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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

10
Abr22

O bezerro de ouro

O Estado brasileiro foi capturado pelo crime organizado da corrupção. O tesouro virou propriedade do

Talis Andrade

bezerro de ouro.jpg

 

por Gustavo Krause

- - -

Poder e Estado são palavras de amplo significado. As ciências sociais delas se ocupam como fenômenos em tempos e formas distintas. Segundo Weber, passam a ter uma relação simbiótica na medida em que o Poder “é toda chance, seja ele qual for, de impor a própria vontade numa relação social, mesmo com a relutância dos outros”. Esta chance é o Estado racional, como espaço de dominação, que “exerce o monopólio da coação física legítima”.

É melhor ficar por aqui. O campo teórico é muito vasto. Neste ano, Poder e Estado são objetos de acirrada disputa eleitoral. E neste procedimento, nossa cultura política mostra rugas e males de um carcomido padrão de comportamento, aferrado às raízes históricas do patrimonialismo.

As campanhas, formalmente disfarçadas de pré-candidaturas, estão nas ruas. Ao arrepio das leis, os postulantes fazem propaganda e pedem votos. Concluído o prazo da “janela de infidelidade”, cada um se agrupa em busca da reeleição. Com uma especial característica: o nosso Parlamento é o mais caro do mundo.

Debate sério e programas partidários, nem pensar. O que está em jogo é o Poder e a consequente captura do Estado como uma fonte inesgotável de privilégios e favores: uma espécie de terra prometida onde jorra mel da fortuna para poucos e fel dos desmandos para muitos. O que vale é “se dar bem”. Às favas o interesse público.

Apurados os votos, o governismo impenitente prevalecerá: o mandato é um valioso ativo no jogo “toma lá dá cá”. No mercado de capitais, se investe em ações; na eleição, em votos.

Resultado: o estado brasileiro é o inferno burocrático para o cidadão comum e o paraíso de delinquentes e associados. Estes associados são os cães farejadores da origem e do destino dos recursos públicos: saúde, educação, obras e emendas/municípios.

Sempre “amigos” e aduladores dos poderosos, são bregas, “simpáticos” ou “paus-mandados”. Lobistas devidamente regulamentados? Jamais, o PL 6232 de Marco Maciel é de 1990. Aperfeiçoaram e organizaram o crime da corrupção na captação e manejo dos valores: do pixuleco às rachadinhas; do dinheiro vivo às criptomoedas.

A cada escândalo sucede outro numa velocidade que anestesia a indignação. O mais recente envolve autoridades e pastores. Transformaram o tesouro num mundano “Bezerro de Ouro” de forma tão literal que exigiram pepitas do melhor quilate. Isso, pagamento em barras de ouro!

PS. Recomendável a releitura bíblica: os fariseus, vendilhões do Templo, esgotaram a santa paciência de Cristo e tiveram a reação merecida.

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26
Dez21

Um marco a seguir

Talis Andrade

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A Câmara de Deputados aprovou, em quarenta minutos, a PEC 200/2016 que isenta de IPTU os templos religiosos alugados. Em 1984, o então Senador Marco Maciel apresentou o projeto de lei 293 com o objetivo de regular a atividade de lobby a exemplo das democracias maduras. Em 1990, reapresentou o projeto 6132. Em 2003, sumiu do mapa.
Aprovado, evitaria muita roubalheira no “escurinho do cinema”. Hoje, tramitam no Legislativo 14 projetos sobre o tema. O relógio de Maciel estava quatro décadas adiantado.

 

por Gustavo Krause

- - -

O tempo é uma realidade misteriosa. Talvez, o tema mais complexo para as ciências e a teoria do conhecimento em toda sua amplitude. Desafia matemática, física; inspira a criação literária e a epifania da construção musical; revela com a força da fé a linearidade e a profundidade do Eterno.

Pragmaticamente, a humanidade decompôs o tempo em quantidades: codificou as cores no que chamamos estações; por motivos variados – religiões, revoluções, culturas, homenageia homens/mitos, animais – e, assim, entre pausas e rituais, criou calendários para medir a dúbia mensagem de ida sem volta.

É um desafio insuperável compreender este fenômeno quando a finitude e a infinitude batem nas nossas portas. Por enquanto, o leitor imagina que vou enviar (o que é verdade) um abraço que sela amistosamente a chegada de mais um ano.

