Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

O CORRESPONDENTE

06
Jun23

MSTfobia, a nova invenção da bancada do boi e dos latifúndios grilados

Talis Andrade

previdencia campo_genildo.jpg

Marcia Tiburi detalha "a caça às bruxas na farsesca CPI do MST", a humilhação do sem terra 

 

por Marcia Tiburi /247

- - - 

Assistimos há dias a farsa da CPI do MST. 

A criação dessa CPI obedece aos interesses da bancada ruralista e o objetivo é o mesmo de sempre: investir no ódio ao MST, criando uma MSTfobia na população.

A tática de estimular o ódio foi usada pelo fascismo ao longo da história e também na recente história política brasileira que levou Bolsonaro e suas imitações ao poder. 

A população assiste certos políticos que não querem trabalhar, mas se dedicam a jogar com o poder, sem poder fazer nada. Muitos acabam caindo na hipnose e chegam a votar em deputados que não fazem mais do que atrapalhar a reconstrução de um país destruído pelo fascismo. Fazem jogo de poder recebendo o salário altíssimo pago pelo povo que assiste muitas vezes contente em poder odiar. O ódio é um afeto compensatório, mas também hipnótico. Talvez seja o único prazer que resta aos pobres de espírito, que são os donos do capital, os grileiros, os exploradores, mistificadores e, sobretudo, os cínicos que, unidos, não se deixam vencer.  

Erika Kokay e Juliana Cardoso do PT, assim como Sâmia Bomfim, Talíria Petrone, Fernanda Melchiona e Célia Xacriabá do PSOL, são as seis deputadas federais ameaçadas de cassação por parlamentares conhecidos nacionalmente por seu posicionamento ideológico de extrema-direita, que defendem posturas antiecológicas, que odiam movimentos sociais e a democracia como um todo.  

Elas estão sendo perseguidas como bruxas. Historicamente, a caça às bruxas aconteceu no período da invasão das Américas e de sua colonização.  As mulheres e a terra são perseguidas ao mesmo tempo. E as mulheres que defendem a terra serão perseguidas. 

Logo, essas deputadas precisam ser defendidas. 

Elas estão na mira do deputado tenente-coronel Zucco (Republicanos-RS) que fez o requerimento para criação da CPI e escolheu Ricardo Salles como relator. Kim Kataguiri (União Brasil-SP) e o delegado Fábio Costa (PP-AL) ficaram vice-presidentes, assim como Evair de Melo (PP-ES). É uma ação entre agroboys. 

Qualquer cidadão ou cidadã que se informe sobre a idoneidade ou honestidade desses políticos não se espantará com o que vai encontrar, pois eles são figuras estereotipadas da extrema-direita e suas táticas de perseguição. 

Esses deputados vão usar cada gota de ódio em seus jogos de poder. O ódio é o seu principal capital para avançar rumo a 2024. Eles não trabalham, eles jogam para chegar ao poder. Eles só pensam em cargos. E políticos que só pensam em cargos destroem a política e, com ela, o Estado e a Sociedade. 

Que o povo pague por isso, explica porque há tanto ódio à política. Fica fácil também entender a confusão que acontece na cabeça dos cidadãos propensos ao fascismo: amar quem promove o ódio e votar neles. 

Hoje é o MST, como ontem foi o PT, como sempre foi contra a terra como um direito e contra as mulheres que, na visão de mundo dos donos do poder, são intrusas e vem para atapalhar. 

Precisamos defender as nossas deputadas que, com rigor e competência, expõem a maldade e a incompetência desses aproveitadores da democracia, da terra e das mulheres, principalmente das que ousam afrontar seu projeto de poder.

31
Mai23

O pastor traficante de maconha

Talis Andrade
A carga de maconha apreendida pela PF e a sobrinha querida do pastor Josué Bengston, da Igreja Quadrangular 



O que Damares Alves vai dizer sobre seu Tio Josué andando com 290 kg de skunk no avião?



por Marcia Tiburi
- - -

Não posso deixar de comentar a notícia sobre o tio traficante de maconha da Damares Alves, pastor Josué Bengston, da Igreja Quadrangular do Pará. 

De fato, uma carga de 290 kg de uma coisa chamada skunk realmente impressiona a desavisados como eu que ainda estava em outra pauta, tentando entender a pedofilia das igrejas e o plano de poder dos religiosos que acançam cada vez mais ocupando o congresso nacional com suas pautas fundamentalistas. 

Muitos, como eu, devem ter descoberto agora que skunk é maconha potencializada - realmente isso me escapou, e me dá vergonha ter perdido essa informação, afinal sou autora de um livro sobre as drogas e a banalidade do vício chamado SOCIEDADE FISSURADA publicado pela Civilização Brasileira em 2012). Quem esta desatualizado no assunto das drogas, deve estar se perguntando sobre tudo isso: o circuito de produção e comercialização, o valor de compra e venda, a plantação e os destinatários, a exploração do trabalho, a mais valia e o lucro na empreitada. Talvez esteja também se perguntando não só sobre a produção, mas sobre o uso de drogas por parte dos crentes.

