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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

10
Mai23

Morte de Rita Lee tem forte repercussão internacional: "livre, rebelde, visionária, ícone do rock"

Talis Andrade

Nando Motta

Rita Lee imortalizada pelas lentes de Bob Wolfenson.
Bob Wolfenson

A morte de Rita Lee tem forte repercussão na imprensa internacional. Jornais, emissoras de rádio e TV noticiam com destaque o falecimento da "cantora, compositora, arranjadora, membro do mítico grupo de rock Os Mutantes", na noite de segunda-feira (8), aos 75 anos.

O site da rádio Nova, uma das emissoras mais envolvidas na divulgação da Música Popular Brasileira na França, desde os anos 1980, colocou rapidamente em sua homepage a retransmissão de um programa recente dedicado à cantora, gravado em 20 de março. 

Na emissão "Classico: Lança Perfume", a jornalista e crítica musical Véronique Mortaigne, ex-colunista do Le Monde, atual colaboradora da Nova e da Vanity Fair, fala sobre a trajetória de Rita. 

"Infinitamente livre, suas letras enfrentam os tabus dos anos 1980: o sexo, a homossexualidade, a cultura queer, o aborto, o debate sobre uma legislação para a maconha e a violência policial, entre tantos outros assuntos", diz a jornalista no programa. Mortaigne acabava de retornar de uma viagem ao Brasil e comentou o frágil estado de saúde de Rita Lee, já bastante afetada pelo câncer no pulmão. 

"Rita Lee era uma legenda do rock", exclama o canal BFMTV. Em um texto curto, mas acompanhado da mensagem de falecimento publicada por Roberto de Carvalho e a família no Instagram, BFMTV conta que a cantora lutava contra o câncer desde 2021.

"Cantora e musicista, Rita Lee teve uma rica discografia, assim como os sucessos dos anos 1980 'Lança Perfume' ou 'Saúde'", diz o jornal Le Parisien. Esses dois hits são programados com certa frequência na FM francesa.

O jornal Público também homenageia a artista. "A cantora e compositora brasileira Rita Lee ficará para sempre como a eterna rainha do rock brasileiro, apesar de ter seguido muitos outros gêneros musicais", escreve o diário português, que também elogia suas qualidades de autora, como uma "escrita clara e impiedosa, salpicada de ironia, humor e amor".

Visionária e inspiradora

A agência AFP fala da cantora como "a rainha rebelde do rock brasileiro". Uma artista "rebelde, visionária e inspiradora de várias gerações de mulheres" no Brasil. O texto recorda que Rita Lee Jones estreou como cantora na banda feminina Teenage Singers, cantando covers de The Beatles e outros grupos internacionais. Depois, em 1966, formou o trio de rock psicodélico Os Mutantes, com o qual alcançaria fama nacional no auge da Tropicália, um movimento libertário que revolucionou a música brasileira durante a Ditadura Militar (1964-1985). Mas foi com Caetano Veloso e Gilberto Gil, líderes do movimento, que Rita Lee descobriu seu "lado brasileiro".

Separada de Os Mutantes em 1972, ela seguiu com a banda Tutti Frutti e, depois, com carreira solo. "Foi uma mulher pioneira no cenário musical. Suas roupas extravagantes e canções irreverentes, que falavam de sexo, amor e liberdade, tornaram-se símbolos feministas", continua a agência.

Seus inúmeros sucessos incluem "Ovelha Negra" (1975), "Mania de Você" (1979), "Lança Perfume" (1980) e "Amor e sexo" (2003).

Em 50 anos de carreira, ela lançou mais de 30 álbuns, foi indicada sete vezes ao Grammy Latino e venceu uma vez em 2001, na categoria de Melhor Álbum de Rock Brasileiro, com "3001". A Academia Latina da Gravação concedeu-lhe o Prêmio de Excelência Musical em 2022 pelo conjunto de sua obra.

"Vanguardista e inovadora", a artista que começou no Tropicalismo se abriu para outros ritmos, lembra o jornal argentino El Clarín. "Ela vendeu cerca de 60 milhões de discos", completa o diário. 

Em 2012, Rita Lee anunciou sua aposentadoria dos palcos aos 64 anos, alegando "fragilidade física". Desde então, vivia reclusa em sua casa de campo no interior do estado de São Paulo, com o marido, Roberto de Carvalho, a frequente visita dos três filhos, e seus animais, outra de suas grandes paixões.

'Padroeira da liberdade' 

Nas imagens que compartilhou em suas redes sociais recentemente, apareceu com cabelos curtos, vestindo pulôveres coloridos. Fiel ao seu estilo rebelde, em 2022 ela revelou à revista Rolling Stone Brasil que o papel de "rainha do rock" nacional atribuído a ela por brasileiros de todas as idades não lhe convencia totalmente.

"Gosto mais de ser chamada de 'padroeira da liberdade' do que 'rainha do rock', o que acho um tanto cafona...".