Não é somente isso. A experiência como parlamentar deu um nó no meu juízo na lida com o tempo. Explico: semana passada, dia 17/12, a Câmara de Deputados aprovou, em dois turnos, proposta de emenda constitucional (PEC) 200/2016 que isenta do pagamento do IPTU os templos alugados. Tudo aconteceu em 40 minutos.

O outro lado da medalha: em 1984, Projeto de Lei 293 do Senador Marco Maciel propunha a regulamentação do lobby no Brasil, aliás, projeto de méritos reconhecidos e que colocava o Brasil entre as democracias que regulam a atividade. Atividade que, uma vez regulada e transparente, é um mecanismo legal de acesso aos parlamentares com o objetivo de explicar, esclarecer, legítimos interesses, sob o primado da transparência.

Nada feito. O projeto foi arquivado. Perseverante, Maciel, em 1989 reapresentou o projeto, sob o número, 203, aprovado no Senado e encaminhado à Câmara com o número 6132 (02/6/1990). No dia 13 de março de 2003, ocorreu o registro da última movimentação do projeto. Bem que poderia ser “aqui jaz uma iniciativa moralizadora das relações entre o Poder e os lobbies”. Muita roubalheira seria evitada. Prevaleceu o escurinho do cinema que permite intimidades picantes.

Atualmente, tramitam cerca de 14 propostas, subscritas por autores dos mais diversos partidos, lamentavelmente, submetidas ao domínio dos podres poderes que escandalizam o Brasil. Corporações, grupos de pressão, apetites fisiológicos, transformaram as eleições de 2022 numa empresa Unicórnio (startup de um bilhão de dólares).

A aprovação das Emendas do Relator, com aval do STF, foi o último ato da trágica peça do ano de 2021.

Saudoso amigo, Maciel, você é um Marco a ser seguido. O seu relógio estava adiantado décadas.

12
Dez21

Lula, Alckmin… E o que mais?

Talis Andrade

lula estrela.jpg

 

 

por Cristina Serra

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O Brasil vive o pior momento de sua história recente com um genocida/miliciano entrincheirado no Planalto. Tirá-lo de lá vai exigir os melhores esforços das forças democráticas. Por isso, não deixa de ser notável a disposição para o diálogo entre adversários, como Lula e Alckmin. 

Pelo que vazou até agora, as conversas envolvem a possibilidade de Alckmin ser o vice de Lula, aliança que dependeria do ingresso do ainda tucano no PSB, além de acordos regionais entre socialistas e petistas, aliados naturais. Uma composição como essa envolve o compromisso e o equilíbrio de concessões e vantagens para todos os envolvidos, algo bastante complexo mesmo para os políticos mais habilidosos. 

Eleitor não vota em vice, mas o vice tem importância estratégica. O golpe de 2016 está aí para provar. Há exemplos de outra natureza. A dupla FHC-Marco Maciel selou a aliança preferencial dos tucanos com a direita. O empresário José Alencar serviu para quebrar resistências contra um suposto radicalismo de Lula.  

Que capital político Alckmin traria para Lula, já tão bem posicionado na largada? Se trouxesse seu partido, ou, pelo menos, lideranças do PSDB original, como FHC e Tasso Jereissati, poderia se falar em frente ampla. Mas Alckmin está de saída por falta de espaço numa legenda que se tornou linha auxiliar do bolsonarismo no Congresso. 

Uma convivência que não é de todo estranha. Quando governador de São Paulo, Alckmin teve como secretário particular e de meio ambiente ninguém menos do que Ricardo Salles, que viria a ser ministro de Bolsonaro e que deixou o cargo com alentada ficha criminal. Alckmin cabe numa frente democrática contra Bolsonaro? Sem dúvida. Mas precisa ser o vice?

Por que não Flávio Dino, que derrotou o clã Sarney no Maranhão, duas vezes? Convenhamos, uma façanha. Ou Celso Amorim, diplomata de carreira irretocável, num momento em que o Brasil terá que refazer pontes em cenário externo desafiador? São só dois exemplos. Há outros bons nomes por aí. 