Será que se vende maconha dentro das igrejas também? Estou perguntando, inocentemente, pois nunca se sabe. Se um pastor moralista de igreja trafica 290 kg de skank, quem pode imaginar do que mais é capaz? 

De um ponto de vista liberal relativamente aos costumes, não há problema algum em usar maconha, ou qualquer outra droga em nível recreativo e não autodestrutivo (toda autodestruição afeta os outros e isso afeta a esfera ética onde lidamos com a alteridade), contudo, mercados clandestinos geram abusos, violências e outros problemas sociais. A dependência que muitas pessoas desenvolvem em relação a drogas (não importa se álcool, cocaína, cigarro ou redes sociais), sempre precisa ser tratada com atenção e cuidado.

E, de fato, tabus sobre as substâncias e seus usos não ajudam a avançar na pesquisa. 

Contudo, o moralismo religioso também é mercadoria nas igrejas de mercado, nas quais pedofilia, tráfico humano, corrupção e estelionato são práticas comuns. 

O moralismo gera a moralina que também vicia! O uso de drogas é algo comum na cultura empresarial, e também o é nesse tipo de empresa que são as igrejas de mercado, que, aliás, funcionam como empresas, mas não pagam impostos. 

É um mercado do lucro certo explorando a fé e o desespero dos outros. Mas é também um mercado de drogas clandestino! E que rende muito dinheiro! 

Eu que sou a favor da liberação da maconha, para plantio, pesquisa científica e uso recreativo, mas que nunca usei maconha (as únicas drogas que uso são café, álcool - eu, por exemplo, gosto de vinho - e Instagram, em doses recreativas, portanto moderadas), sou constantemente xingada de maconheira. 

Agora vem à tona a hipocrisia dos pastores das igrejas de mercado. 

Se o tio da Damares fosse apenas um maconheiro não seria um problema, talvez fosse até mesmo uma solução, mas tio Josué é um traficante fingindo ser um homem sério, um homem de Deus. Pobre do Deus sendo vendido como mercadoria e transformado em cúmplice de traficantes sem ter como se defender. 

Mais uma vez pessoas ligadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro são flagradas com drogas. Dessa vez, um avião, que pertence à Igreja Quadrangular do Pará, foi apreendido pela Polícia Federal, no sábado (27), com 290 quilos de maconha. O grupo religioso é liderado pelo ex-deputado federal e pastor Josué Bengtson, tio da senadora Damares Alves (Republicanos-DF)
Lia De Sousa
@LiaDeSousa1
Image
24
Mai23

Lacaios da política a serviço dos poderosos do agronegócio querem apagar 40 anos de luta do MST

Talis Andrade
 
 
Imagem
 
 

Os algozes do MST e o assédio político 

por Marcia Tiburi

- - -

 

O Movimento dos Trabalhadores sem Terra vai fazer 40 anos de luta por alimento, terra e democracia. A luta por reconhecimento e dignidade faz parte disso. 

Reforma agrária é um direito garantido em lei e deve ser respeitado. Verdade que fascistas não gostam de leis e nem de democracia, mas ela está cada vez mais inteira e assim continuará com a luta de muita gente. 

A abertura da CPI do MST - tendo à frente personas non gratas para a questão ecológica e da democracia no Brasil, como o ex-ministro bolsonarista do meio ambiente e um invasor de Brasília no 8 de Janeiro - vem constituir mais um caso de assédio político.

Esses políticos que assediam o MST não tem dignidade diante das urgências da democracia. Eles agem em nome dos interesses do agronegócio para o qual militam. O MST, na contramão dos vagabundos que os perseguem (infelizmente, “vagabundos” é uma categoria de análise adequada para falar desses agentes corruptos da politica nacional que não atuam pelo bem de todos), tem produzido alimentos saudáveis e ecologicamente sustentáveis, assim como tem promovido uma cultura de solidariedade que atrapalha os interesses neoliberais do agronegócio e seus lacaios no parlamento brasileiro.

O MST é, há mais de 10 anos, o maior produtor de arroz orgânico da América Latina. Essa produção é reconhecida nacional e internacionalmente. Aqueles que produzem e também os que comem arroz envenenado por agrotóxicos usados pela indústria do veneno para produzir alimentos envenenados, deveriam saber isso. 

O que se espera com a produção de alimentos envenenados? Se espera a doença e a morte da população. 

Sabemos que a indústria da doença não para de trabalhar. Nem a política da morte que é sua aliada. 

O que se espera perseguindo o MST? 

Que a população não tenha a chance de perceber a sua importância na luta por alimento livre de veneno. Que o ódio contra a luta pela terra continue. Que não se imagine uma economia sustentável respeitando a agricultura ecológica. Que a exploração latifundiária da terra continue naturalizada no país da desigualdade consentida. 

