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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

09
Jul23

Crônica do exílio

Talis Andrade
Marielle Franco
Marielle Franco (Foto: Mídia NINJA)

 

Ao falar do meu retorno, a primeira pessoa que me vem à mente é Marielle Franco, que não pode voltar

 

por Marcia Tiburi

247 Brasil

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 Eu acompanhei a criação do Jardim Marielle Franco em Paris. Quando os pais de Marielle vieram para a inauguração em 2019 eu morava muito perto do Jardim que fica entre duas estações de trem bem importantes. A minha casa era numa espécie de residência para artistas e professores estrangeiros e acabamos indo depois da inauguração para o pátio dessa residência, pois não havia nenhum restaurante que comportasse aquelas 20 pessoas. Era necessário comer, mas eu não havia planejado um jantar e, naquele dia, não havia comida no meu apartamento. Nesse lugar, eu passei o pior verão da minha vida, na mais horrível das canículas, quando a sensação térmica chegou a 60 graus Celsius. Para descrever isso, devo apenas dizer que a água que sai das torneiras é quente e evapora em segundos. Você pode encher um copo e assisti-lo evaporar em pouco tempo. Não há ar condicionado em Paris. Quando há calor, a prefeitura lança um alerta vermelho e ninguém sai de casa, sendo que, em casa, é preciso deixar as janelas fechadas e umedecer o que for possível para amenizar efeitos. Nessas condições, há milhares de pessoas que morrem pelo calor, assim como no Brasil há milhares de pessoas que morrem pelo frio. Na França, com seu Estado de bem-estar social que resiste ao avanço do neoliberalismo, há muito mais assistência para as pessoas. O que apenas prova que precisamos de mais Estado de bem-estar social também no Brasil.  

 Naquela noite, me lancei no milagre da multiplicação dos dois pacotes de macarrão que havia em casa. Dois dos meus melhores amigos apareceram naquela noite: Paula que é chefe de cozinha veio me ajudar a cozinhar, mas a cozinha era um fogão de duas bocas colado numa pia sobre uma geladeirazinha e três pessoas – sendo que uma era chef – era gente  demais para a pequena panela na qual eu deveria tornar saboroso um extrato de tomate pronto e um queijo ralado de pacotinho. Enquanto descascava o alho, eu a expulsei da cozinha, junto com o Murilo, mas como ela é generosa, fez muitos jantares para mim depois e eu fiquei com uma eterna vergonha do meu gesto de quando nos conhecemos. Marinete, mãe de Marielle, é a pessoa mais gentil do mundo e me disse que foi o melhor macarrão da vida dela. Seu Antônio concordou e agradeceu muito e eu, que aprendi o valor das gentilezas ao longo da vida, me deixei levar pela onda de amor. A ausência de Marielle ficava mais forte e eu afundava a cada dia mais no estupor.  

 Ao falar do meu retorno, a primeira pessoa que me vem à mente é Marielle Franco, que não pode voltar porque foi assassinada por grupos de extermínio em 2018, ano da intervenção militar no Rio e da ascensão fascista que levou Bolsonaro à presidência da República. Que os assassinos de Marielle estivessem na casa do próprio Bolsonaro em 14 de março de 2018 não é mera coincidência. A pergunta que ainda não conseguimos responder é: qual a relação de Bolsonaro com a morte de Marielle?  

 Agora que estou em solo brasileiro, penso em Marielle que não pode voltar.  

 Depois de meses tentando, pelo menos desde a vitória de Lula quando tudo prometia melhorar, eu pude voltar com o apoio do Programa de Proteção a Defensores de Direitos Humanos que foi praticamente destruído com todo o ministério dos Direitos Humanos pela ex-ministra bolsonarista que ocupava a pasta misturada com o ministério das mulheres para destruir tudo de uma só vez. 

De fato, tudo melhorou quando comparado ao terror fascista, embora o fascismo esteja aí, presente e esperando para voltar à cena com a força do espetáculo, tal como protagonizado por Bolsonaro tornado inelegível no mesmo dia em que eu e Jean Wyllys pisamos em solo brasileiro.   

 Fiquei fora de 18 de dezembro de 2018, até 30 de junho de 2023. Lá fora, fui percebendo aos poucos que eu havia entrado em exílio. O exílio foi uma heteronomeação. O que era para ser um tempo fora para reorganizar a vida, se transformou em exílio. Eu não sabia o que fazer com esse nome. Era chamada a falar a partir dessa palavra e sempre me sentia perdida. Demorei a entender o não-lugar. Escrevendo com Jean “O que não se pode dizer – experiências do exílio” (Civilização Brasileira, 2022), eu consegui elaborar uma parte.  

 O exilado, aquele que é expulso de seu país, é sempre um sobrevivente. Ele é sempre a testemunha de muita coisa que seria preciso relatar aos poucos, quando se tem a sorte de poder elaborar o vivido por ter acesso a meios. Escrever é preciso.  

 Constatei que eu fazia parte de grupos de exilados que vinham de países como o meu, com democracias destruídas.  

 O meu medo passou a ser o de que meu caso excepcional, no futuro, se tornasse a regra. Há exilados fora do país, há muitos mais dentro. São mulheres, pessoas LGBTQIA+ e homens que tiveram que fugir, que recebem ou não proteção legal e que, sendo perseguidos e ameaçados, tem o seu direito de estar presente cerceado.  