Meu bem, você me dá água na bocaVestindo fantasias, tirando a roupaMolhada de suor de tanto a gente se beijarDe tanto imaginar (imaginar) loucuras
A gente faz o amor por telepatiaNo chão, no mar, na lua, na melodiaMania de você, de tanto a gente se beijarDe tanto imaginar, imaginar loucuras
Nada melhor do que não fazer nadaSó pra deitar e rolar com vocêNada melhor do que não fazer nadaSó pra deitar e rolar com você
Meu bem, você me dá água na boca, água na bocaVestindo fantasia, tirando a roupaMolhada de suor de tanto a gente se beijarDe tanto imaginar, imaginar loucuras
A gente faz amor por telepatia (telepatia)No chão, no mar, na lua, na melodiaMania de você, de tanto a gente se beijarDe tanto imaginar (imaginar) loucuras (imaginar)
Nada melhor do que não fazer nadaSó pra deitar e rolar com vocêNada melhor do que nada na cucaSó pra deitar e rolar com Bituca, com Bituca
Meu bem, você me dáÁgua na boca
Meu bem, Bituca

 

22
Mar23

Yanomami: O sonho tormentoso de Deus

Talis Andrade
Foto: Ricardo Stuckert

 

Em textos poéticos, a angústia frente ao eterno retorno da tragédia dos povos da Amazônia. O Criador vislumbra o impasse da destinação de suas criaturas. Tudo em nome da “poeira brilhante na lama”, como definiu Davi Kopenawa

 

 

O PESADELO DIVINO

Num sonho tormentoso, Deus se vê falando a Motociata e Motosserra, ilustres ninfocidas e guardiãs do recém-criado décimo círculo infernal.

1. Há muito contemplo o caminho que percorreis. Conheço as vossas tramas e os vossos ardis. Bem sei do que sois capazes.

2. Agora, pois, atentai à minha palavra: Eis que ponho inimizade eterna entre vós e os ribeirinhos, e selo convosco uma firme aliança, simbolizada por este anel, feito do mais fino ouro que se pôde extrair da Terra Yanomami.

3. Sem o vosso auxílio e unidade de espírito não se cumpriria tão cedo o plano que ora cogito.

4. Arrependi-me novamente da criação e decidi, de uma vez por todas, extirpar os seres viventes da face da terra.

5. Não posso, porém, renunciar así no más à minha obra, pois, feito o belo Narciso, também ele um ser criado à minha imagem e semelhança, apego-me a tudo aquilo em que me vejo, ainda que mal, espelhado.

6. Por isso, lembrei-me de vós, que formais uma só carne e um só pensamento. 

7. Recordai o mandamento que ditei a vossos pais: crescei e multiplicai-vos!

8. Tomai em vossas mãos aquilo que escapou das minhas. Expandi a vossa atuação até os confins da terra e até o fundo dos mares. E não poupeis o luzeiro menor, dominai-o! E, se puderdes, tratai de ocultar o maior, toldando o firmamento com o vosso admirável arsenal de pestilências.

9. Acreditei uma vez nas virtudes dos filhos de Noé e dos filhos de seus filhos. De todo o coração, apostei na redenção da criatura. Debalde!

10. Fazei, pois, cumprir o meu intento e sereis recompensadas com a incomparável paz do inexistente.

 

 

DOS LEGADOS PATRIÓTICOS

 

Ao yanomami
A anomia

À mídia
O direito à afasia

Ao pastor
A voz da fanfarronice pia

 

02
Mar23

Reinaldo Azevedo entrevista Lula hoje n'O é da coisa'

Talis Andrade
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Reinaldo Azevedo no Twitter
 
 

Entrevisto o presidente Lula na manhã desta quinta. A conversa vai ao ar, na própria 5ª, no programa 'O É da Coisa', na BandNews FM, na Band, na BandNews TV e nas plataformas do grupo Bandeirantes.

Ministério Público de SP tem de abrir uma investigação. Prefeito de S.Sebastião, numa entrevista-chilique à BandNews FM, deixou escapar que empresários com casas em Maresias impediram a construção de 400 habitações populares. Quem são? O que fizeram? Por que a Prefeitura cedeu?

Entidade empresarial de Bento Gonçalves culpa o Bolsa Família por trabalho escravo. Nunca mais nem uma taça de vinho dessa gente!!! E qualquer pessoa decente fará o mesmo enquanto esses caras não pedirem desculpas e não assumirem a sua culpa. ELITE LIXO!
@VaccariMarcio
 
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@reinaldoazevedo
É inacreditável! Esta nota é a cloaca de certa elite brasileira, que se revela, cada vez mais, a pior do mundo.
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Cálice

Pai, afasta de mim esse cálice

Pai, afasta de mim esse cálice

Pai, afasta de mim esse cálice

De vinho tinto de sangue

O vereador Sandro Fantinel (Patriotas), de Caxias do Sul, já sabe a quem culpar pelo trabalho escravo nas vinícolas: os baianos, q seriam sujos. O vereador é um criminoso, segundo a Constituição e a Lei 7.716. Ministério Público vai atuar?

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03
Dez22

Quantas músicas foram censuradas na ditadura militar?

Talis Andrade

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Ditadura militar e zoofilia de serial killers (sadismo sexual)

 

Quais são as músicas censuradas na ditadura militar?

7 músicas censuradas durante a ditadura militar

  • Apesar de Você (Chico Buarque)
  • Tiro ao Álvaro (Adoniran Barbosa)
  • Vaca Profana (Caetano Veloso)
  • Cálice (Gilberto Gil/Chico Buarque)
  • Milagre dos Peixes (Álbum – Milton Nascimento)
  • Pra Não Dizer que Não Falei das Flores (Geraldo Vandré)
  • Acender as Velas (Zé Keti)

 

Quantas músicas de Chico Buarque foram censuradas?

Os principais cantores censurados pela Ditadura Militar foram: Caetano Veloso, Chico Buarque, Elis Regina, Geraldo Vandré, Gilberto Gil, Kid Abelha, Milton Nascimento, Raul Seixas, Paulo Coelho, Toquinho, Vinícius de Morais, Odair José e Torquato Neto. Chico Buarque de Hollanda, por sua vez, teve pelo menos 10 canções censuradas.

 

Quem censurava as músicas na ditadura militar?

As músicas da ditadura militar expressavam o descontentamento dos artistas com as barbáries cometidas durante esse período da história brasileira. E assim como as peças de teatro, filmes, poesias e outras obras elaboradas nesse período, a produção musical estava susceptível à censura por parte dos militares.