MST é sinônimo de luta e é isso que os lacaios da política a serviço dos poderosos do agronegócio querem atrapalhar o movimento.  

Aos Políticos inescrupulosos, defensores do envenenamento do Brasil, temos que dizer que deixem o MST trabalhar em paz. 

 
Imagem
14
Mai23

Imprensa francesa entrevista exilados do governo de extrema direita de Bolsonaro

Talis Andrade

Marcia-Tiburi-foto-Daniel-Bianchini-jpg.jpg

 

Insultos, incitações ao estupro e ameaças de morte

 

Em 23/10/2022, o Libération traz uma reportagem sobre os exilados do Brasil de Bolsonaro. Em uma grande reportagem do jornalsita Julien Lecot, entrevista pessoas que deixaram o Brasil após a eleição de Bolsonaro por terem sofrido ameaças - inclusive de morte. 

Uma das entrevistadas, a geógrafa e professora da prestigiada Universidade de São Paulo (USP) Larissa Bombardi publicou, no final de 2017, um atlas sobre o uso de agrotóxicos no Brasil e suas consequências para os consumidores da União Europeia (UE). Um trabalho substancial, fruto de vários anos de pesquisa, diz Libération.

Quando seu trabalho foi traduzido para o inglês em meados de 2019 e distribuído na Europa, Larissa Bombardi ganhou fama e também as primeiras ameaças. Após aparições na mídia, ela recebeu intimidações por e-mail de pessoas que alegavam trabalhar na indústria de agrotóxicos. Essas ameaças aumentam quando o chefe de uma rede de supermercados sueca pediu um boicote aos produtos agrícolas brasileiros por causa do uso generalizado de agrotóxicos, a ponto de sua universidade se oferecer para protegê-la em seu local de trabalho.

Ao mesmo tempo, sua pesquisa foi atacada por figuras influentes do agronegócio e lhe disseram que estava sendo observada de perto pelo Ministério da Agricultura. Durante o verão de 2020, sua casa foi roubada por três homens enquanto ela estava lá com sua mãe. As duas mulheres foram trancadas no banheiro e ameaçadas de morte. Os ladrões só levaram um computador antigo contendo o trabalho da pesquisadora e o carro da família, que abandonam algumas centenas de metros adiante.

"Provavelmente fui ingênua, mas como só usei dados públicos e oficiais, não achei que minha pesquisa me causaria problemas", disse Larissa Bombard, exilada na Bélgica desde 2021, ao Libération, que destaca que o caso de Larissa não é isolado. 

"Nos últimos anos, vários brasileiros foram forçados ao exílio porque sentiram que estavam em perigo em seu próprio país. O discurso e a política de Jair Bolsonaro têm muito a ver com isso, ele que repetidamente atacou verbalmente a esquerda e, em geral, todos os ativistas e progressistas. Durante a campanha de 2018, prometeu assim enviar 'para o exterior' ou 'para a prisão' os 'vermelhos'", escreve o jornal francês, que destaca um discurso de Bolsonaro, naquele ano, em que ele dizia, sobre os opositores: "Serão banidos da nossa pátria. Será uma limpeza como nunca antes na história do Brasil".

Da fala ao ato

"Bolsonaro conseguiu criar uma espécie de terror na escala da sociedade brasileira, que, no entanto, havia começado alguns anos antes de ele chegar ao poder", denuncia ao Libération a filósofa Márcia Tiburi, que deixou o Brasil no final de 2018 e agora vive na França. Durante seus últimos anos passados em seu país natal, Tiburi recebeu ameaças diárias.

O repórter Julien Lecot destaca que Tiburi, candidata à governadora do Rio de Janeiro nas eleições de 2018, assim como o ex-deputado federal Jean Wyllys, foi uma das primeiras exiladas do bolsonarismo e frisa que mesmo a milhares de quilômetros do Brasil, as ameaças contra eles continuam e aumentaram consideravelmente durante a campanha presidencial de 2022.

Desde o lançamento oficial da campanha presidencial, em agosto, as ONGs Justiça Global e Terra de direitos contabilizam uma média de dois episódios de violência por dia no Brasil contra eleitos, candidatos ou outras pessoas que exerçam ou tenham exercido funções relacionadas à política. Esta violência "visa mais partidos de esquerda ou centro-esquerda, ou eleitos comprometidos com a defesa dos direitos humanos, a comunidade LGBTQIA+ ou a luta contra o racismo", sublinharam as organizações no início de outubro, apontando para um número de episódios violentos multiplicado por cinco em comparação a 2018.

Dentre os vários depoimentos recolhidos pelo jornal está o da psicanalista Renata, que mora na França na França desde 2019 e afirma que, por causa de Bolsonaro, tem "vergonha de ser brasileira". 