 Em 2018, um deputado de extrema-direita do MBL (cujo nome não quero dizer, pois já está em declínio e é melhor deixar cair), que ainda não era deputado, disse que seria muito divertido me tirar de todos os debates no Brasil. Embora ele faça parte da geração digital, e inclusive das milícias digitais que operam com fake News e desinformação, parecia não estar atualizado para o fato de que a Internet criou um outro mundo do qual todos podemos participar desde que tenhamos acesso. Há muito debate a ser feito sobre isso em nível jurídico, cultural e educacional, mas é um fato que a internet gera uma forma de vida em que operamos por simulação (como se estivéssemos presentes), na espectralidade.  

 Eu segui exilada de corpo, mas não de alma.  

 Voltar ao Brasil me permite juntar essas duas partes e ser novamente uma pessoa inteira. E esse é um direito humano, mais do que um privilégio.  

 Que Marielle não possa voltar diz muito sobre o país que nos tornamos.

02
Jun23

Até o MBL abandona o cassado Dallagnol

Talis Andrade

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por Altamiro Borges

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O ex-deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR), que teve seu mandato cassado por unanimidade pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), virou motivo de chacota. O ex-chefão da midiática Operação Lava-Jato, que já teve muito poder em conluio com o “juiz ladrão” Sergio Moro, hoje está totalmente isolado e desmoralizado. Nos corredores do Congresso Nacional, nas ruas e nas redes digitais, ele é tratado com total menosprezo e desdém. 


Os quatro “atos de solidariedade” convocados por seus fiéis em Curitiba foram um fiasco; ele foi rifado pelo governador paranaense, Ratinho Júnior, e por outros líderes políticos do Estado; o próprio Sergio Moro e o seu partido, o Podemos, não têm feito grandes esforços para defendê-lo. Agora, até o tal Movimento Brasil Livre (MBL) decidiu abandonar o ex-procurador do powerpoint, que se achava um líder messiânico. 

Sabotagem de "alas do bolsonarismo"

Segundo postagem do site UOL nesta terça-feira (30), “em suas redes sociais, a organização política de direita publicou nota oficial em que retira seu apoio em manifestação favorável ao deputado cassado pelo TSE. Ela afirma que não participará mais do ato pró-Deltan que está previsto para 4 de junho”. 

Entre as justificativas apresentadas, o MBL alegou ter sofrido sabotagem de “alas do bolsonarismo” e que teve “pouca solidariedade de outros agentes” na organização das manifestações. A nota ainda destaca que Deltan Dallagnol se esforçou em “se dissociar e se distanciar do MBL”, apunhalando o movimento. 

No final da semana, o parlamentar cassado já havia sofrido outra baixa. Após ser chamada de “traidora” pelas milícias digitais bolsonaristas, a “deputada-pistoleira” Carla Zambelli (PL-SP) desistiu de convocar os atos em apoio ao jagunço da Lava-Jato. Afirmou que seguia as ordens de Jair Bolsonaro, mesmo discordando. Patética! 

As besteiras obradas no Roda Viva

Abandonado, Deltan Dallagnol vai afundando ainda mais com suas declarações estapafúrdias. Nesta segunda-feira (29), no programa Roda Viva da TV Cultura, ele só revelou todo seu caráter reacionário. Um levantamento de Chico Alves no site UOL trouxe algumas das besteiras obradas pelo deputado cassado: 

- “Discordo de muitas pautas do Bolsonaro, mas não estou aqui para desunir a direita”. (Respondendo sobre ataques do ex-presidente à democracia); 

- “Existe liderança do homem sobre a mulher. Não importa se você concorda ou não, se eu concordo ou não, o que importa é que isso está na Bíblia”. 

- “Não sou gestor público, nem de saúde. Na época estava como procurador da República”. (Quando provocado a avaliar a trágica gestão de Jair Bolsonaro na pandemia que resultou em 700 mil mortes). 

- “Não sou procurador desse caso. Não conheço esses casos em detalhes”. (Sobre a acusação de apropriação de joias e de falsificação de cartão de vacina por parte de Bolsonaro, fartamente noticiado). 

- “Eu defendo que o pastor possa falar que casamento é só entre homem e mulher na igreja”. (Sustentando a mentira que espalhou nas redes de que o PL das fake news iria censurar versículos da Bíblia). 


Dallagnol virou um meme de si mesmo

Na ocasião, o fascistinha também esbravejou “não pensar duas vezes em defender Bolsonaro contra Lula”. Essas e outras besteiras obradas no Roda Viva renderam inúmeras gozações nas redes digitais. Como afirma o colunista do UOL, “Dallagnol tornou-se um meme de si mesmo e desmoralizou o lavajatismo ainda mais”. 

“Mas ninguém se engane: o lavajatismo envergonhado continua à espreita. Ao primeiro cochilo dos democratas, eles tentarão deixar a condição de memes para voltar ao protagonismo, cheios de empáfia. Que a experiência aprendida com a Lava Jato nos ajude a sempre duvidar dos que se fazem passar por heróis  seja hoje ou no futuro”, alerta Chico Alves.

Os escândalos envoltos na Lava-Jato

 
 
02
Jun23

"A coisa do é de hoje": o ovo da serpente estava ali, em 2013

Talis Andrade

ovo serpente.jpg

 

por Lenio Luiz Streck

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Já muitos nem lembram. O estopim inicial dos protestos ocorreu em São Paulo, no dia 6 de junho de 2013: um grupo de manifestantes se reuniu para protestar contra o aumento da tarifa do transporte público na cidade. E a coisa se espalhou.

Alia-se a isso os altos custos da Copa do Mundo de 2014, também usados como mote. Não é preciso aprofundar o protagonismo. Interessa é o resultado.

O progressismo brasileiro (não só ele) ingenuamente caiu nessa armadilha da história. E quem tomou as rédeas foi a direita e a extrema direita. O gérmen do fascismo à brasileira estava ali.

Lembro de queridos amigos que saíam antes do trabalho — alguns largavam a toga e a beca — e se dirigiam às passeatas. Escrevi sobre essas coisas à época. As redes ainda eram fracas. Avisei os amigos: cuidado — vocês estão se prestando a algo que mistura ódio à política e moralismo. Hobbes já tinha avisado do problema que isso ia dar. Pena que não lemos.

Dito e feito. O MBL está aí até hoje. Trocou o P do MPL (Movimento Passe Livre) pelo B. Com isso, cabos, coronéis e quejandos surgiram nessa onda. Sem 2013, não existiriam Zambelis e Joyce Hasselman (fez mais de 1 milhão de votos em 2018). Tampouco deputados como Daniel Silveira.

As jornadas de 2013 deram voz aos néscios; as redes apenas os capacitaram.

A tempestade perfeita estava nas jornadas de 2013 — cujos reflexos vemos também hoje no Chile.  Junte-se a criminalização da política e surgirão os outsiders — aqueles que dizem que a política só tem ladrões. E, lógico, eles, os novos, são o sal da terra.

Eis aí o sal da terra. Basta um rápido olhar e ao longe verão a peruca do deputado de Minas, com seus milhões de votos.

Lá vem o novo (ups), mas por baixo de suas roupas vemos os andrajos do velho. Olha o novo, saúdem o novo. Eis a fundação que seria feita por Dallagnol (de R$ 2,5 bilhões) com dinheiro da Petrobras; eis a outra fundação que seria feita em Brasília, com gente famosa dando aval.

O lavajatismo surge antes da "lava jato". Uma coisa que surge antes do nome. Em 2013 estava o ovo da serpente, da cascavel — crotalus terrificus.

São assim as coisas. Elas surgem antes que as nomeemos. Se a rosa tivesse outro nome... Bom, basta ver o bolsonarismo. O próprio lavajatismo. Alguém acha que isso é de um dia pro outro? Alguém realmente acha isso?

"A coisa do é de hoje" estava ali. A coisa cujo nome se deu depois. Poucos viram. A janela para os fascistas entrarem. Que passarem a morar nas neocavernas das redes sociais.

Foi a senha. As Eríneas da peça Eumênidas, deusas da raiva, do ódio, do moralismo, mudaram-se todas para as redes sociais. E fixaram residência. Vieram junto as sereias, com seu (em)canto mortal.

Enfim, uma tormenta arrasadora. O negacionismo de todos os matizes aliou-se ao Know Nothing (Saber Nenhum) denunciado por MacIntyre no livro Depois da Virtude (isso me fez escrever vários verbetes no Dicionário Senso Incomum, que lancei recentemente). Como no livro do escocês, o Know Nothing chegou ao poder.

Criminalizou-se a política. Veio a "nova" política, que é antipolítica que, no fim das contas, é igualzinha à velha. Só é "nova". Ah, o problema que isso deu... e ainda dá.

Lembro como, no auge dos anos lavajatistas, era difícil criticar a operação — que gente como Boris Casoy e quejandos continua apoiando, mesmo diante das revelações mais escabrosas já conhecidas de todos (imaginemos o que ainda não foi revelado). Como é possível isso?

Sem esquecer que, em 2016, o STF vitaminou a "lava jato" com a decisão contra a presunção da inocência. Muitos que eram radicalmente a favor da decisão do STF depois se tornaram felizes usuários da "maldita" garantia constitucional, que as ADCs 43, 44 e 54 trouxeram de volta. Ou, como dizia Dallagnol, "filigranas" ...!

Por esse raciocínio, Direito é "filigrana". Aliás, eis um grande embuste de quem quer parecer crítico sem ser. "Ah, a 'lava jato' passou por cima de formalidades..." Formalidades? Grampear escritório de advocacia? Ah, as "formalidades".

Isso sem discutir uma questão de segundo nível, já dando de barato. Porque, sem "formalidades", não há Direito. Mas não há condições de se discutir isso. Porque discutir isso já seria dizer que foram meras "formalidades". Oh, grande "formalidade" a lei proibir que um juiz atue de chefe de investigação.

Como fracassamos tanto? Como ainda pode ser polêmico denunciar a atuação de um juiz incompetente e imparcial que ignorou a Constituição e o CPP desde o início? Isso não é coisa de país sério. Desculpem-me. Mas não é possível isso. Que tipo de república aplaude a ilegalidade? Bem, qualquer uma. Só que não é uma república.

O tempora, o mores. E quanta gente se formou em Direito nesses dez anos sob esse imaginário que amaldiçoou as garantias constitucionais? Quantos alunos saíram dizendo que o que ocorreu na lava jato foram apenas pecadilhos? Quantos alunos e professores passaram a odiar a Constituição? Como resgatar essas perdas epistemológicas? Deveria haver uma ação coletiva contra os que provocaram esse retrocesso gnosiológico. Quantos reacionários formados?

Mas nunca é tarde. Saibamos interpretar o que nos diz a ave de Minerva, dez anos depois.

Luiz Augusto Fischer, do jornal Zero Hora, fez interessante análise do ocorrido. "A conta geracional: somando FHC duas vezes, Lula outras duas e Dilma até ali, estamos falando de uns 20 anos, o prazo de uma geração na história, o tempo em que a memória vivida perde viço e se esfumaça. Em 2013, uma juventude que só tinha vivido sob governos progressistas, interessados no desenvolvimento com redução da desigualdade, essa juventude achava pouco o que havia. E foi o combustível do destampamento das caldeiras da direita raivosa". Correto! Na mosca!

Para finalizar: o Reinaldo tem o programa O É da Coisa. E eu falo Da Coisa do É de Hoje. Ela — a coisa — estava ali em 2013. E só descobrimos o seu "é" bem depois.

Para isso serve a filosofia. Reinaldo tem denunciado muito bem o "é" da coisa. Precisamos pensar sobre a coisa do "é" também.

Dizendo de um jeito bem simplinho: jabuti não dá em árvore.

Muito tarde? Não se sabe. Talvez W. Benjamin tivesse razão, ao dizer que "convencer é infrutífero"...!

07
Abr23

Dez anos da ascensão fascista

Talis Andrade

 

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Não superaremos o ódio e a violência que dele deriva, se os líderes e assassinos continuarem tendo lugar de fala

 

por Marcia Tiburi

Esses 10 anos da ascensão fascista, marcada pelo avanço do discurso de ódio e de práticas de ódio, foi a década da violência física e simbólica contra instituições e pessoas. A violência parece ter saído do controle. Toda violência é disruptiva, mas, nesse momento, parece haver algo mais em jogo. 

Bolsonaro governou usando a violência e a ameaça, ela mesma uma forma de violência. E deixou um legado de violência. O massacre de crianças na creche de Blumenau é efeito disso. Os ataques às escolas fazem parte da propagação da cultura do ódio que serve aos interesses de grupos políticos que assaltam as democracias do mundo. 

O golpe de 2016 foi uma complexa violência contra a democracia e, portanto, contra o povo que dela depende para ter direitos assegurados, e até hoje esse trauma não foi elaborado. Atualmente, segue o trabalho do ódio, que teve um pico simbólico quando Bolsonaro elogiou seu ídolo torturador e, dois anos depois se tornou presidente, não apesar disso, mas justamente por isso. 

O ódio é uma energia psíquica compensatória e funciona como combustível inflamável. Aquele que odeia se sente realizado. Manipulado por grupos que visam o poder, o ódio é o ópio do escravo na internet. O ódio é o novo capital. Por trás de odiadores voluntários, que ganham a sensação de existir e uma estranha cidadania digital através do ódio, há um agitador profissional ganhando dinheiro para atiçar otários. 

O MBL, Bolsonaro e assemelhados, implantaram o ódio no Brasil de modo sorrateiro. Steve Bannon, incensado pela Folha de São Paulo há pouco dias, é o mentor intelectual e publicitário da extrema-direita pelo mundo afora. A estratégia de implementação do ódio foi publicitária e continua ecoando. O consumo do ódio no contexto do consumismo da linguagem nas redes (a repetição de clichês por seres humano e robôs) é o método para avançar no poder econômico e político há anos. 

Não superaremos o ódio e a violência que dele deriva, se os líderes e assassinos continuarem tendo lugar de fala e de expressão como se o fascismo fosse algo normal e aceitável. A imprensa que hoje diz para não dar espaço ao assassino de Blumenau, deu um dia espaço a Bolsonaro e ajudou a criar tudo isso. Essa imprensa dá espaço a Steve Bannon. Importante estancar o processo, mas não sem que a responsabilidade seja assumida. E precisamos saber que onde há hipocrisia não pode haver responsabilidade. 

Ataques a escolas, crianças e professores vêm sendo cada vez mais habituais desde o governo da incitação ao ódio que foi o de Bolsonaro. Em estado de choque, nos perguntamos sobre a natureza do ódio que leva alguém a matar crianças pequenas em uma creche. A resposta é mais que difícil, ela é insuportável e exige responsabilidade: estamos diante da violência pura, sem freios, terrorista. 

O objetivo é o pânico social. A hora é de recolher as armas e investir na educação, na cultura e na comunicação para além do capital. Não haverá paz enquanto o discurso de ódio não for estancado e para isso, os meios de comunicação, que são também meios de produção da linguagem de ódio precisam assumir uma postura ética que até agora parece não estar em pauta.

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20
Nov22

Xadrez das insurreições bolsonaristas, por Luis Nassif

Talis Andrade

 

Mas não deve haver ilusões: o país enfrenta nitidamente uma conspiração com participação de think tanks, pastores evangélicos, agentes infiltrados nas corporações públicas, inclusive no Exército, estimulando teorias conspiratórias

15
Ago22

Bolsonarista Gabriel Monteiro apontou arma para vítima que havia pedido para interromper relação sexual, segundo depoimento

Talis Andrade

www.brasil247.com - Youtuber Gabriel MonteiroSupostos defensores dos 'bons costumes', Feliciano, Kicis e Eduardo  Bolsonaro se calam sobre Monteiro, suspeito de pedofilia - Brasil 247

 

Além de ter apontado a arma para a cabeça da vítima, Monteiro também estava gravando o ato e enviando vídeos a amigos no WhatsApp

 

247 - Uma das quatro vítimas que acusam o vereador Gabriel Monteiro (PL-RJ) de estupro relatou, em depoimento à polícia, que ele chegou a apontar uma arma para a cabeça dela após ela pedir para interromper uma relação sexual. Trechos do depoimento foram divulgados pelo Fantástico, da TV Globo, e recuperados pelo jornal Estado de S. Paulo.

Além de ter apontado a arma para a cabeça da vítima, Monteiro também estava gravando o ato e enviando vídeos a amigos no WhatsApp, segundo o depoimento. Ela conta que havia pedido para parar o ato sexual pois o vereador estava adotando comportamento agressivo, desferindo tapas em seu rosto e socos na sua costela. No dia seguinte, ela relata ter ido ao hospital, sendo que em seu prontuário está registrada "hipótese diagnóstica: violência sexual".

Sobre o fato de ter divulgado vídeos mantendo relações com menores, a defesa de Gabriel Monteiro alega que as meninas mentiam a verdadeira idade ao parlamentar. No entanto, uma das testemunhas afirma que “ele falava diretamente que ele não gostava de maiores de 18 anos”.

Além disso, Luísa Batista, uma das ex-assessoras que denunciaram o vereador por assédio sexual e moral, disse que ele tinha consciência de que se relacionava com menores. “Ele tratava (uma das meninas) como namoradinha dele. Mas todo mundo sabia que era errado, que ela era menor de idade, e que ele, além de ser maior de idade, era um parlamentar, não podia estar com essa conduta.”

A Câmara Municipal do Rio de Janeiro deve votar a cassação de Gabriel Monteiro, após aprovação por unanimidade, pelo Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, do relatório que pede a perda de mandato do vereador.

O documento, de autoria do vereador Chico Alencar (PSOL), menciona, como exemplos de infrações cometidas por Monteiro, a "filmagem e armazenamento de vídeo de sexo com adolescente; exposição vexatória de crianças e pessoas em situação de rua em vídeos manipulados; assédio moral e sexual contra assessores do mandato; denúncias contundentes de estupro por quatro mulheres que relatam o mesmo modus operandi", entre outros.

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Gabriel Monteiro e Mamãe Falei simbolizam derrocada de políticos youtubers  - Blog do Ricardo Antunes

Liberdade política para nazistas, falsas operações policiais, turismo  sexual de guerra e abuso sexual de menores: o que os casos Monark, Da  Cunha, Mamãe Falei e Gabriel Monteiro revelam sobre a "nova"

 

As manifestações pelo impeachment de Dilma Roussef e o crescimento das redes sociais alavancou uma porção de movimentos e jovens representantes de uma nova direita brasileira. Buscando dialogar com os jovens, reciclando ideias econômicas liberais e difundindo valores conservadores nos costumes, essas novas figuras se tornaram youtubers, instagramers e tiktokers, e muitos aproveitaram a fama para alcançar mandatos eletivos em Câmaras e Assembleias Legislativas ou perseguem esse objetivo.

Inesperadamente, nos últimos meses, assistimos a uma avalanche de cancelamentos nas redes sociais contra diversas dessas novas figuras, com destaque para os casos do delegado Da Cunha, Monark, Mamãe Falei e Gabriel Monteiro. Em comum, todos são homens, heterossexuais e youtubers, que adoram gerar polêmicas nas redes com suas opiniões políticas estapafúrdias e, em alguns casos, com ações midiáticas chocantes.

Foi com esse tipo de ação que o delegado da Polícia Civil de São Paulo Da Cunha e o PM carioca Gabriel Monteiro ganharam milhões de seguidores. Ambos adotaram a prática de filmar supostas operações policiais e ações de caridade para postar nas redes e angariar popularidade. Os dois estão sendo investigados por possíveis crimes no exercício de suas profissões. 

Da Cunha foi indiciado por peculato, crime de funcionário público que se aproveita do cargo para obter benefícios, e foi afastado de suas funções. Há suspeitas de que montou um esquema cinematográfico para forjar as operações policiais que divulgava em seus canais, com contratação de particulares para organizar as filmagens. O policial alega que está sendo perseguido pelas autoridades.

O vereador Gabriel Monteiro foi denunciado em matéria do Fantástico por assédio sexual contra funcionários e abuso sexual de menores. Nas últimas semanas, apareceu em diversos vídeos que circularam nas redes. Num deles, mantém relação sexual com uma adolescente de 15 anos. Foi denunciado à justiça por ter gravado o ato. Em outro vídeo, acaricia e beija uma menor durante uma suposta ação de caridade. Qualquer um que assista percebe que há algo errado no modo como trata a criança. 

Monteiro alega que há um complô da Rede Globo, de seus ex-assessores e da máfia dos reboques do Rio de Janeiro para destruir a sua imagem. A narrativa persecutória não está obtendo êxito e Gabriel enfrentará processo que resultará em cassação de seu mandato. O sorteio indicou que o relator de seu caso na Câmara será o vereador Chico Alencar (PSOL-RJ). 

O Conselho de Ética da Assembleia Legislativa de São Paulo cassou, por unanimidade, o mandato de Arthur do Val (Mamãe Falei), devido aos áudios vazados em sua suposta operação humanitária e midiática na Ucrânia, país invadido pela Rússia. Nos áudios repugnantes, Arthur faz declarações dizendo que as ucranianas são “fáceis porque são pobres” e se mostra exaltado com as possibilidades sexuais no contexto da guerra naquele país. Se no início do caso a postura do ex-deputado foi de pedir desculpas, tudo mudou agora. Nos últimos dias, Arthur declarou à imprensa que ia “cair atirando” e convocou a militância do MBL para defender seu mandato no dia da cassação. Diz estar sendo perseguido por sua postura ética e atuante contra corrupção. Parece piada.

O caso do ex-youtuber e ex-membro do Flow, Monark, também ganhou novos contornos. Depois de declarar num programa ao vivo que o partido nazista deveria ter autorização legal para existir no Brasil, reivindicando liberdade política para assassinos de negros, judeus e homossexuais, Monark foi massacrado pela opinião pública e desapareceu por alguns dias das redes. Além disso, foi banido (até o momento) do Youtube. Alegando estar sendo perseguido e censurado, procurou outra plataforma e já lançou um novo podcast, onde continua se vitimizando a afirmando as mesmas ideias furadas.

O que esses quatro casos revelam é que a autodenominada “nova direita”, que muito empolgou parcelas significativas da juventude nas redes e nas ruas – especialmente a juventude branca, heterossexual e masculina – é uma farsa. Por trás da defesa de uma liberdade de expressão sem limites, da bandeira da ética e da moralidade, da exaltação da tolerância zero ao crime e da ladainha do liberalismo econômico se esconde a necessidade de blindagem de suas opiniões e práticas degeneradas, imorais e dignas de um charlatanismo sem limites. Ainda bem que a opinião pública está se movendo contra essas figuras.

Defesa do nazismo feita por Kim Kataguiri não incomoda o aliado MoroMoro diz que fala antissemita de Kim Kataguiri no Flow Podcast foi uma  “gafe verbal”Com presença de Moro, Podemos anuncia ingresso de integrantes do MBL ao  partido – Podemos
Jamais apoiarei quem tem esse tipo de opinião', diz Moro sobre Arthur do Val  - ISTOÉ IndependenteMoro abandona Mamãe Falei por causa de ofensa a ucranianas
 
17
Jul22

Bernardo Mello Franco: Ministro da Defesa faz convite ao tumulto no dia da eleição

Talis Andrade

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Proposta do general Paulo Sérgio Nogueira de votação paralela em cédulas de papel é um "despautério", uma gorilada na republiqueta de bananas

 

Os generais golpistas da ditadura militar de 1964, que prendeu, torturou e matou estudantes, grávidas, operários, camponesas e adversários políticos eram chamados de gorilas. De inimigos da Claridade, da Democracia, da Liberdade, da Fraternidade, da Igualdade. Certos coronéis homicidas, como Brilhante Ustra, Paulo Manhães, agiam como serial killers. Eram brutais torturadores e assassinos. Brilhante Ustra tinha o prazer sádico, sexual, de colocar ratinhos nas vaginas das jovens presas. Paulo Manhães preferia uma giboia. Foi uma sangreira.

O golpe de Paulo Sérgio Nogueira e demais generais vassalos de Bolsonaro promete ser mais violento. Que as listas de presos políticos e de lideranças marcadas para morrer serão preparados pelo Gabinete do Ódio, comandado pelo vereador geral do Brasil, presidente honorário dos clubes de tiro, Carlos Bolsonaro, secundado pelos irmãos Flávio Bolsonaro senador pelo Rio de Janeiro, e Eduardo Bolsonaro, o mais votado deputado federal das urnas que o pai,  miliciano presidente da República, jura que fraudadas. 

"O general Paulo Sérgio Nogueira é incansável. A cada semana, inventa uma nova forma de questionar o sistema eleitoral. Na quinta-feira, ele surpreendeu pela ousadia. Propôs uma votação paralela, em cédulas de papel, a pretexto de testar a segurança da urna eletrônica", escreve o jornalista Bernardo Mello Franco em sua coluna no Globo.

"O ministro da Defesa lançou o despautério em audiência pública no Senado. Pelas companhias, parecia se sentir em casa. A sessão foi presidida pelo bolsonarista Eduardo Girão, que se notabilizou por fazer propaganda da cloroquina na CPI da Covid. O plenário foi tomado por governistas associados à defesa do voto impresso".

"A nova proposta de Nogueira é um convite ao tumulto. Basta que um eleitor minta, alegando que seu voto na urna não corresponde ao do papel, para que o 'teste de integridade' vire uma alavanca do golpe. Encenada em três ou quatro seções eleitorais, a farsa se espalharia rapidamente pelas redes. Seria a senha para um levante bolsonarista contra o resultado da eleição — baderna que o capitão estimula desde que perdeu a liderança nas pesquisas", escreve o jornalista.

Não esquecer nunca que Lula da Silva está jurado de morte, por extremistas da direita: general Eliezer Girão Monteiro, pastor capelão militar Otoni de Paula, coronel Washington Lee Abe, coronel Paulo Adriano Lopes Lucinda Telhada, coronel Tadeu Otoni Anhaia, coronel André Azevedo, sargento Anderson Alves Simões, cabo Geraldo Junio do Amaral, Carla Zambelli casada com um coronel. Todos deputados. Que deviam defender a democracia, mas apostam na ditadura que fecha o Congresso. Vide o AI-5 do ditador marechal Costa e Silva. 

Outro marcado para morrer é o padre Julio Lancelloti, irmão dos mais pobres, irmão dos que passam fome,  irmão dos sem teto, irmão dos moradores de ruas. Irmão dos paisanos, que a peste, a morte (as chacinas da polícia militar, da polícia rodoviária de Bolsonaro), a fome de milhões de brasileiros - as quatro bestas do Apocalipse são uma exclusividade dos civis.

 

 

 

 

01
Jun22

Gabriel Monteiro: 'Só de ouvir a voz dele, fico com o coração acelerado', diz ex-assessora de vereador do Rio

Talis Andrade

Luiza Caroline Bezerra Batista, a ex-assessora do vereador do Rio e youtuber Gabriel Monteiro, prestou depoimento no Comitê de Ética

Foto Felipe Grinberg
 
 
 
 
por Extra
 
 

Acompanhada de um advogado, Luiza Caroline Bezerra Batista, a ex-assessora do vereador do Rio e youtuber Gabriel Monteiro, prestou depoimento nesta terça-feira (31) no processo que pode terminar com a cassação do parlamentar. Em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, ela acusou o vereador de assédio sexual. Antes de começar a sessão, o relator da representação contra Gabriel Monteiro pediu um minuto de silêncio pela morte do ex-assessor do youtuber e ex-PM, Vinícius Hayden.

 

Batida na Região Serrana: Morre em acidente ex-assessor de Gabriel Monteiro que prestou depoimento com colete à prova de balas

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Por causa das ameaças às testemunhas do processo, a Casa ofereceu aumentar a segurança dos membros do Comitê de Ética. De acordo com Alexandre Isquierdo, presidente do Conselho, os vereadores também pediram acesso ao relatório e perícia da Polícia Civil sobre a morte do ex-assessor Vinicius Hayden, que chegou a relatar estar sofrendo ameaças.

Durante seu depoimento, Luiza disse ter confirmado o teor das informações já prestadas à Polícia Civil no inquérito que apura criminalmente se Gabriel Monteiro cometeu assédio sexual e moral contra ela. Na saída da Câmara, a ex-assessora afirmou ainda que se sentiu intimidada pelo chefe de gabinete de Gabriel Monteiro, que também é advogado do vereador e, por isso, participa das oitivas.

— Respondi que sofria assédio sexual. Só de ouvir a voz dele, fico com o coração acelerado. Nesta semana irei à delegacia especificar datas sobre o ocorrido. O chefe de gabinete, que também me assediou sexualmente, me fez perguntas constrangedoras. Me perguntaram até quanto eu ganhava atualmente. Recebemos mensagens de pessoas que não conheço, perfis fakes, que fazem ameaças de morte e agressão — afirmou Luiza.

 

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De acordo com os membros do Comitê de Ética, a Polícia Civil ainda não enviou todas as provas que já recolheu nos inquéritos contra o vereador, pois a corporação ainda realiza perícias nos itens apreendidos, como HDs e celulares. Até o momento foi encaminhado à Câmara o que consta na denúncia, já ajuizada pelo Ministério Público, sobre o vazamento de um vídeo íntimo de Gabriel Monteiro e uma adolescente de 15 anos.

— A testemunha relatou diversos casos de assédio moral aumentando para assédio sexual. Ela praticamente, por vontade própria, trabalhava e morava na casa do vereador. A Polícia mandou o primeiro ofício e estamos aguardando mais elementos comprobatórios que ainda não temos — diz Isquierdo.

 

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A ex-assessora trabalhava para os canais do vereador na internet e afirma que algumas situações inconvenientes estão registradas nos vídeos em que ela ajudava a gravar.

Para Wellington Dias os advogados do vereador tentam incriminar e constranger as testemunhas em suas perguntas durante os depoimentos.

— Até o presente momento não vimos indagações da defesa sobre o que está nos autos. No meu entendimento os advogados têm tentado constranger e incriminar as testemunhas. Não recebemos nada que pudesse colaborar com nosso juízo.

Próximo do fim do depoimento da primeira testemunha, Gabriel Monteiro foi até a Câmara se defender das acusações. Aos jornalistas, ele voltou a afirmar que seus ex-funcionários receberam dinheiro de envolvidos com esquema de corrupção para denunciá-lo levianamente:

— Lamento profundamente a morte do Vinícius. Não é motivo de comemoração e glória. Não existem indícios de interferência de terceiros ou que me ligue a morte. Ele já tinha sido denunciado por tentar comprar outros assessores.

 

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Mais cedo, antes da reunião começar, o vereador Chico Alencar (PSOL), relator da representação contra o vereador Gabriel Monteiro (PL) na Câmara do Rio, disse que a morte de Vinícius Hayden Witeze, ex-assessor de Monteiro, num acidente de carro no último sábado (28), trouxe temor para as outras testemunhas. No depoimento dado por Vinícius na última quarta-feira (27) foi apresentada uma série de ameaças feitas a ele nas redes sociais, com frases como "vai morrer" e "a ira divina vai cair sobre você".

— Todas as testemunhas relatam ser supostos fãs do Gabriel Monteiro ou perfis fakes. A morte não atrapalha as investigações pois todo o processo é gravado em áudio e vídeo — afirmou Isquierdo.

— É preciso investigar de maneira plena. Apurar o que aconteceu desde que o Vinicius depôs até sua morte - completou o relator Chico Alencar.

Nesta terça-feira o Comitê de Ética da Câmara de Vereadores do Rio ainda ouvirá o depoimento de Mateus Souza de Oliveira, também ex-funcionário de Gabriel Monteiro. Ele conta que conheceu o vereador em 2019, ainda antes da eleição, porque os dois faziam parte do Movimento Brasil Livre (MBL). Mateus chegou a morar na casa do parlamentar, primeiro em Niterói e depois na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, além de ter atuado como "assessor de mídia" no gabinete.

Antes da primeira oitiva desta terça-feira começar, os vereadores do Comitê se reuniram sozinhos junto da assessoria jurídica da Câmara de Vereadores. A defesa de Gabriel Monteiro não participou e reclamou pelo acesso não ter sido permitido antes. No entanto, Luiza Caroline apenas entrou na sala onde estavam os vereadores pouco antes das 14h, cerca de 30 minutos depois de chegar à Câmara.

— A gente viu que a Comissão está reunida e a testemunha com seu advogado sem ter ideia do que está acontecendo — disse Gustavo Lima, advogado de Gabriel Monteiro.

Vinícius morreu no último dia 28 em um acidente de carro na RJ-130, estrada que liga Teresópolis a Nova Friburgo, Região Serrana do Rio. De acordo a Polícia Civil, o caso está sendo investigado pela 110ª DP (Teresópolis). Agentes fizeram uma perícia no local e as primeiras informações indicavam que o motorista perdeu a direção do veículo ao entrar em uma curva da rodovia. Durante a perícia, agentes do Instituto de Criminalística Carlos Éboli recolheram objetos, entre eles uma faca dentro do forro de uma das portas, e papéis que estavam no automóvel. Também foram retiradas peças do veículo para análise.

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Mansão e condomínio dos famosos: a vida de ostentação e luxúria do vereador Gabriel Monteiro

Talis Andrade

O vereador carioca Gabriel Monteiro, denunciado recentemente no programa Fantástico, posa para foto com fuzil, a noite, em um local isolado - Metrópoles

Metrópoles – O vereador Gabriel Monteiro (PL), ex-PM e youtuber investigado por abuso moral, sexual e uso de crianças para forjar vídeos e se autopromover, mora em um condomínio de famosos na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio.

Entre as celebridades que já residiram ou ainda moram por lá estão as atrizes Juliana Paes e Bruna Marquezine, o ex-jogador Zinho e a cantora Anitta.

A casa de Gabriel foi alvo na manhã desta quinta-feira (7) de uma operação para cumprir mandados de busca e apreensão.

>>> Vereador Gabriel Monteiro é alvo de operação policial sobre vazamento de vídeo íntimo com menor

A juíza Claudia Leonor Bobsin, da 1ª Vara da Infância, da Juventude e do Idoso, determinou que o Twitter retire do ar vídeo no qual o vereador do Rio e ex-PM Gabriel Monteiro mantém relações sexuais com adolescente de 15 anos. Em caso de descumprimento da decisão desta sexta-feira (1/4), há multa diária de R$ 30 mil.

O pedido foi feito pelo Ministério Público após as imagens viralizarem. A magistrada estabeleceu ainda que as redes sociais sejam monitoradas e, a cada nova postagem do vídeo, sejam as URLs separadas e retiradas do ar pela empresa.

07
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A corrida maluca de Sérgio Moro

Talis Andrade

moro sergio moro malandro por geuvar.jpeg

 

Uma coisa que se poderia esperar do ex-juiz Moro, com certeza, é olhar para seu próprio umbigo. E apesar de ser odiado pela esquerda e por parte da direita, ostenta ainda um terceiro pífio lugar com 10,1% nas pesquisas de intenção para a corrida ao planalto. Esse cenário não caiu de um patamar sequer nas pesquisas até agora, fazendo com que o ex-juiz se decidisse temporariamente por sair da disputa. Decisão acertada, pois pode canalizar parte desses votos para outro pleito como uma vaga na Câmara e ainda ter um foro privilegiado. Isso por que o cerco se fecha. Muitos têm memória curta ou seletiva, mas podemos fazer um retrospecto de sua atuação.

O ódio de Sérgio Moro por Lula já era conhecido por todos. Seu pai, Dalton Áureo Moro, fundador do PSDB em Maringá, era conhecido por esbravejar seu ódio contra Lula. Todos já tinham visto a relação do ex-juiz com caciques do PSDB, especialmente com Aécio Neves, que achava que iria derrotar Dilma e ser presidente. Quando Aécio perdeu e jurou vingança, falando que faria Dilma sangrar na presidência, reuniu todas as suas forças para o tal intento e entra Sérgio Moro.

Com base na WikiLeaks, Sérgio Moro participou do "Projeto Pontes", o seminário que ensinava leis e habilidades práticas de contraterrorismo, e contou com a participação de juízes federais e promotores dos 26 estados brasileiros. Em 2009, Sérgio Moro tem um treinamento intenso em Curitiba, sobre o tema: “investigação e punição nos casos de lavagem de dinheiro, incluindo a cooperação formal e informal entre os países, confisco de bens, métodos para extrair provas, negociação de delações, uso de exame como ferramenta, e sugestões de como lidar com Organizações Não Governamentais (ONGs) suspeitas de serem usadas para financiamento ilícito". O ex-juiz já estava gabaritado a assumir seu papel de carrasco, usando escutas ilegais e todo tipo de método torpe. Mesmo sem nenhuma prova, tendo a anuência da mídia, Lula foi retirado da disputa eleitoral, com a Operação Lava-jato de Moro. A operação culminou no golpe contra Dilma, prisão de Lula e vários delatores, que logo depois se mostraram coagidos a mentir, e no final se provou não ter nada contra Lula e sim a suspeição de Moro em toda a ação. Se tornando o juiz parcial a mando do golpe para a esquerda.

Se mostrando partidário, sem nenhum pudor, migrou para o governo Bolsonaro e atuou apenas em proteção do presidente, sem nenhuma política pública. Com a rixa velada com o presidente, por causa de cargos que poderiam livrar seus filhos de uma grande investigação, Moro sai do Ministério, sem antes tentar limpar sua barra mostrando os vídeos que revelam Bolsonaro tentando impor seu comando na PF do Rio de Janeiro. O caso foi abafado por seu amigo Augusto Aras da PGR. No final se provou que sempre foi parcial e traiu a confiança de todos os bolsonaristas, sendo figura non grata para a direita.

Antes tentou trabalhar na Alvarez & Marsal, e levou declarados 3,7 milhões. Agora, depois de sua pretensa desistência a candidatura para presidência, decide ser deputado federal, mas deixando de lado o partido que estava dando apoio até o momento, devido aos escândalos morais de integrantes do MBL. E nos cinco meses que esteve no Podemos, Moro deu prejuízo de três milhões. Levou um rastro de indignação em parte dos conservadores que ainda apoiavam por suas atitudes e falta de traquejo nas câmeras em entrevistas.

Como o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, não poderá voltar a exercer o cargo de juiz federal de forma automática e como tem certeza que se não conseguir nada, poderá ir preso, vai mirar a candidatura a deputado federal por um domicílio que se mostra conservador e conseguiria eleger Moro: São Paulo. Mas a pergunta que não quer calar... Alguém já viu algum documento que prova que Sérgio Moro mora em São Paulo no mínimo há três meses ou basta ter convicção?

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