 

Quantos livros foram censurados na ditadura militar?

A quantidade exata de livros censurados na ditadura ainda é desconhecida. Desde 1970, o Departamento de Censura de Diversões Públicas (DCDP) do Ministério da Justiça tornou-se responsável pela censura a livros. Entre 1970 e 1982, o órgão analisou oficialmente pelo menos 492 livros, dos quais 313 foram vetados.

Quais foram os cantores que foram exilados na época da ditadura?

 

Artistas brasileiros que foram exilados na Ditadura Militar

  • Caetano Veloso
  • Gilberto Gil
  • Oscar Niemeyer 
  • Chico Buarque
  • Raul Seixas
  • Geraldo Vandré

 

Quais foram os principais cantores que se opuseram à ditadura militar?

Em 1979, João Bosco e Aldir Blanc compuseram “O bêbado e a equilibrista”, que fala sobre os exilados. É um retrato do Brasil no final do período ditatorial, com mães chorando (Choram Marias e Clarisses) pela falta de seus filhos, os “Carlitos” tentando sobreviver (alusão a um personagem de Charles Chaplin.

 

O que é o AI-5?

O AI5 é uma norma legal instituída pelo governo militar que estabelecia prerrogativas para que os militares pudessem perseguir os opositores do regime. Consistia basicamente em uma ferramenta que dava legalidade jurídica para o autoritarismo e a repressão impostos pelos militares desde 1964.

 

Porque a música Jorge Maravilha foi censurada?

Em Jorge Maravilha, Chico cantava: “você não gosta de mim, mas sua filha gosta”, o que gerou a especulação de que Amália Lucy, fã declarada dele e filha de outro presidente militar, o general Geisel, tinha sido ahomenageada da canção. Chico sempre negou que tenha composto a música para Amália.

 

Quem lutou contra a ditadura militar?

Neste cenário, lançaram-se à luta armada dezenas de organizações, das quais destacaram-se a Ação Libertadora Nacional (ALN), o Comando de Libertação Nacional (COLINA), o Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8), o Partido Comunista do Brasil (PCdoB), a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) e a Vanguarda Armada …

 

Porque a música Tiro ao Álvaro foi censurada?

O documento oficial que veta “Tiro Ao Álvaro” (canção de 1960) dá a justificativa de “falta de gosto”. A letra brinca com a oralidade do povo de São Paulo ao contar com as palavras “tauba”, “automorve” e “revorve”.

 

Quais livros foram censurados?

Censurado: 6 livros que foram tirados de circulação

  • O casamento, de Nelson Rodrigues. …
  • Feliz ano novo, de Rubem Fonseca. …
  • A crucificação rosada, de Henry Miller. …
  • Lolita, de Vladimir Nabokov. …
  • Madame Bovary, de Gustave Flaubert. …
  • O crime do padre Amaro, de Eça De Queiroz.

 

Quais os livros proibidos no Brasil?

Confira abaixo os títulos e onde foram censurados:

  • 1984, de George Orwell.
  • Lolita, de Vladimir Nabokov.
  • O crime do Padre Amaro, de Eça de Queirós.
  • Feliz Ano Novo, de Rubem Fonseca.
  • Tessa: A gata, de Cassandra Rios.

 

Quem era os exilados?

Significado de Exilado substantivo masculino Pessoa que, por razões políticas, foi obrigada a deixar sua pátria, seu país; expatriado, desterrado: os exilado voltarão ao Brasil. … Etimologia (origem da palavra exilado). A palavra exilado deriva como particípio do verbo exilar, pela junção de exílio-, e -ar.

 

Quem eram as pessoas torturadas na ditadura militar?

A casa dos horrores torturou até a morte jovens opositores do regime militar. Outros viveram a perversidade de serem torturados na frente de filhos crianças, como Amélia e Cesar Teles. O casal, de pouco mais de 20 anos, foi preso em dezembro de 1972, e apanhou seguidamente. Geraldo Vandré enloqueceu na tortura. Ficou atoleimado. Virou um farrapo humano. Ficou viciado em drogas para aliviar as dores da tortura. Exilado no Chile passou a ser informante em troca de cocaína. Vandré virou a soma de tortura + dor + droga + loucura + leseira. A ditadura torturou bebês, crianças. Vários serial killers foram forturadores. Torturadores que praticavam todo tipo de sadismo sexual, usando inclusive diferentes animais. 

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03
Dez22

12 músicas essenciais na cultura brasileira - mas censuradas durante a Ditadura Militar

Talis Andrade

Gil, Chico e a história de um clássico contra a opressão que segue atual -

 

AI-5, ato institucional de 1968, exigia liberação de músicas, filmes e mais previamente à publicação; Chico Buarque, Gilberto Gil, Gal Costa e outros artistas essenciais brasileiros foram reprimidos

 

por Yolanda Reis 

Em 1 de abril de 1964, começou o Regime Militar no Brasil. Uma das maiores lembranças da ditadura é o Ato Instucional nº5 - ou AI-5. Este, de dezembro de 1968, instaurou regras como junção dos poderes legislativo e executivo, toques de recolher, proibição de reuniões não autorizadas e, mais lembrado, a censura da liberdade de expressão.

A arte foi uma das que mais sofreu com as medidas. Depois do AI-5, músicas, filmes, livros, revistas e jornais precisavam de aprovação governamental prévia à publicação. Diversos artistas, vivos até hoje, tiveram canções censuradas. Os motivos iam desde subversão à palavras de grafia errada.

eparamos, abaixo, 10 músicas essenciais da cultura brasileira censuradas durante a ditadura - e explicamos porquê o governo militar não gostava delas:

 

“Cálice” (1973), Chico Buarque e Gilberto Gil

Letra: “Pai, afasta de mim este cálice / De vinho tinto de sangue”

Por quê foi censurada: o refrão, quando falado, vira “afasta de mim este cale-se”. Na folha de censura da Ditadura, aparece, anotado à tinta de caneta: “cale-se, cale-se, cale-se.” Era uma crítica à censura.

