Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

O CORRESPONDENTE

23
Jan23

Lula inicia a volta do Brasil ao cenário internacional a partir da Argentina

Talis Andrade

Presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva acompanhado pelo Ministro das Relações Exteriores da Argentina Santiago Cafiero na sua chegada em Buenos Aires, em 22 de janeiro de 2023.
Presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva acompanhado pelo Ministro das Relações Exteriores da Argentina Santiago Cafiero na sua chegada em Buenos Aires, em 22 de janeiro de 2023. AFP - IRINA DAMBRAUSKAS

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva começa nesta segunda-feira (23) na Argentina uma visita oficial durante a qual vai relançar o vínculo estratégico com a Argentina, ponto de partida para a reinserção do Brasil como ator global. O novo governo procura recuperar o terreno perdido durante a gestão anterior com vários projetos entre os quais um gasoduto que transporte gás da Argentina ao Brasil, dinamizando as duas economias. Lula pode também ter reunião com o venezuelano Nicolás Maduro.

A viagem do presidente Lula à Argentina marca o retorno do Brasil à tradição bilateral de que o novo presidente de um país tenha o vizinho como primeira escala internacional, uma tradição iniciada em meados de 1980, quando Brasil e Argentina se tornaram o eixo da integração regional.

Esse vínculo estratégico foi interrompido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro em 2019, quem também deu as costas aos demais países vizinhos, isolando o Brasil na região.

Durante os últimos três anos, desde que Alberto Fernández assumiu o poder, Bolsonaro não visitou a Argentina por razões ideológicas, irritado desde que Alberto Fernández visitou o amigo Lula na prisão em Curitiba em 2019.

Para o Brasil, a inserção internacional brasileira ganha projeção ao ter integrado um sócio relevante como a Argentina. Por sua vez, a inserção internacional da Argentina passa pela aliança estratégica com o Brasil. A visita de Lula restabelece o vínculo bilateral mais importante para o Brasil, aquele que lhe permite liderar uma região.

“A visita de Lula implica um restabelecimento do vínculo bilateral e um papel de liderança do Brasil. Lula representa a normalização dos vínculos bilaterais entre os dois sócios estratégicos, depois do rompimento por parte da gestão de Jair Bolsonaro dessa tradição da política externa brasileira”, avalia à RFI o cientista político, Sergio Berensztein, uma referência na Argentina.

 

Soberania energética

 

Os dois países vão assinar entendimentos em matéria de soberania energética, integração financeira, defesa, saúde, ciência, tecnologia e inovação, além de um acordo de cooperação Antártico.

O mais estratégico a médio prazo é o de soberania energética que prevê a construção de um gasoduto entre a reserva patagônica de Vaca Muerta, a segunda maior jazida de gás de xisto e a quarta de petróleo não-convencional do mundo, até o Sul do Brasil.

A guerra na Ucrânia gerou oportunidades e urgências em matéria energética. Em Vaca Muerta, há suficiente gás para abastecer toda a Europa. Porém, faltam à Argentina recursos financeiros para construir um gasoduto e uma planta que permita exportar essa energia.

A Argentina também se entusiasma com o mercado brasileiro, enquanto o Brasil tem interesse em garantir a sua segurança energética, diminuindo a dependência do gás boliviano.

Para isso, a Argentina quer que o Brasil financie, através do BNDES, a construção do gasoduto. O que mais aparece avançado, no entanto, é o papel do BNDES como financiador dos canos de aço para o gasoduto. Esses canos são produzidos no Brasil pela empresa argentina Techint. O Brasil financiaria essas exportações à Argentina.

Essa obra estratégica dinamiza a economia dos dois países e gera um grande interesse entre os empresários.

“Interessa ao Brasil o gasoduto de Vaca Muerta até o Sul do Brasil, criando uma alternativa ao gás da Bolívia e barateando custos. Há muitos negócios que surgem a partir disso. Esse abastecimento tem potencial para ser um dos eixos estratégicos da relação bilateral”, indica Sergio Berensztein.

Lula chegou a Buenos Aires no domingo, 22 de janeiro de 2023, para se reunir com o presidente argentino Alberto Fernández e participar da Cúpula da Celac. Na foto, com sua mulher Rosangela "Janja" da Silva e o chanceler argentino, Santiago Cafiero.
Lula chegou a Buenos Aires no domingo, 22 de janeiro de 2023, para se reunir com o presidente argentino Alberto Fernández e participar da Cúpula da Celac. Na foto, com sua mulher Rosangela "Janja" da Silva e o chanceler argentino, Santiago Cafiero.AFP - IRINA DAMBRAUSKAS

Moeda comum

O capítulo mais polêmico se relaciona à chamada integração financeira. Haverá um memorando de entendimento para começar a estudar a possibilidade de uma moeda em comum, além de outros instrumentos financeiros compartilhados.