Horas antes de ser preso, Ivan Rejane Fonte Boa Pinto fez novas ameaças ao STF (Supremo Tribunal Federal) e desafiou o ministro Alexandre de Moraes. O homem teve prisão temporária decretada após dizer que iria "caçar" integrantes do tribunal e lideranças de esquerda, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Pinto foi detido pela Polícia Federal, em Belo Horizonte. Além da prisão temporária, Moraes autorizou a PF (Polícia Federal) a fazer buscas em dois endereços ligados a Ivan, um em Belo Horizonte e outro em Esmeraldas (MG), na região metropolitana da capital mineira. 

Qual a diferença entre um general gira Girão e um soldado raso, o cabo Junio deputado federal, e um maluco tipo Rejane Pinto? Todo golpista pensa igual. Quem, safada e covardemente, trama Bolsonaro ditador é favorável a armar bomba no aeroporto de Brasília.

Nelson Piquet, receptador de objetos subtraídos por Bolsonaro, deseja ver Lula "no cemitério"

Mentes doentias no Congresso representam o Brasil genocida. Das 700 mil mortes por Covid. O Brasil do genocídio dos jovens negros nas favelas. O genocídio dos povos indígenas. A boma no aeroporto de Brasília lembra as bombas de Bolsonaro tenente nos quartéis. É o Brasil dos psicopatas. Dos serial killers. 

Com tanta gente de mente assassina entendo o exílio dos brasileiros. Como cantou Bandeira:

Vou-me embora pra Pasárgada

Aqui eu não sou feliz

Lá a existência é uma aventura

De tal modo inconsequente

Que a Louca de Espanha

Rainha e falsa demente

Vem a ser contraparente

Da nora que nunca tive

13
Mai23

Sobre o luto e a morte de David Miranda, Rita Lee e nós

Talis Andrade
 
 
 
Cria do Jacarezinho, David Miranda virou deputado federal como suplente de  Jean Wyllys e foi defensor da causa LGBTQIA+ | Rio de Janeiro | G1

Estar vivo significa continuar construindo sentido e a memória dos mortos faz parte disso

 

por Marcia Tiburi

- - -

Nessa semana, o Brasil perdeu duas pessoas públicas que deixam muita saudade. O deputado David Miranda morreu depois de meses na UTI lutando contra uma doença que durou meses. David completaria 38 anos no dia de seu funeral. A morte de uma pessoa tão jovem sempre comove e, mais ainda, a quem conheceu sua trajetória de vida. David era um sobrevivente, um menino que havia perdido a mãe e havia sido criado por uma vizinha. Tendo ele mesmo, junto com seu marido, adotado 3 meninos, David sabia da importância da solidariedade e da generosidade.  

 Uma pessoa que sobrevive à condenação por classe, raça e sexualidade e que, superando o contexto, passa a lutar pelos outros, merece todo o respeito e admiração. Considerando a miséria moral e política do congresso nacional, uma pessoa como David vai fazer muita falta na esfera publica, tanto quanto deverá fazer aos filhos que ele deixa.  

 
Rita Lee (1967) - Acervo - Estadão
 
 

Sofremos também com a morte de Rita Lee que deixa um vazio imenso na cultura popular brasileira. Um extenso legado musical no consola. Rita Lee nos deixou canções - e livros - que alegravam, mas também passavam mensagens de amor, coragem, liberdade e ousadia. A impressão que Rita passava era de que ela se divertia sendo ela mesma. Rita foi uma pop star que não precisava posar de pop star.

Renunciando a ser rainha na sociedade do espetáculo, ela era democrática demais para fazer cena na monarquia da fama, sendo livre por dentro e por fora, sem chatice ou simulação. Ela parecia intima de todos nós, admiradores e fãs, porque Rita era pura alegria e luz, abertura ao outro, amor para todo lado.  

 A ausência de uma pessoa gigante se transforma em memória. A cultura musical brasileira recebeu muito dessa artista generosa e a gratidão é o sentimento que surge no luto que sentimos por ela.

 Eu fiquei muito triste com a perda dessas pessoas. Pensando nesse sofrer que se sente pelas pessoas públicas, pensei no reconhecimento de sua importância na comunidade. A importância do reconhecimento é ainda maior numa época em que o ressentimento impede a gratidão. O contrário da gratidão é a inveja, mas o ressentimento que nos impede de amar, faz parte disso.  

 As famílias perdem seus entes queridos, o povo perde as pessoas que melhoravam a esfera pública de um país como o Brasil, cuja esfera pública anda tão empobrecida.  

 Certamente, quando a morte chega – a morte dos outros, pois só experimentamos a morte dos outros, a nossa, como dizia Epicuro, chega quando já não estamos - aprendemos também a saudade, aprendemos a falta que uma pessoa faz e o luto não é outra coisa do que esse trabalho de aprender a viver a perda.  

 Aprende-se também que é preciso meditar e refletir sobre sentido que a vida pode ter e que precisa continuar sendo produzido à cada dia, apesar de tantas vezes ela parecer sem sentido.  