 

“Apesar de Você” (1970), Chico Buarque

Letra: “Hoje você é quem manda / Falou, tá falado / Não tem discussão / A minha gente hoje anda / Falando de lado / E olhando pro chão, viu / Você que inventou esse estado / E inventou de inventar / Toda a escuridão / Você que inventou o pecado / Esqueceu-se de inventar / O perdão / Apesar de você / Amanhã há de ser / Outro dia”

Por quê foi censurada: A letra foi aprovada em primeiro momento. Depois de alguns meses, porém, o Tribuna da Imprensa comentou que era como um hino jovem. Reviram, perceberam o significado escondido, censuraram. Inclusive, o militar que a liberara antes foi punido. Buarque, em depoimento, disse que a canção era sobre uma mulher mandona. Não colou. A polícia invandiu a gravadora para destruir todas as cópias - por sorte, esqueceram da matriz, e a música original ainda existe.

 

“Jorge Maravilha” (1973), Chico Buarque

Letra: “E nada como um tempo após um contratempo / Pro meu coração / E não vale a pena ficar, apenas ficar / Chorando, resmungando /  até quando, não, não, não [...] Você não gosta de mim, mas sua filha gosta”

Por quê foi censurada: Depois de lançar “Apesar de Você”, Chico Buarque tinha todas as músicas automaticamente “interditadas”. Inventou o pseudônimo Julinho da Adelaide. Lançou, sob ele, “Jorge Maravilha”. Inicialmente aprovada, foi censurada quando o Jornal Brasil dedurou o músico. A partir disso, todas as composições submetidas ao governo precisavam ser acompanhadas pelo RG e CPF do compositor.

Acredita-se que a música seja uma provocação direta ao então presidente Ernesto Geisel, pois Amália Lucy, filha dele, declarou publicamente amar Chico Buarque. O músico nega: conta uma história da vez que foi preso e levado ao DOPS, e um policial pediu um autógrafo para a filha, pois esta o adorava.

 

“Tiro Ao Álvaro” e “Um Samba no Bexiga” (1973), Adoniran Barbosa 

Letra: “Meu coração até parece / Táuba de tiro ao álvaro [...] Teu olha mata mais / Que atropelamento de automover / Mata mais que / Bala de revorve.” (“Tiro ao Álvaro”)

“Domingo nois fummo num samba no Bexiga / Na Rua Major, na casa do Nicola / À mezzanotte o'clock / Saiu uma baita duma briga / Era só pizza que avuava junto com as braciola.” ("Um Samba no Bexiga")

Por quê foi censurada: Aparentemente, “falta de gosto”, como diz a anotação da folha de análise do governo. As palavras erradas eram típicas da persona de Adoniran, um homem simples dos subúrbios de São Paulo. Naquele mesmo ano, foram vetadas outras três composições do músico: “Casamento de Moacir”, “Despejo na Favela” e “Já fui uma Brasa”.

 

"Pra não dizer que não falei das flores" (1968), Geraldo Vandré

Letra: “Caminhando e cantando / E Seguindo a canção / Somos todos iguais / Braços dados ou não [...] Vem, vamos embora / Que esperar não é saber / Quem sabe faz a hora / Não espera acontecer [...] Há soldados armados, amados ou não / Quase todos perdidos de armas na mão / Nos quartéis lhes ensinam uma antiga lição / De morrer pela pátria e viver sem razão".”

Por quê foi censurada: A música fala de movimentação, resistência, não conformidade. Não demorou para virar hino de resistência à Ditadura Militar. A primeira censura foi na apresentação dela em um programa da TV Globo. Não recebeu o lugar de melhor canção a mando do governo. Depois, proibida oficialmente por “ofensas” ao exército. Em 2009, foi eleita pela Rolling Stone Brasil uma das 100 Maiores Músicas Brasileirasde todos os tempos.

 

“Uma Vida Só (Pare de Tomar a Pílula)” (1973), Odair José

Letra: “Pare de tomar a pílula”

Por quê foi censurada: Fanfarrão e piadista, Odair José teve diversas faixas censuradas: “Vou Tirar Você Desse Lugar“, “Deixe Essa Vergonha de Lado”, “Cristo, Quem é Você?”, “Vou Morar Com Ela” e “Pare de Tomar a Pílula”. O motivo era que as letras, todas em tom de brincadeira, falavam sobre sexo - e iam contra a moral e bons costumes. 

 

“Hoje É Dia de El-Rey” (1973), Milton Nascimento e Dorival Caymmi

Letra: “Filho, meu ódio você tem / Mas El Rey quer viver só de amor / Sem clarins sem mais tambor/ Vá dizer: nosso dia é de amor /  [Filho:] Juntai as muitas mentiras / jogai os soldados na rua / nada sabeis desta terra / hoje é o dia da lua / Leva daqui tuas armas / então cantar poderia / mas nos teus campos de guerra / hoje morreu poesia.”

Por quê foi censurada: A música mostra uma conversa do Filho, que não gosta do rei, e do Pai, que acredita ser El Rey ser de amor. “Conteúdo nitidamente político,” julgou o censor da Ditadura. 

