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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

27
Mai23

Cavalo de ouro e prata dado a Bolsonaro vale R$ 24,8 mil, conclui PF após perícia

Talis Andrade
 
 (crédito: Reprodução/Twitter @Pimenta13Br)

 

A polícia chegou ao valor após uma análise detalhada da peça, que envolveu raio-x e tomografia computadorizada. A peça como obra de arte não foi avaliada

 

A Polícia Federal (PF) realizou uma análise detalhada de uma das joias recebidas por Jair Bolsonaro (PL) e Michelle Bolsonaro como presente dado pelo governo da Arábia Saudita. A miniatura de cavalo, que também entrou no Brasil de forma ilegal, passou por raio-x e tomografia computadorizada para decifrar os materiais que compõem a peça e, a partir do estudo, a perícia determinou que o artefato vale R$ 24.855,62.

Em relatório obtido pela Folha de S. Paulo, os peritos constataram que o cavalo é composto, principalmente, por cobre, que equivale a até 94,18% da peça. Além disso, prata e outro também foram encontrados, em porcentagem menores que variam de 3,44 a 6,27% e 1,39 a 3,90%, respectivamente.

A mini escultura tem ainda uma inscrição que leva o nome do príncipe Abdulaziz bin Salman Al Saud, um membro da realeza saudita que serviu como ministro da Energia do país. "As características da escultura com motivos, elementos e detalhes que remetem à cultura do país de referência na placa, que também abrangem frase dedicatória e identificação do nome, cargo de autoridade e país, são compatíveis com peça estrangeira de boa qualidade customizada e identificada para fins de concessão em ato protocolar de cortesia", detalhou o documento, divulgado pela Folha de S. Paulo.

O valor de mais de R$ 24 mil, atribuído ao cavalo de cobre, da marca Goldline, é uma estimativa feita pelos peritos, que afirmam que pode não corresponder ao real valor de mercado do objeto no momento em que ele foi adquirido. “O caráter estimativo decorre da ausência de encaminhamento de documento comprovante do preço efetivamente praticado na aquisição da respectiva peça para ratificação do valor”, ressaltou o relatório.

Cavalo de cobre, prata e ouro dado pelo governo da Arábia Saudita a Jair Bolsonaro (PL) e Michelle Bolsonaro
Cavalo de cobre, prata e ouro dado pelo governo da Arábia Saudita a Jair Bolsonaro (PL) e Michelle Bolsonaro

 

Peça valiosa está danificada

O mini cavalo de cobre, fabricado na Itália, está com três pernas quebradas. Uma imagem publicada pelo ministro das Comunicações, Paulo Pimenta, no Twitter, mostra o objeto quebrado. De acordo com o relatório da PF, a perna que sobrou também está com “sinais de avaria”. “O material apresenta danos posteriores, indicativos de manuseio incorreto e que abrangem a sua embalagem própria de acondicionamento. Esses danos prejudicam a sua estética e impedem o seu uso expositivo, ornamentativo e/ou para composição de acervo, necessitando de reparos", apontaram os peritos.

A peça valiosa faz parte do grupo de joias recebidas por Bolsonaro e Michelle do governo saudita. Uma parte das joias, dadas à ex-primeira-dama, foi avaliadas em R$ 16,5 milhões. O conjunto chegou ao  Brasil em 2021 e não foi declarado ao Estado brasileiro no momento em que entrou no país, o que caracteriza crime, informa o Correio Braziliense.

Cerca de três conjuntos de joias estavam na posse do ex-presidente e ex-primeira-dama, todos entraram no Brasil de forma irregular. Além do grupo avaliado em mais de R$ 16 milhões, um kit contendo um relógio da marca Rolex, de ouro branco, cravejado de diamantes, um par de abotoaduras, um anel com diamantes e uma caneta prateada, avaliados em cerca de R$ 500 mil, foram recebidos por Bolsonaro durante viagem oficial em outubro de 2019 para Doha, no Catar, e para Riad, na Arábia Saudita.

Bolsonaro recebeu três pacotes de joias, cuja entrega jamais foi fotografada ou filmada. O cavalo, sim. Dessa vez bem valeu o ditado: cavalo dado não se olha os dentes. A obra de arte serviu apenas para encobrir as joias contrabandeadas pelo Bento nada bento nessa estória.