O lado polêmico está na confusão entre moeda em comum e moeda única. Uma moeda única significaria substituir o real brasileiro ou o peso argentino por outra moeda, a exemplo do euro na União Europeia. Esse projeto não aparece no horizonte.

No caso de uma moeda em comum, a ideia passa por uma unidade virtual de valor que diminua o uso e a dependência do dólar. Essa unidade seria uma referência para operações de importação e de exportação no comércio bilateral. Uma unidade que surgiria na hora de fazer a compensação comercial. O projeto é ainda embrionário.

As reservas do Banco Central argentino são escassas. Diante da falta de dólares, a Argentina tenta avançar com qualquer projeto que traga alívio. Um deles remete à possibilidade de um mecanismo de “swap”, um intercâmbio de moedas, entre peso e real, nas operações comerciais com o Brasil. É um mecanismo entre Bancos Centrais ao que a Argentina poderia recorrer se ficasse sem dólares para as importações vindas do Brasil.

“Trata-se de uma moeda essencialmente contábil e aplicável ao comércio bilateral Brasil-Argentina, afastando a necessidade de usar dólares americanos que, para a Argentina sobretudo, é crucial, devido à carência de reservas internacionais no Banco Central. Os acordos financeiros e econômicos realizados entre os dois países e pactados em dólares passariam a essa moeda virtual”, explica à RFI o analista internacional argentino, Jorge Castro.

“Na Argentina, existe uma expectativa de que com a chegada de Lula ao poder, existem chances concretas de uma dinâmica de cooperação para melhorar a situação das reservas, mas tanto o ‘swap’ quanto a ‘moeda comum’ não parecem realizáveis a curto prazo”, observa Berensztein.

 

Agenda pode incluir Nicolás Maduro

 

O presidente Lula estará na Casa Rosada com o presidente Alberto Fernández no final da manhã desta segunda-feira, onde vão assinar todos esses entendimentos e explicá-los à imprensa.

Na parte da tarde, ainda na Casa Rosada, haverá um encontro com referentes de organismos de Direitos Humanos na Argentina e uma reunião com cerca de 300 empresários, sendo 50 deles brasileiros.

Essa elevada quantidade de empresários indica a expectativa de retomada de negócios entre os dois países, a partir da maior sintonia entre os presidentes Lula e Alberto Fernández.

Lula deve ter uma reunião com a vice-presidente Cristina Kirchner, antes de um evento à noite cultural com artistas argentinos e brasileiros.

É possível que Lula se reúna ainda nesta segunda-feira (23) com o venezuelano Nicolás Maduro, mas o mais provável é que a reunião aconteça nesta terça-feira (24) no final da reunião de Cúpula da Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos (CELAC). Também haverá uma bilateral com o cubano Miguel Díaz-Cané.

Brasil e Venezuela estão próximos de restabelecerem relações diplomáticas com a reabertura da Embaixada do Brasil em Caracas, depois da ruptura durante o governo Bolsonaro.

15
Jan23

Las Mercedes, o bairro de Caracas que virou epicentro do boom de luxo e capitalismo da Venezuela

Talis Andrade
  • Norberto Paredes
  • BBC News Mundo
Fotografia aérea de um bairro cheio de prédiosO bairro de Las Mercedes, cada vez mais tomado de prédios, em Caracas
 

Cai a noite na capital venezuelana e uma roleta com centenas de dólares em fichas gira velozmente em um hotel de luxo na zona leste de Caracas.

Os rostos dominados pela ansiedade acompanham a roleta, imóveis por alguns segundos, até que ela para de girar e um jovem solta um grito de alegria: ele acaba de ganhar US$ 500 (cerca de R$ 2,6 mil).

No outro lado da mesa, uma mulher elegante com cerca de 50 anos de idade franze rapidamente o nariz, hesita por dois segundos e aposta mais US$ 200 (cerca de R$ 1,03 mil).

Boa parte da capital venezuelana já descansa, protegendo-se da insegurança de Caracas. Mas a noite no bairro de Las Mercedes está apenas no começo.

Depois de muitos anos de decadência, devido à forte crise econômica do país, a agitada vida noturna desta região tranquila da capital conseguiu renascer, em parte, graças à liberalização e à economia que, na prática, foi dolarizada e volta a permitir os investimentos privados, ainda que ampliando as desigualdades do país.

"Las Mercedes era uma bolha dentro de uma bolha", afirma Darwin González, político de oposição ao governo do presidente Nicolás Maduro e prefeito de Baruta, o município de Caracas onde fica Las Mercedes.