 Estar vivo significa continuar construindo sentido e a memória dos mortos faz parte disso. A morte não deveria existir, nem o sofrimento e nem o luto, mas eles existem e, existindo, nos obrigam a pensar no que faz sentido e viver da melhor forma a partir disso, tanto a vida íntima quanto a vida comunitária, social e pública.

 E pensando nisso, vai a pergunta: o que legaremos aos outros quando chegar a nossa vez? Nessa pergunta reside a importância que damos à vida num mundo onde há gente tão negligente que pensa que não vai morrer e que viver é apenas uma questão de aproveitar cada segundo como se nenhum comprometimento com o existir fosse uma questão. Pois nos tornamos seres humanos, seres genéricos pertencentes a essa espécie, por que meditamos sobre a morte.  

28
Abr23

Adhemar Bahadian: Diplomacia civilizada

Talis Andrade

moro vira-lata.jpeg

 

por Cristina Serra

Com poucas exceções, analistas brasileiros escreveram sobre a viagem de Lula à China contaminados por visões rasteiras e pré-concebidas e pelo complexo de vira-latas que viceja na mídia brasileira. É, portanto, um grande alento quando se encontra alguém que tem conhecimento de causa e aguda capacidade analítica. É o que você lerá no texto a seguir, do diplomata Adhemar Bahadian, que escreve semanalmente no Jornal do Brasil e me autorizou a reproduzir sua coluna no blog. Faço-o com imenso prazer porque Bahadian, por ofício, conhece os meandros do assunto, o histórico das relações do Brasil com outros países e blocos e sabe analisar o que está em jogo. Segue o texto de Adhemar Bahadian, na íntegra, tal como publicado no JB.

“A visita de Lula à China retoma o diálogo bilateral entre dois gigantes do mundo contemporâneo. Hoje é mais do que sabido o dano trazido pelo governo brasileiro, encerrado em 31 de dezembro de 2022, às relações de nosso país com seu principal parceiro comercial. Sobre o assunto não me estenderei porque o considero felizmente superado.

Surpreende, porém, que alguns observadores da cena internacional procurem ainda contaminar a Diplomacia sino-brasileira com os ventos da intolerância autoritária ou com os fantasmas de uma guerra fria terminada.

Basta lembrar que estamos a comemorar 30 anos de uma parceria estratégica com a China e que no ano próximo festejaremos 50 anos de relações amistosas com ela. Não se trata, portanto, de uma novidade, nem sequer de um eventual desvio de nossas relações estratégicas com países do bloco ocidental, em especial com os Estados Unidos da América.

Diplomacia profissional não é Fla-Flu nem clube do Bolinha. A simples leitura do Comunicado Conjunto Brasil- China, já disponível nas plataformas, mostra à saciedade o elenco de providências e ações articuladas entre os dois países para os próximos anos, com repercussões mais do que necessárias para o desenvolvimento econômico e social do Brasil. Seria bom registrar o caráter pragmático do Comunicado e em especial a inexistência de menções a ideologias desta ou daquela natureza que talvez fossem até cabíveis diante do óbvio momento que estamos a viver, após a pandemia e os exageros da globalização desequilibrada, responsável por gravíssimas disparidades sociais .

Ao contrário, o Comunicado ressalta a importância do Direito Internacional, da solução pacífica das controvérsias, das Nações Unidas e de sua reforma, em especial do Conselho de Segurança.

Uma leitura ainda que superficial do Comunicado revela a aderência das propostas nele inscritas à Constituição brasileira de 1988 e nossos objetivos de construção de um Estado de Bem Estar Social.

Nada nele também nos obriga a aderir a objetivos políticos da China e nossa parceria estratégica como os Estados Unidos permanece sólida como sempre e, em especial, inabalável na defesa da democracia, temática de primeiro plano nas conversações entre Biden e Lula. O que colocou em risco a democracia tanto aqui quanto lá foram os ataques sistemáticos à lisura eleitoral nos dois países no conluio, este sim malévolo, entre Trump e Bolsonaro. Sobre este tema debruçam-se os sistemas jurídicos dos dois países e seria saudável que fossem vistos como efetivamente são e que não se os utilizem para minar as boas relações diplomáticas entre o Brasil e seus parceiros.

Até porque temos enormes problemas a reequacionar e alguns deles decorrem de uma globalização econômica associada a uma ideologia neoliberal danosa a nossos interesses mais palpáveis.

Os leitores que me honram ao acompanhar esses artigos dominicais no JB sabem como tenho insistido sobre a importância de se reexaminarem certos postulados econômico-comerciais, principalmente os surgidos a partir da década de 80 do século passado. Ainda esta semana voltou ao proscênio a questão do Acordo Mercosul-União Européia como se fosse picuinha brasileira nossa cautela em radiografar as metástases neoliberais nele implantadas tanto na questão ambiental quanto em outros temas.

Ora, sabe-se que a assinatura do acordo Mercosul-União Européia embasbacou inclusive os negociadores europeus pela facilidade com que aderimos a propostas e emendas que repelimos durante 20 anos. A todos deve lembrar a empáfia do então Ministro da economia brasileiro, Paulo Guedes, ao sarcasticamente repreender os negociadores brasileiros, em especial os do Itamaraty, por não terem aceito em 20 anos um acordo que ele, Paulo Guedes, aceitou em dois. Tão inesperada foi a mudança de postura brasileira que na época o próprio Secretário do Comércio dos Estados Unidos da América queixou-se e solicitou a imediata transposição para os Estados Unidos das mesmas vantagens concedidas aos Europeus. Recorde-se, ainda, que diante disto, Paulo Guedes informou que não havia problemas e que o mesmo se faria com os Estados Unidos. Enfim, uma página triste da Diplomacia brasileira.

Complexo-de-Vira-Lata continencia bolsonaro.jpg

 

Página triste, porém, que não ficou sem consequências porque os europeus, ao virem que o governo brasileiro continuava com o desmatamento e com a perseguição a índios e a quilombolas se apressaram a apresentar um Protocolo adicional ao Acordo Mercosul-União Européia, que o torna uma peça comparável aos acordos comerciais do início de nossa Independência política, quando formos obrigados a engolir cobras e lagartos. Não creio que agora se poderá esperar do Brasil a mesma docilidade.

Em outro diapasão, a Organização Mundial do Comércio (OMC), como também já escrevi, produziu o Acordo Trips, responsável pelo monopólio legalizado das patentes farmacêuticas com graves danos para a vacinação universal. Esses dois momentos da diplomacia comercial neoliberal estão a exigir do Brasil uma análise criteriosa das regras de comércio, tais como compras governamentais, a fim de que se possa retomar qualquer negociação multilateral rigorosamente benéfica para todos.

Termino, como não poderia ser de outra forma, com os meus mais entusiasmados parabéns aos primeiros cem dias de um governo que não só renova nossas esperanças num Brasil mais justo, mas também numa Diplomacia civilizada e respeitada internacionalmente.”

10
Abr23

Bunker de Damares 'revela perversão política'

Talis Andrade
 
 
Imagem
 
 

'Não há explicação para a construção cuja arquitetura figuraria bem num conto de Kafka' , acrescenta Marcia Tiburi

 

247 – "O bunker da Damares é mais uma prova da perversão política e moral que foi o governo de Bolsonaro com ministros delinquentes. Não há explicação para a construção cuja arquitetura figuraria bem num conto de Kafka, mas infelizmente foi a realidade do Brasil sob o fascismo", escreve a professora e filósofa Marcia Tiburi, em seu Twitter.

Trabalhadores do Ministério dos Direitos Humanos descobriram a existência de um bunker próximo ao gabinete que, até 2022, era ocupado por Damares Alves. A sala apresenta fechadura eletrônica, paredes reforçadas, isolamento acústico e um cofre para armazenamento de armas, informa a coluna do Guilherme Amado do portal Metrópoles.

Segundo documentos obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação, a reforma do local foi solicitada em abril de 2021 pelo policial rodoviário federal Marco Aurélio Baierle, chefe da segurança da ex-ministra.

De acordo com Amado, “o policial rodoviário cobrou sete condições para a nova sala. Entre elas, isolamento acústico; fechadura digital biométrica; saída de ar-condicionado independente; cofre para guardar armas e documentos; fragmentadora de papel; e cama". A obra secreta e escandalosa levou nove meses para ser concluída. Nesse meio tempo, o policial rodoviário federal fez mais um pedido: ressaltou que "o isolamento acústico deveria impedir que sons dentro da sala fossem escutados fora dela. O parâmetro cobrado foi o ‘nível da fala”. 

Encontraram o bunker vazio. 

 
07
Abr23

Dez anos da ascensão fascista

Talis Andrade

 

nazismo aroeira .jpeg

 

 

Não superaremos o ódio e a violência que dele deriva, se os líderes e assassinos continuarem tendo lugar de fala

 

por Marcia Tiburi

Esses 10 anos da ascensão fascista, marcada pelo avanço do discurso de ódio e de práticas de ódio, foi a década da violência física e simbólica contra instituições e pessoas. A violência parece ter saído do controle. Toda violência é disruptiva, mas, nesse momento, parece haver algo mais em jogo. 

Bolsonaro governou usando a violência e a ameaça, ela mesma uma forma de violência. E deixou um legado de violência. O massacre de crianças na creche de Blumenau é efeito disso. Os ataques às escolas fazem parte da propagação da cultura do ódio que serve aos interesses de grupos políticos que assaltam as democracias do mundo. 

O golpe de 2016 foi uma complexa violência contra a democracia e, portanto, contra o povo que dela depende para ter direitos assegurados, e até hoje esse trauma não foi elaborado. Atualmente, segue o trabalho do ódio, que teve um pico simbólico quando Bolsonaro elogiou seu ídolo torturador e, dois anos depois se tornou presidente, não apesar disso, mas justamente por isso. 

O ódio é uma energia psíquica compensatória e funciona como combustível inflamável. Aquele que odeia se sente realizado. Manipulado por grupos que visam o poder, o ódio é o ópio do escravo na internet. O ódio é o novo capital. Por trás de odiadores voluntários, que ganham a sensação de existir e uma estranha cidadania digital através do ódio, há um agitador profissional ganhando dinheiro para atiçar otários. 

O MBL, Bolsonaro e assemelhados, implantaram o ódio no Brasil de modo sorrateiro. Steve Bannon, incensado pela Folha de São Paulo há pouco dias, é o mentor intelectual e publicitário da extrema-direita pelo mundo afora. A estratégia de implementação do ódio foi publicitária e continua ecoando. O consumo do ódio no contexto do consumismo da linguagem nas redes (a repetição de clichês por seres humano e robôs) é o método para avançar no poder econômico e político há anos. 

Não superaremos o ódio e a violência que dele deriva, se os líderes e assassinos continuarem tendo lugar de fala e de expressão como se o fascismo fosse algo normal e aceitável. A imprensa que hoje diz para não dar espaço ao assassino de Blumenau, deu um dia espaço a Bolsonaro e ajudou a criar tudo isso. Essa imprensa dá espaço a Steve Bannon. Importante estancar o processo, mas não sem que a responsabilidade seja assumida. E precisamos saber que onde há hipocrisia não pode haver responsabilidade. 

Ataques a escolas, crianças e professores vêm sendo cada vez mais habituais desde o governo da incitação ao ódio que foi o de Bolsonaro. Em estado de choque, nos perguntamos sobre a natureza do ódio que leva alguém a matar crianças pequenas em uma creche. A resposta é mais que difícil, ela é insuportável e exige responsabilidade: estamos diante da violência pura, sem freios, terrorista. 

O objetivo é o pânico social. A hora é de recolher as armas e investir na educação, na cultura e na comunicação para além do capital. Não haverá paz enquanto o discurso de ódio não for estancado e para isso, os meios de comunicação, que são também meios de produção da linguagem de ódio precisam assumir uma postura ética que até agora parece não estar em pauta.

aroeira nazista bolsonaro.jpeg

25
Jan23

Delírio de ódio

Talis Andrade
www.brasil247.com -

 

Sobre o ódio às imagens da dor

 

por Marcia Tiburi

- - -

Nos últimos dias, duas ordens de imagens tomaram conta das redes sociais. 

Uma foi a imagem estampada na capa de um jornal de grande circulação na qual um vidro estilhaçado era justaposto à imagem de um homem sugerindo que ele havia sido atingido no coração por um tiro. 

A imagem impactante carregava uma marca de ódio. Esse ódio é confirmado no clima de ameaça de morte contra esse homem, a saber o presidente Lula, conforme circula nas redes fascistas pelo Brasil afora. 

 
 
 
Image
 
 
 

Alguns alegaram não ver nada demais na foto e sugeriam que a foto é que era objeto de ódio. A autora da montagem, certamente não tinha a intenção de provocar ou receber ódio. Apesar disso, a imagem continha ódio, objetivamente, e poderia suscitar ódio no contexto em que o ódio é um fator politico indelével em nossa época.

O jornal que escolheu a referida fotomontagem para servir de capa certamente calculou sobre o seu impacto. Podemos falar da ausência de má intenção da fotografa, já do jornal, não. 

Porém, aprendemos com isso que uma imagem pode conter ódio mesmo quando quem a produziu e quem a viu não desejaram isso. 

Vivemos numa sociedade de administração do ódio e do medo, da inveja e do ressentimento e raramente esses sentimentos estão livres de mediações e estímulos. Eles não são naturais como muitos imaginam. Os efeitos desses afetos e posições podem ser danosos, mas bem compreendidos podem ser também fonte de conhecimento. 

O ódio pode gerar ódio, mas pode também gerar críticas que podem ajudar a fazer de sua experiência essa fonte de conhecimento. Portanto, entender o ódio pode ser um caminho para que o ódio não se repita. 

O ódio que vira objeto de conhecimento é um ódio dialético e remete à sua superação. 

Na contramão, o ódio absoluto é aquele em torno do qual nada se aprende. 

Trata-se de um ódio sobre o qual é difícil conversar porque esse ódio produz emudecimento. Digo isso, pensando em como compreender e superar o ódio quando ele se torna bruto. 

Ora, um ódio brutal surgiu diante de uma outra ordem de imagens, aquelas das pessoas indígenas consumidas pela fome. 

 
 
 
Image
 
 
 

Essas imagens que deveriam gerar compaixão geraram um ódio sem negociação. 

Esse ódio veio de pessoas que negam aquilo que todos veem, a saber, a verdade. 

As crianças morrendo de fome não faz os odiadores acordarem de seu delírio de ódio. 

Sabemos que o ódio não será superado diretamente pelo amor, mas pelo diálogo. 

E se não há espaço para o diálogo, o que se pode fazer? 

Talvez uma pergunta aos corações embrutecidos: por que odiar imagens de pessoas em sofrimento? 

Como não sentir compaixão de quem tem fome? 

O que pode ter acontecido a quem perdeu a capacidade de sentir o sofrimento dos outros? 

17
Jan23

Terrorismo popular: uma reflexão sobre o fascismo doméstico

Talis Andrade

Falta pegar os financiadores

www.brasil247.com - { imgCaption }}

 

Todos os sujeitos esvaziados de sua subjetividade serão seduzidos para o terrorismo popular

 

por Marcia Tiburi

Como conviver dentro ou fora de casa com fascistas que se tornaram terroristas e que depois de dias na prisão, são capazes de voltar sem nenhuma reflexão ou questionamento, senso de responsabilidade ou arrependimento? 

O que dizer a pessoas que continuam em delírio autoritário?

Como tratar quem, tendo sido traído por líderes diversos, fossem capitalistas financiadores, militares supostamente protetores, fosse o líder autoritário que, na verdade, não passava de um covarde, perdeu o chão e a razão e continua sem perceber ou sem querer assumir o próprio erro? 

A personalidade autoritária continua intacta e produzindo efeitos. O fascismo está a plenos pulmões com seu grito de morte e precisa ser parado antes que todos os seres sejam atingidos por seu vírus alienante e devorador de almas. 

Ao mesmo tempo, diante da catástrofe há quem insista em falar em populismo evitando, assim, o termo fascismo. Alegam que é preciso evitar exagero. Diga-se, a propósito, que o “apelo ao exagero no discurso do outro” é uma das falácias das mais comuns quando se quer amenizar um assunto ou, para usar um clichê, tapar o sol com a peneira. 

Com a invasão bárbara e a destruição dos prédios dos poderes republicanos em Brasília em 8/01 tornou-se evidente que o fascismo avançou para uma nova fase em que o terrorismo de Estado, composto de violência simbólica e física contra o povo, deu lugar ao que podemos chamar de terrorismo popular. 

Antes, Bolsonaro tocava o terror, contra os outros e contra os seus. Contra os outros através da política de choque, da ameaça, da chantagem econômica, do lançamento das pessoas na fome e na morte. 

Contra os seus, como um vaqueiro puxando o berrante para conduzir o gado, ou, se preferirmos uma metáfora mais literária e fantástica, sempre podemos lembrar o flautista de Hamelin que também conduz os ratos, mas direto para o abismo. 

Os próprios enfeitiçados decidiram tocar o terror confiando que estavam amparados por poderosos que se tornam cada vez mais imaginários, sejam financiadores que se escondem, sejam militares que não vem salvar ninguém, seja o líder autoritário e falastrão, que sempre foi, principalmente, um vagabundo e um covarde, que pretendia apenas se dar bem e promover os próprios filhos, tão monstruosos quanto ele. Prova disso é que fugiu e, no exterior, fingiu estar doente para tentar não ser extraditado. 

Há anos, um livro escrito por uma professora de filosofia - obrigada a exilar-se por ter irritado a extrema-direita brasileira e ter sido por ela perseguida e ameaçada - alertava sobre a implantação do fascismo no Brasil. A professora foi chamada de exagerada ao propor uma reflexão sobre o fenômeno do fascismo.  

Naquele época o assunto girava em torno da qualidade da relação que se desenvolveria com os fascistas que eram ao mesmo tempo, familiares. Ao enunciar “Como conversar com um fascista” a professora tocava no problema que muitos precisam enfrentar ainda hoje quando os velhos fascistas que tomaram o Brasil começando a se reproduzir desde 2014 (ano da criação do MBL, cujos membros são conhecidos por sua defesa de um partido fascista) voltam para casa depois de terem sido indiciados como terroristas. 

O problema continua atual. As subjetividades autoritárias continuam em ação e autorizadas pelos agentes do caos, os agitadores fascistas que lucram com a lavagem cerebral dos outros. Os poderosos continuarão a investir no populismo fascista e, para isso, precisam investir também na lavagem cerebral da população. Cada um é transformado em robô através da oferta de um gozo do mal e do sofrimento, seja do outro, seja de si mesmo. Todos os sujeitos esvaziados de sua subjetividade serão seduzidos para o terrorismo popular. E serão lançados por seus condutores no abismo.

O único jeito de evitar isso é produzindo consciência, resgatando do delírio e esse é trabalho para muitas gerações. Os vários governos que existirão no Brasil, terão que trabalhar para isso. A nós, meros cidadãos e cidadãs, cabe criar espaços e tempos democráticos e uma poético-política que possa nos garantir o sentido da convivência e da existência em sociedade, apesar de toda a adversidade que há no mundo humano.

#DesmonetizaJP

www.brasil247.com - { imgCaption }}

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2023
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2022
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2021
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2020
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2019
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2018
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2017
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub