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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

12
Abr22

A ‘nova munição’ do Exército não é uma fake news bolsonarista

Talis Andrade

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"Por que o governo Bolsonaro está gastando dinheiro público para comprar Viagra e nessa quantidade tão alta? As unidades de saúde de todo o país enfrentam, com frequência, falta de medicamentos para atender pacientes com doenças crônicas, como insulina"

 

Por Milton Alves

É motivo de piada e de justa zombaria nas redes sociais, nesta segunda-feira(11), a notícia surpreendente da compra pelas Forças Armadas de 35 mil comprimidos de Viagra, um medicamento para enfrentar a disfunção erétil — o popular broxa ou meia bomba.

As informações foram obtidas pelo deputado federal Elias Vaz (PSB-GO) no Portal da Transparência do governo federal. O parlamentar apresentou ao Ministério da Defesa um requerimento no qual solicita explicações sobre os processos de compra do medicamento.

“Precisamos entender porquê o governo Bolsonaro está gastando dinheiro público para comprar Viagra e nessa quantidade tão alta. As unidades de saúde de todo o país enfrentam, com frequência, falta de medicamentos para atender pacientes com doenças crônicas, como insulina, e as Forças Armadas recebem milhares de comprimidos de Viagra. A sociedade merece uma explicação”, declarou o deputado para o jornal O Globo.

A pílula milagrosa foi dividida entre as três forças: a Marinha ficou com a maior quantidade, 28.320 comprimidos. O Exército com 5 mil e a Aeronáutica com outros 2 mil.

A Marinha e a Aeronáutica justificaram que as compras de Viagra foram para o tratamento de pacientes com Hipertensão Arterial Pulmonar (HAP). O Exército ainda não se pronunciou sobre a compra.

A mega aquisição de Viagra ocorre dias após o escândalo da compra de R$ 56 milhões em filé mignon, picanha e salmão.

A pergunta que fica: o que acontece nos quartéis, navios e bases aéreas do Brasil, com as montanhas de carnes nobres, cervejas e licores finos, pirâmides de latas de leite condensado e agora com uma quantidade monumental da pílula do amor?

Já foi o tempo em que servir a pátria era sinônimo de vida espartana e entrega.

O governo Bolsonaro, definitivamente, avacalhou com o que restava de credibilidade das Forças Armadas, deixando desoladas as vivandeiras de quartéis — entre elas, políticos/as que não perdem uma oportunidade para bajular e bolir com os granadeiros — como dizia o Marechal Castello Branco, o primeiro general-ditador do regime militar.

Na tarde de hoje, um ex-ministro e ex-deputado conhecido por sua paixão pelo fardão verde-oliva foi visto acabrunhado lá pelas bandas do Ibirapuera.

07
Mar22

Picaretagem política, misoginia e perversão sexual do MBL afundam Moro

Talis Andrade

moro napoleao.jpg

 

Por Milton Alves 

O Movimento Brasil Livre (MBL) é um verdadeiro combo explosivo de práticas de picaretagem política, de misoginia e perversão sexual. O grupo reúne uma escória que transitou das redes sociais para a cena política no bojo da escalada golpista de 2014-2016 contra o governo da presidente Dilma Rousseff (PT).

O MBL é o principal grupo militante de apoio à candidatura presidencial de Sergio Moro (Podemos), um projeto artificial da chamada 3ª via e contra os interesses nacionais do Brasil — que foi devastado pela operação Lava Jato comandada pelo ex-juiz e uma gangue de procuradores de Curitiba.

Após algumas semanas, quando o deputado federal Kim Kataguiri, líder do MBL, chocou o país com uma declaração favorável à legalização do partido nazista, agora foi a vez do deputado estadual Mamãe Falei (Arthur do Val), pré-candidato ao governo de São Paulo pelo partido de Moro, que, em áudios para um grupo de WhatsApp de simpatizantes, fez uma série de declarações repugnantes e misóginas, de caráter sexual, sobre as mulheres ucranianas, alcançadas por uma guerra de agressão movida pelo governo russo contra a Ucrânia.

