em teus campos de guerra Ontem morreu a poesia
Ambos – El Rey virá calar...
Pai – meu filho você tem razão Mas acho que não é em tudo Se o mundo fosse o que pensa Estava em outro lugar Medo ninguém tinha agora E tudo podia mudar
Filho – Matai o amor, pouco importa Pois outro haverá de surgir O mundo é pra frente que anda Mas tudo está como está Hoje então e agora Pior não podia ficar
Ambos – Largue seu dono, viaje noutra alegria Se hoje é triste e coragem pode matar Vem, amizade não pode ser com maldade Se hoje é triste a verdade Empurre a porta sombria Encontre nova alegria para amanhã
Mais uma vez, a música, a poesia, viram arma contra a ignorância.
Neste sábado (17) foi lançado o clipe do ‘Hino’ ao Inominável, com letra de Carlos Rennó e música de Chico Brown e Pedro Luís.
Assista:
A canção relembra quatro anos de atrocidades vividas sob governo Bolsonaro (o inominável) e de descalabros ditos por ele.
Crimes cometidos, frases e ações que teriam rendido impeachment em qualquer país sério.
Charge do Duke que entrou pra história,
assim como a frase disparada por Bolsonaro
quando perguntado sobre os mortos por Covid-19 no Brasil.
O clipe tem participação de vários artistas, como já tinha acontecido, em agosto, com a carta pela democracia no Brasil, que também reuniu gente do calibre de Fernanda Montenegro, Milton Nascimento, Chico e Caetano.
Desta vez, temos Wagner Moura, Bruno Gagliasso, Lenine, José Miguel Wisnik, Chico César, Zélia Duncan, Marina Lima e Professor Pasquale, dentre vários outros. A lista é grande.
Dá raiva assistir a esses 13 minutos de clipe, mas é importante relembrar, ainda mais agora, que estamos às vésperas das eleições.
“Sem a memória dos crimes de hoje, não teremos justiça amanhã. Esquecer, jamais. ‘Hino’ ao Inominável foi feito pra isso: pra lembrar pra sempre o que vivemos nesses anos sob a gestão do mais tosco dos toscos, o mais perverso dos perversos, o mais baixo dos baixos, o pior dos piores mandatários da nossa história. E, no presente, colaborar pra que o inominável não seja reeleito.”
Dá para checar na internet todas as frases ditas por Bolsonaro e relembradas nesta música. Ele não tem vergonha de dizer atrocidades, muitas vezes diz em vídeo, repete depois em áudio, não está nem aí, literalmente, para o decoro.
Até as 21h40 deste sábado, o clipe completo já tinha mais de 100 mil visualizações, 25 mil curtidas e mais de 1.800 comentários. Mais explicações sobre ele na página do YouTube:
“Com letra de Carlos Rennó e música de Chico Brown e Pedro Luís, a canção – autoironicamente intitulada de “hino” – é apresentada por trinta intérpretes num vídeo do Coletivo Bijari com 13:40 na versão integral (…) Na íntegra, são 202 versos, mais o refrão, contra o ódio e a ignorância no poder no Brasil. Porém, apesar dele – e do que, e de quem e quantos ele representa – a mensagem final é de luz, a luz que resiste”.
Essa mensagem final, com um quê de otimista, está no refrão:
42 artistas leram o texto que defende Estado Democrático de Direito, urnas eletrônicas e resultado das eleições de outubro
Um grupo de 42 artistas, incluindo Fernanda Montenegro, Caetano Veloso, Chico Buarque, Marisa Monte, Anitta, Maria Bethânia, Antonio Fagundes, Milton Nascimento, Djavan, Dira Paes, Duda Beat, Wagner Moura e Juliette, divulgou nesta quarta-feira (10) um vídeo em que aparecem fazendo a leitura da "Carta às Brasileiras e aos Brasileiros pela Democracia".
Segundo o G1, a carta defendendo Estado Democrático de Direito, as urnas eletrônicas e resultado das eleições de outubro foi lançada depois dos ataques do presidente Jair Bolsonaro (PL) contra as urnas e o sistema eleitoral brasileiro.
A leitura oficial da Carta às Brasileiras e aos Brasileiros pela Democracia nesta quinta-feira (11/8), aconteceu na Universidade de São Paulo (USP), mais especificamente no Pátio das Arcadas do Largo de São Francisco, em ato organizado por juristas e movimentos sociais.
Até o momento, o documento soma quase 900 mil assinaturas e defende as urnas eletrônicas e o Estado Democrático de Direito.
Nossas eleições com o processo eletrônico de apuração têm servido de exemplo no mundo. Tivemos várias alternâncias de poder com respeito aos resultados das urnas e transição republicana de governo. As urnas eletrônicas revelaram-se seguras e confiáveis, assim como a Justiça Eleitoral”, afirma a carta.