 

“Cruel Cruel Esquizofrenético Blues“ e “Ela Quer Morar Comigo na Lua”, (1982), Blitz

Letra: “Esse vazio idiota que te consome/E some com a tua paz / Que se foi como aquela empregada radical / Que você mandou embora numa cena feia / Depois da ceia na noite de Natal / Só porque ela pegou no peru do seu marido” (“Cruel Cruel Esquizofrenético Blues”)

“Ela diz que eu ando bundando” (“Ela Quer Morar Comigo na Lua”)

 

“Vaca Profana” (1984), Caetano Veloso 

Letra: “Dona das divinas tetas / Derrama o leite bom na minha cara / E o leite mau na cara dos caretas”

Por quê foi censurada: Considerada de mau gosto, tanto pelo título, quanto pelo conteúdo. Feriam a moral e bons costumes dos brasileiros.

 

“Opinião” (1964), Zé Keti

Letra: “Podem me prender / Podem me bater / Podem, até deixar-me sem comer / Que eu não mudo de opinião / Daqui do morro / Eu não saio, não”

Por quê foi censurada: Canção de anos antes do AI-5, foi censurada em 1968. A letra é composição contra a ideia do governo de derrubar as favelas; virou, porém, palavras de resistência. Em 1970, Zé Keti a regravou.

03
Dez22

Quem canta Zé Keti a ditadura espanta (letra e música)

Talis Andrade

Charges: Ambos sem saída!

 

 

 
 
Zé Keti

02
Dez22

Quem canta Milton Nascimento e Márcio Borges a ditadura espanta

Talis Andrade

rei-leao- bolsonaro fascista idiota .jpg

 

Hoje É Dia De El Rey


Milton Nascimento e Márcio Borges

Filho – Não pode o noivo mais ser feliz
Não pode viver em paz com seu amor
Não pode o justo sobreviver
Se hoje esqueceu o que é bem-querer
Rufai tambores, saudando El-Rey
Nosso amo e senhor dono da lei
Soai clarins pois o dia do ódio e o dia do não
Vem com El-Rey

Pai – Filho meu, ódio você tem
Mas alguém quer provar o seu amor
Sem clarins e sem mais tambor
Nenhum rei vai mudar a velha dor

Filho – Juntai as muitas mentiras
Jogai os soldados na rua
Nada sabeis desta terra
Hoje é o dia da lua

Pai – Filho meu, cadê teu amor
Nosso Rey está sofrendo a tua dor
Filho – Leva daqui tuas armas
Então cantar poderia
Mas em teus campos de guerra
Ontem morreu a poesia

Ambos – El Rey virá calar...

Pai – meu filho você tem razão
Mas acho que não é em tudo
Se o mundo fosse o que pensa
Estava em outro lugar
Medo ninguém tinha agora
E tudo podia mudar

Filho – Matai o amor, pouco importa
Pois outro haverá de surgir
O mundo é pra frente que anda
Mas tudo está como está
Hoje então e agora
Pior não podia ficar

Ambos – Largue seu dono, viaje noutra alegria
Se hoje é triste e coragem pode matar
Vem, amizade não pode ser com maldade
Se hoje é triste a verdade                                                                                                     Empurre a porta sombria
Encontre nova alegria para amanhã

 

20
Set22

‘Hino’ ao inominável: artistas lançam música de protesto contra Bolsonaro

Talis Andrade

Hino' ao inominável: artistas lançam música de protesto contra Bolsonaro –  blog da kikacastro

Thaline Karajá, Bruno Gagliasso, Caio Prado e Zélia Duncan estão entre os 30 intérpretes da música-protesto.

 

 

BLOG DA KIKACASTRO

Para leitores pensantes

 

Mais uma vez, a música, a poesia, viram arma contra a ignorância.

Neste sábado (17) foi lançado o clipe do ‘Hino’ ao Inominável, com letra de Carlos Rennó e música de Chico Brown e Pedro Luís.

Assista:

A canção relembra quatro anos de atrocidades vividas sob governo Bolsonaro (o inominável) e de descalabros ditos por ele.

Crimes cometidos, frases e ações que teriam rendido impeachment em qualquer país sério.

20200429-charge-duke-e-dai-coronavirus-sindicato-bancarios-bauru -  Sindicato dos Bancários e Financiários de Bauru e Região

Charge do Duke que entrou pra história,

assim como a frase disparada por Bolsonaro

quando perguntado sobre os mortos por Covid-19 no Brasil.

 

O clipe tem participação de vários artistas, como já tinha acontecido, em agosto, com a carta pela democracia no Brasil, que também reuniu gente do calibre de Fernanda Montenegro, Milton Nascimento, Chico e Caetano.

Desta vez, temos Wagner Moura, Bruno Gagliasso, Lenine, José Miguel Wisnik, Chico César, Zélia Duncan, Marina Lima e Professor Pasquale, dentre vários outros. A lista é grande.

Dá raiva assistir a esses 13 minutos de clipe, mas é importante relembrar, ainda mais agora, que estamos às vésperas das eleições.

Como diz a mensagem na página oficial do clipe:

“Sem a memória dos crimes de hoje, não teremos justiça amanhã. Esquecer, jamais. ‘Hino’ ao Inominável foi feito pra isso: pra lembrar pra sempre o que vivemos nesses anos sob a gestão do mais tosco dos toscos, o mais perverso dos perversos, o mais baixo dos baixos, o pior dos piores mandatários da nossa história. E, no presente, colaborar pra que o inominável não seja reeleito.” 

Dá para checar na internet todas as frases ditas por Bolsonaro e relembradas nesta música. Ele não tem vergonha de dizer atrocidades, muitas vezes diz em vídeo, repete depois em áudio, não está nem aí, literalmente, para o decoro.