Alguns trechos das infames e nojentas declarações de Mamãe Falei são estarrecedores: “maluco, eu juro. Nunca na minha vida, e tenho 35 anos, vi nada parecido em termos de menina bonita. A fila das refugiadas, irmão, sei lá, de 200 metros mais, só deusa. Se você pegar a fila da melhor balada do Brasil, na melhor época do ano, não chega aos pés da fila dos refugiados aqui”, declarou. 

Mamãe Falei continua as falas, e dessa vez, em tom de maior perversão afirmou: “Detalhe hein. Elas são fáceis, porque são pobres. Aqui, minha carta do Instagram funciona demais. Não peguei ninguém, mas colei em duas mina. É inacreditável a facilidade. Essas minas em São Paulo, você dá bom dia e ela ia cuspir na tua cara”.

O deputado ainda avança na misoginia e abusando de imagens sexuais sobre a “indústria criminosa” do turismo sexual no Leste Europeu dispara: “São gold diggers que chama, né”. (Gold digger, literalmente falando, é “alguém que cava em busca de ouro”). O termo diggervem do verbo dig, que significa “cavar” — e geralmente usado para designar pejorativamente jovens mulheres que ficam com homens ricos.

Mamãe Falei, muito excitado, sem querer, ainda faz uma revelação confidencial sobre seu companheiro do MBL, Renan Santos, também presente na excursão pela Ucrânia. Segundo o parlamentar, Renan viaja aos países do Leste Europeu “todos os anos só para pegar loiras”. É o chamado “tour de blondes“, um roteiro de turismo sexual nos países do Leste Europeu — cidades da Romênia, República Tcheca, Hungria, Eslováquia e Moldávia integram a rota do negócio da escravidão sexual de mulheres brancas.

Neste sábado (5), Mamãe Falei desembarcou em São Paulo e tentou, sem sucesso, justificar as falas preconceituosas e machistas. “Sou homem, sou jovem, foi empolgação. Vi um monte de mulheres bonitas sendo simpáticas, talvez porque em São Paulo as mulheres sejam mais inacessíveis”, disse.

Em entrevista, o parlamentar explicou que o áudio foi enviado a um grupo privado e produzido em um momento de descontração, quando ele teria atravessado a fronteira da Ucrânia com a Eslováquia.

As consequências políticas dos áudios vazados de Mamãe Falei são graves, e implicam na possibilidade de cassação imediata de seu mandato e o fim de sua bizarra candidatura ao governo paulista. Além disso, o episódio gerou uma forte onda de repúdio em diversos setores políticos e sociais, inclusive no seu partido.

A boçalidade de Mamãe Falei/Arthur do Val também representou um duro golpe na candidatura de Sergio Moro, que apresenta um reduzido índice de intenções de votos nas recentes pesquisas eleitorais, minguando as expectativas do projeto entreguista e revanchista do lavajatismo.

A semana foi, especialmente, adversa para Sergio Moro. Durante uma agenda de pré-campanha em Maringá, sua terra natal, na manhã de sexta-feira (4), nas instalações da Cooperativa Agroindustrial Cocamar, uma explosão causou a morte de dois operários, o que provocou o término da visita.

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A campanha de Moro sofre ainda um pesado assédio do bolsonarismo, que busca recuperar votos entre o eleitorado lavajatista. Em Curitiba, já prevalece um clima de derrotismo entre os parlamentares e lideranças do Podemos.

 

25
Out21

A 3ª via e o projeto salvacionista e antinacional do lavajatismo

Talis Andrade

 

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por Milton Alves

Na última quarta-feira (20), o plenário da Câmara dos Deputados rejeitou a ampliação do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) de 14 para 17 vagas. Um substitutivo apresentado pelo deputado Paulo Magalhães (PSD-BA) à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 5/21, originada do deputado Paulo Teixeira (PT-SP), obteve 297 votos favoráveis contra 182 e 4 abstenções, mas faltaram 11 votos para obter o mínimo de apoio necessário –, de 308 deputados.

O placar apertado é revelador da confusão que o tema gera entre os parlamentares, inclusive os de esquerda, que foram bombardeados por uma campanha midiática qualificando a PEC-521, de "PEC da vingança" contra o Ministério Público.

A Rede Globo mobilizou artistas e celebridades para condenar a proposta, abusando do discurso contra a interferência dos políticos e da necessidade da independência do Ministério Público.

Os 11 votos que faltaram para aprovação do substitutivo foram de parlamentares de esquerda. A bancada do PSOL e a maioria dos deputados do PDT e PSB votaram contra a PEC. PT e PCdoB fecharam questão a favor do substitutivo, que defendia maior controle e transparência do MP.

Sem dúvida o fogo de barragem das organizações corporativas vinculadas ao MP e mais a campanha midiática criaram um clima para a rejeição da PEC. É o que explica a posição adotada pela totalidade da bancada do PSOL e as abstenções de duas parlamentares do PCdoB e da única abstenção do PT.

A PEC formulada originalmente pelo deputado Paulo Teixeira visa conter os abusos e promove uma maior transparência no funcionamento do CNMP, que se transformou num aparelho corporativo e de autoproteção dos promotores, acobertando os delitos ocorridos nas diversas instâncias do MP. O caso mais lembrado pelo autor da PEC foi a atuação da força-tarefa da operação Lava Jato.

O texto original da PEC-5 ainda será objeto de apreciação na Câmara dos Deputados e, mais uma vez, será alvo de intensa pressão por parte do lavajatismo, que tenta ganhar algum fôlego político no momento.

A 3ª via e o lavajatismo

Em crise e fragmentada, a direita tradicional – ou velha direita neoliberal – ainda patina na busca de uma candidatura para unificar o baronato da Faria Lima. O pífio desempenho nas últimas pesquisas eleitorais de Doria (PSDB), Ciro Gomes (PDT), Eduardo Leite (PSDB) e Mandetta (DEM) animou as viúvas da Lava Jato, que defendem a candidatura do ex-juiz Sergio Moro. Ele até fez um anúncio de filiação ao Podemos em 10 de novembro.

No vácuo entre a anemia eleitoral dos candidatos da velha direita e o desgaste gradual do bolsonarismo, a 3ª via aposta na ressurreição da cruzada da Lava Jato contra Lula e o presidente Bolsonaro, agitando a surrada bandeira do “combate” à corrupção, ao sistema político corrompido e prometendo privatizar o que restou da estrutura estatal e pública no país após o golpe de 2016. O conteúdo da mensagem da virtual candidatura de Moro é a mesma da República de Curitiba: punitivismo judicial classista e neoliberalismo.

Apesar do desgaste de Moro, a experiência de outros países já demonstrou a possibilidade real do surgimento de uma candidatura reacionária de negação da política — pretensamente contra todos. Bolsonaro mesmo surfou nessa onda em 2018.

Além disso, o lavajatismo é também uma corrente de opinião de extrema direita, que apela para um discurso de caráter salvacionista e autoritário, atraindo o apoio dos segmentos mais abastados da classe média e a escória militante desgarrada do bolsonarismo, agrupados em movimentos como MBL, Vem Pra Rua, Laços pelo Brasil, Movimento Contra a Corrupção e das entidades de representação do aparato judicial e da alta burocracia federal.

Discurso reciclado sobre o legado da Lava Jato

Órgãos da mídia corporativa – principalmente a Rede Globo e Folha de São Paulo – apresentam os crimes da Lava Jato como simples desvios da “rota positiva” da operação no combate à corrupção no interior do estado brasileiro. Segundo a mídia pró-Lava Jato, a experiência foi positiva e que um balanço da operação não pode abrir caminho para a volta da impunidade dos agentes públicos. Ou seja, o mesmo discurso favorável ao lavajatismo, reciclado por um tom mais suave após as revelações dos métodos criminosos praticados por Sérgio Moro e Deltan Dallagnol.

Vale lembrar que as ações da Lava Jato desembocaram na criminalização de partidos e lideranças políticas, que teve como maior expressão a campanha inédita de lawfare contra um líder político brasileiro – o ex-presidente Lula -, condenado e preso sem provas por 580 dias. O encarceramento “preventivo” de executivos de empresas privadas e públicas, as delações forjadas, as conduções coercitivas ilegais, as prisões filmadas, os vazamentos seletivos para a Rede Globo, a falsificação de documentos e a espionagem de advogados de defesa dos acusados foram alguns dos mecanismos criminosos utilizados pela operação.

A Lava Jato legou ainda um enorme passivo na economia do país: sob o pretexto do combate à corrupção, provocou a implosão de setores econômicos inteiros, afetando a indústria da construção civil e de infraestrutura pesada, a indústria naval, o setor químico e a cadeia produtiva de petróleo e gás.

O enfrentamento ao lavajatismo é uma componente do esforço político da esquerda e dos trabalhadores para derrotar o projeto de recolonização neoliberal aplicado pela velha direita e pelo bolsonarismo.

nani bolsonaro demolidor.jpg

 

02
Ago21

Campanha Fora Bolsonaro precisa dialogar com a fila do osso

Talis Andrade

 

por Milton Alves

- - -

Após as jornadas de manifestações da campanha pelo Fora Bolsonaro, que tomou as ruas do país nos últimos três meses, uma pergunta passa pela cabeça da militância popular e de esquerda: Como prosseguir a luta pelo Fora Bolsonaro?

Duas possibilidades imediatas surgem no horizonte: Uma aponta para um movimento mais vinculado ao compasso do calendário eleitoral de 2022. Outra visão coloca como centro a necessidade de intensificar e diversificar a agenda das mobilizações — ou seja, de não apostar todas as fichas no futuro processo eleitoral. Há também posições intermediárias no conjunto dos partidos de esquerda, movimentos sociais e ativistas.

As manifestações, que atingiram a escala de milhares de brasileiros nas ruas em centenas de cidades a cada edição [29M, 19J, 24J ], indicam um claro processo de retomada do protagonismo da esquerda — um movimento de acumulação de forças na luta pela derrubada do governo autoritário e neoliberal de Bolsonaro e dos generais.

As jornadas de rua ocorreram durante o período mais agudo da pandemia e das primeiras revelações da Comissão Parlamentar de Inquérito [CPI da Covid] no Senado, que apura os crimes do governo Bolsonaro e as teias de corrupção encontradas nos contratos de compras das vacinas.

Vale ressaltar a unidade [possível e oscilante até aqui] entre os partidos, as frentes e organizações que integram a campanha Fora Bolsonaro, considerando a existência de importantes diferenças táticas e de programas –, a frente única construída na prática foi um fator fundamental para assegurar a realização dos atos.

Até porque uma saída política progressiva da crise brasileira somente virá da mobilização popular. É um erro político grave cultivar ilusões com o atual Congresso – sob o comando de Lira e Pacheco – que sustenta o governo bolsonarista, sob tutela militar.

A entrada do Centrão no núcleo decisório do governo blindou Bolsonaro no Congresso, que já engavetou mais de cem pedidos de impeachment do genocida. Somente com a força da mobilização de massas será possível romper a blindagem governista e derrubar Bolsonaro e Mourão.

Diversificar e territorializarImage

Foto Gilberto FigueiredoNão é Caracas na Venezuela é São Paulo (pátio do colégio) no Brasil. (População de rua sendo atendidos hoje)
 
 

A aposta na continuidade da agenda de mobilizações de rua [dia 7 de setembro foi convocada a próxima jornada] é uma decisão que reforça a perspectiva do protagonismo independente das forças de esquerda na disputa de rumos do país. Porém, é necessário diversificar, territorializar e adotar outras formas de manifestações. Sair do samba de uma nota só das concentrações e passeatas somente nas áreas centrais das capitais.

É preciso chegar até os bairros populares, nas ocupações urbanas e rurais, e nas áreas industriais de concentração dos trabalhadores, dialogando com setores sociais que precisam se colocar em movimento, e que são os mais afetados pelos resultados da nefasta política econômica do governo Bolsonaro. Camadas mais pobres do povo trabalhador que padecem de fome e de insegurança alimentar, que sofrem com os despejos e aluguéis caros, com o desemprego, a inflação galopante que tritura o salário e com o desamparo da juventude periférica.

A campanha Fora Bolsonaro pode impulsionar, por exemplo, marchas das panelas vazias exigindo a distribuição direta de comida à população mais pobre; concentrações diante de silos e armazéns públicos de alimentos para pressionar os governos contra a calamidade da fome. Atos e comícios nas áreas de concentração industrial para denunciar o arrocho salarial e o desemprego; promover atividades políticas e culturais para a mobilização da juventude nos bairros populares e da periferia.