25
Abr23

A passagem da família Bolsonaro pelo Alvorada deixou um cenário de terra arrasada

Talis Andrade

 

Imagem: Naor Eliyahu

Bestiário

 

por Walnice Nogueira Galvão 

- - -

Emas em bando habitam o jardim do Palácio da Alvorada, desde sua inauguração em 1960. Comem cobras e mantêm o gramado a salvo de animálculos daninhos como escorpiões, tarântulas ou salamandras. Tudo o que rasteja e pica, inoculando peçonha.

Acostumadas a serem bem tratadas, nunca imaginaram que um desavisado substituiria suas rações especiais por restos de comida. Se estes iam para o lixo, teriam algum proveito ingurgitando as aves. O gesto foi aclamado pela gratidão geral dos patriotas. E deu no que deu. Assim alimentadas, as emas viram-se atacadas de obesidade, sendo que duas delas já faleceram.

Dizem as más línguas que foi vingança pela bicada que uma delas desferiu ao ver exibida em mãos hostis uma caixinha de hidrocloroquina. Se elas recusaram a famigerada inutilidade, que tantas vidas ceifou, lá iriam permitir sem espernear que lhes suprimissem a “ração especial”?

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No mesmo e infausto jardim do Alvorada, um espelho d´água era lar de peixes doados por Hiroito, imperador do Japão, há muitos anos. As carpas, campeãs dos seres aquáticos ornamentais, tingidas de ouro e carmim, destacam-se pelas barbatanas esvoaçantes. Ali, seu lar foi alvo de moedas de pequeno valor, lançadas pelos turistas.

Na hora da xepa, no apagar das luzes, no saque e pilhagem desenfreados que montaram um cenário de terra arrasada, surge mais uma estória inacreditável, numa saga de estórias inacreditáveis.

Consta, de acordo com os protagonistas do caso, que a primeira-dama resolveu, no último dia, doar as moedas do laguinho das carpas ao pastor evangélico que era uma espécie de “Mordomo do Paço”, administrador do Alvorada. A destinação seria uma obra de caridade da igreja dele. Recolheram-se as moedas, que foram entregues ao pastor – e todo o cardume foi dizimado no processo. O montante do dinheiro assim arrecadado orçou em míseros 2 mil reais. Se eu soubesse a tempo, pagaria com prazer o resgate das coitadas. A primeira-dama declarou oficialmente que não é responsável, mas sim a empresa que retirou as moedas.

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Chegamos agora aos passarinhos. Na casa do Ministro da Justiça do governo anterior e Secretário da Segurança do DF deste, onde foi achada a minuta da declaração de um golpe de Estado, detalhada e instrutiva, a polícia encontrou também cerca de 60 passarinhos, que vão desde o belo tiê-sangue até o cardeal. Todas elas aves com pedigree, seja pelo canto, seja pela plumagem, seja por ambos.

De surpresa em surpresa, sabemos agora que a residência da autoridade é a sede de uma empresa de comercialização de aves silvestres, registrada oficialmente em nome de senhora sua mãe. Nem mãe respeitam, diz com seus botões o leitor.

Para completar – pelo menos por enquanto, sabe-se lá o que ainda vem por aí –, uma notícia sobre hipopótamos. É também uma história de horror, mas essa, felizmente, na terra dos outros.

No auge de sua glória e poder, Pablo Escobar, em mais um de seus habituais surtos de megalomania, resolveu instalar um jardim zoológico cheio de bichos ilegais, incluindo dois casais de hipopótamos. Depois de morto seu dono, os hipopótamos ficaram à gandaia.

Bichos perigosíssimos, devido à corpulência e à velocidade espantosa, constituem nédios bólidos lustrosos a que nada faz frente. Herbívoros e aquáticos, passam os dias dentro d´água, pastando as ervinhas que vicejam no fundo. Quem viaja por rios ou lagos só vê o cocuruto das calotas cranianas, como se fossem pedras para atravessar as águas. Mas não gostam de gente e atacam os seres humanos com fúria, estraçalhando-os com as poderosas presas.

Reproduziram-se: de 4 passaram a 120 e se tornaram uma ameaça. Pisoteiam lavouras, derrubam cercas e destroem mais que Átila. Mas ninguém ousa feri-los, até porque é proibido por lei. E lá está solta a manada de hipopótamos, a maior do mundo fora da África, ora oferecida de presente pela Colômbia a quem quiser. Alguns países já são voluntários, mas só aceitam alguns poucos. Vai ser preciso muito país para, com esforços somados, chegar aos 120.

E quem se lembra de que papai Donald Trump modificou uma lei para permitir que seus dois pimpolhos, caçadores reincidentes, trouxessem da África as cabeças de leões e de elefantes com que se vangloriavam em vídeos nas redes?

28
Mar23

Bolsonaro recebeu terceiro conjunto de joias estimado em R$ 500 mil (vídeos)dora

Talis Andrade
 
 
 
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O conjunto teria sido entregue diretamente ao ex-presidente em viagem oficial em outubro de 2019 para Doha, no Catar, e para Riad, na Arábia Saudita

 
 
Correio Braziliense
 
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu um terceiro conjunto de joias da Arábia Saudita, estimado em R$ 500 mil durante seu governo. No estojo de joias havia um relógio da marca Rolex, de ouro branco, cravejado de diamantes, um par de abotoaduras, um anel com diamantes e uma caneta prateada. As informações foram divulgadas pelo jornal Estado de São Paulo nesta terça-feira (28/3). 

As joias estavam dentro de uma caixa de madeira clara, com o brasão de armas da Arábia Saudita. A maioria das joias eram de ouro branco e com detalhes em diamante.

O par de abotoaduras é de ouro branco, com um brilhante cravejado no centro e outros diamantes ao redor, o anel é de ouro branco com um diamante no centro e outros em forma de "baguette" ao redor e a caneta prateada é da marca Chopard. Além disso, dentro do conjunto havia um "masbaha", um tipo de rosário árabe, feito de ouro branco e com pingentes cravejados em brilhantes.

O valor do conjunto é estimado em R$ 500 mil, uma vez que o modelo do relógio Rolex é encontrado na internet pelo preço de R$ 364 mil e os outros objetos tem valores somados de, aproximadamente, R$ 200 mil, segundo informou o jornal. 

Diferentemente das outros conjuntos de joias reportados anteriormente, este novo conjunto teria sido entregue diretamente a Bolsonaro entre os dias 28 e 30 de outubro de 2019, quando ele estava em viagem oficial a Doha, no Catar, e em Riad, na Arábia Saudita. Na época, o ex-presidente teve um almoço oferecido pelo rei saudita Salma Bin Abdulaziz Al Saud e disse que possuía "certa afinidade" com o príncipe herdeiro Mohammed bin Salma.

De acordo com o Estado de S. Paulo, Bolsonaro retornou ao Brasil com o conjunto e ordenou que fossem levados para o acervo particular — fato confirmado em 8 de novembro de 2019, pelo Gabinete Ajunto de Documentação Histórica da Presidência.

Um formulário de encaminhamento de presentes comprova a chegada do conjunto e especifica os itens que foram recebidos. No documento, há dois questionamentos: "houve intermediário no trâmite", a qual a resposta foi "não" e "visualizado pelo presidente", em que a resposta foi "sim". 

As joias deveriam permanecer no acervo privado de Bolsonaro por mais de um ano e meio, contudo, assim como nos outros caso,  o então presidente tentou reaver as joias para tê-las fisicamente. A tentativa ocorreu em 6 de junho de 2022 em que foi registrado pelo sistema da Presidência que os itens foram "encaminhados ao gabinete do presidente Jair Bolsonaro". Dois dias depois as joias estavam "sob a guarda do Presidente da República". 

Anteriormente, Bolsonaro disse ao Estado de S. Paulo que desconhecia as joias dadas pelos sauditas e desmentiu a informação dias depois, reconhecendo que havia recebido um pacote que entrou ilegalmente no Brasil, sendo obrigado a devolver os itens, por determinação do Tribunal de Contas da União. Um fuzil e uma pistola dada pelos Emirados Árabes também foi devolvida. O TCU deve fazer uma auditoria nos demais presentes recebidos pelo ex-presidente.

O Correio tenta contato com a assessoria de Jair Bolsonaro para questionar sobre o terceiro conjunto de joias. O espaço segue aberto para um eventual pronunciamento.

*Com informações da Agência Estado

 

26
Mar23

Moro faz politicagem da pior espécie com caso do PCC

Talis Andrade
Posts de Bolsonaro com pornografia e 'golden shower' repercutem na imprensa  internacional | Mundo | G1
 
 
 

Finada Lava Jato esquece a pornofia diária de Bolsonaro e faz zoada para abafar o testemunho de Tacla Duran amanhã

 

Todo profano dia de fala de Bolsonaro no cercadinho do Palácio do Planalto, quando reunia o rebanho, o presidente capitão contava mentiras e baixarias, e a grande imprensa dava uma de surda. Veja seletas (vídeos abaixo) de frases de corar frades de pedra e virgens de hímen rompido. Com os pornôs de Bolsonaro, bentos nas igrejas evangélicas, pela irmã Michelle Bolsonaro despida de joias, jornais e tvs criavam alardes e manchetes. Os discursos e sermões louvando o golpe, e esmagando imaginários comunistas mais perigosos que a corte - disse o papa Francisco = do "diabo que se finge 'educado' e até toca a campainha apresentando-se como amigo, a ponto que o tens em casa sem te aperceberes do mal".

 
 
Posts de Bolsonaro com pornografia e 'golden shower' repercutem na imprensa  internacional | Mundo | G1

 

O juiz Eduardo Appio, da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, intimou o advogado Rodrigo Tacla Duran para prestar depoimento nesta segunda-feira (27), por meio de videoconferência.

Nos últimos anos, o advogado espanhol denunciou os pedidos de cerca de cinco milhões de dólares em propina do advogado Carlos Zucolotto Junior, amigo íntimo do casal Moro, para ajudá-lo em processos da Lava Jato. 

Além disso, Duran admitiu, às autoridades da Suíça, que fez pagamento ao advogado Marlus Arns, que já foi “sócio” de Rosângela Moro e Zucolotto para “não ser preso”. 

A intimação ocorreu após o juiz Appio revogar a ordem de prisão preventiva de Duran, em que derrubou uma ordem judicial de prisão expedida contra o advogado por Moro. 

O Jornalista Chico Alves, colunista do UOL, escreve:

O presidente Lula deu nos últimos dias ao senador Sergio Moro (União-PR) todas as condições de terminar a semana como vencedor da disputa pessoal que os dois travam na política. Primeiro, pelo desabafo feito durante entrevista admitindo que, quando estava preso, tinha vontade de "foder" o então magistrado. Mas principalmente por chamar de "armação" o plano do PCC para matar ou sequestrar Moro, descoberto pela Polícia Federal, subordinada ao seu ministro da Justiça e Segurança Pública.

Como a coluna registrou, ao fazer acusação sem provas contra o senador — duvidando indiretamente da PF —, Lula marcou um dos maiores gols contra de toda sua trajetória política. Deu a deixa para Moro atacá-lo e fez dele vítima em dose dupla, tanto da ameaça do crime organizado quanto da leviandade de sua suspeita desprovida de base.

Desde a fala sobre "armação", Lula vem recebendo todo tipo de críticas, que vão das justificadas até aquelas exageradas, que comparam sua declaração com os piores momentos do bolsonarismo — como se as baixarias de Jair Bolsonaro e seus asseclas não fossem resultado de uma gigantesca e permanente estratégia de destruir reputações, algo muito diferente de uma rara fala condenável em que Lula usou o fígado para tratar de seu desafeto.

Nos últimos dias, por causa da incontinência verbal do petista, o lavajatismo saiu do túmulo e se juntou ao bolsonarismo para desancar o presidente.

O jogo estava bastante desfavorável para Lula. Até que ontem Sergio Moro jogou contra o patrimônio: também marcou um gol contra memorável.

Por conta da divulgação de que uma das contas de email investigadas entre as várias que serviram de ponto de partida para desbaratar o plano do PCC tinha o endereço lulalivre1063@icould.com, o senador jogou nas suas redes sociais uma suspeição irresponsável.

"Gostaria de entender por que um dos criminosos do PCC, investigado no plano de sequestro e assassinato, utilizava como endereço de email lulalivre1063?", questionou.

A acusação indireta de parceria entre PT e tráfico foi endossada por Deltan Dallagnol, fiel escudeiro de Moro — que, de quebra, requentou a lorota bolsonarista sobre a ida de Flávio Dino à favela da Maré:

"Finja surpresa: membro do PCC usava email 'lulalivre'. Em áudio que divulguei dia 22, PCC reclamou de Moro porque com ele não tinha conversa, enquanto com o PT tinha. Não surpreende também que o Ministro da Justiça de Lula entre livremente em área dominada pelo crime organizado", acusou Deltan.

A própria polícia explica que os integrantes do PCC usavam emails de terceiros para despistar. Assim como o fato de a juíza Gabriela Hardt tratar do caso das ameaças ao ex-juiz não dá a Lula o direito de dizer o que disse, o aparecimento de endereço eletrônico com o nome do presidente no meio da investigação é obviamente insuficiente para justificar qualquer suspeita infundada de Moro e Dallagnol. Mas nenhum dos dois levou isso em consideração antes de atacar o PT.

Com essa desprezível intriga, Moro marca a semana não apenas por ser vítima de um plano do PCC e passa também à lamentável categoria dos parlamentares que fazem politicagem com qualquer coisa — inclusive com eventuais desventuras.

Tanto a acusação leviana de Lula quanto a ilação inconsequente de Moro, rebaixam a já desvalorizada política nacional. Mas não é um empate.

 
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O petista sempre poderá argumentar que tem motivos de sobra para ressentimento contra o ex-juiz que, em processo sem provas e recheado de ilegalidades, o obrigou a ficar 580 dias na prisão e entregou o país de bandeja para Bolsonaro.

Já Moro não explicou ainda a fixação que tem por Lula desde 2014 e que agora o faz perder o controle da situação.

Cientistas políticos parecem não dar conta. Talvez seja o caso de recorrer a Freud.

21
Mar23

Nas entrelinhas: o fantasma do comunismo renasceu com o bolsonarismo

Talis Andrade
 (crédito: Maurenilso Freire)
(crédito: Maurenilso Freire)

 

por Luiz Carlos Azedo /Correio Braziliense

"Um fantasma ronda a Europa — o fantasma do comunismo. Todas as potências da velha Europa se aliaram numa caçada santa a esse fantasma: o papa e o czar, Metternich e Guizot, radicais franceses e policiais alemães. Que partido oposicionista não é acusado de comunista por seus adversários no governo?"

As primeiras palavras do Manifesto Comunista de 1848 publicado por Karl Marx e Friedrich Engels em Londres, em inglês, francês, alemão, flamengo e dinamarquês, parecem saltar das estantes empoeiradas para a pesquisa Ipec divulgada no domingo pelo jornal O Globo.

Para 44% dos brasileiros, o Brasil corre o risco de "virar um país comunista" sob o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo a pesquisa, 33% concordam totalmente com a afirmação de que um novo regime poderia ser implantado no país; 13% concordam parcialmente com a tese. Discordam total ou parcialmente da ideia 48% dos entrevistados.

A pesquisa mostra que a essência do bolsonarismo é o anticomunismo. O ex-presidente Jair Bolsonaro trata toda a esquerda e mesmo setores liberais como uma "ameaça comunista". Na campanha eleitoral de 2022, teve nome e sobrenome: Luiz Inácio Lula da Silva. Continua sendo um divisor de águas da política brasileira: 81% dos que afirmam que a gestão Lula é "ruim ou péssima" concordam com o risco de comunismo. Já 71% dos que consideram o governo Lula "bom ou ótimo" rejeitam a afirmação.

A "ameaça comunista" é um tema recorrente na política brasileira, corroborado pela história do Brasil. Fundado por anarquistas, sob a liderança do jornalista e crítico literário Astrojildo Pereira, o Partido Comunista surgiu em 1922. Colheu lideranças da primeira grande onda de greves operárias no Brasil, que ocorreu em 1917, o "ano vermelho", pois coincidiu com a Revolução Russa.

O Partido Comunista logo foi posto na ilegalidade. Em janeiro de 1927, reconquistou a legalidade, com a eleição de Azevedo Lima para a Câmara de Deputados. Em agosto, foi posto novamente na ilegalidade, pela "Lei Celerada" (Decreto n° 5.221) do governo de Washington Luís. Com o trabalho assalariado e a crescente urbanização, a questão social havia emergido nas grandes cidades e se tornara um caso de polícia.

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Naufrágio no passado

A lei limitava a atuação da oposição ao governo e o direito de reunião, pois permitia ao governo fechar por tempo determinado sindicatos, clubes ou sociedades que convocassem ou apoiassem publicamente greves ou protestos. Também proibia a propaganda desses temas e impedia a distribuição de panfletos ou jornais que apoiassem ou incitassem greves e manifestações. A imprensa foi amordaçada. Os sindicatos foram duramente reprimidos, trabalhadores estrangeiros socialistas e anarquistas foram deportados do país.

Com a entrada no Partido Comunista do líder tenentista Luiz Carlos Prestes, comandante da famosa coluna que leva seu nome e o do general Miguel Costa, o comunismo deixou de ser um fantasma. Com o levante comunista em quartéis do Rio de Janeiro, de Recife e de Natal, em novembro de 1935, durante a ditadura de Getúlio Vargas, passou a ser tratado como uma ameaça real. Com o fracasso da chamada Intentona Comunista, Prestes passou nove anos na cadeia.

Entretanto, o fantasma voltou a rondar o Brasil em 1964, durante o governo João Goulart, que assumiu o poder com a renúncia de Jânio Quadros e propôs um programa de reformas de base, entre as quais a agrária. Um discurso de Prestes na Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no qual exagerava a influência comunista no governo, seria um dos pretextos para a destituição de Jango pelos militares, em março de 1964.

No livro A Mente Naufragada, o cientista político norte-americano Mark Lilla explica que o espírito reacionário difere muito do conservador. Trata-se de invocar o passado para nele viver sem transformações, o que é muito diferente da atitude do conservador, que tem o passado e suas tradições como referência para agir no presente e construir o futuro.

Lilla conclui que mente reacionária naufragou, "porque olha para os destroços de um passado que lhe parece ameaçado, e luta para salvá-lo, porque não sabe conviver com as mudanças". Ironicamente, porém, isso faz do reacionarismo um fenômeno "moderno" no mundo da globalização e do multiculturalismo.

No Brasil, o grande porta-voz do pensamento reacionário é o ex-presidente Jair Bolsonaro, que não conseguiu se reeleger. Esgrime o fantasma do comunismo contra toda a esquerda, principalmente o PT, um partido de base operária e social-democrata, que retroalimenta o fantasma do comunismo pela sua narrativa classista e, principalmente, devido às boas relações com Cuba, Venezuela, Nicarágua e, agora, a China.

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21
Mar23

Pátria Voluntária: mais um rolo de Michelle

Talis Andrade
 
Charge: Fredy Varela

 

Por Altamiro Borges

Paparicada pelo chefão do PL – o que tem gerado ciumeira no maridão que fugiu para os EUA –, Michelle Bolsonaro não está com essa bola toda para disputar a presidência da República ou outro cargo eletivo. O seu telhado de vidro é enorme. Na semana passada, o site Metrópoles revelou que “uma auditoria realizada pelo Tribunal de Contas da União encontrou uma série de ilegalidades no programa Pátria Voluntária, chefiado pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro”. 

Segundo documento obtido com exclusividade pelo site, o TCU “constatou que o programa, que obtinha arrecadações privadas e as direcionava para entes privados, não respeitava o princípio da impessoalidade orçamentária e não usava critérios objetivos, amparados pela legislação, para definir quem recebia doações. Por considerar que o modelo de gestão adotado era ilegal, o tribunal chegou a indicar que recomendaria a extinção do programa”. 


Ingerência sobre o destino dos recursos

De acordo com o relatório assinado pelo ministro Antônio Anastasia, “o programa de voluntariado era uma maneira de agentes públicos promoverem arrecadações para, depois, terem uma ingerência sobre o destino de recursos privados sem autoridade para isso. Em tese, os recursos eram geridos pela Fundação Banco do Brasil (FBB). A auditoria descobriu, porém, que no Conselho de Solidariedade, criado na pandemia, o governo Bolsonaro definiu a destinação de algumas arrecadações. Além disso, o TCU verificou que os beneficiários das doações eram escolhidos pela Casa Civil”. 

“Embora a arrecadação dos recursos financeiros e a sua gestão sejam de competência da FBB, a seleção das entidades beneficiárias era efetuada no âmbito da Casa Civil”, escreveu o ministro, apontando a grave ilegalidade. No programa, não havia “critérios objetivos e isonômicos para a seleção de instituições sociais a serem beneficiadas com recursos financeiros oriundos de doações privadas”. Os gestores do programa tampouco tinham respaldo legal para administrar os recursos. 


Negociatas na compra de vacinas para Covid
 
Esse não é o único caso escabroso envolvendo a ex-primeira dama – que já tinha o apelido de Micheque, em alusão aos R$ 89 mil em cheques que recebeu do miliciano Fabrício Queiroz, e que agora passou a ser chamada também de MisSheik, em referência às joias de R$ 16,5 milhões que recebeu da ditadura saudita. No início de 2021, no pico das mortes na pandemia do coronavírus, por exemplo, ela foi denunciada por suposto envolvimento nas negociatas para a compra de vacinas. 

Na ocasião, a revista Veja publicou que “uma nova leva de mensagens do cabo da PM Luiz Paulo Dominguetti, em poder da CPI da Pandemia, insere um novo personagem na nebulosa negociação de vacinas superfaturadas com o governo. Trata-se da primeira-dama Michelle Bolsonaro”. O militar citou o reverendo Amilton Gomes de Paulo, que operava como lobista no Ministério da Saúde e “atuou para aproximar os supostos vendedores das vacinas do gabinete presidencial”. 

“Dominguetti comenta assustado sobre os avanços do reverendo. 'Michele [sic] está no circuito agora. Junto ao reverendo. Misericórdia', escreve. O interlocutor se mostra incrédulo diante do nome da primeira-dama. 'Quem é? Michele Bolsonaro?'. E Dominguetti retorna: 'Esposa sim'”. O depoimento bombástico faz parte do relatório da CPI do Genocídio, que infelizmente foi esquecido – para a sorte da hoje “presidenciável” ex-primeira-dama. Mas ele pode ser recuperado em uma futura campanha eleitoral.
 
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16
Mar23

Arábia Saudita deu presente de joias para Bolsonaro e Michelle?

Talis Andrade
 
 
Expectativa de queda da Selic, PF ouve Bento Albuquerque sobre joias e mais  de 14 de março
 

Verdadeiro e único presente do Governo Saudita foi uma bela estatueta de um cavalo árabe

Em carta de agradecimento aos árabes, o almirante Bento Albuquerque omitiu os termos joia, ouro, brilhantes, relógio, caneta, colar, brincos, milionários objetos acrescentados ao pacote da estatueta do cavalo, que podem ter procedência não identificada. Os itens são da marca suíça Chopard. Empresa que pode ter filial ou representação fora da Europa.

O ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque omitiu, em carta enviada ao príncipe da Arábia Saudita, Abudulaziz bin Salman Al Saud, a apreensão de joias oferecidas ao então presidente Jair Bolsonaro e à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Por que omitiu?

Repetindo, nenhum dos itens, a caixa de joias preciosas avaliadas em R$ 16,5 milhões, presente para Michelle e outro embrulho com um relógio, uma caneta, um par de abotoaduras, um anel e um tipo de rosário, destinado supostamente a Bolsonaro havia sido incorporado ao acervo na data. 

Na carta, Bento agradece a participação no evento Oriente Médio Verde, para o qual viajou como representante do governo brasileiro.

Os dois pacotes não foram declarados à Receita Federal quando o ex-ministro e sua equipe retornaram ao Brasil. As joias foram apreendidas na alfândega em Guarulhos quando um auxiliar de Bento tentou entrar com o estojo escondido na mochila em outubro de 2021, conforme revelou o jornal Estado de São Paulo. Já o pacote com o relógio e demais itens passou sem ser percebido pelos fiscais.

 
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Na caixa com a estatueta do cavalo, foram acrescentadas as joias de Michelle {conforme declarou Bento Albuquerque na Alfandega). Assim fica explicado a quebra da estatueta - reconhecidamente, conforme a praxe, o único presente oficial do governo saudita para o governo brasileiro.

 
Ex-ministro Bento Albuquerque presta depoimento à PF sobre joias nesta  terça (14)
 
 

Por que o governo de Lula não pergunta a Chopard quem comprou as joias: se o príncipe Abudulaziz bin Salman Al Saud, se algum sabido do grupo Mubadala Capital, dos Emirados Árabes, que comprou a Refinaria Landulpho Alves (RLAM) na Bahia, pela metade do preço. Ou algum brasileiro, um bento ou desconsagrado sujeito. 

 
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16
Mar23

Depois do sol, o que esperar?

Talis Andrade

 

 

 

Esse título me foi sugerido pelo próprio título do filme “Aftersun” mas também pelo próprio filme, a primeira obra longa-metragem da cineasta escocesa Charlotte Wells, que foi lançado no ano passado em Cannes e no Brasil, em dezembro de 2022, e agora na Mubi. Assim, é um filme novo e que me parece interessante para podermos fazer algumas comparações entre os filmes dos anos 1950 e esses que estão sendo realizados agora em qualquer parte do mundo.

A causa principal de como são os filmes de hoje é que os de antes eram feitos por pessoas chamadas práticas. Cinema não era trabalho para intelectuais, mas simplesmente para pessoas inteligentes, embora não ‘ilustradas’. Essas pessoas faziam literatura ou no máximo teatro ou então música erudita.

Hoje, uma moça como essa escocesa Charlotte Wells deve ser uma verdadeira intelectual, e cria uma obra em que a linguagem busca fugir da ligação direta com o cotidiano. As sequências vão acontecendo, se ligando mais ao jogo da imagem do que ao realismo, como era comum. Por exemplo, temos uma sequência em que as pessoas jogam bilhar, mas o que o espectador vê são as bolas do bilhar e não os jogadores. Quase nunca há o realismo de se ver as coisas ou mesmo as pessoas completas. Nunca que um filme de uma jovem cineasta deixou o objetivo se apresentar, mas utiliza a montagem para deixar que o jogo da imagem seja a força principal da própria linguagem.

Isso é um dos motivos inclusive dos intérpretes praticamente não serem mais grandes forças na divulgação de um filme. O importante cada vez mais vai sendo a montagem, e antes a fotografia, e claro a própria direção. Embora  me pareça que a maioria dos espectadores, principalmente dos filmes de Hollywood, estejam preocupadas em buscar diversão nos filmes e continuem assim a ver grandes espetáculos e séries. Pelos enredos. A Mubi informa os nomes dos atores, inclusive os dois principais Paul Mescal e Frankie Corio que fazem o pai e a filha. Penso, porém, que os detalhes aparecem muito mais que eles. É um filme com boa, bela estrutura estética, mas curto. Dura só 1h36m.

 

Que independência é essa?

Vi ontem no canal TVT uma quase palestra do economista Ladislau Dowbor sobre o porquê do Presidente Lula estar contra a ‘independência’ do Banco Central, e por que todos os comentaristas da imprensa e os deputados apoiarem o presidente do Banco Central; eu já achava que a coisa era assim. Mas achei ótimas as explicações do economista, pois fiquei sabendo por que a grande mídia defende essa ‘liberdade’. Isto é, foi o Governo Federal deixando que os próprios bancos nacionais e internacionais se assenhoreassem do Governo a quem devem sem dúvida obediência. Foi Bolsonaro que conseguiu isso para eles. Claro que não podem ser os ratos a mandarem no gato. Não pode o Presidente da República aceitar o que os financistas querem. E o economista Ladislau Dowbor explica muito bem. E tem total documentação. São bilhões roubados do povo brasileiro através do jogo financeiro e nada mais.

Leia também: Por que os juros brasileiros não podem baixar? Por Ladislau Dowbor

 

O grande roubo não seria o maior

O pior é que esse roubo de Bolsonaro, revelado nestes dias pela imprensa, certamente não será o maior, pois se pensarmos em locais como as minas das terras dos Yanomamis, o que os Bolsonaros devem ter conseguido açambarcar deve ser muito mais do que 16 milhões de reais. E o que me entristece é o fato de existirem milhões de brasileiros que votaram e são ainda capazes de votar nesse chefe da quadrilha.

Acho que é importante lembrar que muitos desses milhões de eleitores pensam dessa forma pela consequência da ditadura militar de 64. Foram os ditadores que impuseram esse pensamento no país a partir do mando sem limites. Uma assessora de Lula, que trabalha com ele há 40 anos, Clara Ant,  deu entrevista ontem para Mário Sérgio Conti. Ela agora é assessora especial, e disse muito claramente como o Brasil foi dilapidado por esse grupo que ficou no governo nesses últimos quatro anos.

Uma monarquia árabe mandou de presente para a primeira-dama de Bolsonaro um conjunto de joias no valor de 16 milhões de reais e essas joias foram colocadas por um militar numa sacola para escapar da Alfândega. E um funcionário interceptou. Esse funcionário deveria ser premiado. Isso aconteceu em outubro do ano passado e Bolsonaro tentou de tudo para retirar as joias da Alfândega. E não conseguiu. A coisa foi descoberta, claro, no Governo atual.

É claro que isso não deve ser presente coisa nenhuma. Senão alguma cochambrança dos governos árabe e Bolsonaro, que segue certamente as mesmas normas de qualquer quadrilha.

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