Olavo de Carvalho foi um nazista insano, ressentido e malvado. Que a ralé celebre o seu pornô-filósofo, seu profeta da guerra e da intolerância em paz
por Pedro Maciel
Um registro. O adjetivo “porno-filósofo” não é criação minha, gostaria que fosse, é do advogado e jornalista Helvécio Cardoso, um estudioso de Hegel, que não se apresenta como filósofo.
Olavo Luiz Pimentel de Carvalho não era filósofo, pois um filósofo é um criador de doutrinas e ele não deixou uma obra sistemática, conceitualizante, não alargou a fronteira do saber racional, não fez nada além de enganar incautos e incultos.
Pode ser que Olavo de Carvalho – que desafortunadamente, para nós campineiros, nasceu aqui em Campinas - conhecesse a obra de alguns grandes filósofos, mas isso não faz de ninguém um filósofo.
Olavo de Carvalho não foi digno do honroso título de filósofo, não porque não tinha formação universitária, mas porque não desenvolveu um pensamento doutrinário, uma reflexão filosófica lógica e conceitualizante.
Tudo que ele fez foi, grosseiramente, apresentar suas opiniões, meras opiniões, carentes de conceito e vazias de conteúdo. De um filósofo se exige rigor lógico e elevação ao universal. Não temos nada disso na sua“obra”.
Helvécio Cardosoescreveu: “sabe-se que Olavo de Carvalho começou como crítico literário. Seus principais livros, ..., são gritos de um polemista feroz, rancoroso e exibicionista, ostentando erudição para provar que tem mais valor intelectual do que a elite acadêmica que o ignora e marginaliza”.
Marginalizado na academia Olavo de Carvalho criou um curso de Filosofia pela internet, ministrou aulas e palestras com viés reacionário e, a partir daí, passou a ser um agitador de extrema direita e propagandista de constrangedoras teorias conspiratórias de origem nazista.
Era obcecado pelo “marxismo cultural”,pela tal “Nova Ordem Mundial”, pelo “Foro de São Paulo” e por “conspirações satânicas”, as quais, segundo ele, buscam o controle do mundo e a escravização dos indivíduos (essas suas“paixões” poderiam ter sido direcionadas à carreira de roteirista de filmes pós-apocalípticos, talvez ganhasse dinheiro honestamente e não fizesse mal às pessoas e ao Brasil).
Mas o que é o tal “marxismo cultural”? É uma narrativa nazista que tem raízes no termo de propaganda nazista “Bolchevismo Cultural”, ou seja, é de orientação totalitária.
O “marxismo cultural”é uma teoria da conspiração antissemita de extrema-direita que seria a base de alegados esforços acadêmicos e intelectuais contínuos para subverter a cultura ocidental.
Segundo essa teoria da conspiração há uma elite de teóricos marxistas e intelectuais da Escola de Frankfurt, que buscam subverter a sociedade ocidental com uma guerra que minaria os valores cristãos do conservadorismo tradicionalista; essa “guerra” promoveria os valores culturais do multiculturalismo, da contracultura da década de 1960, da política progressista e politicamente correta (falseada como política identitária criada pela teoria crítica).
A teoria da conspiração da existência de uma guerra cultural marxista é promovida por políticos de direita, líderes religiosos fundamentalistas, comentaristas políticos na grande imprensa e televisão, e terroristas, supremacistas brancos e imbecis de todo gênero, mas análise académica concluiu que não há nenhuma base real nessa narrativa.
Se nossos líderes entenderem que o uso das redes sociais e dos tais algoritmos são decisivos em 2022, Bolsonaro haverá de perder as eleições, mas o olavobolsonarismo seguirá sua sanha destruidora por muito tempo ainda, pois no Brasil, além de Olavo de Carvalho, há outros delinquentes delirantes como Marcel Hattem, o Instituto Liberal, um imbecil batizado chamado Rodrigo Constantino, além do Instituto Millenium, fuja deles.
Olavo, criminosamente, negou a existência da pandemia, afirmou que o coronavírus era "a mais vasta manipulação de opinião pública que já aconteceu na história humana”, foi crítico da vacinação, da proteção pessoal com a utilização de máscara e dolockdown.
Acadêmicos reconhecem, na sua confusa e desorganizada bagagem livresca, ausência de rigor ou preocupação com a probidade intelectual.
Num vídeo sobre Hegel Olavo escancara a sua ignorância, tratou a categoria “tese-antítese-síntese” como hegeliana, mas ela não pertence à filosofia de Hegel, mas à de Johann Gottlieb Fichte, filósofo alemão pós-kantiano, mas não faz parte do vocabulário de Hegel as expressõestese-antítese-síntese.
Olavo de Carvalho leu e tirou muito proveito de um livro do filósofo alemão Arthur Schopenhauer intitulado “Como Vencer um Debate Sem Precisar Ter Razão”. Olavo passou a orientar seus discípulos a desqualificar seus oponentes como método. Olavo orientou seus seguidores a insultar, a usar contra seus adversários todo o repertório de falácias listadas pela Lógica, a abusar da heurística, que é o argumento desleal, o “chute na canela”, o “soco na cara”, a arte de inventar fatos.
Com Olavo de Carvalho, o debate civilizado virou pugilato verbal, a intolerância entrou no lugar da elegância, o insulto tornou-se argumento válido e os maus modos convertidos em virtude.
Toda essa ausência de decência fez dele o profeta da ralé, ídolo dos boçais reacionários — onde ele encontrou seus prosélitos.
O termo ralé deve ser compreendido no sentido de Hannah Arendt, que, em “As Origens do Totalitarismo”, desenvolveu o conceito. Na perspectiva arendtiana, o papel da ralé [mob] se desenvolve por meio de manifestações em torno do antissemitismo e do reforço ao crescimento do movimento totalitário.
Essa é a herança maldita de Olavo.
Olavo de Carvalho foi um nazista insano, ressentido e malvado; ver e ouvir Olavo de Carvalho fumando compulsivamente, xingando, falando palavrões é deprimente, ele nunca foi um intelectual sério.
Que a ralé celebre o seu pornô-filósofo, seu profeta da guerra e da intolerância em paz, mas sem busto “sem custo”, o que, em se tornando realidade, apenas envergonhará nossa Campinas, berço histórico dos ideais republicanos e democratas.
Indicado por Carvalho para o posto, ocupava até então a chefia do Departamento dos Estados Unidos, Canadá e Assuntos Interamericanos do ministério. Aos 51 anos, é um dos mais jovens chanceleres da história do país.
Em artigo na revista The New Criterion, Araújo diz que Olavo "talvez tenha sido a primeira pessoa no mundo a ver o globalismo como um resultado da globalização, a entender seus propósitos horríveis e a começar a pensar sobre como derrubá-lo". Após a posse do chanceler, Olavo disse que o discurso do discípulo – que misturou citações em grego e tupi a menções a Raul Seixas e à banda Legião Urbana – "tem, desde já, um lugar garantido em qualquer antologia séria dos grandes discursos brasileiros".
Filipe Martins, assessor da Presidência para Assuntos Internacionais
É considerado por Olavo um dos seus alunos mais brilhantes. Aos 31 anos, desempenhará papel equivalente ao que o professor Marco Aurélio Garcia (1941-2017) tinha nos governos Lula e Dilma.
Nascido em Sorocaba (SP) e formado em Relações Internacionais na Universidade de Brasília (UnB), é diretor de assuntos internacionais do PSL. Para ele, "não é possível compreender o nascimento (ou renascimento) do conservadorismo brasileiro, ou a ascensão do antipetismo, sem considerar o impacto" da obra de Olavo.
Ele costuma comparar o mestre a um hápax legómenon (expressão de origem grega que designa palavras ou ideogramas que aparecem uma única vez na literatura de um determinado idioma), "um personagem tão singular no contexto cultural em que está inserido que acaba por se tornar indecifrável para seus pares".
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Ricardo Vélez Rodriguez, ministro da Educação
Também indicado por Olavo para o posto, nasceu na Colômbia há 75 anos. Segundo o filósofo, Vélez é, "no mundo, a pessoa que mais entende de pensamento político-social brasileiro". Foi membro do Instituto Brasileiro de Filosofia, fundado pelo jurista e filósofo Miguel Reale, e é considerado por Carvalho um dos maiores pensadores da história do Brasil.
Escreveu livros sobre assuntos diversos, como o conflito armado na Colômbia, o governo Lula e a obra do economista John Maynard Keynes. Antes da nomeação, Vélez vivia em Londrina (PR) e dava aulas na Faculdade Positivo. No discurso de posse, disse que sua gestão se inspirará "em dois grandes educadores", Olavo de Carvalho e Antonio Paim. "Deles emergem a inspiração liberal e conservadora de nossas propostas educacionais."
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Carlos Nadalim, secretário de Alfabetização do Ministério da Educação (MEC)
Também aluno do Curso Online de Filosofia (COF) de Carvalho, Nadalim era até a nomeação coordenador pedagógico da escola infantil Mundo do Balão Mágico, em Londrina (PR), e mantinha um blog com dicas sobre a educação infantil.
Em 2015, Olavo escreveu no Facebook que Nadalim havia feito mais pela educação brasileira "do que todos os iluminados do MEC juntos" ao desenvolver um método para alfabetizar crianças em casa. Nadalim diz que as técnicas já foram usadas por 2.758 pais e mães.
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Murilo Resende Ferreira, diretor de Avaliação da Educação Básica do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) do MEC
Aluno de Carvalho desde 2009, a quem se refere como "meu grande professor", é doutor em economia pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e integra o movimento Escola Sem Partido. No MEC, supervisionará a elaboração do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Em audiência pública em 2016, Ferreira disse que educação brasileira vive sob uma "ditadura marxista", na qual crianças são expostas a teorias que promovem o incesto e a pedofilia. Foi membro do MBL (Movimento Brasil Livre), mas deixou o grupo após divergências.
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Adolfo Sachsida, secretário de Política Econômica do Ministério da Economia
Ex-pesquisador do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e doutor em Economia pela Universidade de Brasília (UnB), tornou-se aluno de Olavo há 14 anos. "Foi como encontrar a luz em meio às trevas", ele relatou no Facebook.
Em 2016, Olavo e Sachsida gravaram um vídeo em que comentaram temas como a "doutrinação ideológica" nas escolas e riscos que eles atribuíam à presença de muçulmanos na "onda migratória na Europa e no Brasil".
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CÂMARA DOS DEPUTADOS
Bia Kicis (PRP-DF), deputada federal
Eleita pela primeira vez em 2018, é procuradora aposentada e se refere a Olavo como "nosso querido Mestre". Para ela, o filósofo "é um grande Pai de muitos brasileiros, que despertaram por meio de seu conhecimento e de sua generosidade".
Durante a campanha, Olavo gravou um vídeo dizendo que, caso fosse eleitor do Distrito Federal, votaria em Kicis, que também frequentou seu Curso Online de Filosofia (COF). Ela ganhou projeção entre a "nova direita" ao militar nos últimos anos em movimentos contra o PT e pelo impeachment de Dilma Rousseff.
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Joice Hasselmann (PSL-SP), deputada federal
Jornalista, Joice teve sua candidatura apoiada publicamente por Olavo e foi a mulher mais votada da história na eleição para a Câmara. "Vou apoiá-la até a morte, ela é antimídia, condensa em si a verdade do jornalismo brasileiro, que foi sufocada por todos esses bandidos ao longo de várias décadas", afirmou o filósofo.
Joice agradeceu o endosso, definindo Olavo como um "parceiro, leal, amigo, protetor, além de um GÊNIO". "Você conhece meu coração e sabe que não vamos te decepcionar!", afirmou.
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Paulo Martins (PSC-PR), deputado federal
Também jornalista, foi eleito em 2018 ao concorrer pela segunda vez para a Câmara. É aluno de Olavo, que ele considera "o grande responsável pelo início da reação cultural do Brasil".
Quando era comentarista do Jornal da Massa, transmitido pelo SBT no Paraná, Martins recomendou no programa o livro O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota, de Olavo. Na ocasião, definiu o filósofo como "um homem de inteligência absolutamente sublime e argumentação acachapante".
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Marcel van Hattem (Novo-RS), deputado federal
Formado em Relações Internacionais na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e mestre em Ciência Política, Hattem também atuou como jornalista antes de ingressar na política, em 2004, como vereador em Dois Irmãos (RS).
Em 2018, elegeu-se deputado federal pela primeira vez. Aluno de Olavo, diz que o filósofo foi o responsável por seu "despertar político", tendo descrito "como as doutrinas revolucionárias e os partidos totalitários, socialistas e comunistas, levariam nosso país ao ponto em que chegou". Em 2016, o filósofo elogiou o discípulo. "Por que acho o Marcel van Hattem um sujeito sério? Porque antes de se meter na política federal ele derrotou a esquerda na sua universidade – e pagou alto preço por isso."
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Carla Zambelli (PSL-SP), deputada federal
Gerente de projetos, candidatou-se pela primeira vez em 2018. Aproximou-se de Olavo enquanto militava no Movimento nas Ruas, que ganhou projeção nos protestos contra o governo Dilma Rousseff. Em 2017, Olavo, Zambelli e o músico Lobão gravaram um vídeo em defesa da liberação da posse de armas.
Até conhecer o filósofo, em 2011, Zambelli diz que "não era nem de direita nem de esquerda, só contra a corrupção". O contato com Olavo fez com que ela percebesse a afinidade com seus valores. "Não é que virei conservadora, eu me identifiquei com as coisas que ele falava."
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