Além disso, é possível criar as condições para a convocação de greves e paralisações parciais nos setores de trabalhadores ameaçados pelos planos de privatizações de estatais e dos serviços públicos, acumulando na direção de uma futura greve geral contra o governo neoliberal.

A adoção de uma agenda mais arrojada e diversificada de manifestações é possível, exige maior empenho de todos, e contribui para uma saída democrática e antineoliberal da crise política, econômica e social em que o país mergulhou após o golpe de 2016. Um processo continuado de mobilização popular é também a forma mais segura para garantir o respeito aos resultados eleitorais no caso de um triunfo popular nas urnas em 2022. 

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E aos militares que ocupam cargos comissionados no Governo Bolsonaro

15
Fev21

O esquadrão da morte de Curitiba

Talis Andrade

lava jato telegran dallagnol.jpeg

 

por Milton Alves

- - -

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes comparou nesta semana a atuação da força-tarefa de Curitiba da Operação Lava Jato com um “esquadrão da morte”. “Todos nós de alguma forma sofremos uma manipulação disso que operava em Curitiba. Acho que temos que fazer as correções devidas, tenho dito e enfatizado que Lula é digno de um julgamento justo. Independentemente disso, temos que fazer consertos, reparos, para que isso não mais se repita, não se monte mais esse tipo de esquadrão da morte. Porque o que se instalou em Curitiba era um grupo de esquadrão da morte, totalmente fora dos parâmetros legais”, afirmou Gilmar em entrevista concedida ao jornalista Tales Farias do Uol.

As declarações do ministro Gilmar Mendes apontam no sentido do crescente repúdio e isolamento do ex-juiz Sérgio Moro e dos procuradores da força-tarefa de Curitiba, que operavam fora da lei – praticando toda sorte de crimes e atropelos.

As constatações de Gilmar, no entanto, exigem um exame crítico sobre a própria atuação da Corte Suprema e dos demais órgãos superiores de controle – Procuradoria Geral da República (PGR), Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Conselho Nacional do Ministério Público, e outras autoridades -, que encorajaram a ação criminosa da Lava Jato e passaram o pano para as suas numerosas ilegalidades nos últimos anos.

As revelações dos diálogos contidos nos áudios da chamada operação “Spoofing”, que foi uma investigação aberta a pedido do então ministro da Justiça Sérgio Moro, feriu de morte a reputação da Lava Jato, causando uma exigência pelo fim da força-tarefa sediada em Curitiba e, ao mesmo tempo, apontou para uma cadeia de crimes e violações praticadas no âmbito da atuação da equipe coordenada por Deltan Dallagnol.

A decisão da Segunda Turma do STF, que permitiu o acesso dos advogados de Lula aos conteúdos das conversas entre o grupo de procuradores de Curitiba e Moro, confirmou, além da utilização de recursos e artimanhas ilegais contra o ex-presidente, um inegável viés político na condenação do líder petista. A Lava Jato funcionou, na prática, como uma facção política, selecionando os alvos a serem abatidos, orquestrando campanhas de denúncias e mobilizando a opinião pública, com a ajuda inestimável dos maiores grupos de mídia do país.

Não há mais dúvidas e, dia após dia, as novas revelações geram mais indignação por conta da farsa montada em Curitiba, auxiliada por organismos estrangeiros como o FBI (a Polícia Federal dos EUA), o Departamento de Justiça norte-americano e o Ministério Público suiço. Tudo é muito grave. Na mesma entrevista ao Uol, Gilmar Mendes indicou ao Congresso Nacional a necessidade de um debate sobre a reforma das competências e limites do Ministério Público. É preciso, sem dúvida, avançar nessa direção e pautar o assunto no parlamento.

O Lavajatismo não é uma ‘doença infantil

O ministro Edson Fachin, “aquele do famoso aha uhu o Fachin é nosso!” de Deltan, tentou minimizar os crimes da Lava Jato, alegando que os excessos da operação foram resultados da tentativa de acertar. Segundo ele, a operação acumula “mais virtudes que defeito” e definiu ainda o lavajatismo como a “doença infantil da Lava Jato”.

Fachin, um notório defensor dos métodos do lavajatismo, tenta mais uma vez embaralhar as cartas e fugir da inevitável responsabilização sobre os crimes da operação, que promoveu a mais ampla e sistemática violação da legalidade democrática e demonizou partidos e lideranças políticas – como é o caso do ex-presidente de Lula – vítima de uma ação de lawfare sem precedentes no país.

A expectativa, após o Carnaval, é de que a 2ª Turma do STF promova o julgamento da suspeição do ex-juiz Sérgio Moro, o que pode anular a condenação do ex-presidente Lula no caso tríplex do Guarujá (SP), restando ainda a bizarra e farsesca condenação no processo “Ctrl + C, Ctrl+V” do Sítio de Atibaia (SP).

O desmonte completo da Lava Jato, com a punição de Deltan e Moro, e a anulação de todas as condenações forjadas contra Lula formam um único e mesmo processo de retomada do curso democrático. Afinal, como disse o próprio Gilmar Mendes, a “Lava Jato é a mãe e o pai do bolsonarismo”. Ou seja, o lavajatismo favoreceu a conquista do governo federal pela extrema direita, capitaneada por Jair Bolsonaro.

Portanto, a atual batalha política contra o lavajatismo demanda a imediata recuperação dos plenos direitos políticos do ex-presidente Lula, que foi o alvo central de toda a tramoia judicial da Lava Jato – instrumento utilizado pelas classes dominantes e o imperialismo para brecar um processo reformista e democrático iniciado com a vitória do Partido dos Trabalhadores (PT) nas eleições presidenciais de 2002.

brasil lava jato + bolsona rismo.jpg

 

07
Abr20

Uma farsa criminosa contra o PT e a democracia

Talis Andrade

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Renato Brill de Góes, mais um "terrivelmente evangélico", que declara amor incondicional a Bolsonaro, por uma vaga no STF. Que o coronavírus facilite... 

 

por Milton Alves

Mais uma vez o Partido dos Trabalhadores (PT) é alvo de uma armação política do lavajatismo fascista que se incrustou no aparelho judicial e nos órgãos de controle do país. É mais uma tentativa de criminalizar o único partido com reais condições de alavancar a resistência popular contra o governo neoliberal e autoritário de Jair Bolsonaro.

A decisão do vice procurador-geral eleitoral Renato Brill de Goés encaminhando o pedido de cancelamento do registro do Partido dos Trabalhadores junto à Justiça Eleitoral é uma farsa criminosa.

Trata-se de uma ação política contra o PT, inspirada e patrocinada pela operação Lava Jato. Uma decisão arbitrária e sem base real nos fatos. O pretexto alegado é que o PT recebeu recursos financeiros do exterior. Uma farsa! Uma tentativa canhestra para tentar calar a voz da oposição democrática e popular.

A ação do Ministério Público Eleitoral ocorre em plena pandemia de coronavírus e com o país mergulhado no caos político por um governo incapaz de apontar uma saída para a crise sanitária e econômica em curso.

A operação tramada pelo MP Eleitoral nos remete para os períodos de obscurantismo e de asfixia da democracia no Brasil. No ano de 1947, após uma farsa judicial, o PCB teve o seu registro cancelado, os mandatos de seus parlamentares cassados e as sedes e publicações do partido fechadas, excluindo os comunistas da atividade política legal e aberta por quase 40 anos. Em 1965, durante a ditadura militar, o Ato Institucional nº 2 decretou o fim dos partidos políticos oriundos do processo de democratização do pós-guerra e da Assembleia Nacional Constituinte de 1946.

Portanto, a ação tramada contra o PT, provocada por um obscuro parlamentar da extrema-direita, é um atentado à democracia e exige o mais firme repúdio de todas as forças políticas democráticas do Brasil. É mais um indício sério da deterioração crescente das instituições e do estado de direito no país. Como denunciou a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, a ação do “Ministério Público pode querer calar a voz da oposição, atendendo aos desejos do governo, só isso justifica a admissão de um pedido esdrúxulo e ilegal como este”.

O PT, que nasceu no bojo da luta contra a ditadura e pelas liberdades democráticas, não vai se calar diante dessa nova e odiosa tentativa de proscrição política.

Neste sentido, é fundamental uma resposta organizada da direção partidária, da militância, e dos mandatos em defesa do PT e da democracia. Ninguém vai apagar a nossa estrela, que fique claro.

 

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