Até as 21h40 deste sábado, o clipe completo já tinha mais de 100 mil visualizações, 25 mil curtidas e mais de 1.800 comentários. Mais explicações sobre ele na página do YouTube:

“Com letra de Carlos Rennó e música de Chico Brown e Pedro Luís, a canção – autoironicamente intitulada de “hino” – é apresentada por trinta intérpretes num vídeo do Coletivo Bijari com 13:40 na versão integral (…) Na íntegra, são 202 versos, mais o refrão, contra o ódio e a ignorância no poder no Brasil. Porém, apesar dele – e do que, e de quem e quantos ele representa – a mensagem final é de luz, a luz que resiste”.

Essa mensagem final, com um quê de otimista, está no refrão:

“Mas quem dirá que não é mais imaginável

Erguer de novo das ruínas o país?”

Existe um governo ou é mito? - Blog da Cidadania

 

Leia a seguir a letra de Carlos Rennó na íntegra:

“Sou a favor da ditadura”, disse ele,

“Do pau de arara e da tortura”, concluiu.

“Mas o regime, mais do que ter torturado,

Tinha que ter matado trinta mil”.

E em contradita ao que afirmou, na caradura

Disse: “Não houve ditadura no país”.

E no real o incrível, o inacreditável

Entrou que nem um pesadelo, infeliz,

Ao som raivoso de uma voz inconfiável

Que diz e mente e se desmente e se desdiz.

Disse que num quilombo “os afrodescendentes

Pesavam sete arrobas” – e daí pra mais:

Que “não serviam nem pra procriar”,

Como se fôssemos, nós negros, animais.

E ainda insiste que não é racista

E que racismo não existe no país.

Como é possível, como é aceitável

Que tal se diga e fique impune quem o diz?

Tamanha injúria não inocentável,

Quem a julgou, que júri, que juiz?

Disse que agora “o índio está evoluindo,

Cada vez mais é um ser humano igual a nós.

Mas isolado é como um bicho no zoológico”,

E decretou e declarou de viva voz:

“Nem um centímetro a mais de terra indígena!,

Que nela jaz muita riqueza pro país”.

Se pronuncia assim o impronunciável

Tal qual o nome que tal “hino” nunca diz,

Do inumano ser, o ser inominável,

Do qual emanam mil pronunciamentos vis.

Disse que se tivesse um filho homossexual,

Preferiria que o progênito “morresse”.

Pruma mulher disse que não a estupraria,

Porque “você é feia, não merece”.

E ainda disse que a mulher, “porque engravida”,

“Deve ganhar menos que o homem” no país.

Por tal conduta e atitude deplorável,

Sempre o comparam com alguns quadrúpedes.

Uma maldade, uma injustiça inaceitável!

Tais animais são mais afáveis e gentis.

Mas quem dirá que não é mais imaginável

Erguer de novo das ruínas o país?

 

Chamou o tema ambiental de “importante

Só pra vegano que só come vegetal”;

Chamou de “mentirosos” dados científicos

Do aumento do desmatamento florestal.

Disse que “a Amazônia segue intocada,

Praticamente preservada no país”.

E assim negou e renegou o inegável,

As evidências que a Ciência vê e diz,

Da derrubada e da queimada comprovável

Pelas imagens de satélites.

E proclamou : “Policial tem que matar,

Tem que matar, senão não é policial.

Matar com dez ou trinta tiros o bandido,

Pois criminoso é um ser humano anormal.

Matar uns quinze ou vinte e ser condecorado,

Não processado” e condenado no país.

Por essa fala inflexível, inflamável,

Que só a morte, a violência e o mal bendiz,

Por tal discurso de ódio, odiável,

O que resolve são canhões, revólveres.

“A minha especialidade é matar,

Sou capitão do exército”, assim grunhiu.

E induziu o brasileiro a se armar,

Que “todo mundo, pô, tem que comprar fuzil”,

Pois “povo armado não será escravizado”,

Numa cruzada pela morte no país

E num desprezo pela vida inolvidável,

Que nem quando lotavam UTIs

E o número de mortos era inumerável,

Disse “E daí? Não sou coveiro”. “E daí?”

“Os livros são hoje ‘um montão de amontoado’

De muita coisa escrita”, veio a declarar.

Tentou dizer “conclamo” e disse “eu canclomo”;

Não sabe conjugar o verbo “concl…amar”.

Clamou que “no Brasil tem professor demais”,

Tal qual um imbecil pra imbecis.

Vigora agora o que não é ignorável:

Os ignorantes ora imperam no país

(O que era antes, ó pensantes, impensável)…

Quem é essa gente que não sabe o que diz?

Mas quem dirá que não é mais imaginável

Erguer de novo das ruínas o país?

Chamou de “herói” um coronel torturador

E um capitão miliciano e assassino.

Chamou de “escória” bolivianos, haitianos…

De “paraíba” e “pau de arara” o nordestino.

E diz que “ser patrão aqui é uma desgraça”,

E diz que “fome ninguém passa no país”.

Tal qual num filme de terror, inenarrável,

Em que a verdade não importa nem se diz,

Desenrolou-se, incontível, incontável,

Um rol idiota de chacotas e pitis.

Disse que mera “fantasia” era o vírus

E “histeria” a reação à pandemia;

Que brasileiro “pula e nada no esgoto,

Não pega nada”, então também não pegaria

O que chamou de “gripezinha” e receitou (sim!),

Sim, cloroquina, e não vacina, pro país.

E assim sem ter que pôr à prova o improvável,

Um ditador tampouco põe pingo nos is,

E nem responde, falador irresponsável,

Por todo ato ou toda fala pros Brasis.

E repetiu o mote “Deus, pátria e família”

Do integralismo e da Itália do fascismo,

Colando ao lema uma suspeita “liberdade”…

Tal qual tinha parodiado do nazismo

O slogan “Alemanha acima de tudo”,

Pondo ao invés “Brasil” no nome do país.

E qual num sonho horroroso, detestável,

A gente viu sem crer o que não quer nem quis:

Comemorarem o que não é memorável,

Como sinistras, tristes efemérides…

Já declarou: “Quem queira vir para o Brasil

Pra fazer sexo com mulher, fique à vontade.

Nós não podemos promover turismo gay,

Temos famílias”, disse com moralidade.

E já gritou um dia: “Toda minoria

Tem de curvar-se à maioria!” no país.

E assim o incrível, o inacreditável,

Se torna natural, quanto mais se rediz,

E a intolerância, essa sim intolerável,

Nessa figura dá chiliques mis.

Mas quem dirá que não é mais imaginável

Erguer de novo das ruínas o país?

Por vezes saem, caem, soam como fezes

Da sua boca cada som, cada sentença…

É um nonsense, é um caô, umas fake-news,

É um libelo leviano ou uma ofensa.

Porque mal pensa no que diz, porque mal pensa,

“Não falo mais com a imprensa”, um dia diz.

Mas de fanáticos a horda lamentável,

Que louva a volta à ditadura no país,

A turba cega-surda surta, insuportável,

E grita “mito!”, “eu autorizo!”, e pede “bis!”

E disse “merda, bosta, porra, putaria,

Filho da puta, puta que pariu, caguei!”

E a cada internação tratando do intestino

E a cada termo grosso e um “Talquei?”,

O cheiro podre da sua retórica

Escatológica se espalha no país.

“Sou imorrível, incomível e imbrochável”,

Já se gabou em sua tão caracterís-

Tica linguagem baixo nível, reprovável,

Esse boçal ignaro, rei de mimimis.

Mas nada disse de Moise Kabagambe,

O jovem congolês que foi aqui linchado.

Do caso Evaldo Rosa, preto, musicista,

Com a família no automóvel baleado,

Disse que a tropa “não matou ninguém”, somente

“Foi um incidente” oitenta tiros de fuzis…

“O exército é do povo e não foi responsável”,

Falou o homem da gravata de fuzis,

Que é bem provável ser-lhe a vida descartável,

Sendo de negro ou de imigrante no país.

Bradou que “o presidente já não cumprirá

Mais decisão” do magistrado do Supremo,

Ao qual se dirigiu xingando: “Seu canalha!”

Mas acuado recuou do tom extremo,

E em nota disse: “Nunca tive intenção

(Não!) De agredir quaisquer Poderes” do país.

Falhou o golpe mas safou-se o impeachável,

Machão cagão de atos pusilânimes,

O que talvez se ache algum herói da Marvel

Mas que tá mais pra algum bandido de gibis.

Mas quem dirá que não é mais imaginável

Erguer de novo das ruínas o país?

E sugeriu pra poluição ambiental:

“É só fazer cocô, dia sim, dia não”.

E pra quem sugeriu feijão e não fuzil:

“Querem comida? Então, dá tiro de feijão”.

É sem preparo, sem noção, sem compostura.

Sua postura com o posto não condiz.

No entanto “chega! […] vai agora [inominável]”,

Cravou o maior poeta vivo, no país,

E ecoou o coro “fora, [inominável]!”

E o panelaço das janelas nas metrópoles!

E numa live de golpista prometeu:

“Sem voto impresso não haverá eleição!”

E praguejou pra jornalistas: “Cala a boca!

Vocês são uma raça em extinção!”

E no seu tosco português ele não pára:

Dispara sempre um disparate o que maldiz.

Hoje um mal-dito dito dele é deletável

Pelo Insta, Face, YouTube e Twitter no país.

Mas para nós, mais do que um post, é enquadrável

O impostor que com o posto não condiz.

Disse que não aceitará o resultado

Se derrotado na eleição da nossa história,

E: “Eu tenho três alternativas pro futuro:

Ou estar preso, ou ser morto ou a vitória”,

Porque “somente Deus me tira da cadeira

De presidente” (Oh Deus proteja esse país!”).

Tivéssemos um parlamento confiável,

Sem x comparsas seus cupinchas, cúmplices,

E seu impeachment seria inescapável,

Com n inquéritos, pedidos, CPIs.

 

Leitores criticam inação do governo na pandemia - 15/12/2020 - Painel do  Leitor - Folha

Não há cortina de fumaça indevassÁvel

Que encubra o crime desses tempos inci-vis

E tampe o sol que vem com o dia inadiÁvel

E brilha agora qual farol na noite gris.

É a esperança que renasce onde HÁ véu,

De um horizonte menos cinza e mais feliz.

É a passagem muito além do instagramÁvel

Do pesadelo à utopia por um triz,

No instante crucial de liberdade instÁvel

Pros democráticos de fato, equânimes,

Com a missão difícil mas realizável

De erguer das cinzas como fênix o país.

E quem dirá que não é mais imaginável

Erguer de novo das ruínas o país?

Mas quem dirá que não é mais imaginável

Erguer de novo das ruínas o país?

 

11
Ago22

Artistas fazem leitura de carta pela democracia; veja vídeo

Talis Andrade

Atores, cantores e personalidades do entretenimento participaram do vídeo.  -  (crédito: Reprodução/Twitter)

 

42 artistas leram o texto que defende Estado Democrático de Direito, urnas eletrônicas e resultado das eleições de outubro

 

Um grupo de 42 artistas, incluindo Fernanda Montenegro, Caetano Veloso, Chico Buarque, Marisa Monte, Anitta, Maria Bethânia, Antonio Fagundes, Milton Nascimento, Djavan, Dira Paes, Duda Beat, Wagner Moura e Juliette, divulgou nesta quarta-feira (10) um vídeo em que aparecem fazendo a leitura da "Carta às Brasileiras e aos Brasileiros pela Democracia".

Segundo o G1, a carta defendendo Estado Democrático de Direito, as urnas eletrônicas e resultado das eleições de outubro foi lançada depois dos ataques do presidente Jair Bolsonaro (PL) contra as urnas e o sistema eleitoral brasileiro. 

A leitura oficial da Carta às Brasileiras e aos Brasileiros pela Democracia nesta quinta-feira (11/8), aconteceu na Universidade de São Paulo (USP), mais especificamente no Pátio das Arcadas do Largo de São Francisco, em ato organizado por juristas e movimentos sociais.

Até o momento, o documento soma quase 900 mil assinaturas e defende as urnas eletrônicas e o Estado Democrático de Direito.

Nossas eleições com o processo eletrônico de apuração têm servido de exemplo no mundo. Tivemos várias alternâncias de poder com respeito aos resultados das urnas e transição republicana de governo. As urnas eletrônicas revelaram-se seguras e confiáveis, assim como a Justiça Eleitoral”, afirma a carta.

 

 

MANIFESTAÇÃO DA FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL À COMUNIDADE JURÍDICA

No mês em que se comemora a fundação dos cursos jurídicos no Brasil, a Faculdade de Direito da UFRGS - que tem dado à comunidade jurídica nacional grande número de profissionais que ocuparam e ocupam posições de alta responsabilidade na construção da democracia brasileira - vem manifestar seu compromisso de defesa do sistema constitucional pátrio.

Esse compromisso se traduz no repúdio a qualquer suspeição ao sistema eleitoral, que tanto tem orgulhado a Nação Brasileira, e na defesa dos ideais democráticos pelos quais esta Faculdade tem se pautado.

O compromisso aqui assumido deve vir a público, visto que esta casa é a alma mater de muitos membros do Poder Judiciário (guardião da Constituição e das leis), do Ministério Público (fiscal da legalidade), da Advocacia Pública e Privada (bastiões indispensáveis da administração da Justiça), da Defensoria Pública (constitucionalmente definida como instrumento do regime democrático), de servidores públicos e das demais carreiras jurídicas.

Nenhum comportamento de desrespeito às Instituições Públicas pode ser respaldado porque afronta às Instituições Públicas e ao juramento que todos os que saem desta casa fazem de patrocinar o Direito, executando a Justiça e tendo sempre presentes os Direitos Humanos, a fim de não faltar à causa da humanidade e ao respeito com as diferenças.

A Faculdade de Direito da UFRGS, ao longo dos seus 122 anos, sempre foi o local de convivência de ideias divergentes no conteúdo, mas convergentes na crença de que sem um sistema democrático sólido e um Estado de Direito não há ideias que defender, nem Direito que possa imperar.

Renovado o sempre presente compromisso em busca de um Brasil melhor e, como a nossa Faculdade de Direito da UFRGS, um país democrático, diverso, inclusivo e isonômico, que respeita o Estado de Direito, exorta-se a todos que daqui saíram, Alumni e aos amigos da Faculdade de Direito da UFRGS, a permanecerem atentos e ativos na defesa dos valores aqui ensinados e à manutenção da Democracia e da ordem constitucional em nosso país.

Porto Alegre, 1° de agosto de 2022.
Conselho da Unidade Faculdade de Direito da UFRGS
CONSUNI-DIR-UFRGS (Decisão unânime do Conselho de 27.07.2022)

10
Ago22

O Brasil de Milton Nascimento

Talis Andrade

paz liberdade.jpg

Neste 11 de agosto

Atos em defesa da Democracia nas Universidades

 

 

por Cristina Serra

Neste momento em que cartas e manifestos em defesa da democracia mostram a capacidade de resistência do Brasil ao autoritarismo, trago a “Carta à República”, canção de Milton Nascimento e Fernando Brant, de 1987.

“Sim é verdade, a vida é mais livre/ O medo já não convive nas casas, nos bares, nas ruas/ Com o povo daqui/ E até dá pra pensar no futuro/ E ver nossos filhos crescendo e sorrindo/ Mas eu não posso esconder a amargura/ Ao ver que o sonho anda pra trás/E a mentira voltou/ Ou será mesmo que não nos deixara?/ A esperança que a gente carrega/ É um sorvete em pleno sol/ O que fizeram da nossa fé?/ Eu briguei, apanhei, eu sofri, aprendi/ Eu cantei, eu berrei, eu chorei, eu sorri/ Eu saí pra sonhar meu país/ E foi tão bom, não estava sozinho/ A praça era alegria sadia/ O povo era senhor/ E só uma voz, numa só canção/ E foi por ter posto a mão no futuro/ Que no presente preciso ser duro/ E eu não posso me acomodar/ Quero um país melhor”.

A canção fala do fim da ditadura, mas também da frustração de esperanças que se esvaíam naqueles primeiros tempos de respiro democrático. Mais de 30 anos depois, a carta de Milton e Fernando permanece atualíssima. Fui buscá-la na memória depois de assistir ao espetáculo “A Última Sessão de Música”, que marca a despedida de Milton dos palcos.

Prestes a completar 80 anos, Milton ainda tem um diamante na voz, que reverbera os quilombos, as aldeias, as beiras de rio, morros e favelas, onde quer que tenha gente “que ri quando deve chorar, e não vive, apenas aguenta”. Milton é o menino Miguel, de Santa Luzia, que ligou para a polícia pedindo comida para seus cinco irmãos e para sua mãe, Célia, uma das tantas Marias com a “estranha mania de ter fé na vida”.

Milton encerrou o show com um “Viva a democracia!”. O artista encarna um sonho de Brasil que nos cabe resgatar, realimentando esperanças, reconstruindo caminhos. Feliz do país que tem a voz soberana de Milton Nascimento.

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