12
Jun21

Marco de Pernambuco

Talis Andrade

Marco Maciel deixa mulher e três filhos

Marco de Trabalho

Cristão piedoso, católico, Marco Maciel recusou ser vice de Tancredo Neves, porque sabia que ele estava mortalmente doente. 

Marco foi vice nos dois governos de Fernando Henrique.

Interinamente, entre 1995 e 2002, presidiu o Brasil durante um ano e 30 dias, e governou Pernambuco de 1979 a 1982.

Marco, Paulo Guerra e Agamenon Magalhães foram os três principais governadores de Pernambuco do Século Vinte.

Complicações pós-Covid-19

Marco faleceu neste sábado (12), aos 80 anos.

Foi diagnosticado com Alzheimer em 2014, e estava internado em um hospital de Brasília.  Segundo familiares, o político morreu em decorrência de complicações pós-Covid-19, doença diagnosticada em março.

Na ocasião, a esposa do político, Ana Maria Maciel, informou que estava sendo tratado em casa, com orientação médica, e se recuperou da infecção. Em maio, Maciel recebeu a segunda dose da vacina contra a Covid-19.

Marco político

Marco teve uma extensa e dignificante carreira política. Também foi deputado estadual e federal, secretário do Trabalho de Paulo Guerra, presidente da Câmara, senador, ministro da Educação e da Casa Civil. 

Ex-governador de Pernambuco, Gustavo Krause lamentou: "Hoje é um dia profundamente triste, um dia de perda, de dor, de sofrimento que já vem acometendo todos nós que somos amigos de sólidos laços de Marco Maciel. Sinteticamente vou dizer dele o que já disse em vida: Marco Maciel foi o ser humano menos imperfeito com quem convivi mais de 50 anos e deixou para cada um de nós um pedacinho da grandeza dele. Ensinou a todos nós. Ele não fazia amigos, ele conquistava corações".

"Agradeço a Deus, eu e minha família inteira, o privilégio de ter conhecido, convivido e aprendido com ele muitas coisas. Como disse o nosso amigo comum, Anchieta Hélcias, hoje de madrugada, Marco Maciel agora está na morada do grande amigo, Deus. Ele não pode ter outro destino se não o céu e ao lado direito de Deus Pai. Entre outras coisas,  era um homem de uma sólida fé", disse Krause.

"Não vou falar sobre a vida pública dele porque é mais do que exemplar, é um paradigma, é a referência e de conhecimento de todo o Brasil. E mais do que nunca, ele está fazendo falta", finalizou.

Marco Maciel assumiu a presidência da República 87 vezes. Reconhece Fernando Henrique: “Era o vice dos sonhos. Viajava e não tinha a menor preocupação, porque Marco era correto. E mais do que correto, minucioso, quase carinhoso. Por exemplo, muitas vezes me trazia algo para ler e marcava em amarelo para poupar o meu tempo. Ele era leal ”, afirmou o ex-presidente em depoimento ao documentário Marco Maciel – A Política do Diálogo, realizado pela TV Câmara em 2016.

O que mais chama a atenção da frase acima é que Marco Maciel e Fernando Henrique Cardoso passaram grande parte da vida em partidos de lados opostos. Maciel foi um tradicional quadro de siglas da direita – como Arena, PDS e o PFL – e Fernando Henrique, era considerado de esquerda até se tornar presidente da República, quando assumiu um perfil de centro-direita. As posições religiosas também eram diversas: Marco Maciel era muito católico e FHC agnóstico.

“Ponderado, tinha horror à crença ideológica cega e também à arrogância da razão. Homem de princípios, não desdenhava das orientações alheias. Construtivo na vida pública, derrubava barreiras, não construía muros que impedissem o diálogo”, afirmou Fernando Henrique, se referindo a Marco Maciel”, num texto intitulado Fé e Razão, uma das apresentações da biografia Marco Maciel – Um Artífice do Entendimento, de autoria do jornalista Angelo Castelo Branco.MARCO MACIEL: UM ARTÍFICE DO ENTENDIMENTO - CEPE Editora

A aproximação entre os dois ocorreu quando ambos eram senadores, e os apartamentos deles ficavam próximos em Brasília, o que faziam eles se encontrarem, “de vez em quando”, como lembra Fernando Henrique. Quando começou essa convivência, “Marco Maciel já se inclinava abertamente a ajudar o fim do ciclo político que se iniciara em 1964”, como disse FHC na biografia citada acima.

“Marco Maciel, Luís Eduardo Magalhães e Jorge Borhausen foram os primeiros a colocar a eventualidade de eu ser candidato a presidente da República”, lembrou Fernando Henrique no mesmo documentário. Os três foram dissidentes do antigo PDS, e passaram a fazer parte do Partido da Frente Liberal (PFL) que apoiou a candidatura de Tancredo Neves no Colégio Eleitoral. Fernando Henrique também afirmou que, entre os políticos do PFL, o que tinha mais influência sobre ele era Marco Maciel, “que era discreto”. 

Ainda no livro de Angelo Castelo Branco, Fernando Henrique Cardoso revelou que, como presidente, foi “várias vezes ao encontro anual de deputados católicos, que Marco Maciel patrocinava em sua casa. Unia-nos o respeito às crenças e a vontade de que todos participassem da vida nacional”. E complementa: “a colaboração de Marco Maciel para o andamento das questões legislativas durante meu governo foi fundamental. Suas marcas na Lei de Arbitragem são indeléveis. Seus esforços para que se reconhecesse a função dos que faziam lobbies, sem que o fizessem ocultamente, são conhecidas”. Outra característica que Fernando Henrique cita de Maciel é a tolerância.

Ainda lembrando da sua gestão, Fernando Henrique revelou que Marco Maciel não descuidava “especialmente das coisas de seu amado Pernambuco”, sendo “inúmeras as vezes em que reivindicou uma estrada importante ou, sobretudo, a continuação do Porto de Suape”.

Mundanças no Sertão

Governador de Pernambuco, Marco idealizou e executou o Programa Asa Branca com a perenização de rios, construção de estradas e eletrificação, estimulando a agricultura, a pecuária e promovendo a melhoria das condições da vida no Agreste e Sertão.

Construiu mais de 50 barragens regularizadoras e sucessivas para perenizar 400 quilômetros de rios, nas bacias do Pajeú, Navio, Terra Nova, Brígida, São Pedro e Una.

Propiciou a introdução de mais de oito mil hectares às margens dos principais rios sertanejos.

Realizou estudos e projetos para a perenização de outros 850 quilômetros de rios.

Iniciou a execução do Canal Sobradinho/Pontal, para perenizar com água do São Francisco os rios Pontal e Garças.

Uma Nova Agricultura

Promoveu a introdução pioneira de uma nova cultura - a seringueira - para diversificação da agricultura na Zona da Mata, possibilitando a inclusão de Pernambuco no mapa da introdução da borracha.

Introduziu o sorgo granífero e forrageiro, uma nova cultura resistente `a seca, no Sertão e Agreste.

Criou a Semempe, a primeira empresa do Nordeste para a produção de sementes e mudas, passando Pernambuco a ser o maior produtor de sementes e mudas da região.

Reintroduziu a cafeicultura. A área de café plantada superou a soma das áreas plantadas nas duas últimas décadas. Em Brejão, foi instalada a primeira Estação de Pesquisa para o café em Pernambuco.

Pernambuco produziu, pela primeira vez nos trópicos, em escala comercial, sementes de cebola.

Introduziu o plantio de tomate industrial, passando Pernambuco a ser o segundo maior produtor do Brasil.

Após quatro séculos, promoveu a importação de novas variedades de mudas de coqueiro, para aumento da produtividade e diversificação da agricultura da Zona da Mata. Foram importadas 180 mil sementes de coco da Costa do Marfim.

Iniciou o programa de melhoramento genético do coqueiro, visando a produção anual de 450 mil sementes, tornando Pernambuco auto-suficiente, podendo, ainda, abastecer os Estados vizinhos.  

Promoveu o primeiro zoneamento florestal do Estado, permitindo o financiamento de projetos de florestamento e reflorestamento.

Modernizou e ampliou a Unidade de Beneficiamento de Sementes do semi-árido , na Ilha de Assunção no Vale do São Francisco, duplicando a sua capacidade de processamento de sementes melhoradas.

Introduziu na Vale do São Francisco o cultivo do alho.

Promoveu a pesquisa de novas variedades de alho precoce, tomate industrial e feijão irrigado, possibilitando a ampliação de safra do semi-árido.

Introduziu em campos experimentais novas alternativas agrícolas como: milheto, jojoba, guayule, maniçoba, ouricuri e pinhão. 

Foram distribuídas aos agricultores do semi-árido 1,2 milhões de toneladas de sementes de feijão e milho.

Pernambuco pela primeira vez produziu um milhão de mudas de frutíferas.

Construiu sete novos Postos de Resfriamento e Recepção de Leite nos municípios de Bonito, Cachoeirinha, Itaíba, Canhotinho, Correntes, Agrestina e Gravatá, além de modernizar e recuperar  a rede de postos existentes. A capacidade de recepção de leite foi ampliada para 100 mil litros por dia.

Foi lançada em Pernambuco, através da Cilpe, o leite B pasteurizado, iniciativa pioneira no Nordeste. (Continua)

 

 

 

 

 

 

 

26
Jan21

Vice-Presidência da República gasta R$ 194 mil com roupa de cama, itens de cozinha e materiais esportivos

Talis Andrade

As aquisições, de 2019 e 2020, vão desde aparelho de jantar até esteira elétrica. Informações são do Portal de Compras do Governo Federal

 

 
O vice-presidente da República, general Hamilton Mourão (PTRB), abriu os cofres da União para dar uma repaginada no Palácio do Jaburu, em Brasília, e nos espaços ligados ao gabinete. Entre 2019 e 2020, a residência investiu dinheiro público na compra de artigos esportivos, esteiras elétricas, louças e vários jogos de cama para o órgão oficial.
 

De acordo com informações disponíveis no portal de pregõesgovernamentais e no portal de compras, do Ministério da Economia, em dois anos, todos os gastos do órgão totalizaram R$ 2,3 milhões aos cofres públicos. Em 2019, o montante chegou a R$ 1,7 milhão, contra R$ 590 mil desembolsados em 2020.

Entre as 22 compras por pregão, pelo menos três editais, que somam pouco mais de R$ 50 mil, foram destinados à aquisição de enxoval: colchas, saias para cama, cobertores, travesseiros, toalhas e colchões. Na lista, há lençóis brancos, de algodão egípcio, para as camas de tamanho Queen do Palácio do Jaburu. Além de jogos em azul Royal, de solteiro, com a marca do palácio bordada, para uso da equipe de segurança da Vice-Presidência da República e da guarda azul.

Outros itens que também chamam a atenção são os esportivos. Os pregões de artigos dessa modalidade demonstram o constante interesse da Vice-Presidência em estar com o “shape” em dia. Foram contabilizados pelo menos quatro pregões abertos pra aquisição de uma série de produtos, como bolas de tênis, vôlei e futebol, além de uma multiestação de musculação e esteira elétrica, um investimento de quase R$ 80 mil.

No último mês de 2020, por exemplo, a Vice-Presidência abriu licitação para adquirir uma bicicleta de spinning de R$ 9.945. Mas não valia qualquer uma. De acordo com o texto, deveria ter “banco anatômico com ajuste horizontal e vertical, tela de LCD Full Color com monitoramento de tempo, distância, calorias, RPM e frequência cardíaca, monitoramento cardíaco sem fio, resistência magnética suave e silenciosa com 100 níveis de resistência, pedais com encaixes padrão ou clipes SPD, encaixe para tablet ou celular projetado para o uso durante o treino, conectividade bluetooth, entrada USB, suporte para garrafas duplo e peso máximo suportado de 150 kg”.

Os utensílios domésticos também somam despesas altas, chegando a quase R$ 64 mil. O gabinete da Vice-Presidência trocou as lixeiras e investiu em champanheira, taças de vinho e licor, além de maçarico, tábua de frios, aparelho de jantar de porcelana, tábua de pizza em mogno africano e misturador para suco com acabamento em estilo murano.

Veja aqui:

Para o professor Francisco Antônio Coelho Junior, do Departamento de Administração da Universidade de Brasília (UnB) e especialista em gestão pública, é necessário entender os interesses envolvidos nas aquisições. “Quando se fala de pregões e licitações independentemente do objeto, a gente precisa sempre levar em conta qual é o real interesse da administração pública, considerando o conceito de construção ética dos atos na aquisição desses objetos que foram citados”, disse.

A reportagem do Metrópoles entrou em contato com a Vice-Presidência da República para que fossem explicadas as aquisições dos itens, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.

 

Modalidade de compras e legislação

 

Os pregões são apenas uma forma de compra pública. Nestes dois anos, dos 58 processos abertos, a Vice-Presidência utilizou dispensa de licitações para a maior parte.

Em 2019, das 34 compras, 21 foram na modalidade. Com 10 processos licitatórios a menos que no ano anterior, em 2020, o órgão registrou 15 dispensas de licitação e nove pregões. O valor desembolsado para compras em 2020 foi R$ 753.694.

Como o nome já diz, a modalidade consiste em uma compra limitada de bens e serviços indispensáveis ao atendimento da uma determinada situação emergencial. Os casos de dispensa são especificados na Lei Nº 8.666/1993.

“Fazer a opção pela dispensa em detrimento do pregão exigirá do gestor uma robusta justificativa, devendo ser observados os preceitos trazidos pela Lei 8.666/93, e também a oportunidade de se efetivar eventual aquisição de bem ou serviço nesse formato. O gestor possui a discricionariedade nessa escolha, mas deverá ser feita com embasamento técnico, justificando-a, lembrando que a mesma estará sujeita à eventual fiscalização dos Órgãos de Controle”, alertou Rodrigo Fagundes, advogado especialista em direito civil.

Nos pregões, modalidade frequentemente usada pela administração pública para firmar contratos, é feito uma espécie de leilão inverso. É manifestado o interesse de adquirir um bem, e as empresas que desejarem concorrer apresentam seus valores para a fabricação do produto solicitado. O menor valor vence.

“Os pregões, sem dúvida, proporcionam maior economia aos cofres públicos, levando em conta a competição entre os participantes e a dinâmica dessa modalidade de licitação, a qual define o vencedor pelo menor preço auferido após uma etapa de lances ofertados. Mas em algumas situações o pregão acaba não sendo viável, por conta exatamente de uma eventual inviabilidade nas competições, em decorrência da natureza do objeto a ser adquirido”, argumenta Fagundes.

[Compare os gastos com a vida franciscana do vice-presidente civil Marco Maciel]

24
Set19

FAMÍLIA DE MARCO MACIEL ROMPE SILÊNCIO SOBRE ALZHEIMER

Talis Andrade

A vida ativa dele valeu. Foi um excelente governador. Para ele criei o slogan 'Marco de Pernambuco'. É também símbolo de honestidade na Política. Faz parte da História do Brasil.

Transcrevo do Revista Total:

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“As pessoas têm muito preconceito com o Alzheimer. Acham que a pessoa começa a falar um monte de bobagem e fica desligado do mundo. Com meu marido não foi assim. Ele continuou sendo o mesmo homem educado com todos. Continua sempre cheiroso e limpo como sempre gostou de estar. É o rei da nossa casa”, disse a aposentada Ana Maria Maciel, 78 anos.

Casada com o ex-vice-presidente da República Marco Maciel, 79, diagnosticado com a doença em 2001, ela assumiu todos os papéis dentro de casa. Para ela, a paciência e o amor — construído ao longo dos 52 anos de casados — são a receita para enfrentar a enfermidade.

Os primeiros sinais da doença mais se assemelhavam aos da depressão. Maciel começou um tratamento e meses depois veio o diagnóstico do Alzheimer. “Até 2014, a doença evoluiu negativamente, porque, como era político, as pessoas perguntavam sobre fatos históricos e ele não conseguia lembrar. Ele percebia o esquecimento e ficava constrangido. No fim de 2014, ele não quis mais sair, só para consultas e coisas corriqueiras. Agora, está em fase avançada”, afirma. Sem andar e falar, o ex-vice-presidente conta com o auxílio da mulher e de uma equipe de profissionais para as atividades do dia a dia.

A doença é neurodegenerativa progressiva e se manifesta pela deterioração cognitiva e da memória, comprometimento progressivo das atividades de vida diária e uma variedade de sintomas neuropsiquiátricos e de alterações comportamentais. Ela acomete em grande parte idosos e representa cerca de 50% a 75% dos casos de demência no mundo, sendo o tipo mais frequente da enfermidade cerebral. Suas causas ainda não são totalmente conhecidas. Em 21 de setembro é lembrado o Dia Mundial do Alzheimer.

 

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