"Ela se tornou uma região privilegiada que não se parece em nada com o resto da Venezuela. Algumas pessoas vão a Las Mercedes e sentem uma distorção da realidade venezuelana", admite ele à BBC News Mundo, o serviço em espanhol da BBC.

O prefeito chegou a afirmar que há "vários anos" não recebe relatos de criminalidade na região. Caracas é conhecida por ser uma das cidades mais violentas do mundo.

Imune à crise

Há mais de uma década, a Venezuela está mergulhada em uma crise social e econômica, que fez com que o seu Produto Interno Bruto (PIB) fosse reduzido em mais de 75% entre 2013 e 2021. A crise levou mais de sete milhões de venezuelanos ao exterior, em busca de um futuro melhor.

Mas, em Las Mercedes, é possível observar sinais da nova situação econômica do país.

Com a dolarização extraoficial, voltaram a surgir restaurantes de luxo e inúmeras lojas com marcas internacionais que estavam ausentes do país apenas quatro ou cinco anos atrás. E vários edifícios empresariais e residenciais de luxo continuam sendo construídos em diversos pontos do bairro.

"Las Mercedes tornou-se o epicentro cultural, econômico e financeiro dos caraquenhos e da Venezuela", afirma o prefeito.

No início do século 20, Las Mercedes era um bairro residencial, formado principalmente por sobrados. Mas, desde o final dos anos 1990, as casas foram progressivamente dando lugar a lojas e restaurantes.

Outras modificações posteriores da legislação permitiram aumentar a altura das construções e a densidade populacional. Estas medidas fizeram com que, pouco a pouco, Las Mercedes fosse consolidando-se como uma "zona rosa" da capital, com sedes de empresas, centros comerciais e locais de diversão.

Embora a crise tenha também afetado esta região, foram construídos em Las Mercedes na última década cerca de dez projetos arquitetônicos, como a Torre Sena, com 19 andares de "escritórios de luxo", e o colossal Centro Financeiro Madrid, com área total de 30 mil m².

E, nos últimos tempos, tudo se acelerou. No andar térreo da Torre Jalisco, foi aberta em 2021 uma concessionária de carros da marca Ferrari. Seus encarregados não quiseram falar de preços, nem dar entrevistas.

Também foi inaugurada, em novembro de 2022, a Galeria Avanti, uma loja de departamentos de seis andares, com um grande telão no alto do prédio, oferecendo produtos das marcas Balenciaga, Dolce & Gabbana, Versace, Gucci e de outras marcas de alta costura.

Dois dias depois da sua inauguração, encontrei diversos clientes aproximando-se para dar uma olhada, mas muitos deram meia volta discretamente ao observar os preços.

A oferta é variada e os preços são similares aos encontrados em outras capitais latino-americanas. Bolsas custam milhares de dólares e sapatos superam os US$ 500 (cerca de R$ 2,6 mil). São preços inacessíveis para a maioria dos venezuelanos.

O salário mínimo no setor público da Venezuela - o maior empregador do país - é de 130 bolívares mensais (cerca de US$ 10, ou R$ 52). Em março de 2022, o valor equivalia a US$ 30 (cerca de R$ 155).

"É muito bonito, parece que você está em outro país e consegue de tudo", afirma a cliente Yessica Villamizar.

"Existem coisas acessíveis, como produtos de beleza e de cuidados pessoais, mas também há coisas muito caras que nem todos podem pagar", diz Villamizar, que mora em Caracas e comprou dois artigos de maquiagem.

O diretor de comunicações da Avanti, Oswaldo Malpica, afirma que a procura por produtos de luxo aumentou exponencialmente no último ano, paralelamente ao crescimento econômico vivido pelo país depois que a economia chegou ao fundo do poço durante a pandemia de covid-19.

"O caso de Las Mercedes é emblemático por ter se firmado como a zona rosa de Caracas. Agora, todos os negócios voltados ao luxo querem ter presença aqui, seja de roupas, restaurantes ou casas noturnas", afirma ele à BBC News Mundo.

Contraste e desigualdade

Os arranha-céus não param de brotar em toda a região e muitos serão inaugurados nos próximos anos.

Existem edifícios em construção com mais de 20 andares, como as torres Nest, Haya e Victoria. Mas o projeto mais ambicioso talvez seja o Skypark, um arranha-céu inovador de 38 andares. Ele irá abrigar um hotel, pontos comerciais, apartamentos de luxo e um telão externo de publicidade, similar ao da Times Square de Nova York, nos Estados Unidos.

Sua construção é um reflexo da recuperação econômica, em contraste com a situação de grande parte do país.

A Pesquisa de Condições de Vida (ENCOVI, na sigla em espanhol), publicada em novembro de 2022 pela Universidade Católica Andrés Bello, de Caracas, revelou que a pobreza multidimensional diminuiu na Venezuela pela primeira vez em sete anos, mas 58% da população ainda vivia em condições precárias em 2022.

Ao mesmo tempo, a desigualdade aumentou, fazendo da Venezuela o país "mais desigual" da região.

Segundo a pesquisa, a diferença de renda entre o segmento da população mais pobre e o mais rico agora é de 70 vezes. E 40% dos lares de renda mais alta estão em Caracas, que concentra apenas 16% das residências do país.

Adrián Pérez Craig é diretor da imobiliária Peraig, que trabalha com alguns dos projetos de Las Mercedes. Ele afirma que muitos dos edifícios recém-inaugurados estão "quase 100% vendidos e apresentam ocupação de quase 80%". Mas outras pessoas que trabalham nos prédios ou nas redondezas garantem que muitos escritórios permanecem desocupados.

O especialista em imóveis explica que muitos empresários compram escritórios como investimento, para proteger seu dinheiro da inflação galopante, à espera de que os preços dos imóveis aumentem, depois da queda violenta durante a pandemia.

Segundo os números do Observatório Venezuelano das Finanças (OVF) de novembro de 2022, a inflação anual venezuelana foi de mais de 200% - uma das mais altas do mundo.

Pérez Craig afirma que, em 2022, os preços deixaram de cair violentamente, como ocorreu por muitos anos. A queda do setor foi tão grande que um apartamento que, há dez anos, valia mais de US$ 1 milhão (cerca de R$ 5,2 milhões) hoje é oferecido pela metade do preço.

Mas o renascimento do bairro fez voltar o apelido que antes era empregado por vários empresários venezuelanos: "Las Mercedes é como a pequena Manhattan de Caracas". Sua vida noturna vibrante e suas numerosas construções, agregadas ao apogeu do luxo e capitalismo evidente nas suas ruas, assim o demonstram.

"Estão sendo construídos edifícios altos", afirma Pérez Craig. "Não tão altos quanto os de Nova York, é claro, mas, para a Venezuela, é bastante, especialmente devido à situação atual."

"Tivemos anos muito difíceis, que fizeram com que os preços por metro quadrado caíssem significativamente", afirma o prefeito de Baruta, Darwin González. "Isso representou uma boa oportunidade de negócios, pois muitas pessoas sabiam que, cedo ou tarde, a crise econômica terminaria e eles teriam lucro."

"Boa parte de Las Mercedes é um grande investimento de longo prazo", defende Darwin González.

Dinheiro 'bem e mal ganho'

O economista venezuelano Luis Vicente León, presidente da consultora Datanálisis, afirma que o boom atual de Las Mercedes ocorreu por diversos fatores.

"Alguns setores da economia melhoraram no ano passado, como o comércio e a construção", explica ele. "Além disso, o aumento das exportações de petróleo fez com que houvesse mais dinheiro nas ruas."

"Outro ponto que muitas pessoas não entendem é que a classe alta da Venezuela continua sendo relativamente grande e ainda tem muito dinheiro", segundo León.

Um relatório recente da Datanálisis estima que a classe alta venezuelana representa cerca de 2% da população total do país, enquanto a classe média alta totaliza 4%.

"São quase dois milhões de pessoas, mais que a população da região metropolitana da cidade do Panamá, por exemplo", explica o economista. No Brasil, dois milhões de pessoas correspondem à população aproximada da cidade de Curitiba (PR) ou da região metropolitana de Vitória, no Espírito Santo.

León destaca que, entre os venezuelanos com alto poder aquisitivo que frequentam Las Mercedes, existem pessoas que gastam "dinheiro ganho honestamente há décadas" porque têm medo de que seus recursos sejam congelados, além de empresários e políticos vinculados ao governo que sofreram sanções e não podem gastar suas fortunas no exterior. Mas existe também dinheiro proveniente de corrupção.

"O que não é certo é acusar todos os que compram em Las Mercedes de serem corruptos", explica o economista. "Não podemos colocar no mesmo saco os corruptos e os que ganharam dinheiro honestamente."

Segundo o índice de percepção da corrupção da Transparência Internacional publicado em 2021, a Venezuela é o quarto país mais corrupto do mundo, entre as 180 nações pesquisadas.

Os cassinos e a vida noturna

O prefeito de Baruta gosta do apelido de "pequena Manhattan". Ele afirma que se sente "orgulhoso" por ter uma região que pode ser considerada "um exemplo" para o restante do país.

"O município conta com segurança jurídica, planejamento e apoio aos investidores. Por isso, conseguiu certo grau de desenvolvimento", acrescenta ele.

Las Mercedes também foi beneficiada, em 2021, por uma reforma do governo de Maduro, autorizando a abertura de dezenas de cassinos no país - vários deles, neste bairro da capital. O jogo era ilegal na Venezuela há uma década.

O ex-presidente venezuelano Hugo Chávez (1954-2013) havia proibido os cassinos em todo o país, afirmando que eles contribuíam para a deterioração da sociedade. Chávez os comparava com a prostituição e o consumo de drogas.

Além de enriquecer a vida noturna, os cassinos trouxeram mais dinheiro para Las Mercedes. O prefeito afirma que esse dinheiro é usado para investir em setores desfavorecidos do município, alguns deles a poucos quilômetros do bairro.

À meia-noite, alguns dos clientes dos restaurantes de Las Mercedes começam a ir para os bares próximos, misturando-se com o público mais jovem que sai para comemorar. O bairro também passou a ser um ponto central da vida noturna de Caracas, que permaneceu decadente por muitos anos devido à crise e à insegurança.

A caminho das discotecas e dos bares da moda, os caraquenhos mais abastados exibem seus carros esportivos e caminhonetes de último modelo. Pela avenida principal de Las Mercedes, passam Ferraris e Maseratis, roncando seus motores e misturando-se com outros veículos muito mais modestos, alguns do início do século 21.

Parte da diversão noturna concentra-se nos cassinos. Em uma máquina caça-níqueis do cassino do hotel Tamanaco (um estabelecimento cinco estrelas no ponto mais alto de Las Mercedes), um jovem de 21 anos chegou de um bairro pobre no oeste de Caracas com US$ 50 (cerca de R$ 260) e continua apostando, mesmo depois de ganhar US$ 100 (cerca de R$ 520).

"Não havia comida em casa porque minha mãe perdeu o emprego recentemente, por isso vim tentar a sorte", afirma ele, com os olhos fixos na roleta eletrônica.

"Costumo vir aqui e, às vezes, ganho, mas muitas vezes também perco", prossegue ele, acrescentando que está tratando de "não se viciar".

"No oeste de Caracas, também existem cassinos", ele conta, "mas gosto mais de Las Mercedes porque aqui, na zona leste, cada um cuida de si e a experiência e o serviço são mil vezes melhores. É como estar em outro país."

 

 

15
Ago21

“Bolsonaro produz um som estridente cada vez mais alto, mas sem efeito”

Talis Andrade

Mitolândia! | Humor Político – Rir pra não chorar

Cientista política diz que instituições até agora têm conseguido frear o golpismo do presidente, mas alerta: “há sempre risco de ruptura, pois temos um presidente que gostaria de destruir a democracia”

 

 
20
Abr21

Mídia estrangeira critica atuação de Bolsonaro no controle da pandemia

Talis Andrade

 

Segundo os jornais internacionais, o colapso de saúde no Brasil representa uma ameaça a todo o mundo

Mig - Nas últimas semanas, jornais de todo o mundo têm dado destaque, de forma negativa, à atuação do presidente Jair Bolsonarona condução da pandemia, já que o país caminha no sentido oposto do resto do mundo, que dá sinais de melhora e controle da doença.

Segundo a mídia internacional, o colapso de saúde no Brasil representa uma ameaça a todo o mundo. As reportagens destacam, por exemplo, o perigo da variante brasileira do coronavírus, também chamada de P1, se espalhar pelo globo, colocando todos os países em risco.(Imagem: Arte Migalhas: Imagem: Raul Spinassé/Folhapress)

The Guardian, jornal inglês, em artigo intitulado "A visão do Guardian sobre Jair Bolsonaro: um perigo para o Brasil e para o mundo", diz que "a perspectiva de o extremista de direita Jair Bolsonaro se tornar presidente do Brasil sempre foi assustadora. Era um homem com histórico de denegrir mulheres, gays e minorias, que elogiava o autoritarismo e a tortura. O pesadelo se revelou ainda pior na realidade".

De acordo com o folhetim, Bolsonaro permitiu que o coronavírus aumentasse sem controle, atacando as restrições de movimento, máscaras e vacinas. "Mais de 60.000 brasileiros morreram apenas em março", lamenta o texto.

(Imagem: Reprodução)

Washington Post, por sua vez, afirmou que o Brasil "se tornou o maior evento da América do Sul".

"Há uma ansiedade crescente em partes da América do Sul de que P1 possa rapidamente se tornar a variante dominante, transportando o desastre humanitário do Brasil - pacientes adoecendo sem cuidados, um número de mortos disparado - para seus países."

(Imagem: Reprodução)

Já para o Financial Times, Bolsonaro minimizou consistentemente a pandemia e está mais "isolado do que nunca".