MANIFESTAÇÃO DA FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL À COMUNIDADE JURÍDICA
No mês em que se comemora a fundação dos cursos jurídicos no Brasil, a Faculdade de Direito da UFRGS - que tem dado à comunidade jurídica nacional grande número de profissionais que ocuparam e ocupam posições de alta responsabilidade na construção da democracia brasileira - vem manifestar seu compromisso de defesa do sistema constitucional pátrio.
Esse compromisso se traduz no repúdio a qualquer suspeição ao sistema eleitoral, que tanto tem orgulhado a Nação Brasileira, e na defesa dos ideais democráticos pelos quais esta Faculdade tem se pautado.
O compromisso aqui assumido deve vir a público, visto que esta casa é a alma mater de muitos membros do Poder Judiciário (guardião da Constituição e das leis), do Ministério Público (fiscal da legalidade), da Advocacia Pública e Privada (bastiões indispensáveis da administração da Justiça), da Defensoria Pública (constitucionalmente definida como instrumento do regime democrático), de servidores públicos e das demais carreiras jurídicas.
Nenhum comportamento de desrespeito às Instituições Públicas pode ser respaldado porque afronta às Instituições Públicas e ao juramento que todos os que saem desta casa fazem de patrocinar o Direito, executando a Justiça e tendo sempre presentes os Direitos Humanos, a fim de não faltar à causa da humanidade e ao respeito com as diferenças.
A Faculdade de Direito da UFRGS, ao longo dos seus 122 anos, sempre foi o local de convivência de ideias divergentes no conteúdo, mas convergentes na crença de que sem um sistema democrático sólido e um Estado de Direito não há ideias que defender, nem Direito que possa imperar.
Renovado o sempre presente compromisso em busca de um Brasil melhor e, como a nossa Faculdade de Direito da UFRGS, um país democrático, diverso, inclusivo e isonômico, que respeita o Estado de Direito, exorta-se a todos que daqui saíram, Alumni e aos amigos da Faculdade de Direito da UFRGS, a permanecerem atentos e ativos na defesa dos valores aqui ensinados e à manutenção da Democracia e da ordem constitucional em nosso país.
Porto Alegre, 1° de agosto de 2022. Conselho da Unidade Faculdade de Direito da UFRGS – CONSUNI-DIR-UFRGS (Decisão unânime do Conselho de 27.07.2022)
Neste momento em que cartas e manifestos em defesa da democracia mostram a capacidade de resistência do Brasil ao autoritarismo, trago a “Carta à República”, canção de Milton Nascimento e Fernando Brant, de 1987.
“Sim é verdade, a vida é mais livre/ O medo já não convive nas casas, nos bares, nas ruas/ Com o povo daqui/ E até dá pra pensar no futuro/ E ver nossos filhos crescendo e sorrindo/ Mas eu não posso esconder a amargura/ Ao ver que o sonho anda pra trás/E a mentira voltou/ Ou será mesmo que não nos deixara?/ A esperança que a gente carrega/ É um sorvete em pleno sol/ O que fizeram da nossa fé?/ Eu briguei, apanhei, eu sofri, aprendi/ Eu cantei, eu berrei, eu chorei, eu sorri/ Eu saí pra sonhar meu país/ E foi tão bom, não estava sozinho/ A praça era alegria sadia/ O povo era senhor/ E só uma voz, numa só canção/ E foi por ter posto a mão no futuro/ Que no presente preciso ser duro/ E eu não posso me acomodar/ Quero um país melhor”.
A canção fala do fim da ditadura, mas também da frustração de esperanças que se esvaíam naqueles primeiros tempos de respiro democrático. Mais de 30 anos depois, a carta de Milton e Fernando permanece atualíssima. Fui buscá-la na memória depois de assistir ao espetáculo “A Última Sessão de Música”, que marca a despedida de Milton dos palcos.
Prestes a completar 80 anos, Milton ainda tem um diamante na voz, que reverbera os quilombos, as aldeias, as beiras de rio, morros e favelas, onde quer que tenha gente “que ri quando deve chorar, e não vive, apenas aguenta”. Milton é o menino Miguel, de Santa Luzia, que ligou para a polícia pedindo comida para seus cinco irmãos e para sua mãe, Célia, uma das tantas Marias com a “estranha mania de ter fé na vida”.
Milton encerrou o show com um “Viva a democracia!”. O artista encarna um sonho de Brasil que nos cabe resgatar, realimentando esperanças, reconstruindo caminhos. Feliz do país que tem a voz soberana de Milton Nascimento.