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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

09
Set22

Conheça dez casos de corrupção que assombraram o clã Bolsonaro e Sérgio Moro ministro da Justiça e da Segurança Pública tratou de abafar

Talis Andrade

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Conta El País, da Espanha:

Embora o núcleo duro do clã Bolsonaro seja claramente masculino, ele também inclui mulheres, as três com quem o presidente compartilhou sua vida, as mães de seus filhos. Por motivos diferentes, elas também são notícia. A atual esposa, a primeira-dama Michelle Bolsonaro, nasceu em 22 de março de 1982, em Ceilândia, DF, protagonizou um fenômeno viral, por conta de um dinheiro de origem suspeita que recebeu de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro. A segunda mulher, Ana Cristina Valle nasceu em 13 de maio de 1967, em Resende, RJ, uma advogada também sob suspeita por esse mesmo caso de desvio de dinheiro público. E a primeira, Rogéria Nantes Nunes Braga, de 67 anos, mãe dos três filhos mais velhos do mandatário, os três políticos profissionais com vários mandatos legislativos nas costas.

Pragmatismo Político narrra que Rogéria Nantes Braga acusou Jair Bolsonaro (PSL) de ter sido o mandante do espancamento de um assessor político e seu ex-colega de Exército, Gilberto Gonçalves, ocorrido em uma rua da zona norte da cidade do Rio de Janeiro, no mês de setembro do ano 2000.

O motivo, de acordo com o depoimento de Rogéria, foi o fato de Gonçalves estar trabalhando, à época, como cabo eleitoral de sua candidatura à 2ª reeleição a vereadora do Rio. Quando o fato ocorreu, ela já não era mais esposa de Bolsonaro, e o ex-capitão do Exército tentava eleger para o seu lugar na Câmara o filho Carlos, então um estudante do ensino médio com 17 anos de idade.Tudo isso consta em registros e depoimentos dados à Polícia Civil do Rio de Janeiro pela própria Rogéria Bolsonaro, que afirmou à imprensa na ocasião que seu ex-marido sofre de “desequilíbrio psicológico e mental”.

 Ana Cristina Siqueira Valle também denunciou o marido por atos de violência e instabilidade emocional. Conforme publicou a revista “Veja”,  Ana Cristina Siqueira Valle acusou Bolsonaro não apenas de agressão, mas de ameaçá-la de morte, ao ponto dela fugir do país para escapar do ex-marido.

Juntas, compõem uma árvore genealógica complexa, uma família com vários ramos cujo lema poderia ser “política (ou o poder) acima de tudo”, parafraseando seu lema de Governo, “Brasil a cima de tudo, Deus acima de todos”. Os laços −incluindo os trabalhistas e políticos− sobrevivem às rupturas sentimentais. Desde que se casou pela primeira vez, em 1978, Jair Bolsonaro nunca chegou a ficar um ano solteiro.Image

 

Conheça dez casos de corrupção que assombram o clã Bolsonaro no primeiro ano de governo

Conforme reportagem do DCM:

Durante toda a sua campanha eleitoral, Jair Bolsonaro prometeu “acabar com a mamata”. A promessa não durou nem até a posse. No início de dezembro, o caso Queiroz – uma mistura de milícias e desvio de dinheiro público por meio de fantasmas na Assembleia do rio de Janeiro –  foi revelado, envolvendo seu filho mais velho e senador Flávio (sem partido). Desde então, o que ficou provado nesse primeiro ano de governo é que entre kit gay, terraplanismo e olavismos, a maior fake news disseminada pelo presidente foi o “combate à corrupção”.

 

Caixa 2 laranja

 

Em novembro, Jair Bolsonaro decidiu fundar o próprio partido: Aliança pelo Brasil.

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Após acabar com a já fraca reputação do PSL, Bolsonaro tem se esforçado para se afastar ao máximo da sigla, representada por ele nas eleições do ano passado. O distanciamento é nada mais que um recurso de Jair para abafar seu envolvimento com o “laranjal” do PSL. O partido está sendo investigado desde o início do ano por candidaturas laranjas em dois estados: Pernambuco e Minas Gerais. Algumas candidatas mulheres da legenda receberam grandes repasses do fundo partidário para suas campanhas, mas obtiveram números inexpressivos nas urnas. O esquema era comandado pelo atual ministro do Turismo, o deputado federal Marcelo Álvaro Antônio (PSL-MG), bancado por Bolsonaro no cargo apesar do “laranjal”.

Em outubro, reportagem da Folha de S. Paulo aponta que o depoimento de um ex-assessor do ministro e uma planilha apreendida em uma gráfica sugerem o desvio de recursos do esquema de candidaturas laranjas para as campanhas de Jair Bolsonaro à presidência da República e de Marcelo Álvaro a deputado federal. A prática configuraria caixa 2, movimentação de recursos de campanha sem declaração oficial à Justiça.

O ministro foi indiciado pela Polícia Federal e denunciado pelo Ministério Público de Minas Gerais acusado dos crimes de falsidade ideológica eleitoral, apropriação indébita de recurso eleitoral e associação criminosa. Ao invés de retirá-lo do governo, Bolsonaro resolveu dar mais poder a Marcelo Álvaro. Em novembro, a Secretaria Especial de Cultura foi transferida para a pasta do Turismo. A ação também evidencia as intenções de Jair de desmontar as políticas públicas voltadas à cultura.Image

 

 

Caso Marielle

 

No dia 14 de março de 2018, a vereadora carioca Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes foram assassinados, vítimas de treze disparos dados por dois homens que estavam em um carro ao lado. O caso continua sem solução. A investigação da polícia possui dois principais suspeitos: os ex-policiais Ronnie Lessa, citado como autor dos disparos, e Élcio Queiroz apontado como motorista do veículo.

À época do crime, Lessa morava no condomínio Vivendas da Barra, onde moram Jair Bolsonaro (em uma casa) e seu filho Carlos (em um apartamento) e o filho O4 Renan (em outro apartamento). 

PM Ronnie Lessa, preso por morte de Marielle, já foi ...

De acordo com reportagem do Jornal Nacional, no dia em que matou Marielle e Anderson, Élcio Queiroz visitou Lessa no Vivendas da Barra. Porém, ao chegar na portaria, o ex-policial teria dito ao porteiro que ia à casa 58, onde vive Jair.

Para piorar, o presidente declarou que pegou o áudio das ligações da portaria de seu condomínio para impedir que o material fosse “adulterado”, segundo ele. A atitude é clara obstrução de Justiça. Carlos Bolsonaro, outro residente do Vivendas, publicou vídeo em seu Twitter, rede social favorita da família, confessando que ele acessa todas as ligações gravadas do condomínio, colocando em risco a integridade do material a ser investigado.

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Caso Queiroz

 

Em dezembro de 2018, Fabrício Queiroz, então motorista e assessor do deputado Flávio Bolsonaro, foi convocado pelo Ministério Público do Rio de janeiro para prestar depoimento sobre movimentações bancárias suspeitas no valor de R$ 1,2 milhão. Relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) informou que as transações bancárias eram “incompatíveis com o patrimônio, a atividade econômica ou ocupação profissional e a capacidade financeira” do policial reformado. O relatório financeiro também identificou depósitos de Queiroz na conta de Flávio, o que levantou suspeitas sobre um possível esquema de “rachadinha”.

O ex-assessor faltou ao depoimento duas vezes, alegando ter sido “acometido por inesperada crise de saúde”. Desde então, Queiroz sumiu, teve suas relações com milicianos descoberta e continua negociando cargos na Câmara do Rio de Janeiro. Até hoje, nem ele e nem Flávio prestaram seus devidos depoimentos ao MP-RJ.

O Ministério Público cumpru um pedido de busca e apreensão contra o senador e vários outros integrantes do esquema. O pedido foi baseado em um relatório que aponta que Flávio e sua mulher, Fernanda, compraram em dinheiro vivo, de forma ilegal, dois imóveis no valor de R$ 638 mil, localizados em Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro (RJ). O então deputado estadual teria usado o dinheiro proveniente da ‘rachadinha’ na compra

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FAB – Família nos Aviões Brasileiros

 

Em maio, o deputado Eduardo Bolsonaro usou um helicóptero da Presidência da República para transportar parentes para o seu casamento. Os vídeos do “passeio” foram compartilhados nas redes sociais por Osvaldo Campos Bolsonaro, sobrinho de Jair.