"A saída repentina dos generais ocorre em meio a um desastre de saúde pública, com um número recorde de mortes por coronavírus, tornando o Brasil o epicentro global da pandemia. A mudança aprofundou a crise política sobre a oposição teimosa de Bolsonaro aos bloqueios e as ameaças do ex-capitão do exército de usar o exército contra as autoridades locais que tentaram impô-lo."

(Imagem: Reprodução)

Autoridades também se manifestaram

Chefes do Executivo de outros países também fizeram duras críticas ao presidente brasileiro. Nicolás Maduro, da Venezuela, em pronunciamento, disse que a variante brasileira do coronavírus deveria se chamar "Bolsonaro".

"Ele é o culpado por abandonar o seu povo e por ser louco, insensível, um psicopata. Um psicopata! Insensível! Não lhe dói o povo do Brasil. Não lhe dói nada. A ele só interessa sua loucura. Vejam a situação que ele meteu o Brasil e a humanidade. O Brasil é o epicentro mundial das variantes mais perigosas e da expansão do coronavírus. Essa é a verdade."

13
Fev21

A confissão do general

Talis Andrade
23
Jan21

NA PANDEMIA, EXÉRCITO VOLTA A MATAR BRASILEIROS

Talis Andrade

ribs militar.jpg

 

Pazuello e outros generais operam o projeto de Bolsonaro: fazer com que morra um número cada vez maior de pessoas
 
22
Jan21

Bolsonaro não agradece oxigênio; xinga Maduro e mente

Talis Andrade

 (crédito: Divulgação/HUB)

por Fernando Brito

- - -

A live presidencial das quintas-feiras, desta vez, só dedicou atenção à tragédia de Manaus para debochar grosseiramente do presidente venezuelano Nicolás Maduro, que mandou quatro carretas com mais de 100 mil metros cúbicos para Manaus, destinado aos brasileiros que estavam morrendo sufocados .

Se o Maduro quiser dar oxigênio, carne [que] tá sobrando lá, mantimentos, ele é bem-vindo. Afinal de contas, nós recebemos, eu não sei o número certo, dezenas milhares de venezuelanos, fugindo para o Brasil. Depois, tomamos conhecimento que foi a White Martins, empresa sediada na Venezuela [quem fez a doação].

A checagem da Agência France Press, uma das mais respeitadas do mundo é taxativa ao afirmar que, segundo a própria White Martins, nada tem a ver com a empresa: ““Esta ação específica que está sendo divulgada na imprensa de que chegará oxigênio da Venezuela em Manaus […] não tem o envolvimento da White Martins”, disse a porta-voz da empresa, Daniela Melina.

- - -

Nota deste correspondente: Bolsonaro é, realmente, um mito, mitomaníaco. Publica o Correio Braziliense: "Ao contrário do que o presidente disse, porém, o oxigênio recebido pelo Brasil não pertence à White Martins. "Esta ação específica que está sendo divulgada na imprensa de que chegará oxigênio da Venezuela em Manaus (...) não tem o envolvimento da White Martins", disse a porta-voz da empresa, Daniela Melina, na terça-feira (19/1). O governo de Manaus também confirmou que se trata de uma doação do país vizinho. "O oxigênio foi doado pelo governo do estado venezuelano de Bolívar. O governador de Bolívar, Justo Nogueira, foi quem entrou em contato com o governador Wilson Lima se colocando à disposição para doar", afirmou em nota. Manaus recebeu cinco caminhões com oxigênio doados pela Venezuela na terça-feira (19/1), depois que o país anunciou que ajudaria o Brasil a suprir a falta do insumo no Amazonas".

Disse Bolsonaro: "Lá eles não têm cachorros, por que? Alguma praga? Comeram todos os cachorros, comeram todos os gatos. E aí vêm uns idiotas elogiando: olha o Maduro, que coração grande!", acrescentou.

Informa Boatos.org /Metrópoles: "Em resumo: a história que diz que o oxigênio doado pela Venezuela à Manaus (AM), na verdade, foi doado pela empresa White Martins é falsa! A doação de mais de 100 mil m³ de oxigênio, de fato, foi fornecido pelo governo venezuelano. Ou seja, a história (contada por Bolsonaro) não passa de balela". 

Publica O Estado de Minas: "Em 14 de janeiro, o chanceler venezuelano, Jorge Arreaza, informou que “por instrução do presidente Nicolás Maduro” havia oferecido ao governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), o “oxigênio necessário”para atender à emergência de saúde em Manaus. Dois dias depois, anunciou que os primeiros caminhões com litros de oxigênio estavam saindo da fábrica da siderúrgica estatal Sidor, localizada no estado venezuelano de Bolívar, a caminho de Manaus. No dia 17 de janeiro, o próprio governo do Amazonas comunicou que estava previsto para chegar a Manaus, no dia seguinte, “107 mil m³ de oxigênio doados pelo governo do estado venezuelano de Bolívar”. Enquanto o ministro Eduardo Pazuello voava para Manaus com o kit tramento precoce, o governo venezuelano oferecia o oxigênio, para os brasileiros que morriam asfixiados. 

Bolsonaro é mentiroso. Publica Aosfatos org: "Publicações nas redes sociais (veja aqui) falseiam ao alegar que a Venezuela não doou oxigênio hospitalar ao Brasil, como anunciou o governo de Nicolás Maduro na semana passada. O oxigênio doado pelo governo da Venezuela vem de uma fábrica da estatal SIDOR (Siderúrgica del Orinoco Alfredo Maneiro) em Puerto Ordaz, no Estado de Bolívar. A planta fica a 1.500 km de Manaus, e imagens dos caminhões a 300 km da fronteira com o Brasil foram divulgadas neste domingo (17), pelo Opera Mundi. O comboio cruzou a fronteira com o Brasil na tarde desta segunda-feira, com 132 mil metros cúbicos de oxigênio, informou o G1. Além disso, as informações sobre o envio da ajuda humanitária foram constantemente atualizadas pelo perfil do Consulado da Venezuela em Manaus, no Twitter, nos últimos dias."

 
22
Jan21

Venezuela confirma chegada de 5 caminhões de oxigênio do país a Manaus

Talis Andrade

oxigenio-.jpg

 

Chanceler venezuelano Jorge Arreaza divulgou imagens da chegada de caminhões de oxigênio a Manaus

 

Por Diego Freire /CNN

Autoridades venezuelanas confirmaram, no fim da noite desta terça-feira (19), a chegada de cinco caminhões de oxigênio do país a Manaus, capital do Amazonas. O país vizinho anunciou a doação do insumo na última semana, diante da crise de saúde pública enfrentada pelo estado com o aumento de casos de Covid-19.

"Os caminhões com bandeiras venezuelanas foram recebidos pela população em meio a aplausos", noticiou a rede de televisão estatal Telesur.

Ao confirmar a chegada, o chanceler venezuelano Jorge Arreaza pediu que seja aprofundada a solidariedade na região em meio à panademia. 

"Chegam agora a Manaus os primeiros caminhões com cilindros de oxigênio enviados pelo presidente Nicolás Maduro para enfrentar a crise de saúde causada pela pandemia de Covid-19. Verdadeira solidariedade! Ajuda humanitária real!", escreveu Arreaza em sua conta no Twitter.

"Estamos aqui trazendo paz", disse Patricia Silva, cônsul da Venezuela em Manaus, presente na chegada dos veículos.

Antes da chegada do comboio com tanques de oxigênio, o governador do estado venezuelano de Bolívar, Justo Noguera Pietri, participou de uma cerimônia de entrega na fronteira, com participação do senador Telmário Mota (PROS-RR).

bolsonaro maduro.jpg

Nicolás Maduro
@NicolasMaduro
Amigo Lula, en Venezuela amamos profundamente a los pueblos de la Patria Grande y nos llena de indignación tantas injusticias. Cuenten siempre con nuestra mano amiga y solidaria ante cualquier adversidad. Más temprano que tarde consolidaremos la unión; la del sueño bolivariano.
Quote Tweet
Lula
@LulaOficial
·
Quero agradecer a grandeza política que @NicolasMaduro teve ao ser solidário ao povo de Manaus, na crise por falta de oxigênio hospitalar, resultado da ausência de responsabilidade do governo Bolsonaro. É possível fazer política sem ódio. lula.com.br/em-carta-lula-
18
Jan21

Derrotado na vacina, Bolsonaro ameaça com ditadura e reconhece que Liberdade temos com Democracia

Talis Andrade

capim democracia gado governo .jpg

247 - Após ser derrotado politicamente, com o início da vacinação no estado de São Paulo, governador por João Doria (PSDB), seu desafeto, Jair Bolsonaro voltou ao discurso mais ideológico, nesta segunda-feira (18). Em fala a apoiadores, ele enalteceu as Forças Armadas e afirmou que delas depende a democracia ou a ditatura em um país.

"Por que sucatearam as Forças Armadas ao longo de 20 anos? Porque nós, militares, somos o último obstáculo para o socialismo. Quem decide se um povo vai viver na democracia ou na ditadura são as suas Forças Armadas. Não tem ditadura onde as Forças Armadas não apoiam", disse no jardim do Palácio da Alvorada.

De acordo com Bolsonaro, "no Brasil, temos liberdade ainda". "Se nós não reconhecermos o valor destes homens e mulheres que estão lá, tudo pode mudar. Imagine o Haddad no meu lugar. Como estariam as Forças Armadas com o Haddad em meu lugar?", questionou Bolsonaro em referência ao seu adversário na eleição de 2018, Fernando Haddad (PT).

Leonardo Attuch
Se você achava que a constituição brasileira definia nosso regime político como uma democracia, o coiso pensa diferente. A democracia, na visão dele, é uma concessão militar aos civis. Ou seja: mais um crime de responsabilidade.
Folha de S.Paulo
Quem decide se um povo vai viver democracia ou ditadura são as Forças Armadas, diz Bolsonaro www1.folha.uol.com.br/poder/2021/01/
David Miranda
Bolsonaro afirma que quem decide sobre ditadura ou democracia são os militares. Ele disse que o Brasil ainda tem liberdade, mas que 'tudo pode mudar' se a população não reconhecer o valor dos militares. É grave demais! É o anúncio de golpe militar.
Helder Salomão
É sempre assim: toda vez que Bolsonaro se sente acuado, ele fala em volta da ditadura. Mais um motivo votarmos com urgência o seu impeachment! #ImpeachmentBolsonaro
Carlos Latuff
Os militares da "ditabranda" de Bolsonaro conseguem ser ainda mais obtusos e retrógrados do que seus antecessores na ditadura militar de 1964.
Erika Kokay
Derrotado e acuado na guerra da vacina, Bolsonaro volta a flertar com o o golpismo e o autoritarismo ao dizer que quem decide se o povo vai viver democracia ou ditadura são as forças armadas. O povo quer a democracia e o seu impeachment!
O Globo Brasil
Líderes criticam declaração de
@jairbolsonaro
Newton Messias
Esse negócio de vacina não interessa a Bolsonaro. Ele tem tesão mesmo é por cloroquina, arma, tortura, extermínio, milícia, ditadura, Ustra, guerra cultural, teorias da conspiração, garimpo, queimada, grilagem, agrotóxico, desmatamento, rachadinha, fakenews, racismo, homofobia...
que vincula eventual ditadura a decisão das Forças Armadas
 
15
Jan21

Após ajuda de Maduro, Estadão deixa de chamá-lo de “ditador” e adota “presidente”

Talis Andrade

247 - O Jornal Estado de S.Paulo, que possui uma linha editorial voltada para atacar o governo de Nicolás Maduro, publicou uma matéria nesta sexta-feira (15) chamando-o de presidente, após ajuda que ele ofereceu ao governo de Manaus na aquisição de oxigênio para as UTI´s. 

A matéria publicada no portal Estado diz que “Maduro autoriza e empresa vai buscar oxigênio para hospitais do Amazonas” e explica que “Jair Bolsonaro considera presidente veneuelano um rival”, trocando o termo “ditador” ao se referir ao chefe de estado venezuelano. 

A população manauense sofre com o colapso no sistema de saúde. Ontem, médicos e pacientes relataram óbitos por falta de oxigênio nas uti´s

Yahoo Brasil
@YahooBr
Ajuda foi oferecida pelo governo da Venezuela, que em comunicado de Jorge Arreaza, ministro das Relações Exteriores do país, enfatizou que a "solidariedade latino-americana" está acima de tudo

Maduro confirma decisão de enviar oxigênio a Manaus, mas Bolsonaro ainda não aceitou

Image

Enquanto Bolsonaro recusa e faz corpo mole diante da tragédia que atinge o Amazonas, especialmente a capital, Manaus, o chanceler da Venezuela, Jorge Arreaza, disse no Twitter que colocou imediatamente oxigênio à disposição do Estado. Arreaza informou ter conversado com o governador Wilson Lima a pedido do presidente Nicolás Maduro. Lima respondeu, também na rede social: “O povo do Amazonas agradece”.

Jair Bolsonaro tentou, nesta sexta-feira (15), se eximir da responsabilidade pela crise da falta de oxigênio para pacientes internados com Covid-19 nos hospitais de Manaus ao afirmar que o governo “fez a sua parte”. Na ocasião, ele também voltou a defender o uso de medicamentos sem comprovação eficaz para o tratamento da doença.

"A gente está sempre fazendo o que tem que fazer. Problema em Manaus, terrível o problema lá. Agora nós fizemos a nossa parte, [com] recursos, meios", disse Bolsonaro em conversa com apoiadores no Palácio da Alvorada, de acordo com reportagem da Folha de S. Paulo

Em seguida, ele voltou a defender o tratamento precoce e o uso da hidroxicloroquina e ivermectina para tratar a Covid-19. As drogas, porém, não possuem eficácia cientifica contra o coronavírus e o seu uso não é recomendado por entidades internacionais, como a Organização Mundial de Saúde (OMS). 

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2023
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2022
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2021
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2020
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2019
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2018
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2017
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub