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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

24
Set23

A evolução do Direito de Família pelo mundo (parte 3): o poliamor

Talis Andrade
 
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Por Mário Luiz Delgado

Concluo hoje a série de colunas sobre o 18º Congresso Internacional da ISFL (International Society of Family Law), que ocorreu entre 12 e 15 de julho em Antuérpia, na Bélgica, sem esgotar sequer a menção a todos os temas tratados [1].

Por isso, inicio por convidar os nossos leitores, não apenas os interessados no Direito de Família e Sucessões transnacional, mas também aqueles que queiram conhecer a experiência e as vivências de nossa área em outros países, para se associarem à ISFL e participarem de seus próximos eventos. A ISFL promove conferências regionais abertas a não membros em várias partes do mundo e um congresso mundial a cada três anos. A próxima conferência regional ocorrerá nos EUA em 2024.

Na última coluna, aludi à tendência crescente, no cenário internacional, de inclusão, no Direito de Família e Sucessões, das entidades familiares não binárias, ou seja, grupos com mais de duas pessoas, independentemente de conjugalidade e de parentalidade, mas submetidos ao mesmo tipo de proteção legal dada aos relacionamentos conjugais de duas pessoas (casamento e união estável) ou às famílias monoparentais e anaparentais.

O chamado poliamor (polyamory) foi destaque em diversos painéis na Universidade de Antuérpia. Estou convicto de que a grande rejeição, no Brasil, à regulação e à formalização dessa modalidade de família, com recorrente invocação, por alguns autores e tribunais, de violação ao princípio da monogamia como óbice, se deve, muito mais, a um preconceito machista, e a uma curiosidade concupiscente, sobre a natureza das relações íntimas entre os seus membros, do que a qualquer outra razão jurídica [2].

Tanto é assim que, se apartarmos a discussão da questão sexual, focando, por exemplo, em uma comunidade de três amigas idosas, solteiras e sem filhos, que convivem juntas, em comunhão de vidas e de patrimônio, mas sem relações sexuais, poucos se oporiam à equiparação desse trio (e não trisal) às demais entidades familiares, em direitos e obrigações. Essa constatação me leva também a concluir pela necessidade de "dessexualização" da família, expressão inspirada nos estudos de Giselle Groeninga, sobre a qual certamente voltaremos a tratar.

O fato é que o reconhecimento dessas pessoas, como um "núcleo amoroso" e familiar, não pode estar condicionado à prática de relações sexuais entre elas. Independentemente do que ocorra entre quatro paredes, e que se acoberta sob o manto da garantia constitucional da inviolabilidade da vida privada, deve-lhes ser assegurado o direito de combinar sobrenomes, o direito aos vínculos legais de parentesco, direitos sucessórios, alimentos, regime de bens, e tudo o mais.

A professora Nausica Palazzo, da Faculdade Nova de Direito de Lisboa, comentando a decisão do tribunal de despejos da cidade de Nova York (New York City's eviction court) no caso West 49th St., LLC v. O'Neill , de 2022, objeto de nossa última coluna [3], apontou, em sua conferência, para "a inevitabilidade de expandir noções de família por meio de argumentos baseados em funções. Se o foco estiver na capacidade de um relacionamento funcionar exatamente da mesma forma que uma família tradicional, então um conjunto maior de famílias merece reconhecimento legal". O Direito de Família deve se preocupar com as características e funções reais dos membros da família, em ter pessoas cuidando e apoiando umas às outras de forma confiável e duradoura, demonstrando comprometimento e confiança. A decisão, segundo ela, considera irrelevante, para a concessão das proteções legais, a questão de saber se o relacionamento é "bom" ou mesmo "emocionalmente abusivo", muito menos se eles praticavam sexo entre si, acrescento eu. A pretendida proteção contra o despejo liminar, afirmou Palazzo, "não deve se basear em distinções jurídicas fictícias ou na história genética, mas deve encontrar seu fundamento na realidade da vida familiar".

Kaiponanea Matsumura, da Loyola Law School, de Los Angeles, observou que, se por um lado uma primazia cultural do casamento sobre outras molduras de família socialmente reconhecidas decorre de ser o casamento supostamente mais estável do que outras formas de relacionamento, e que as propostas para reconhecer relacionamentos não conjugais geralmente giram em torno do fator "estabilidade", não é menos verdade que relacionamentos poliamorosos ou plurais também podem se revelar bastante estáveis e persistirem, apesar das idas e vindas de parceiros individuais. Segundo Matsumura, "estudos sugerem que as pessoas em relacionamentos plurais não estão menos comprometidas, satisfeitas ou confiantes em seus parceiros. Na verdade, eles relatam níveis ainda mais altos de satisfação e qualidade no relacionamento" [4].

Em outros termos, se a estabilidade foi um elemento importante na aceitação social de variadas formas de conjugalidade (como ocorreu com a união estável no Brasil), também é de ser levada em conta no reconhecimento de relacionamentos plurais, com ou sem coabitação.

Um relacionamento é considerado "estável", para Matsumura, quando é: respeitável (digno), altruísta (satisfaz as necessidades dos outros), exclusivo (sem parceiros externos) [5], financeiramente seguro, emocionalmente comprometido e longevo ou com expectativa de permanência.

A lei valoriza relacionamentos "estáveis", diz Matsumura, porque eles promovem dignidade, segurança jurídica, segurança financeira, ambiente de cuidado, conexões sociais e privatização da dependência econômica, pois o suporte material, em caso de dissolução, é devido pelos respectivos parceiros.

Se o Estado, por meio do Direito de Família, incentiva os relacionamentos estáveis em detrimento dos transitórios, negar a tutela estatal e condenar à invisibilidade as formações não binárias seria reconhecer que tais relacionamentos, entre mais de duas pessoas, são inerentemente instáveis, inferiores aos relacionamentos de duas pessoas e que não são dignos de respeito, restaurando, assim, uma inaceitável hierarquização das formas de constituição de família, há muito tempo banida pelo pergaminho constitucional.

A invisibilidade estatal no tocante a essas molduras não hegemônicas de família no Brasil, além de restringir a autonomia privada e a liberdade das pessoas que convivem dessa maneira, legitima uma indevida intervenção do Estado na vida privada, em clara violação à cláusula de barreira prevista no artigo 1.513 do CCB, segundo a qual é "defeso a qualquer pessoa, de direito público ou privado, interferir na comunhão de vida instituída pela família".

 - - -

[1] A profusão de temas discutidos nos quatro dias do congresso da ISFL é digna de nota. Menciono, a seguir, apenas os títulos de alguns painéis, para que se tenha a dimensão da grandiosidade desse evento: Justiça algorítmica para disputas familiares; Prevenindo a violência de gênero e familiar por meio da Inteligência Artificial: uma perspectiva multidisciplinar; O caso do 'contato herdado’ entre o direito à privacidade e o direito ao sucesso; Inteligência Artificial e Algoritmos no Direito de Família; Famílias Queer; Maternidade, gravidez de substituição e as novas famílias decorrentes; O que é um Parceiro: Relações Platônicas; Vida Humana Não Nascida ; Aborto e Direitos Reprodutivos; Autodeterminação Reprodutiva; Lei e intimidade; Análise jurídica dos direitos reprodutivos do pai, especificamente em matéria de aborto; Biotecnologias e "crianças perfeitas": como proteger o melhor interesse da criança quando os pais querem escolher as características genéticas de seus filhos?; A justificativa das medidas de proteção à criança durante a gravidez; Os direitos das crianças são suficientes?; A autonomia parental e os direitos e interesses dos filhos à luz das responsabilidades parentais; O direito de brincar: um direito dos menores, mas não um direito dos menores; Repensando a responsabilidade parental à luz dos direitos fundamentais das crianças na era digital; Reprodução medicamente assistida e o direito de conhecer as próprias origens; O direito da criança a conhecer as suas origens — existe um fosso entre a legislação e a prática jurídica?; O significado dos genes ; Os significados interdisciplinares das origens genéticas na concepção dos doadores; Guarda Física Compartilhada e Alto Conflito Interparental; Compreendendo as obrigações alimentares dos filhos: uma perspectiva ética relacional; Alienação Parental: Efeitos de Longo Prazo de Ordens Judiciais. Entre muitos outros.

[2] Não se pode equiparar qualquer relação íntima entre várias pessoas com a figura da poligamia, que pressupõe a existência de vários casamentos (poly/gammus). O princípio da monogamia, por sua vez, está implícito no ordenamento e é extraído a partir da interpretação do art. 1.566, inc. I, do CC, ao consagrar o dever de fidelidade recíproca entre os cônjuges, durante o casamento e desde que não haja separação de fato, entendida como causa de rompimento dos deveres. Em outras palavras, a monogamia refere-se à proibição expressa ao segundo casamento de quem ainda não dissolveu o anterior e à proibição à constituição de união estável de quem já é casado e ainda não se separou de fato.

[3] https://www.conjur.com.br/2023-jul-30/processo-familiar-isfl-evolucao-direito-familia-mundo-parte

[4] Segundo o conferencista de Los Angeles, "o casamento não surgiu como resultado de um movimento político, uma doutrina religiosa ou qualquer outra força motriz da história mundial, mas para atender a uma necessidade vital: garantir que as crianças são concebidas por uma mãe e um pai comprometidos em criá-los nas condições estáveis de um relacionamento vitalício".

[5] A exclusividade aqui não se confunde com a monogamia, no sentido de relações exclusivas entre duas pessoas. Mas relações exclusivas entre aqueles que integram o relacionamento plural.

 
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16
Jul23

Abílio faz parte da 'turma da 5ª série' na CPI dos Atos Golpistas

Talis Andrade
 

Redação Diário de Cuiabá

O deputado federal Abílio Brunini (PL) ganhou triste fama ao protaganizar cenas lamentáveis, durante sessões da CPI dos Atos Golpistas, no Congresso Nacional.

Além ser considerado machista, homofóbico e misógino, o bolsonarista é criticado pelos seus comportamentos, por assim dizer, ridículos.

Leia também:

Deputada pede cassação de Abílio por associá-la à prostituição

Segundo a coluna Painel, da Folha de S. Paulo, deputados bolsonaristas - como é o caso de Abílio - ganharam de integrantes da base governista o apelido de "turma da 5ª série", por tentarem tumultuar os trabalhos da CP.

A expressão é usada para criticar o que eles veem como comportamentos infantis dos parlamentares.

Além de Abílio Brunini, a alcunha é aplicada a deputados como André Fernandes (PL-CE), Mauricio Marcon (Podemos-RS), Éder Mauro (PL-PA) —este último e o parlamentar de Mato Grosso não são membros do colegiado.

Eles costumam fazer piadas e provocar parlamentares governistas durante suas falas.

Na terça-feira (11), Brunini foi repreendido pelo presidente da comissão, Arthur Maia (União-BA), por filmar e debochar de colegas nas sessões.

Na sequência, o senador Rogério Carvalho (PT-SE) disse ter ouvido uma fala homofóbica de Abílio Brunini a respeito da deputada Erika Hilton (PSol-SP).

O bolsonarista negou ter dito que a parlamentar estava "oferecendo serviços", como relatou o petista.

A infantilidade de Abílio passa a impressão de que a bancada de MT no Congresso, quando nada, é composta de elementos despreparados.

O que não é verdade.

01
Jul23

Deputado Jonildo de Assis diz que faz ‘parte do jogo’ as molecagens envolvendo o comparsa Abílio Brunini nas CPIs

Talis Andrade

 

O deputado Jonildo José de Assis, que prefere ser chamado de coronel, diz que as críticas e polêmicas envolvendo seu colega de partido e estado, Abílio Brunini (PL-MT) ‘fazem parte do jogo’, ao se referir às constantes intromissões anarquistas, espalhafatosas, machistas e misóginas  e racistas nas CPIs. Esqueceu de dizer que as molecadas, as diabruras, as vergonheiras de Brunini fazem parte do jogo sujo dos golpistas, dos terroristas, dos bolsonaristas, dos extremistas da direita volver, dos inimigos dos sem terra, dos sem teto, dos sem nada.

Para entender, o presidente da CPMI do 8 de Janeiro, deputado Arthur Maia (União-BA), ameaçou levar ao Conselho de Ética da Câmara, o parlamentar arruaceiro, autor de uma série de molecagens durante a sessão da quinta-feira 22 de junho.

“Vou encaminhar o nome de Vossa Excelência ao Conselho de Ética. Eu não vou permitir que Vossa Excelência fique tumultuando esses trabalhos da CPI. Vossa Excelência não vai conseguir isso”, disse Maia a Brunini, que não é integrante da comissão.

Ao ser questionado sobre o fato, Assis diz que Abílio é um dos parlamentares de oposição que mais utiliza-se de sua irreverência e que o ocorrido faz parte do jogo.

“O deputado Abílio ele faz uma oposição, ele trabalha dentro do que ele acredita, eu acredito que isso faz parte do jogo essa questão de estar ali se manifestando e recebendo as críticas”, disse o coronel que defende a disciplina nas escolas cívico-militar e quartéis.

A CPMI de 8 de janeiro ouviu investigadores e investigados ligados à tentativa de ataque a bomba no Aeroporto de Brasília, em dezembro, às vésperas do Natal e da posse de Lula (PT).

Pouco antes, Abílio havia questionado a exibição de um vídeo solicitada pelo deputado Rogério Correia (PT-MG). Diante da impossibilidade do petista concluir seu raciocínio, Maia fez o alerta a Brunini e foi aplaudido por boa parte dos presentes.

Assis revela que, no entanto, tem acompanhado mais a CPMI pela mídia e que está focado em outros trabalhos na Câmara.

“Eu na verdade não faço parte da CPMI de 8 de Janeiro, eu acompanho muito pelo que é noticiado. Meu foco é a CPI do MST". Contra os camponeses, os pequenos produtores rurais, responsáveis pela agricultura familiar, que alimenta o povo brasileiro. 

08
Mar23

'Em briga de marido e mulher, o Estado mete a colher', diz ministra sobre violência contra mulheres

Talis Andrade
 
 
 
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O Estado precisa combater brutais costumes brasileiros de matar, de torturar, de homenagear homicidas como acontece com a horrenda eleiçao de deputados serial killers

Ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, afirmou que a denúncia é o primeiro passo para combater a violência contra a mulher.

Canditados desumanos que praticaram o sadismo, a crueldade de matar mais de tres pessoas (serial killer), a malvadeza de matar nas chacinas dos favelados, dos sem terra, no genocidios dos povos indigenas, dos quilombolas, nao devem ser candidatos a cargos eletivos.

Quantos deputados celerados, maleficos, desumanos, que mataram mais de cem pessoas existem no Congresso Nacional?

Nao se pode combater o femicidio ao lado de malvados, malditos parlamentares que torturam e assassinaram mais de cem pessoas. 

E' excentrica, estranbolica, a uniao de deputados com serial killers, aquele civil ou militar que matou mais de tres individuos. Vide tags

Escreve Tiago Pereira, na Rede Brasil Atual: Na véspera do Dia Internacional da Mulher, a ministra Cida Gonçalves antecipou algumas das medidas que o governo federal deve anunciar nesta quarta-feira (8) para combater o aumento da violência contra a mulher. Serão entregues, por exemplo, 270 viaturas da Patrulha Maria da Penha, serviço que acompanha as mulheres em situação de violência. Para a ministra, a patrulha é a política publica mais eficaz na prevenção ao feminicídio.

Ao lado da primeira-dama Janja da Silva e da atriz e apresentadora Luana Xavier, a ministra participou do programa especial Papo de Respeito: Enfrentamento à violência contra a Mulher, transmitido na TV Brasil e nas redes Sociais, nesta quarta-feira (7).

Ela prometeu fortalecer as Casas da Mulher Brasileira e as delegacias especializadas. Disse que a denúncia é o primeiro passo para combater a violência. Citou o Ligue 180 – Central de Atendimento à Mulher – como o mais importante serviço de informação e orientação à mulher vítima de violência. Mas para além do fortalecimento das políticas públicas, a ministra disse que a sociedade também precisa combater a violência machista.

Nesse sentido, Cida Gonçalves lembrou que qualquer pessoa pode denunciar casos de violência contra a mulher, e não apenas a vítima. “‘Ah, mas vou meter a colher em briga de marido e mulher?’ – comentou a ministra, citando o dito popular que deve ser abandonado. “Não, você vai pedir para que o Estado intervenha”, afirmou.

Para Janja, defender a mulher vítima de violência é responsabilidade de todo indivíduo. “Porque o Poder Público pode criar toda a rede de proteção, mas se você está ali do lado, vendo uma mulher sofrer em situação de violência, você tem, enquanto cidadão, a obrigação de acolher essa mulher e protegê-la”.

 

Discurso machista

 

Somente no primeiro semestre do ano passado, 700 mulheres foram vítimas de feminicídio no Brasil, de acordo com dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Em 2021, foram 1.341 casos, contra 1.229 registrados em 2018. 

E como fica a danaçao de um parlamentar matar mais de cem brasileiros desarmados, e sempre, depois de torturados?

Para a ministra, também é preciso parar de “culpabilizar” a mulher. “Quando uma mulher é estuprada, fica aquela pergunta: ‘mas o que ela fez? que roupa você estava? 2h da manhã, o que estava fazendo na rua? Bêbada então, é pior ainda”. Esse tipo de “julgamento moral” não ajuda no combate à violência e provoca a “revitimização” da mulher agredida. Quando o agressor é o marido, Cida citou outra frase popular – “ele não sabe por que está batendo, mas ela sabe por que está apanhando” – que acaba “legitimando” esse tipo de violência.

 

Armas e racismo

 

Durante o governo Bolsonaro, a ministra ainda que aumentou o percentual de feminicídios executados por arma de fogo. Antes, os agressores preferiam facas e outras armas brancas. Para a ministra, isto se deve pela banalização do porte de armas na gestão anterior. “Hoje as armas estão dentro das casas das mulheres”, frisou Janja.

A primeira-dama também fez questão de lembrar que 67% dos feminicídios são praticados contra as mulheres negras. São “maiorias minorizadas”, frisou Luana Xavier. A atriz e apresentadora destacou o projeto, desenvolvido em Mato Grosso, chamado Mulheres de Terreiro, que capacita líderes religiosas a receberem mulheres vítimas de violência.

De acordo com o FBSP, 3% das vítimas procuram igrejas e outras instituições religiosas em busca de apoio. Entre as que procuraram ajuda, recorreram principalmente à família (17,3%) e amigos (15,6%). Somente depois, em terceiro lugar, que aparecem os serviços públicos de denúncia – como o 180, 190, delegacias convencionais ou especializadas. A maior parte (45%)acaba não tomando nenhuma atitude frente a um episódio grave de agressão. Seja por não acreditar na polícia, por vergonha ou medo de represálias do agressor.

“Precisamos reforçar o serviço público, para ter credibilidade e a mulher ir até lá. Mas precisamos ter também a amiga, a mãe, o irmão, o pastor ou o padre do nosso lado. E dizer que é preciso dar um basta”, disse a ministra.

 

Camara dos Deputados, velhacouto de assassinos, de serial killers

 

O Senado Federal, a Camara dos Deputados, as Assembeias Legislativas, as Camaras Municipais precisam encerrar suas esquisitas, bizarras, estrambolicas convivencias, o coito, a proteçao de serial killers. Que entregue os assassinos em serie, os sanquinarios parlamentares, os sanguinarios ` a Justiça. 

 
Por dentro da mente de um serial killer: como funciona a escolha do seu  alvo – CECGP
 
12
Nov22

Machista, misógino e racista

Talis Andrade

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Por Eva Alterman Blay /Jornal da USP

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Nas últimas semanas pré-eleições presidenciais, o candidato que ocupava a Presidência e pretendia se reeleger constatou que as mulheres não votariam nele. A partir daí, passou a criar uma série de ações, todas elas ilegais, usando recursos públicos para captar o voto das eleitoras. De modo geral, o eleitorado brasileiro tem revelado uma surpreendente divisão: o País se mostra aparentemente cindido entre conservadores e progressistas. Embora essa seja uma visão relativamente superficial, sob ela há uma outra divisão substancial, o eleitorado dividido por gênero. O citado candidato percebeu que os homens o preferiam, enquanto as mulheres votariam na oposição. Por que as ações eleitoreiras como o aumento do Bolsa Família, décimo terceiro para mulheres, auxílio gás entre outras, não cooptaram o voto feminino?

Nas últimas semanas, aquele que queria permanecer no governo pensou que compraria as mulheres transferindo recursos econômicos que elas valorizam como se as mulheres não percebessem que na verdade ele desviava verbas da educação, de livros escolares, dos medicamentos, das creches, da alimentação infantil. Essas supostas benesses eram absolutamente contrárias a tudo o que se observara durante os quatro terríveis anos desse governo marcado por ações machistas, misóginas e racistas: xingava as mulheres, destratava-as, protegia os estupradores, tinha verdadeiro ódio a mulheres que ousavam falar em sua presença.

Se alguém tem dúvida dessa divisão por gênero proponho um exame da foto publicada na imprensa, como na Folha de S. Paulo, no dia 2 de novembro, quando o perdedor não se pejou de deixar o País na agonia por não saber o que aconteceria face às ameaças diárias que ele propalara por quatro anos – que só sairia do governo morto, que era um ungido por deus (o deus dele é claro) e que estava cercado por uma perseguição! Provavelmente esperando que seus apoiadores o carregassem em cortejo montou um pódio no Palácio da Alvorada quando dois homens foram obrigados a carregar nos braços o imóvel com a estrela da Presidência, para mais um ridículo ato tartamudeado. Montado o cenário o País continuou sem saber o que iria acontecer. Esse teatro provocou o esperado estímulo para que as rodovias se enchessem de indivíduos e caminhões num modelo fascista, controlando pela força a circulação de pessoas, obstruindo as estradas, impedindo que circulassem caminhões, ambulâncias, medicamentos, doentes em busca de hospitais e clínicas, alimentos para os mercados. Sim, houve exceções bancadas à força: dois times de futebol romperam as barricadas porque, afinal, o esporte nacional não pode parar.

Mas vamos à cereja do bolo: a foto do dia 31 de outubro. Nela, o citado relutante perdedor montou um cenário cercando-se de seus 30 ministros, todos homens com exceção de uma desconhecida que se veio a saber depois era a chefe do Ministério da Mulher, diligentemente identificada pela socióloga Adriana Gragnani, aliás a desconhecida era a substituta daquela que destruiu o Ministério da Mulher que nós feministas levamos décadas para construir. Mas a foto espelha também com clareza o lado racista desse governo: no fundo, atrás, como sempre atrás do ex-capitão, há um homem negro. O único negro em todo o Ministério. Vale também acrescentar que embora o candidato tivesse apelado para as forças religiosas, o demógrafo José Eustáquio Diniz Alves mostrou que finalmente foram os sem religião que pesaram na balança do voto progressista. Estamos reconstruindo o Brasil democrático e ao escrever esse texto precisamos encontrar os caminhos do respeito e da igualdade de direitos sem esquecer que estivemos à beira do precipício. E viva a Democracia!


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24
Set22

Jovem é agredida na cabeça com madeira após crítica a Bolsonaro em bar: 'Vai apanhar que nem homem'

Talis Andrade

Estefane de Oliveira Laudano, de 19 anos, levou sete pontos na cabeça

 

por Jan Niklas e Luã Marinatto /Extra
 
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Uma jovem de 19 anos foi agredida em um bar de Angra dos Reis, na Costa Verde do Rio, depois de, em uma conversa com amigos, serem feitas críticas ao presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo o relato de testemunhas, outro cliente do estabelecimento, ao ouvir os comentários, saiu em defesa do candidato à reeleição e deu início a uma discussão, que acabou culminando em sua expulsão do local pela proprietária. Em seguida, porém, ele retornou com um pedaço de madeira e atacou o grupo, atingindo Estefane de Oliveira Laudano com um golpe na cabeça.

— Estávamos conversando e eu vi o status de um amigo numa rede social, que dizia: "Minha bandeira é verde e amarela". Embaixo, menor, completava com um "mas meu voto é 13", só que na hora eu não notei, então comentei com a minha irmã, brincando: "Ué, gente, ele vota no Bolsonaro? Não tenho amigo bolsonarista não" — conta Esther de Oliveira Laudano, de 24 anos, irmã da vítima: — Nesse momento, esse homem, que eu nunca vi na vida, já se intrometeu dizendo que era Bolsonaro, perguntando qual era o problema. Respondi que nenhum, que ele estava no direito, mas que ninguém havia falado com ele.

Esther afirma que o agressor insistiu nas ofensas, aos gritos, até que a dona do bar pediu para que ele se retirasse. De acordo com a jovem, o homem parecia alterado, como se estivesse embriagado.

— Ele me chamou de "maria-homem" e disse que era "gente que nem a gente que vota no Lula". Depois, foi embora, mas não demorou para voltar com esse pedaço de madeira. Começou a berrar que, "se eu era homem, então iria apanhar que nem homem". Eu parei na frente dele e falei: "Então bate".

Estefane teria, então, entrado no meio da discussão, tentando afastar o agressor. O homem, no entanto, revidou, e ela acabou atingida pela quina do pedaço de madeira, que fez o corte em sua cabeça.

— Minha primeira reação foi partir pra cima dele, dando uns socos, mas quando olhei para trás vi minha irmã no chão, toda cheia de sangue, pedindo ajuda. Ela não conseguia se mexer, só tremia e gritava. Era uma imagem horrível — relata Esther.

Toda a confusão aconteceu em um bar no Centro de Angra dos Reis, por volta das 16h. Ferida, Estefane foi levada no colo de um amigo para a Santa Casa de Angra do Reis, situada a poucos metros do local do incidente. Depois, ela foi transferida para o Hospital Municipal da Japuíba, na mesma cidade, onde levou sete pontos na região do corte e permanece internada, com quadro estável.

Depois de se certificar que a irmã estava bem, Esther conseguiu localizar dois policiais militares, que passaram a fazer uma ronda na região em busca do agressor. Ele foi encontrado em uma rua próxima, ainda com sangue de Estefane no rosto e nas mãos, após ser contido por moradores.

As testemunhas e o homem foram conduzidos para a 166ª DP (Angra dos Reis), onde ele foi autuado em flagrante por lesão corporal. De acordo com o delegado Vilson de Almeida Silva, titular da unidade, o bolsonarista responderá em liberdade por se tratar de um crime de menor potencial. Esther e outras duas amigas que presenciaram a cena já prestaram depoimento, enquanto o agressor, que não teve a identidade divulgada, preferiu não dar declarações neste primeiro momento e permaneceu em silêncio.

— Por ora, ainda temos alguns pontos contraditórios, mas estamos apurando. Aparentemente, houve algumas declarações favoráveis ao candidato do PT, e ele teria reagido e discutido por conta dessa questão política, culminando na agressão — afirmou o delegado ao EXTRA.

Reprodução
 
Covarde arruaceiro, Robson Dekkers Alvino, 52 anos, bêbado machista, misógino, e que precisa ser preso para não agredir adolescentes. 
23
Set22

E da costela de Bolsonaro foi criado o pior canalha brasileiro

Talis Andrade

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Ilustração: Victor Vilela para o Intercept Brasil

 

Nem mesmo o doutor Werneck, o cafajeste maior de Nelson Rodrigues, imaginaria o canalha forjado e recriado sob a organização e influência bolsonarista.

 

por Xico Sá /The Intercept

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O MILITAR Jair Messias Bolsonaro não criou o canalha nacional no laboratório do ódio do Palácio do Planalto. Isso é obra de séculos. O cafajeste “imbrochável” do palanque do 7 de setembro tampouco é uma criação original – a patente, óbvio, é da pornochanchada, o ciclo da sacanagem com humor do cinema brasileiro.

O presidente, no entanto, é pioneiro ao organizar e influenciar a canalhice para ataques contra as mulheres durante o seu mandato no governo. Haja covardia e perversidade, embora os seus seguidores fundamentalistas jurem (ajoelhados no milho do cinismo) que se trata apenas do combate ao “politicamente correto”, promessa de campanha de 2018.

Nem mesmo na galeria dos canalhas criados pelo cronista e dramaturgo Nelson Rodrigues é possível encontrar um personagem que se compare, em atrocidade machista, à figura presidencial. Reli agora quase todos os episódios da série “A vida como ela é” e repassei as principais peças rodriguianas. Nem o doutor Werneck, no seu moralismo religioso de araque, alcança esse patamar bolsonarista no texto de “Bonitinha, mas ordinária”.  O Peixoto, no mesmo drama, também não é páreo. Muito menos o pobre Edgard diante daquele cheque de 5 mil cruzeiros que o sogro usa para testar o seu caráter.

Não há um só canalha de véspera ou canalha do dia seguinte – como Nelson definia o homem brasileiro na sua tragédia – capaz de imitar um paciente de covid-19 morrendo por falta de oxigênio. E olhe que o Peixoto topava qualquer tarefa degradante de um “cidadão de bem” da sua época. O Peixoto seria capaz de negar uma marmita a uma dona de casa faminta. Duvido, porém, que o Peixoto zombasse de uma vítima de tuberculose – era um sujeito cerimonioso diante da morte.

Bolsonaro imitou pessoas sem ar em live em março de 2021

Bolsonaro imitou pessoas sem ar em live em março de 2021

 

No critério de ataque direto às mulheres, a gestão do presidente se estabeleceu com as agressões provocadas por ele mesmo ou pelos seus  dublês que se multiplicaram como gremlins na água suja que escorreu da goteira bolsonarista. Somente na última quinzena, a prática banalizada e autorizada por Bolsonaro teve como alvo uma mesma jornalista, Vera Magalhães.

No primeiro ato de violência, o próprio capitão da extrema direita agrediu a colunista de “O Globo” ao falar da sua intimidade sexual e chamá-la de “vergonha para o jornalismo brasileiro”, em debate na TV Bandeirantes. O discípulo Douglas Garcia, deputado estadual do Republicanos de São Paulo, fez o bis do ataque, copiando as mesmas palavras, na TV Cultura – o parlamentar estava na claque do candidato a governador Tarcísio de Freitas, seu colega de partido.

Douglas Garcia - 1070 Dep Federal on Twitter: "Hoje mais cedo recebemos o  PR Bolsonaro em agenda oficial na cidade de SP. https://t.co/5mQ1SPqHKk" /  Twitter

Ameaças e patadas nas mulheres se tornaram rotina no mandato de Bolsonaro. Um dos mais prestigiados homens do clube dos cafajestes bolsonaristas, Pedro Guimarães foi obrigado a deixar o cargo de presidente da Caixa ao acumular dezenas de acusações de assédio sexual de funcionárias do banco.

 

Nem mesmo na galeria dos canalhas criados pelo cronista e dramaturgo Nelson Rodrigues é possível encontrar um personagem que se compare, em atrocidade machista, à figura presidencial.
 

Seria injusto, porém, dizer que o militar só começou a agredir jornalistas depois de abastecido da testosterona presidencial. Em 1987, fez o gesto de arminha com os dedos e ameaçou de morte a repórter Cássia Maria: “Você vai se dar mal”. Ela havia publicado na revista Veja, um plano terrorista do então capitão do Exército para jogar bombas em quartéis e caixas d´águas do sistema de abastecimento do Rio de Janeiro. O objetivo seria um protesto contra a baixa remuneração da tropa. A reportagem rendeu um castigo de 15 dias de prisão para Jair Messias.

Em 2003, o então deputado federal da bancada carioca seguiu amplificando em Brasília sua brutalidade com as mulheres: “Só não te estupro porque você não merece”, atacou a colega de parlamento Maria do Rosário, do PT gaúcho. Nos ensaios preparativos para a disputa à Presidência, em 2016, elaborou “melhor” a fala criminosa, ao dizer os motivos pelos quais não estupraria a deputada: “Porque ela é muito ruim, porque ela é muito feia, não faz meu gênero, jamais a estupraria. Eu não sou estuprador, mas, se fosse, não iria estuprar, porque não merece”. A torcida da macharada misógina vibrou como um gol de final de campeonato.

No mesmo ano, ainda teve o voto pelo impeachment de Dilma Rousseff. Ali o machismo brabo desceu e chafurdou nos porões da ditadura. Bolsonaro dedicou a sua decisão ao coronel Brilhante Ustra, torturador da ex-presidente, o maior carrasco das mulheres entre os militares assassinos. Pra frente, Brasil.

Nem mesmo o doutor Werneck – o cafajeste maior de “Bonitinha, mas ordinária” – imaginaria o canalha forjado e recriado sob a organização e influência bolsonarista. É o canalha que odeia as mulheres, ataca jornalistas nos cercadinhos de Brasília ou nos debates, tira onda de playboy de clube de tiro e humilha donas de casa famintas com lacrações gravadas para o grupo de WhatsApp da motociata. Até o Peixoto cancelaria esse tipo.

15
Set22

Bolsonaro, coveiro da rainha e do povo brasileiro

Talis Andrade

Bolsonaro erra ortografia ao homenagear rainha Elizabeth 2ª: 'Estabelidade'. Michelle quebra jejum 

 

O presidente Jair Bolsonaro e a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, assinaram livro de condolências pela morte da rainha Elizabeth 2ª - Divulgação: Palácio do Planalto

Leonardo Attuch
@AttuchLeonardo
A bestialidade presidencial atinge também a língua portuguesa. Abaixo, a “estabelidade” no livro de condolências para a rainha.Image

 

O presidente Jair Bolsonaro (PL) assinou, na manhã de segunda-feira (12), o livro de condolências da morte da rainha Elizabeth II, do Reino Unido. Mas errou ao escrever a palavra “estabilidade”, e colocou “estabelidade" no lugar.

Confira o texto de Bolsonaro:

“Em nome do governo e do povo brasileiro, expresso as mais profundas condolências ao povo do Reino Unido bem como à família Real e ao rei Charles III, pelo falecimento da Rainha Elizabeth II. Manifesto minha profunda admiração por uma mulher de grande personalidade cujo senso de dever e devoção deixaram, ao longo de mais de sete décadas de reinado, um legado de liderança e estabelidade [o correto é estabilidade] para o povo britânico e para o mundo."

 
Leninha 
@LeninhaBovary
685 MIL MORTOS PELA COVID EU NUNCA VI ESSA MULHER DE LUTO PELO NOSSO POVO. (Micheque, Michele, Escândalo, JAIR NA CADEIA)Image
Avó de Michelle, que vivia na maior favela da América Latina Sol Poente, jamais foi visitada pela poderosa neta primeira-dama. Foi encontrada desmaiada na rua, e internada como indigente em um hospitall de Brasília.
Maria Aparecida Firmo Ferreira, rainha do Sol Poente (foto Cristiano Mariz)

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A primeira-dama Michelle Bolsonaro compartilhou uma campanha de 30 dias de jejum e orações pelo Brasil até 2 de outubro, data em que é realizado o primeiro turno das eleições. Madeleine Lacsko comenta.

Ela teria iniciado o jejum no dia 2 último. Ninguém sabe se desistiu, ou vai quebrar os dias de abstinência na viagem para Londres, dia 19 próximo, enterro da rainha Elizabeth, e Nova Iorque, abertura da 77ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, dia 21 de setembro. 

A mulher do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Rosângela Silva, conhecida como Janja, criticou a propaganda da campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) em que a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, fala sobre a transposição do Rio São Francisco. “Vamos para as redes sociais compartilhar verdade. A gente sabe que aquele lado de lá sabe falar mentira. Eles estão compartilhando muita mentira. Eles são tão caras de pau que têm coragem de ir para a televisão e dizer que foram eles que levaram água para as mulheres do sertão nordestino. É muita cara de pau. Então a gente precisa compartilhar verdades. Isso que eu queria pedir para vocês”, falou Janja em ato de campanha do Lula em São Luís (MA), em 2 de setembro, primeiro dia de jejum de Michelle. 

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08
Set22

7 de setembro: veja a análise de Andréia Sadi, Ana Flor, Octavio Guedes, Flávia Oliveira e Miriam Leitão

Talis Andrade

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Comentários de Lilia Schwarcz, Fabíola Cidral, Josias de Souza, Michel Alcoforado, Reinaldo Azevedo

 

As comemorações do Bicentenário da Independência aconteceram nesta quarta-feira (7) em diversas cidades do país, após dois anos de suspensão pela pandemia de Covid-19.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) fez duas aparições públicas após o desfile oficial – em Brasília e no Rio. Bolsonaro usou a data para promover comícios diante de milhares de pessoas e fez discursos nos quais pediu votos na eleição de outubro, atacou o ex-presidente Lula e puxou coro de "imbrochável" ao lado da primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Em Brasília, manifestantes a favor do presidente levaram faixas para as comemorações na Esplanada dos Ministérios. Alguns participantes levavam material com dizeres antidemocráticos e contra ministros do STF.

No Rio de Janeiro, apoiadores do presidente foram para um ato em Copacabana. Bolsonaro chegou ao Rio às 14h e participou de uma motociata antes de se juntar aos manifestantes. Em um trio elétrico alugado pelo pastor Silas Malafaia, o presidente pediu votos para reeleição.

 

Andréia Sadi

 

Na reta final para o primeiro turno, o presidente Bolsonaro "já usou o que podia da máquina pública", avalia Andréia Sadi. Para a colunista do g1, candidato busca "um último respiro".

 

Já deu Auxílio, aprovou Pec Kamikaze...Não tem fato novo na reta final. Ele precisava de uma demonstração de apoio popular [...] Foi o primeiro grande comício do presidente depois que a campanha de fato começou."

 

 

 

Quão machista é [essa tática de homens compararem mulheres]. Como se o homem pudesse fazer algum tipo de prova. 'Ela é melhor que a outra'.

 

"Na eleição isso tem uma outra conotação, um outro peso, mas para mim é o 'fim' o presidente da República sugerir esse tipo de comparação, entre primeiras-damas, que não estão concorrendo a nada. Elas não são candidatas".

"A Michelle Bolsonaro foi escalada pela campanha do presidente para que ele consiga diminuir sua rejeição [no eleitorado feminino]. [...] E a mulher eleitora não está pedindo nada relacionado à disfunção erétil. Ela está pedindo comida na mesa, segurança, educação, menos armas, etc".

 

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Ana Flor

 

"A gente sabe que a população pode pedir o que está dentro da Constituição. Quer pedir impeachment de ministro do STF, então converse com o Senado, porque é lá que cabe isso. Mas a faixa ['Bolsonaro, use as forças armadas e demita os ministros do Supremo'] é um pedido de golpe", analisou a colunista.

 

"Não está dentro do poder do presidente da República fazer isso, então há sim, entre os apoiadores de Bolsonaro quem cruza essa linha e se vira para um campo muito além da democracia", complementa Ana Flor.

Para a colunista, esse tipo de "flerte" que os apoiadores do presidente estão demonstrando não é benquisto pela maioria da população, que quer a democracia.

 

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Octavio Guedes

 

"É um vexame internacional", analisa Octavio Guedes. "Será que não tinha nada para falar, em 200 anos de Independência, que exaltar seu próprio pênis. É algo muito grotesco. Não é um discurso normal. É grotesco".

"Foi uma 'festa do eu sozinho", acrescentou. "A República não estava presente. Ele falou para os deles".

 

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Flávia Oliveira

 

A comentarista Flávia Oliveira chama atenção para a mistura do uso de dinheiro público gasto nas exibições militares juntamente com ‘indivíduos que nada tem a ver com a data cívica dos brasileiros.’

Flávia ainda avalia que a convocação feita pelo presidente em Brasília para o que chamou de ‘ato semelhante’ no Rio evidencia o caráter eleitoral do evento.

“Para o governo, para o presidente, para os coordenadores de campanha, para essa militância que foi mobilizada, não há nenhuma dúvida de que se trata de um comício de um candidato à reeleição e não de um ato de celebração da data de Independência, que envolve um Brasil muito mais diverso do que o Brasil que está representado na praia de Copacabana neste momento.”

 

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Miriam Leitão

 

A colunista Miriam Leitão definiu as aparições de Bolsonaro como mais um ataque à democracia. "Ele queria fazer uma demonstração de força e fez. Botou muita gente na rua", avalia. "Para um candidato que estava perdendo apoios e financiamentos pode dar um fôlego. A questão é que, para fazer isso, passou por cima das leis eleitorais, da Constituição do Brasil, do sentimento de país e de chefe de Estado. Ele fez um strike nas leis brasileiras, nos códigos da democracia."

 

A Constituição do Brasil não se preparou para um presidente tão desrespeitoso da lei e de seu papel"

 

 
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07
Set22

Brigas por dinheiro e Carlos: as cartas da segunda mulher de Jair Bolsonaro

Talis Andrade

PF pede investigação de ex-mulher de Bolsonaro por compra de mansão -  Politica - Estado de Minas

 

por Juliana Dal Piva e Elenilce Bottari com colaboração de Eduardo Militão /UOL

 

A separação entre o presidente Jair Bolsonaro e a advogada Ana Cristina Valle continua representando um dos episódios mais complicados da história do candidato do PL, que tenta mais um mandato na Presidência da República do Brasil.

Cristina, como é conhecida, também se lançou como deputada distrital pelo PP, no Distrito Federal. Novos dados da separação vêm agora à tona no episódio bônus do podcast "UOL Investiga: A Vida Secreta de Jair", que você pode ouvir na íntegra no YouTube do UOL e em todas as plataformas de podcast.

Mãe de Renan, Ana Cristina Valle comandou um dos núcleos de corrupção no  gabinete de Carlos Bolsonaro, diz MP | Revista Fórum

Seria apenas um divórcio se o processo não tivesse trazido à luz, desde a eleição de 2018, em uma reportagem da revista Veja, que Bolsonaro ocultou parte de seu patrimônio declarado à Justiça Eleitoral na disputa por uma vaga na Câmara dos Deputados em 2006. Além disso, foi acusado pela ex-mulher de ser violento.

No novo episódio do podcast, estão cartas inéditas de Cristina, escritas em 2007, com detalhes sobre as disputas por dinheiro e o tom grave da separação entre os dois.

Cópias manuscritas foram entregues, com exclusividade, à coluna por uma fonte que pediu anonimato. A coluna submeteu as cartas a duas pessoas que conhecem Cristina há vários anos e elas confirmaram a autenticidade da grafia. Além disso, as cartas também passaram pela análise de três peritos grafotécnicos, que constataram a compatibilidade da escrita.

 

Peça-chave das investigações

 

Desde 2018 —e a partir das investigações do Ministério Público do Rio e da imprensa—, ficou evidente o papel de Cristina como peça-chave do esquema de entrega ilegal de salários, conhecido como "rachadinha", que ocorreu nos gabinetes de Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados e de seus filhos.

Em especial de Flávio e Carlos, que são oficialmente investigados. Cristina foi chefe de gabinete de Carlos entre 2001 e 2008. É a partir desse período que vários integrantes de sua família foram indicados para cargos públicos durante os mandatos dos enteados e do, agora, ex-marido. Ao todo, 18 parentes dela estiveram nomeados em algum momento.

No ano passado, a coluna revelou gravações de Andrea Siqueira Valle, irmã de Cristina e ex-funcionária fantasma do clã Bolsonaro. Esteve nomeada por 20 anos entre os gabinetes de Jair, Carlos e Flávio. Nos áudios, ela admitiu que entregava até 90% de seu salário. Também contou que um de seus irmãos foi exonerado por Bolsonaro por "não devolver o dinheiro certo". Essas gravações se somam aos dados da quebra de sigilo de Andrea que corroboram o que ela disse nos áudios.

É o processo de separação entre Cristina e Bolsonaro que mostra os primeiros indícios de irregularidades nos bens dele. No processo, Cristina disse que Bolsonaro tinha uma renda de mais de R$ 100 mil por mês, sem dizer de onde vinha todo esse dinheiro.

 

Primeiro trecho da carta de Cristina para Bolsonaro

 

A separação de Bolsonaro e Cristina ocorreu em julho de 2007. Na carta para Bolsonaro, ela menciona as expectativas de lucro junto às empresas que ela havia criado naquela época: um escritório de advocacia e uma seguradora.

Na carta, Cristina escreveu ao então marido que "sabia que ele ia voltar" para que se casassem como nos "sonhos" dela. Depois acrescentou: "Valle Reguladora vai se legalizar e se livrar daquela pessoa. Vamos ter muitos e muitos processos chegando. A minha meta até o fim do ano é de mil processos/mês. Vou ganhar R$ 50 mil por mês. Vou vender esta casa muito bem. Vou comprar a casa dos meus sonhos. A Valle Advogados vai dar muito dinheiro. O meu corpo e saúde vão estar sempre assim: lindos e com saúde. O DPVAT vai dar muito dinheiro".

Em dezembro de 2021, o Jornal Nacional fez uma reportagem revelando que as empresas dela estavam envolvidas em negociações suspeitas e fraudes do seguro obrigatório, o DPVAT.

Ao pedir a quebra de sigilo de Cristina, nas investigações sobre rachadinha no gabinete de Carlos Bolsonaro, o MP apresentou relatórios do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) que indicavam negociações suspeitas nas contas dessas firmas.

De agosto de 2007 a julho de 2015, mais da metade do que saiu da conta bancária de uma das empresas foram saques em dinheiro vivo, um total de R$ 1,1 milhão.

 

Segundo trecho da carta

 

Em outro trecho, já na página seguinte, Cristina faz reclamações. Diz que o marido era ingrato e aponta brigas entre os dois por causa do Carlos, com quem ela trabalhava. Bolsonaro mantinha enorme desconfiança em relação à ex-mulher.

Cristina escreveu: "Foram muitas as injustiças e ingratidões de sua parte. Nunca fiz nada que pudesse desabonar a minha conduta com você e nossa família. O primeiro ponto onde tudo começou: Carlos. Por 2 anos, eu o amei, amparei e socorri todos os seus medos e em troca tive o título de sedutora de menor. Ah, como dói, dói muito, fala para ele que meu amor era sincero e puro. Não pornográfico e nunca foi e, se eu desabafei, foi porque ele me passou confiança para me ajudar com você, Jair. Mas nada adiantou".Quebra de sigilo de ex-mulher de Bolsonaro atinge período de casamento com  presidente - 20/09/2021 - Poder - Folha

 

Ao falar do patrimônio do casal, a advogada escreveu que "nunca foi a minha intenção lesar ninguém e sim crescer o patrimônio da família". "Presto conta de tudo, pois não tirei nada de vocês. Sou honesta e tenho orgulho disso", completou.

Ela finalizou o trecho dizendo: "Terceiro, o bendito flat. Comprei sem sua autorização e fiquei com muito medo e tinha razão. Mas você tinha mudado, não queria mais investir mais nada. Errei. Perdão".

Quando Cristina e Bolsonaro foram viver juntos, em 1998, ele só tinha um apartamento no Maracanã e uma casa em Mambucaba, em Angra dos Reis (RJ). Em 2007, na separação, o patrimônio do casal incluía 17 itens, entre casas, terrenos, apartamentos e automóveis, e chegava a um total de R$ 4 milhões.

A coluna apurou que o tom melancólico de Cristina tinha intenção de mexer com Bolsonaro, mas não funcionou. Apesar de os dois estarem juntos desde 1998, eles nunca formalizaram a união e Cristina teve que ir ao Tribunal de Justiça para garantir a divisão dos bens.

Além da carta para Bolsonaro, ela escreveu uma para Jair Renan, seu filho, e outra para uma amiga chamada Mariana Motta, que foi chefe de gabinete de Flávio Bolsonaro (PL) na Alerj. Em ambas, também feitas em 2007, ela desabafa sobre a tristeza após a separação de Bolsonaro. [Transcrevi trechos]

 

'Ele é um pouco autoritário', diz ex-mulher de Bolsonaro para TV Norueguesa

 

Em entrevista para o site da TV estatal da Noruega, a NRK, a advogada Ana Cristina Siqueira Valle, ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro, afirmou que ele é “um pouco machista e um pouco autoritário”. Ana Cristina manteve união estável com Bolsonaro entre 1998 e 2008 e é mãe de Jair Renan, o filho “04”, como Bolsonaro costuma se referir. 

Ana Cristina foi questionada durante a entrevista sobre aspectos positivos e negativos da personalidade do ex-marido. Ao mencionar, os negativos disse:

- Infelizmente, tenho que dizer que ele é um pouco machista. Um pouco autoritário. E quando ele fala sem pensar, tem um lado positivo como negativo também - afirmou Ana Cristina à TV NRK. Já sobre os aspectos positivos, ela declarou que ele é “honesto” e “luta contra a corrupção”:

- Ele diz o que quer dizer, independentemente das consequências, e é inteligente - afirmou a ex-mulher de Bolsonaro.

A TV estatal norueguesa também questionou Ana Cristina sobre como ela analisa a condução de Bolsonaro durante a pandemia e o combate ao novo coronavírus. Ela afirmou que ele fez coisas “certas e erradas”, mas não mencionou exemplos.

- Ele fez as coisas certas e erradas durante a crise do coronavírus. Mas sua maior preocupação é que, quando a pandemia terminar, o desemprego e a pobreza matem mais do que o próprio vírus - disse a ex-mulher do presidente.

 

Investigada pelo MP do Rio

 

Advogada, Ana Cristina Valle conheceu Bolsonaro em Brasília, quando ambos participavam de uma manifestação, nos anos, 1990, de mulheres de militares que pediam aumento nos salários da caserna. Ela ficou mais conhecida nas eleições de 2018, quando disputou, sem sucesso, uma vaga na Câmara dos Deputados. Ela usou o nome de Bolsonaro nas urnas, embora nunca o tenha adicionado legalmente.

Durante a campanha eleitoral de 2018, veio a público o processo litigioso de sua separação de Jair Bolsonaro. Em viagem à Noruega, onde viveu por cinco anos, a advogada acusou Bolsonaro de ameaçá-la durante a disputa pela guarda do filho do casal. Passados mais de dez anos do episódio, Ana Cristina negou as acusações que havia feito anteriormente. Atualmente, ela trabalha como assessora do vereador Renan Marassi (PPS-RJ) na Câmara dos Vereadores de Resende, município no sul do Rio de Janeiro.

Em 2001, ela foi nomeada pelo vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) como assessora-chefe de seu gabinete na Câmara dos Vereadores do Rio. Por isso, passou a ser investigada pelo Ministério Público do Rio no âmbito do procedimento que apura funcionários fantasmas e eventual prática de “rachadinha”, a devolução de salários de assessores, no gabinete de Carlos.

No caso de Carlos, outros seis familiares dela também são investigados por terem constado como assessores. Já no procedimento que apura a existência do esquema no gabinete do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), outros dez familiares de Ana Cristina, incluindo também o ex-sogro José Procópio Valle, são investigados. Nessa investigação surgem como alvo também Fabrício Queiroz, amigo do presidente e ex-chefe da segurança de Flávio.

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