Familiares da região do Vale do Ribeira, em São Paulo, se deslocaram de helicóptero entre o aeroporto de Jacarepaguá e Santos Dumont, próximo ao local da cerimônia. De carro, o trajeto de 35 km demora só 35 minutos mas a família preferiu fazer o uso da aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB). Nas imagens publicadas, é possível ver um grupo de 10 pessoas chegando à pista de embarque, com as irmãs de Jair Bolsonaro e o deputado federal Helio Lopes (PSL-SP), amigo pessoal do presidente.

 

Amor financiado pelo fundo partidário

 

A farra do casamento de Eduardo não se limitou ao uso do helicóptero. O deputado também usou dinheiro do fundo partidário para pagar a sua viagem de lua de mel com a coach e psicóloga Heloísa Wolf. A negociação teria sido feita pela advogada do PSL, Karina Kufa. Relatos obtidos pela reportagem da IstoÉ mostram que Kufa, contratada pelo partido a pedido de Eduardo e conhecida por cumprir diversos favores ao deputado, teria sido a responsável por acertar os detalhes da viagem de lua de mel.

Usando o nome de Eduardo, a advogada teria ligado para Antonio Rueda, vice-presidente nacional do PSL, pedindo dinheiro do fundo do partido. De acordo com a revista, Rueda teria desabafado com colegas próximos que não aguentava mais “essa mulher me telefonando para pedir dinheiro para o Eduardo”. No entanto, ele liberou o que faltava para arcar com a viagem do casal.

 

Câmara e faculdade ao mesmo tempo

 

Com apenas 18 anos, Eduardo Bolsonaro foi nomeado para um cargo comissionado na liderança do PTB em Brasília, partido de seu pai em 2003. De acordo com reportagem da BBC Brasil, o emprego exigia que o “filho 03” de Jair trabalhasse 40 horas semanais, com remuneração de R$ 3.904 por mês (R$ 9.780 na cotação atual). Só existia um detalhe: três dias antes da nomeação, Eduardo foi aprovado no curso de Direito na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

As normas da Câmara vigentes à época determinavam que esse tipo de cargo tinha “por finalidade a prestação de serviços de assessoramento aos órgãos da Casa, em Brasília. Desse modo, (os servidores) não possuem a prerrogativa de exercerem suas atividades em outra cidade além da capital federal”.

Ou seja, durante um ano e quatro meses, Eduardo tinha obrigação de trabalhar 40 horas por semana em Brasília e, inexplicavelmente, cursou Direito no Rio de Janeiro, à 1.100 km de distância. No curso desses 16 meses, o atual deputado ganhou R$ 160 mil de dinheiro público, na cotação atual.

 

Parentes fantasmas

 

Carlos virou alvo de investigação do Ministério Público (MP) do estado do Rio de Janeiro por denúncias de colocar ao menos sete parentes como funcionários fantasmas em seu gabinete. Os familiares seriam contratados para a prática da “rachadinha”, deixando parte dos salários com o filho de Jair.

O esquema foi divulgado em maio pela revista Época, que revelou que Carlos empregou a madrasta, Ana Cristina Siqueira Valle, e outros sete parentes dela em seu gabinete. Esses funcionários fantasmas chegavam a devolver 90% do salário ao vereador.

 

Envolvimento com Itaipu

 

No início de agosto, deputados paraguaios do Partido Pátria Querida (PPQ) protocolaram pedido de julgamento político do vice-presidente do país, Hugo Velázquez, sob acusação de tentar beneficiar uma empresa brasileira num acordo entre os dois países envolvendo a venda de excedente de energia da hidrelétrica Itaipu Binacional. Um pedido de impeachment do presidente Mario Abdo Martinez, mas a Câmara já rejeitou o processo.

Mensagens divulgadas entre o presidente da estatal elétrica do Paraguai e José Rodríguez, assessor de Velásquez, revelaram possível participação da família Bolsonaro no esquema. Nos chats, Rodríguez tentava marcar uma reunião entre o diretor da empresa pública e representantes da empresa brasileira Leros, interessada na compra de energia paraguaia. A Leros seria representada por Alexandre Luiz Giordano, suplente do senador Major Olímpio (PSL-SP), e que falaria, segundo as mensagens, em nome da “família presidencial do país vizinho”, referência clara ao clã Bolsonaro.

 

Assessores de “sorte”

 

Logo no início do ano, surgiram denúncias contra os filhos de Jair: Eduardo usou verba da Câmara para contratar empresa de mulher de assessor, enquanto Flávio beneficiou uma assessora e parentes em seu gabinete. Tudo sempre em família.

Eduardo pagou R$ 960 à Locar1000, locadora de veículos que pertence à mulher de um assessor de Jair, pelo aluguel de um carro em fevereiro, de acordo com a revista Época. A Locar1000 pertence a Ghislaine Maria de Oliveira, mulher de Joel Novaes da Fonseca, assessor do gabinete pessoal da Presidência da República desde 18 de janeiro. Joel é velho conhecido da família, já que trabalhou com o próprio Eduardo entre 2015 e 2017.

Já Flávio, o filho mais velho, usou dinheiro do fundo partidário entregue a candidatas do PSL para pagar empresa de uma ex-assessora dele na Assembléia Legislativa do estado, segundo informou a Folha. A empresa Ale Solução e Eventos, da contadora Alessandra Ferreira de Oliveira, primeira-tesoureira do PSL carioca, recebeu R$ 55,3 mil vindos de pagamentos de 42 candidatos do partido dos Bolsonaro no Rio de Janeiro.

 

Mamata é tradição familiar

 

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Desde 1991, o atual mandatário da república e seus filhos Flávio, Carlos e Eduardo empregaram ao menos 102 pessoas com algum laço familiar ou parentesco entre si, além de 37 funcionários com fortes indícios de que não trabalhavam de fato em seus cargos. A apuração feita pelo jornal O Globo evidencia velha política de cabide de empregos e o uso dos gabinetes como reduto de funcionários fantasmas.

Este foi o primeiro ano do governo Bolsonaro presidente.

Neste primeiro ano Sergio Moro era o ministro super. Ministro da Justiça e da Segurança Pública.

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08
Mar21

Paraguai tem terceiro dia de protestos; manifestantes pedem renúncia de presidente devido a erros na gestão da pandemia (vídeos)

Talis Andrade

Grupo reunido no início da tarde deste domingo, 7 de março, próximo à casa oficial do presidente do Paraguai — Foto: Cesar Olmedo/AlmedoImagem do protesto em Assunção, em 5 de março de 2021 — Foto: Cesar Olmedo/ReutersPoliciais perseguem manifestante em Assunção, no Paraguai, em 5 de março de 2021 — Foto: Cesar Olmedo/Reuters

Por G1

Paraguai tem a terceira noite de protestos por causa dos erros de gestão do governo durante a pandemia da Covid-19. Os manifestantes se reuniram no final da tarde deste domingo (7) e, até as 20h, ainda estavam nas ruas pedindo as renúncias do presidente, Mario Abdo Benítez, e do vice-presidente, Hugo Velázquez.

De acordo com o jornal local "ABC Color", oito pessoas foram detidas nos protestos deste sábado (6). A polícia alegou que os manifestantes estavam tentando ultrapassar uma demarcação de segurança do local. O grupo foi solto na tarde deste domingo.

Em resposta às manifestações, Benítez anunciou a troca do ministro da Educação, Eduardo Petta, do Ministério da Mulher, Nilda Romero, e do chefe de gabinete do governo, Ernesto VillamayorA decisão foi transmitida em pronunciamento oficial pela televisão.

Na noite da sexta-feira (5), o ministro da Saúde, Julio Mazzoleni, já havia renunciado pouco antes do primeiro protesto, que reuniu cerca de 5 mil pessoas. O presidente do Paraguai nomeou Julio Borba como novo chefe da pasta e afirmou que começaria a buscar mais remédios imediatamente.

Benítez também disse, durante o pronunciamento deste sábado, que poderá fazer novas mudanças nos ministérios do país no decorrer da próxima semana. O presidente chegou a pedir que os ministros entregassem os cargos.

 

"Sei que as pessoas esperam mudanças e eu vou fazê-las, vou nomear novas autoridades para a pacificação" .- Mario Abdo Benítez, presidente do Paraguai

Gestão desastrosa

Os manifestantes pedem as renúncias do presidente e do vice-presidente do país, acusados de fazerem uma gestão desastrosa diante do colapso. O Paraguai vacinou menos de 0,1% da população de pouco mais de 7 milhões de habitantes.

Em Cidade do Leste, praticamente todos os leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e enfermaria estão ocupados. Paraguaios e brasileiros que vivem no país vizinho estão cruzando a fronteira para tentar buscar atendimento em Foz do Iguaçu (PR), que também está com as UTIs lotadas.

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07
Mar21

O Paraguai é o Brasil amanhã?

Talis Andrade

Protestos no ParaguaiProtestos em Assunção contra o Governo de Mario Abdo Benítez.Manifestantes, en las inmediaciones de Mburuvicha Róga.Lamentablemente, uno de los manifestantes terminó muerto, aunque en circunstancias ya ajenas a la gran movilización ciudadana.Manifestações no Paraguai (06 março 2021)La ciudadanía autoconvocada persiste en su pedido de renuncia del presidente Abdo. Los ciudadanos se volvieron a movilizar este domingo para manifestarse contra el Gobierno de Mario Abdo Benítez.

por Moisés Mendes

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O presidente paraguaio, que pode cair a qualquer momento, é cria da velha direita latino-americana, mas não é o Bolsonaro deles. Não há ninguém com o mesmo padrão de crueldade, idiotia e chinelagem de um Bolsonaro na América Latina.

Não há mais ninguém com conexões tão profundas e comprometedoras com a militarização de um governo quanto Bolsonaro. Não há outro presidente com três filhos políticos com vínculos com milicianos.

Bolsonaro afundou o Brasil no lixão do que existe de pior na direita e na extrema direita mundiais.

Mario Abdo Benítez (foto) é de família com vínculos com o fascismo, mas evita apresentar-se como um extremista e tenta se desgrudar do passado comprometedor. Perto de Bolsonaro, seria quase um liberal.

O pai de Marito, como é chamado, foi um dos homens mais próximos do ditador Alfredo Stroessner, como seu secretário particular. Deixou para o filho o nome, uma fortuna em fazendas e a herança política.

Marito também passou pelo Exército e vende a imagem de homem apegado à Bíblia e à família. É a nova cara do caudilhismo do partido Colorado, que manda no Paraguai há seis décadas, com apenas uma interrupção no poder.

Presidiu o Senado e conquistou lugar na elite política. Foi figura importante no Congresso. Estudou marketing nos Estados Unidos. Mas não elogia militares e torturadores. É um reacionário cauteloso.

Bolsonaro é o que sabemos que é. Se derrubarem Marito, os paraguaios que o elegeram estarão mandando um recado ao Brasil.

É possível romper com uma decisão que eles mesmos tomaram ao eleger Marito em 2018 para um mandato de cinco anos.

Se mandarem para casa o caudilho chique, os paraguaios terão cometido uma façanha: abreviar o mandato de um líder do mais poderoso partido do país e filho de um cúmplice da ditatura que nunca foi julgado.

Bolsonaro não tem histórico de família a que possa se agarrar. Não tem nem partido. Tenta se proteger em grileiros, mas não tem ligação com latifundiários tradicionais com os quais possa se identificar.

Bolsonaro tem as milícias, os jagunços da Amazônia, tem os militares e tem o centrão, que alugou por um preço que talvez não consiga pagar.

Marito e Bolsonaro são filhos das ditaduras, um com grife, um homem fino e rico, e o outro um ogro de origem modesta, mas que age como se fosse rico e com uma família que deseja ficar rica a qualquer custo.

Marito tem 49 anos e conviveu, da infância ao início da juventude, com o poder mantido à força pelos militares. Bolsonaro tem 65 anos e nunca esteve próximo de poder algum.

Foi apenas um aspirante a oficial que ganharia fama como militar, por ter passado por quartéis como um rebelado (processado pela tentativa de atos terroristas), com um arremedo de carreira medíocre no Exército.

O partido de Marito organizou o golpe que levou ao impeachment de Fernando Lugo, o único presidente progressista do Paraguai, em 2012.

Ele e Bolsonaro ainda têm em comum o fato de que apoiaram a tentativa de golpe contra Maduro na Venezuela. E os dois foram paraquedistas do Exército.

Marito pode estar se preparando para um salto que talvez Bolsonaro não seja obrigado a dar no curto prazo. Porque o Paraguai tem milhares de jovens em manifestações nas ruas, e o Brasil tem amontoados de jovens em aglomerações em bares, praias e baladas.

Os militares podem segurar Marito lá e Bolsonaro aqui? Se cair, o paraguaio estará derrubando junto mais de meio século de coronelismo, militarismo, corrupção e banditismo dos herdeiros de Stroessner. E nós? Por enquanto, é certo que vamos ficar apenas olhando.

07
Mar21

Crise política por má gestão da pandemia se acirra no Paraguai

Talis Andrade

Manifestante carrega pedra em Assunção: noite foi novamente de confrontos

Manifestante carrega pedra em Assunção: noite foi novamente de confrontos

 

Presidente anuncia demissões de ministros, mas não consegue aplacar protestos. Manifestantes querem sua renúncia e novas eleições, e oposição começa a falar em impeachment

O presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, anunciou na noite de sábado (06/03) uma série de mudanças em seu gabinete de ministros, numa tentativa de aplacar a ira dos manifestantes, que há dias vão às ruas de Assunção protestar contra a má gestão da pandemia no país.

Foram demitidos os chefes dos ministérios da Saúde, Mulher, Educação e do Gabinete Civil. Novas mudanças, segundo o presidente, não estão descartadas. Mas no momento parece improvável que a iniciativa do governo baste para acalmar os protestos: já no sábado, milhares de pessoas voltaram às ruas, pedindo a renúncia de Benítez. 

Com recorde de infecções, leitos de UTI lotados e um sistema de saúde à beira do colapso, o Paraguai, que chegou a ser elogiado por sua gestão da crise, também enfrenta falta de medicamentos para tratar pacientes de covid-19. A vacinação, além disso, avança lentamente: estima-se que apenas 0,1% da população foi imunizada.

Outra decepção entre os cidadãos do Paraguai é o atraso na chegada das vacinas, que por enquanto estão limitadas às 4 mil doses do imunizante russo Sputnik V que já foram administradas - apenas a profissionais da saúde.

Com uma população de 7 milhões de habitantes, o Paraguai registrou mais de 160 mil casos de covid-19 e 3.200 mortes em decorrência da doença desde o início da pandemia do novo coronavírus.

Novos protestos

Após os confrontos de sexta-feira, a noite de sábado para domingo prometia terminar sem novos episódios de violência, mas, já na madrugada, a Polícia Nacional paraguaia reprimiu com balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo um grupo de manifestantes que lançou pedras contra os agentes de segurança, desta vez em frente à residência presidencial. 

Um grupo de aproximadamente 200 manifestantes se deslocou até a residência oficial depois de passar a noite no centro de Assunção numa marcha que convocou milhares de pessoas a exigirem a renúncia do presidente paraguaio, acusado de ser o principal responsável pela falta de material médico, de medicamentos e de vacinas contra a covid-19. 

Ao chegarem à residência presidencial, os manifestantes encontraram uma barreira de agentes policiais que os impediu de continuar. A tensão transformou-se em confronto, e oito pessoas foram presas. 

A noite de protestos começou com uma marcha em frente ao Parlamento, no mesmo ponto onde, 24 horas antes, uma pessoa morreu e 26 ficaram feridas, entre manifestantes e policiais, devido aos violentos confrontos 

O protesto foi convocado através das redes sociais sem siglas partidárias. Sob bandeiras do Paraguai e palavras de ordem, a nova marcha avançou do Palácio Legislativo ao Panteão dos Heróis, passando antes pela sede do Partido Colorado aos qual pertence o Presidente. 

Presidente paraguaio falou à nação para anunciar mudanças no gabinete

Presidente paraguaio falou à nação para anunciar mudanças no gabinete

 

"Fora Marito"

 "Fora Marito", gritava a multidão em coro em referência ao Presidente Mario Abdo, o "Marito". Os manifestantes disseram que só deixarão de protestar após a renúncia completa do governo. 

A revolta provocou uma crise política e, enquanto a marcha avançava, o presidente anunciava a troca de quatro ministros para, como explicou, "a pacificação do país". 

"O meu compromisso é o de escutar a todos. Vou nomear novos ministros para os Ministérios da Saúde, da Mulher, da Educação e do Gabinete Civil e continuaremos a estudar outras mudanças para a semana", anunciou o presidente, acrescentando estar "consciente de que a população espera mudanças". 

"O mandato será o de fazer todos os esforços possíveis para garantir o fornecimento de medicamentos em tempo oportuno com o estrito respeito aos processos administrativos vigentes", prometeu. 

Em rigor, a troca do ministro da Saúde já tinha sido anunciada na tarde de sexta-feira numa tentativa frustrada de conter o protesto anunciado para aquele dia. 

O anúncio do presidente foi visto como uma medida cosmética que não atende a principal exigência dos protestos: a renúncia do próprio presidente e a do seu vice, Hugo Velázquez, para que possam ser convocadas novas eleições. 

O governo é criticado tanto pela falta de uma política sanitária eficaz quanto por suspeitas de corrupção nos processos de compra de material médico. 

Oposição pede impeachment

Enquanto a população saía às ruas para exigir a renúncia do presidente e demonstrava a sua insatisfação com o governo em geral, a oposição paraguaia começou a falar em impeachment.

Durante o sábado, os vários partidos da oposição começaram a se reunir para avaliar a possibilidade de pavimentar o caminho até um julgamento político e estabelecer as bases de seu argumento.

Carlos Filizzola, presidente da Frente Guasu - a maior coalizão de esquerda - disse que os grupos reunidos na Mesa dos Presidentes da Oposição não se importam como Abdo Benítez deixará o cargo, desde que ele o faça.

"Eles (presidente e vice) têm que sair por impugnação, por renúncia ou por mobilização e pressão cidadã", disse Filizzola à imprensa.

Abdo Benítez esteve perto de ser impugnado em agosto de 2019, quando estava no poder havia um ano, depois que foi descoberto que ele havia assinado um acordo de compra de energia elétrica com o Brasil para a hidrelétrica de Itaipu, compartilhada pelos dois países.

Na ocasião, foi seu rival no partido governista e antecessor no cargo, o ex-presidente Horacio Cartes (2013-2018), que evitou o impeachment, retirando o apoio à iniciativa. Desta vez, no entanto, o setor de Cartes no Partido Colorado já anunciou que considerará a possibilidade de apoiar a saída do chefe de Estado.

07
Mar21

Covid-19: Paraguai vive noite de fúria entre polícia e manifestantes que querem a renúncia do presidente

Talis Andrade

Um manifestante perto de uma barricada em chamas durante a noite de violentos protestos em Assunção, capital do Paraguai. Em 6 de março de 2021.

Um manifestante perto de uma barricada em chamas durante a noite de violentos protestos em Assunção, capital do Paraguai. Em 6 de março de 2021. REUTERS - CESAR OLMEDO

 

Paraguai tem 3.256 mortos e 164 mil casos de Covid-19

 

por Márcio Resende
 

O protesto em frente ao Congresso era para ser pacífico, mas os enfrentamentos transformaram o centro da capital Assunção numa zona de guerra com um morto, vários feridos e um rastro de estragos materiais. A polícia ergueu um lenço branco de rendição. Um grupo de manifestantes passou a noite em vigília para exigir a renúncia do presidente Mario Abdo por má administração sanitária. A oposição avalia pedir a destituição do presidente.

A multidão atendeu a convocação que circulou pelas redes sociais para uma manifestação pacífica em frente ao Congresso que demonstrasse a insatisfação com a falta de uma política sanitária do governo, mas, depois de duas horas, começou o confronto entre os manifestantes e os agentes de segurança.

Os manifestantes gritavam "Fora Marito", em referência ao apelido do presidente paraguaio, Mario Abdo Benítez, o Marito. O protesto avançou contra a formação em linha da polícia que funcionava como uma barreira de proteção ao Palácio Legislativo. Os agentes reagiram para dispersar os que forçavam a passagem. A partir desse ponto, a região se tornou uma praça de guerra.

A polícia disparava jatos d'água, balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo. Os manifestantes respondiam com pedras. Durante horas, houve correria e perseguição pelo centro de Assunção. Carros, lojas e edifícios públicos foram parcialmente destruídos.

 

A Central de Polícia foi atacada por manifestantes encapuzados que improvisaram barricadas para enfrentar as forças de segurança. A essa altura, os protestos também aconteciam em frente ao Palácio do Governo, onde os manifestantes gritaram palavras de ordem contra o presidente.

Noite de fúria

O delegado Silvino Leguizamón pediu um cessar fogo. Um grupo de policiais levantou um lenço branco e pediu trégua. Os manifestantes estavam em maior número. A polícia tinha perdido vários agentes feridos e tinha ficado sem balas de borracha.

Na negociação entre o delegado e manifestantes, ficou acertado que o protesto continuaria, mas de forma pacífica como no começo. Entoando o hino nacional paraguaio, os manifestantes retornaram ao Parlamento, onde disseram que continuariam até o presidente renunciar.

"Faço um pedido a toda a população em convulsão pelo fim da violência. Peço aos meios de comunicação que transmitam paz. Peço a Polícia Nacional que pare de disparar balas de borracha. E peço aos jovens que parem de atirar pedras", clamou o arcebispo de Assunção, Edmundo Valenzuela.

Até a madrugada, do lado dos manifestantes, o saldo parcial era de um homem de 32 anos morto por uma facada no coração e, pelo menos, 18 feridos com balas de borracha e intoxicação provocada pelo gás lacrimogêneo. Do lado da polícia, foram 11 feridos por traumatismos, a maioria de crânio, devido às pedras lançadas.

O ministro do Interior, Arnaldo Giuzzio, afirmou que a violência foi provocada por infiltrados na manifestação e transmitiu uma mensagem de calma por parte do presidente Mario Abdo.

As lideranças do Partido Liberal, principal partido opositor, vão se reunir neste sábado (6) para definir se pedirá a destituição do presidente por mau desempenho de funções durante a pandemia.

Renúncia do ministro da Saúde

Ciente da pressão social e do protesto que se anunciava pelas redes sociais, durante a tarde, o presidente Mario Abdo pediu a renúncia do ministro da Saúde Pública, Julio Mazzoleni, uma renúncia que o próprio Senado já tinha pedido na quinta-feira ao classificar o ministro como "negligente, improvisado e inoperante".

Durante a semana, o sindicato de enfermeiros, com o apoio de parentes dos pacientes de Covid-19, denunciou a falta de medicamentos e de material médico. "É um momento no qual se faz absolutamente necessário que os paraguaios fiquem unidos para combater a pandemia. Tomara que esta decisão sirva para unir o país", disse Mazzoleni ao anunciar a sua renúncia.

A saída do ministro, no entanto, não foi suficiente para acalmar a indignação popular com a falta de resposta do governo diante do aumento de casos, do colapso de hospitais e da ausência de vacinas.

Até agora, o governo paraguaio só obteve 4 mil doses da Sputnik V. Neste sábado, chegarão 20 mil doses da CoronaVac doadas pelo governo do Chile.

Com sete milhões de habitantes, o Paraguai tem 3.256 mortos e 164 mil casos de Covid-19 e um sistema de saúde precário que não responde a atual quantidade diária de doentes.

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09
Nov20

Bolívia retoma caminho combativo do seu povo

Talis Andrade

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Posse do novo presidente representa luta histórica pela soberania do país e por democracia para o povo

 

por Osvaldo Bertolino /Vermelho

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A posse do novo presidente da Bolívia, Luis Arce, ocorrida neste domingo (8), representa uma vitória das forças democráticas e progressistas de grande impacto. Com bem disse Arce, o seu governo “inicia um novo tempo”.

“A Bolívia inicia um novo tempo. Agradecemos às mulheres e aos homens bolivianos que de todo o país nos acompanham na ascensão ao comando presidencial”, escreveu ele no Twitter.

É a recuperação da democracia, exatamente um ano após o motim policial em 8 de novembro de 2019, lembrou. “Vencemos a batalha apenas com a consciência do povo, sem violência”, afirmou. Nesse período, a Bolívia foi tomada por um governo de extrema direita, semeador de ódio e praticante da violência contra o povo.

O exemplo mais enfático dessa política foram as ameaças ao ex-presidente Evo Morales, a principal vítima do golpe da extrema direita, que se exilou primeiro no México e depois na Argentina. Agora, como a vitória da democracia, Morales deve voltar ao país na segunda-feira (9), ainda em meio a uma campanha midiática que insiste em dizer que ele renunciou pressionado por uma mobilização social. Infelizmente, devido à perseguição criminosa da extrema direita, o ex-presidente não pôde acompanhar a posse de Arce.

Mas vários chefes de estado foram ao país para acompanhar a cerimônia, como o presidente da Argentina, Alberto Fernández; o chanceler da Venezuela, Jorge Arreaza; o ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Yavad Zarif; o rei espanhol Felipe VI, acompanhado do vice-presidente e líder do Podemos, Pablo Iglesias; uma delegação dos Estados Unidos chefiada pelo subsecretário da Fazenda para Assuntos Internacionais, Brent Mclntosh; Iván Duque, presidente da Colômbia; Mario Abdo Benítez, presidente do Paraguai; o ex-presidente do Panamá, Martín Torrijos; Wálter Martos, chefe do Conselho de Ministros do Peru; e Francisco Carlos Bustillo e Andrés Allamand, chanceleres do Uruguai e do Chile, respectivamente.

A posse foi precedida de cerimônias ancestrais. Um grupo de “amautas” ou sábios espirituais indígenas aimarás preparou um altar com oferendas para a “Pachamama”, ou Mãe Terra, na Plaza Murillo de La Paz, onde está localizado o Palácio do Governo e a sede do Legislativo boliviano. O ritual de gratidão à “Pachamama” foi para pedir à divindade andina que dê força ao novo governante, segundo a Telesur.

Na última quinta (5), Arce sofreu um atentado em La Paz. Uma dinamite explodiu à frente da sede do comitê de campanha do partido, segundo o porta-voz do Movimento ao Socialismo (MAS), Sebastián Michel. Arce estava no comitê quando uma banana de dinamite foi arremessada na porta do imóvel. Não houve feridos ou danos ao imóvel.

Esse fato comprova que a extrema direita segue ativa na Bolívia. A rigor, sempre esteve. O país tem um longo e combativo histórico de enfrentamento com as forças políticas inimigas do povo. Nos governos Morales, não foram poucas as vezes em que essas forças, apoiadas por movimentos externos, tentaram atacar as políticas de abertura democrática para o povo e de soberania nacional.

Um caso emblemático envolveu diretamente o Brasil. Em questão estavam as áreas de petróleo e petroquímica, riquezas abundantes na Bolívia. A tempestade diluviana que a mídia e os setores direitistas brasileiras despejaram sobre o governo Morales foi impressionante. O que foi denominado “crise boliviana” tinha a ver com o emaranhado de interesses tecido na era neoliberal e escondia o histórico jogo bruto contra a Bolívia.

O levante se deu quando o governo anunciou um plano de recuperação das refinarias pelo Estado. Era a nova Lei de Hidrocarbonetos do país, segundo a qual a Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB) – a Petrobras boliviana – deveria retornar à condução da cadeia de produção internacional. Essa função havia sido proibida por uma lei do ex-presidente neoliberal Gonzalo Sánchez de Lozada, que permitiu o contrabando de combustíveis e exportações a preços baixos, inclusive mais baixos que no mercado local.

Foi um ato de violência contra a Bolívia. Sánchez de Lozada, um grande empresário de minério, representava uma linha de atuação boliviana estreitamente ligada à história do imperialismo no setor. A indústria do petróleo, que nasceu no final do século XIX, é fonte constante de riqueza e por isso se tornou desde cedo essencialmente monopolista. A Bolívia é exemplo da história da paz e da guerra, das correlações de forças que se modificam, das soberanias nacionais que desaparecem, se restauram ou se conquistam.

Já no começo da década de 1950, o governo do presidente Victor Paz Estensoro nacionalizou 163 minas de estanho debaixo de protestos do governo norte-americano do general Einsenhower e da fúria do senador McCarthy. Naquela época, os liberais — assim como hoje no Brasil — diziam que era equivocado chamar de nacionalização o que seria estatização.

Essa mesma argumentação foi usada por Sánchez de Lozada para atacar a YPFB, segundo ele uma propriedade do Estado que estava sob controle de “políticos” – a mesma conversa mole que se ouve muito no Brasil sob o governo do presidente Jair Bolsonaro e de seu ministro da Economia, Paulo Guedes –, a famosa “caixa-preta” da Petrobras que motivou sucessivos ataques à empresa e o jogo sujo da Operação Lava Jato.

Os ataques dos entreguistas brasileiros é histórico. Depois da Primeira Guerra Mundial os monopólios estrangeiros começaram a disputar a posse das reservas petrolíferas bolivianas. E nesse jogo, tanto governos da Bolívia quanto do Brasil foram usados para defender seus interesses. O mais dramático episódio dessa história é a chamada “Guerra do Chaco”, tramada pela Standard Oil. No seu final, o Brasil assinou os “Tratados de 1938” pelos quais nosso país ganhou uma “área de estudo” para pesquisar petróleo.

O Brasil havia construído a estrada de ferro Corumbá-Santa Cruz de la Sierra e recebeu a “área de estudo” como pagamento. Depois de idas e vindas, no dia 5 de janeiro de 1955 o presidente Café Filho, na inauguração da ferrovia, recebeu de Paz Estensoro, que retornara à Presidência da Bolívia devidamente mancomunado com a Standard Oil, um “Memorial” pelo qual ficaria eliminado o conceito de garantia geográfica e, em consequência, a área de reservas estabelecidas pelos “Tratados de 1938” e convênios complementares. A área até então reservada ao Brasil passaria à YPFB, que por sua vez a repassaria à Standard Oil. Paz Estensoro também disse que ele pagaria a ferrovia Corumbá-Santa Cruz. Seria a hora de o Brasil, por meio da Petrobrás, iniciar as perfurações na “área de estudo”.

Mas no Ministério da Fazenda estava o liberal radical Eugênio Gudin, chamado pelo vice-presidente Café Filho, que assumiu a Presidência após o suicídio de Getúlio Vargas em 1954. Gudin se recusou a liberar os recursos necessários já aprovados pelo Congresso e destinados ao reinício das atividades do Conselho Nacional do Petróleo na região subandina boliviana.

A mídia, que no Brasil combatia ferozmente o monopólio estatal do petróleo, saudou a atitude de Gudin como um gesto de “coragem e bom senso”. Na Bolívia ocorreu o mesmo. Festejavam, assim, o entreguismo brasileiro-boliviano, na pessoa de Gudin. O episódio é tido com mais um lance em que se evidenciou a mão do imperialismo agindo para perturbar a boa vizinhança dos povos do Brasil e da Bolívia. O alvo era a Petrobrás, que surgia como desmentido aos que só acreditavam nas maravilhas da iniciativa privada – como era o caso de Gudin, um liberal “ortodoxo” que fez escola no Brasil.

Os monopólios sabiam que a Petrobras era a solução certa para o problema do petróleo brasileiro e que do seu êxito surgiria a base econômico-financeira que proporcionaria as condições ao Brasil, como de fato aconteceu ao longo de sua história, para cumprir integralmente os tratados com a Bolívia. Foi nesse contexto que surgiu a mais torpe campanha contra a Petrobras – retomada com vigor pelo bolsonarismo, uma conspiração também contra o povo boliviano, nobre e altivo por natureza.

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08
Fev20

Veja aponta que procuradores de Curitiba receberam dinheiro de traficante

Talis Andrade

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Procuradores do Ministério Público Federal do Paraná (MPF-PR), órgão responsável pelas denúncias da Lava Jato em primeira instância, também receberam dinheiro de Dario Messer, conhecido como o "doleiro dos doleiros". Ele já havia pago propina ao procurador Januário Paludo, que inspirou o grupo no Telegram "filhos de Januário" e fez vários ataques ao ex-presidente Lula. A informação é da coluna Radar. Membros do Rio de Janeiro (MP-RJ) estão constrangidos com o inquérito, e com o pedido desavergonhado, corruto, inconveniente de propina. 

A vida de luxo do intocável Messer era bem paga. Escrevem os jornalistas Chico Otavio e Thiago Prado na revista Época:

"Desde os anos 90, a cobertura de Dario Messer na Avenida Delfim Moreira, no Leblon, o metro quadrado mais caro do Brasil, foi palco de festas que misturavam os mundos do samba, do futebol e da política. A última delas, memorável para quem participou, ocorreu no ano passado [2018], meses antes da Operação Câmbio, Desligo, que ordenou sua prisão. O doleiro abriu o terceiro andar do apartamento para a despedida de solteiro do filho Dan, de 27 anos. A celebração para 80 convidados foi marcada por champanhe Veuve Clicquot e charutos Gurkha Black Dragon, itens costumeiros em seus rega-bofes para a elite carioca.O tríplex do doleiro no Leblon (segundo prédio à esquerda) foi palco de festas regadas a champanhe e charutos. Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo

O tríplex (de três andares) do doleiro no Leblon (segundo prédio à esquerda) foi palco de festas regadas a champanhe e charutos. Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo



Reportagem de Chico Otavio, Daniel Biasetto e Juliana Castro (jornal O Globo) historiam a lucrativa parceria de Messer com o ex-presidente do Paraguai Horacio Cartes: envolve tráfico de moedas, de drogas, de cigarros, de armas. Messer era o chefe da máfia judia, assim como Alberto Youssef era chefe da máfia libanesa. Essas máfias elegiam de deputados a presidente da República no Cone Sul da América Latina. 

É exemplável a parceria de Youssef com o deputado federal José Mohamed Janene no Paraná (1955/2010). 

Os diálogos de Dario sobre a propina ocorreram em 2018 e foram obtidos pela Polícia Federal do Rio de Janeiro durante as investigações que basearam a operação Patrón, última fase da Lava Jato do Rio.

Nas conversas obtidas pela PF, Messer fala a sua namorada, Myra, sobre o andamento dos processos que responde e diz que uma das testemunhas de acusação contra ele teria uma reunião com Paludo. Depois, afirma à namorada: "Sendo que esse Paludo é destinatário de pelo menos parte da propina paga pelos meninos todo mês."

De acordo com as investigações, os "meninos" são Claudio Fernando Barbosa de Souza, o Tony, e Vinicius Claret Vieira Barreto, o Juca. Os dois trabalharam com Messer em operações de lavagem de dinheiro investigadas pela Lava Jato do Rio. 

Em depoimento prestados em 2018 à Lava Jato no MPF-RJ, Juca e Tony disseram ter pago US$ 50 mil (cerca de R$ 200 mil) por mês ao advogado Antonio Figueiredo Basto em troca de proteção a Messer na PF e no Ministério Público. Basto já advogou para o doleiro.

Levaram 29 anos para prender Messer. Por trás dessa prisão está o aborto do impeachmente do atual presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, em meio a uma crise política detonada pela assinatura de um acordo enérgico com o Brasil. 

Um acordo de 200 milhões de dólares para compra de energia da empresa estatal hidrelétrica binacional de Itaipú.  Acordo meio secreto que ameaçava Benítez e, na rasteira do escândalo, poderia também derrubar Bolsonaro. Não deu outra: Bolsonaro, Moro e Bretas armaram para enfraquecer Cartes (Brasil chegou a pedir a prisão dele, em novembro último).  

A oposição esquerdista do Brasil para derrubar Bolsonaro e do Partido Colorado de Cartes é para inglês ver. 

O acordo de 200 milhões de dólares envolve o senador major Olímpio, e os empresários da Leros, Kléber Ferreira da Silva e Adriano Tadeu Deguirmendjian. Uma série de reportagens de autoria de Mabel Rehnfeldt, do jornal paraguaio ABC, mostrou que a dupla tinha por trás deles Alexandre Giordano, filiado ao PSL e suplente do senador Major Olímpio, do PSL-SP.




30
Nov19

Lava Jato escreve meia-verdade quando nega a propina de Januário Paludo

Talis Andrade

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Transcrevo do ConJur

Conhecido como o "doleiro dos doleiros", Dario Messer disse a sua namorada, em uma conversa interceptada pela Polícia Federal, que pagou propina mensal ao procurador Januário Paludo, integrante da força-tarefa da "lava jato" no Ministério Público Federal do Paraná. A propina, segundo o doleiro, seria para evitar que ele fosse investigado.

Os diálogos entre Messer e a namorada foram revelados neste sábado (30/11) pelo UOL. Segundo a reportagem, a conversa ocorreu em agosto de 2018 e foi obtida pela Polícia Federal do Rio de Janeiro. Em um relatório produzido em outubro, a PF classificou o fato como "grave" e cobrou providências. O documento já foi enviado à Procuradoria-Geral da República.

Na conversa, Messer diz à namorada que uma testemunha de acusação de um dos processos contra ele teria uma reunião com Paludo. "Sendo que esse Paludo é destinatário de, pelo menos, parte da propina paga pelos meninos todo mês", afirmou o doleiro. Os meninos citados por Messer, segundo o UOL, seriam seus auxiliares em operações de lavagem de dinheiro e que, hoje, se tornaram delatores da "lava jato".

Januário Paludo é um dos mais antigos integrantes da força-tarefa da "lava jato" e também um dos mais experientes. Atuou no caso Banestado nos anos 90. O nome dele apareceu algumas vezes na "vaza jato", série de reportagens com conversas privadas de procuradores que atuam na operação. Em uma delas, Paludo desdenhou do pedido do ex-presidente Lula para deixar a prisão e acompanhar o velório do irmão. "O safado só queria viajar", disse.

Em nota, o MPF-PR repudiou "suposições infundadas contra o procurador". "A ação penal que tramitou contra Dario Messer em Curitiba foi de responsabilidade de outro procurador que atua na procuradoria da República no Paraná, o qual trabalhou no caso com completa independência. [Tem procurador sem independência?] Nem o procurador Januário Paludo, nem a força-tarefa atuaram nesse processo", diz a nota. [Outro procurador, qual? Por que esconder o nome? Certamente um amigo íntimo de Paludo]

Ainda segundo o MPF, Messer é alvo de investigação na "lava jato" do Rio de Janeiro, "razão pela qual não faz sequer sentido a suposição de que um procurador da força-tarefa do Paraná poderia oferecer qualquer tipo de proteção". [A proteção paga por Messer - safadezas de banqueiro - foi para não ser investigado na lavagem e remessa de grana via BanEstado - Banco do Estado do Paraná, que foi levado à falência, e depois doado]

Por fim, os integrantes da força-tarefa afirmam ter plena confiança no trabalho de Paludo, "pessoa com extenso rol de serviços prestados à sociedade e respeitada no Ministério Público pela seriedade, profissionalismo e experiência". [Ninguém nega a experiência. Paludo, Carlos Fernando dos Santos Lima, Sergio Moro estiveram em ação, e juntos, sempre juntinhos, nas investigações do BanEstado e Lava Jato, e prenderam e julgaram os principais doleiros do Brasil, a exemplo de Alberto Youssef, chefe da máfia libanesa dos tráficos de moedas, pedras preciosas, cocaína, e dos 'meninos' de Dario Messer. Por vontade do trio - Paludo, Santos Lima, Moro - que comandou as operações do BanEstado e da Lava Jato de Curitiba - nenhum doleiro estaria hoje preso. Protecionismo, ou sorte grande de quem chora na barriga da mãe?

Misteriosa e inesperada prisão de Dario Messer

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Escreve Jeferson Miola, agosto de 2018:

O “doleiro dos doleiros” do Brasil, como Alberto Youssef – o doleiro-delator íntimo do Moro, dos procuradores e dos policiais da Lava Jato – se refere a Dario Messer, foi o alvo principal da operação “Câmbio, Desligo!”, executada pela Polícia Federal em 3 de maio, depois das delações dos doleiros Vinícius Claret e Cláudio Barbosa. Dario Messer, provavelmente avisado que seria alvo de mandado de prisão preventiva, conseguiu fugir e não foi encontrado nos endereços conhecidos no Brasil naquele dia da operação Câmbio, Desligo!. A prisão do doleiro era tida como líquida e certa, tanto que o jornalista tarimbado e dono de fontes privilegiadíssimas d´O Globo, Lauro Jardim, no dia da operação anunciou que “Dario Messer, alvo principal da operação da Lava-Jato de hoje, e finalmente preso, é um personagem ligado aos escândalos nacionais desde o caso Banestado”. Aventou-se a hipótese de que Dario Messer pudesse estar escondido na sua mansão no Paraguai, porém lá também não foi encontrado. Joaquim Carvalho, em minuciosa reportagem no Diário do Centro do Mundo, cita que “Antigos aliados acreditam que ele esteja em Israel, onde também tem cidadania, por ser judeu. Messer não foi o único a escapar. O doleiro René Maurício Loeb fugiu do Rio de Janeiro para a Europa a bordo de um navio de luxo, semanas antes da operação ser deflagrada”. A fuga e o desaparecimento de Dario Messer adquire ainda maior relevância e valor investigativo depois da denúncia feita por doleiros acerca da existência de esquema mafioso mediante o qual o advogado Antônio Figueiredo Basto recebia US$ 50 mil dólares mensais como “taxa de proteção” para garantir que “eles [doleiros] seriam poupados nas delações decorrentes do caso Banestado, que correu na jurisdição de Sergio Moro” [DCM]. Esse mesmo advogado é considerado o especialista em delação premiada no Brasil – ou da indústria da delação, como o GGN e o DCM vêm investigando – cuja experiência inaugural foi a delação premiada de Alberto Youssef no rumoroso caso Banestado, conduzido pelo procurador Carlos Fernando dos Santos Lima e pelo juiz Sérgio Moro. Na coluna d´O Globo de 6 de maio de 2018, o taribado Lauro Jardim publicou a nota “Tudo errado”, com a notícia errada de que Dario Messer tinha sido“preso na quinta-feira passada”. É difícil imaginar tamanha “barrigada” jornalística de profissional bem abastecido de informações e depois de 3 dias do fato consumado! Houve alguma falha na linha direta de comunicação Globo-Lava Jato – só não se conhece o motivo para tal falha.

Com Dario Messer acontece de tudo. Tudo de bom. Não é proteção divina, mas bem que dá para acreditar nos santos. Messer teve outras fugas anunciadas. Para parar qualquer investigação jornalística foi inclusive noticiada sua morte. Também Youssef teve a morte propagada na imprensa. Também Janene, amigo do pai de uma juíza amiga de Moro, que terminou morto de verdade. A prisão de Messer, chefe da máfia judia, vai além da proteção de um Taludo, fez parte de uma armadilha para pegar uma caça maior. Nada mais nada, nada menos que um ex-presidente do Paraguai. Uma operação internacional com cheiro de vingança. Escrevi no dia 19 último, confira aqui

Sergio Moro e os procuradores da "organização criminosa" da Lava Jato sempre livraram as caras de Messer, de Youssef & outros doleiros. Durante as prisões do BanEstado e no início da Lava Jato, as autoridades dessas operações espalharam o boato de que Messer estava morto. O pedido de prisão de Cartes, o voto do partido que ele comanda, o Colorado, decide o impeachment do atual presidente do Paraguai Mario Abdo Benítez, no caso Itaipu, que envolve o presidente Jair Bolsonaro, o partido PSL, o senador major Olímpio. Vide aqui e links, o segundo maior escândalo de roubalheira, que o primeiro foi a construção da usina, 1975/82, pelas ditaduras dos dois países. O serviço de propaganda de Bretas Informa: "Messer estava foragido desde maio de 2018, quando foi deflagrada a Operação Câmbio Desligo. De acordo com as investigações, doleiros movimentaram US$ 1,6 bilhões em 52 países. A ação que tem Cartes,  amigo íntimo do senador Perrella como alvo, pretende  cumprir 37 mandados judiciais expedidos por Bretas em Búzios (RJ), São Paulo e em Ponta Porã (MS), na fronteira com o Paraguai. São 16 mandados de prisão preventiva, 18 de busca e apreensão e 3 de prisão temporária. O ex-presidente paraguaio é um empresário considerado um dos mais ricos do seu país. A eleição dele em 2013 representou o retorno ao poder do Partido Colorado, que dominou a política local durante 60 anos, contando com os mais de 30 anos da ditadura de Alfredo Stroessner. O executivo preside o Grupo Cartes, um conglomerado de empresas que produzem bebidas, cigarros e charutos, roupas e carnes. Também faz o gerenciamento de centros médicos.]

Rede Brasil Atual informa: Na troca de mensagens, Messer segreda a Myra sobre o andamento dos processos pelos quais responde e afirma que uma das testemunhas de acusação contra ele faria uma reunião com Januário Paludo, afirmando: “Sendo que esse Paludo é destinatário de pelo menos parte da propina paga pelos meninos todo mês”. A PF aponta que os “meninos” mencionados por Messer são Claudio Fernando Barbosa de Souza, o Tony, e Vinicius Claret Vieira Barreto, o Juca, que trabalharam com o doleiro em operações de lavagem de dinheiro e que, mais tarde, se tornaram delatores.

Juca e Tony, em depoimentos prestados ao Ministério Público Federal (MPF) do Rio de Janeiro, afirmaram ter pago US$ 50 mil (aproximadamente R$ 210 mil) mensais ao advogado Antonio Figueiredo Basto em troca de proteção a Messer tanto na Polícia Federal como no Ministério Público.

“Que Enrico [Machado, apontado como sócio de Messer] passou a dizer que o escritório deveria pagar US$ 50 mil por mês para fornecer uma proteção a Dario e as pessoas ligadas ao câmbio”, afirma Tony na delação. “Que essa proteção seria dada pelo advogado Figueiredo Basto e outro advogado que trabalhava com ele, cujo nome não se recorda.”

Segundo o Uol, a força-tarefa da Lava Jato do Paraná declarou que “essas ilações já foram alvo de matérias publicadas na imprensa no passado e, pelo que foi divulgado, os fatos apontam para suposta exploração de prestígio por parte de advogado do investigado [Figueiredo Basto]”. De acordo com a força-tarefa, Paludo prefere não se manifestar.

Os “filhos de Januário”

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Januário Paludo integra a Lava Jato desde sua criação, em 2014, e é um de seus membros mais influentes. O fato de ser o mais experiente fez com que um dos grupos de Telegram que contém mensagens reveladas pela Vaza Jato se chamasse “filhos de Januário”.

O procurador é tido como conselheiro do coordenador-chefe Deltan Dallagnol. Nesta semana, saiu em defesa do amigo por conta da advertência recebida pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) em função de Dallagnol, em entrevista, ter dito que havia uma “panelinha” no STF. Em rede social, afirmou que “ninguém deve ser punido pelo legitimo exercício do direito à livre manifestação e expressão”.

Em 10 de novembro, pela mesma rede, Januário atacou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Insuflar manifestos radicais como os que ocorrem no Chile não é só abominável como atenta contra o estado democrático e a garantia ao sagrado direito à livre expressão. O cárcere não lhe serviu de lição”, declarou, se referindo ao discurso proferido por Lula em São Bernardo do Campo, após sua saída da prisão.

Segundo mensagens reveladas pelo The Intercept, em 24 de janeiro de 2017, o procurador escreveu: “Estão eliminando testemunhas”, referindo-se à internação da esposa de Lula, Marisa Letícia, que tinha sofrido um acidente vascular cerebral (AVC). Já em 2019, ele afirmou que “o safado só queria viajar”, aludindo ao pedido da defesa do ex-presidente para que saísse da prisão para acompanhar o enterro do irmão Genival Inácio da Silva, o Vavá.

 

 

 

 

19
Nov19

Bretas pede a prisão de Cartes que é amigo de Messer o elo entre Lava Jato e BanEstado

Talis Andrade

Bretas amigo de Moro pede a prisão de Cartes, cujo voto aprova o impeachment do presidente do Paraguai Mario Abdo Benítez amigo de safadezas de Bolsonaro, senador Major Olímpio e outros figurões das repúblicas bananeiras do Paraguai e Brasil

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As duas caras do doleiro dos doleiros Dario Messer

 

O ex-presidente do Paraguai Horacio Cartes é alvo de mandado de prisão preventiva da Operação Lava Jato que ocorre nesta terça-feira (19). A suspeita é que tenha ajudado na fuga de Dario Messer, considerado o doleiro dos doleiros. A decisão é do juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, e Cartes terá o nome inserido na difusão vermelha da Interpol. O ex-mandatário, que atualmente ocupa o cargo de senador vitalício, governou o País vizinho de 2013 a 2018 e pertence ao Colorado, partido conservador. 

Que lorota boa do Bretas, sócio de Sergio Moro, nos conchavos políticos do golpe que derrubou a presidente Dilma Rousseff, prendeu o ex-presidente Lula da Silva e elegeu Jair Bolsonaro, cuja posse foi assistir, pegando bigu no avião do governador do Rio de Janeiro.

Para a imprensa, Dario Messer, máfia judia, era o elo perdido entre o assalto ao BanEstado do Paraná e a Lava Jato também do Paraná, junto com o doleiro Alberto Youssef, mafia libanesa.

Dario Messer, com banco sediado no Rio de Janeiro, foragido da polícia desde os tempos gordos das privatizações de Fernando Henrique, foge do Brasil e o culpado é o presidente do Paraguai. 

Narra o jornal El País: "É difícil mencionar um escândalo de corrupção brasileiro no qual Messer não tenha ajudado a azeitar as negociações e pagamentos. Segundo informações do Ministério Público Federal, ao menos 1 bilhão de dólares teriam sido movimentados pelo doleiro entre 1998 e 2003. Mas o nome de Dario veio à tona a partir das investigações do caso Banestado (antigo Banco do Estado do Paraná), ocorrido na segunda metade dos anos de 1990 e que envolveu remessas de dinheiro ilegais para o exterior via contas correntes, onde Alberto Youssef, o mesmo que deu o ponto de partida à Lava Jato, era personagem central.  O relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito que apurou o escândalo do banco paranaense recomendou, em 2004, o indiciamento de Messer por sua atuação no envio de valores para outros países. A menção ao seu nome o elevou ao status de gigante do setor." Messer sempre foi o intocável.

Acrescentam os jornalistas Gil Alessi e Santi Carneri: Na condição de doleiro mor no Brasil, Messer servia como fiador de transações realizadas por outros doleiros menores, fazendo com que, ainda que indiretamente, ele tivesse participação em centenas de operações ilegais. Por isso as autoridades brasileiras o consideram uma espécie de “instituição financeira” própria. Segundo a revista Veja, por exemplo, o doleiro Benjamin Katz, tido como um dos operadores do ex-deputado Eduardo Cunha, era cliente de Messer. Ele também teria participado do esquema que lavou dinheiro para o ex-governador do Rio Sérgio Cabral.

O ofício de intermediar remessas, empréstimos e pagamentos no exterior escapando do radar do fisco e sem ser detectado pelas autoridades foi aprendido com o pai, o polonês Mordko Messer, considerado um pioneiro no ramo dos doleiros e morto em data desconhecida. A família chegou a ser dona de um banco, o Dimensão, e possui casas de câmbio e outros empreendimentos no Brasil, Paraguai e os Estados Unidos. É proprietária de um apartamento de dois quartos no Upper East Side, em Manhattan, um dos bairros mais nobres de Nova York.

Sergio Moro e os procuradores da "organização criminosa" da Lava Jato sempre livraram as caras de Messer, de Youssef & outros doleiros. Durante as prisões do BanEstado e no início da Lava Jato, as autoridades dessas operações espalharam o boato de que Messer estava morto.

O pedido de prisão de Cartes, o voto do partido que ele comanda, o Colorado, decide o impeachment do atual presidente do Paraguai Mario Abdo Benítez, no caso Itaipu, que envolve o presidente Jair Bolsonaro, o partido PSL, o senador major Olímpio. Vide aqui e links, o segundo maior escândalo de roubalheira, que o primeiro foi a construção da usina, 1975/82, pelas ditaduras dos dois países.

O serviço de propaganda de Bretas Informa: "Messer estava foragido desde maio de 2018, quando foi deflagrada a Operação Câmbio Desligo. De acordo com as investigações, doleiros movimentaram US$ 1,6 bilhões em 52 países.

A ação que tem Cartes,  amigo íntimo do senador Perrella como alvo, pretende  cumprir 37 mandados judiciais expedidos por Bretas em Búzios (RJ), São Paulo e em Ponta Porã (MS), na fronteira com o Paraguai. São 16 mandados de prisão preventiva, 18 de busca e apreensão e 3 de prisão temporária. 

O ex-presidente paraguaio é um empresário considerado um dos mais ricos do seu país. A eleição dele em 2013 representou o retorno ao poder do Partido Colorado, que dominou a política local durante 60 anos, contando com os mais de 30 anos da ditadura de Alfredo Stroessner.

O executivo preside o Grupo Cartes, um conglomerado de empresas que produzem bebidas, cigarros e charutos, roupas e carnes. Também faz o gerenciamento de centros médicos."

 

 

 

 

11
Ago19

Carta de intenções da Léros contradiz explicação de Bolsonaro sobre Itaipugate

Talis Andrade

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Carta da LÉROS mostra inverdades na explicação do governo sobre acordo secreto

por Jeferson Miola, em seu blog   

Em nota à imprensa divulgada pelos Ministérios de Minas e Energia e de Relações Exteriores [Itamaraty] no final do dia 9 de agosto, o governo manipula a verdade para esconder que a Ata Bilateral foi concebida para viabilizar um esquema de corrupção para a comercialização da energia excedente do Paraguai.

Caso o acordo secreto não tivesse sido denunciado pelos dirigentes técnicos da estatal paraguaia ANDE, a empresa LÉROS poderia ser beneficiada com um negócio superior a 300 milhões de dólares.

Alexandre Giordano, suplente do senador do PSL Major Olímpio, o líder do Bolsonaro no Senado, intermediava os interesses da LÉROS junto à ANDE.

De acordo com José Rodríguez, que se apresentava como representante do vice-presidente paraguaio na montagem do esquema, Alexandre Giordano, o lobista da LÉROS, “vem em representação da família presidencial do país vizinho”.

Na nota oficial, o governo Bolsonaro se defende dizendo que “Diferentemente do que tem sido divulgado, todo o processo de negociação que resultou na assinatura da Ata Bilateral não foi secreto”.

E justifica o suposto caráter “não secreto” da negociação no fato de que, “Em todas as reuniões houve a participação dos representantes dos Ministérios das Relações Exteriores de ambos os países, da Eletrobras, da Ande e da Itaipu Binacional”.

A realidade, contudo, contraria a nota.

Está fartamente publicado pela imprensa paraguaia que a negociação foi secreta.

Os termos lesivos do acordo somente foram conhecidos depois que o titular da ANDE renunciou devido às pressões do governo Bolsonaro para que a estatal paraguaia aceitasse a imposição das mudanças.

Em mensagem de WhatsApp ao presidente do Paraguai Mario Abdo Benítez em 4 de julho, o ainda presidente da ANDE Pedro Ferreira queixou-se: “A prova de que o acordo é claramente inconveniente é que querem que o mantenhamos secreto. Por que os que firmaram e viram a Ata não saem a defendê-la publicamente?”

Na nota, o governo ainda explicou que:

“Cabe destacar que o Tratado de Itaipu somente permite a venda da energia produzida pela usina para a Eletrobras e para a Ande. Portanto, não tem qualquer fundamento a especulação sobre a possibilidade de comercialização da energia da usina binacional por parte de alguma empresa que não seja a Eletrobras e a Ande;”.

A explicação do governo contém um equívoco, uma omissão e uma inverdade.

O equívoco: o Tratado de Itaipu, no artigo XIV [aqui], permite que a ELETROBRÁS e a ANDE adquiram a energia da hidroelétrica por intermédio de outras empresas ou de entidades dos dois países. A questão fundamental é a modalidade de aquisição da energia, que deve ser definida pelos entes estatais, não por particulares.

A omissão: o governo omitiu que, no texto final da Ata Bilateral assinada secretamente em 24 de maio passado em Brasília, foi retirado o “ponto 6” defendido pela diretoria da ANDE, que atribuía à estatal paraguaia a prerrogativa de gestão do comércio da energia paraguaia excedente. A retirada do “ponto 6” abriu brecha para a LÉROS.

A inverdade: ao contrário do que diz o governo, de que que não houve participação de qualquer empresa “que não seja a Eletrobras e a Ande”, a carta de intenções assinada pelo diretor e fundador da empresa LÉROS, Kleber Ferreira, e protocolada na ANDE em 12 de julho passado desmente este argumento.

Fato relevante é que, até o momento, somente se tem conhecimento de que uma única empresa – uma única empresa– apresentou proposta para a ANDE. E esta empresa, ao que se sabe por ora, é justamente a LÉROS. Isso é estranho, considerando a atratividade de num negócio de centenas de milhões de dólares.

Ao final da nota, o governo ainda explica “que o resultado da Ata Bilateral foi fruto de consenso entre os representantes dos dois países”, o que é outra inverdade, porque as mensagens divulgadas mostram as imposições da delegação brasileira não aceitas pelo lado paraguaio.

A surpreendente convocação do embaixador do Paraguai em 20 de junho para conhecer o “mal estar” do governo brasileiro é prova não só da inexistência de consenso, como também de que o governo Bolsonaro pressionou o Paraguai e direcionou a negociação.

Este escândalo de corrupção binacional instalou uma grave crise política que poderá resultar no impeachment do presidente e do vice-presidente do país vizinho.

Não é aceitável que, enquanto no Paraguai as mensagens reveladas produzam os efeitos correspondentes, no Brasil o assunto não é investigado e noticiado como corresponderia.

O envolvimento de políticos do partido do Bolsonaro [PSL], a convocação do embaixador do Paraguai, assim como a menção de que o intermediário da empresa LÉROS [Alexandre Giordano, suplente do senador Major Olímpio] agiu “em representação da família presidencial do” Brasil lança a suspeita de que este esquema escabroso pode ter sido coordenado desde a mais alta esfera do governo brasileiro.

 

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