Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

  • Arquivo

O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

O CORRESPONDENTE

31
Dez22

Caetano Veloso x Chico Buarque

Talis Andrade

 

 

Pregar a revolução com palavras e música é uma coisa, Vargas. Fazer a revolução é outra coisa, eu diria, se soubesse em 1972 os acontecimentos de 1973.

 

por Urariano Mota */Vermelho

- - -

– Eu gosto de Caetano Veloso – Alberto fala. – Ele tem umas coisas boas.

– Boas?! – Vargas se exalta. – Ele é o melhor compositor da música brasileira…. – “de todos os tempos”, ele ia dizer. Hoje percebo que se conteve com uma modéstia do Barão de Itararé, que ia se chamar de Duque,  mas baixou o título para Barão. E continuou Vargas:  – É o melhor! Caetano Veloso é o melhor compositor do tempo da revolução.

Olho em volta e percebo que nas mesas vizinhas se faz um silêncio. Todos nos escutam, concluo. Assuntos de música popular, no Brasil, são os que mais despertam interesse depois do futebol. Mas na ditadura falar na altura da voz de Vargas, usando a palavra “revolução”, é demais. Nelinha lhe toca o braço e sussurra “cuidado”. Ele sorri:

– Tranquilo, minha santa. Estou falando de cultura.

– Estamos falando sobre música, não tem problema – Alberto fala.

– E tudo é revolucionário, não é? – Vargas completa. – O cinema de Glauber é revolucionário, a juventude é revolucionária, tudo é revolucionário. Menos Chico Buarque.

Todos riem. Ocorre o que às vezes se chama brincar com o perigo. Zombar do abismo. Mas na hora o que me ocorre é o cometimento de uma injustiça.

– Eu não acho – falo. – Chico, para mim, é o melhor compositor de música popular brasileira hoje. Ele tem uma poesia que não tem Caetano. Chico é de fazer música, não é de dar espetáculo. Caetano é escandaloso, entende?

– A revolução é um escândalo! – Vargas quase grita. Alberto ri, Nelinha sorri para o companheiro, que se vê estimulado. – Chico é o compositor de Carolina, Januária na janela. É o poeta dos olhos verdes das meninas. Isso é revolucionário? Preste atenção: a música de Chico é o passado. Ele é um compositor de 1960 pra trás.

– Olhe… – eu queria dizer, se compreendesse então, que Chico ligava a tradição à música de 1970, assim como Paulinho da Viola fez essa ligação como samba. Mas há um tempo em que possuímos o sentimento, mas não encontramos as palavras, que ainda não nos chegaram pela experiência. Então arquejo, como um náufrago, diante da catilinária. – Olhe, você quer poesia melhor que … – e tento cantarolar “se uma nunca tem sorriso, é pra melhor se reservar…” – que “a dor é tão velha que pode morrer”, hem? – E baixo a voz: – Chico é a esquerda do futuro.

– Ele não é nem do presente – Vargas responde. – Que dirá do futuro. Preste atenção, muita atenção: “sei que um dia vou morrer de susto, de bala ou vício”. Escutou? Esta é a música de agora, dos jovens revolucionários de hoje.

– Isso não é de Caetano. É de Gil, Torquato e Capinam – falo.

De Gil? – Vargas responde. – Não importa. Está no disco de Caetano. Ele fez da música um hino revolucionário. Isso é o que importa.

– Hum, sei  – falo, mas ainda não sei. Vou do rosto de Vargas até Nelinha, sigo para Alberto, retorno a Vargas. – É bom também – admito, a fórceps.        

Olho para Vargas e me pergunto “será bom mesmo?”, e o que vem a ser o conteúdo da pergunta eu não me digo nem quero ver. Se eu soubesse na noite o que soube depois, eu diria “esta música é o anúncio da morte”. Esse ritmo alucinante, à caribe, é enganoso e leviano. Pregar a revolução com palavras e música é uma coisa, Vargas. Fazer a revolução é outra coisa, eu diria, se soubesse em 1972 os acontecimentos de 1973. Mas ainda ali, percebo agora, eu seria injusto até a estreiteza e maledicência. Então os artistas não podem expressar o sentimento que corre na gente? Então é justo acusar de leviano, de traidor da revolução, quem escreve como homem poético o homem prático? Só a raiva, no que tem de embrutecedora, verá a canção da luta armada no Brasil dessa maneira. Se assim fosse justo e real, o que dizer de Lorca, de Víctor Jara, até mesmo de  Neruda? Então eu, que de nada sabia, escuto Vargas cantarolar “estou aqui de passagem, sei que adiante um dia vou morrer de susto, de bala ou vício”. E para ser mais preciso, em meio à intuição do horror, se põem acordes do frevo lá na Dantas Barreto. Meus olhos correm do rosto de Vargas, vão até a barriga de Nelinha, tão desamparada me parece na tormenta. Me dá uma vontade à beira do irreprimível de acariciar o fruto que virá no temporal. Vargas, que é vigilante insone da mulher, flagra o meu olhar nesse instante. Mas o macho vigia da sua fêmea é derrubado pela humanidade que pressente nessa ternura solidária. Assim sei, assim soube, porque a sua voz baixa o tom, e me fala como a um camarada, um irmão de jornada:

– Companheiro, desculpe. Pensamos diferente, mas você é um companheiro. Estamos juntos, não importa o que fazem de nós. O companheiro me desculpe.

– Que é isso, rapaz? Não foi nada. – Comovido pela gravidez de Nelinha e pelo descobrimento do Vargas que vem, fico embargado. E como sempre, tento corrigir a emoção com uma frase que me salve:  – Eu também gosto de Caetano Veloso.

– Eu também gosto de Chico Buarque de Holanda. – Vargas me responde e sorri: – Que revolucionário.

– Sim – falo – Mas não na forma, na altura de um Caetano.

Todos gargalhamos. Então Alberto puxa desafinado, à sua maneira desafinado, “Apesar de você”. E mesmo com os sons do frevo que se aproxima, cantamos juntos “amanhã vai ser outro dia, amanhã vai ser outro dia”.

- - -

* Do romance “A mais longa duração da juventude”

juventude revolução urariano.jpg

  • Tags:
  • a mais longa duração da juventude
  • caetano
  • chico
  • ditadura 21 anos 1964 a 1985
  • ditadura militar
  • juventude
  • música de protesto
  • músicas censuradas
  • revolução
  • urariano mota

  • link do post
  • comentar
  • favorito
03
Dez22

Quem canta Zé Keti a ditadura espanta (letra e música)

Talis Andrade

Charges: Ambos sem saída!

 

 

 
Opinião
 
Zé Keti
 
Podem me prender, podem me bater
Podem até deixar-me sem comer
Que eu não mudo de opinião
Daqui do morro eu não saio não
Daqui do morro eu não saio não
 
Podem me prender, podem me bater
Podem até deixar-me sem comer
Que eu não mudo de opinião
Daqui do morro eu não saio não
Daqui do morro eu não saio não
 
Se não tem água, eu furo um poço
Se não tem carne, eu compro um osso
E ponho na sopa e deixa andar
Deixa andar, deixa andar
 

 
Fale de mim quem quiser falar
Aqui eu não pago aluguel
Se eu morrer amanhã, seu doutor
Estou pertinho do céu
 
Podem me prender, podem me bater
Podem até deixar-me sem comer
Que eu não mudo de opinião
Daqui do morro eu não saio não
Daqui do morro eu não saio não
 
Daqui do morro eu não saio não
Daqui do morro eu não saio não

  • Tags:
  • censura ditadura
  • censura nunca mais
  • chacina
  • ditadura nunca mais
  • favela
  • genildo
  • golpe nunca mais
  • massacre
  • milton nascimento
  • morro
  • música de protesto
  • músicas censuradas
  • nara leão
  • vidas negras importam
  • zé keti

  • link do post
  • comentar
  • favorito
02
Dez22

Quem canta João Bosco e Adir Blanc espanta a ditadura (letra e música)

Talis Andrade

Exposição virtual “A Noite do Brasil” projeta arte nos prédios de São Paulo  – Monitor do Oriente

O Bêbado e o Equilibrista

João Bosco e Adir Blanc

 

Caía a tarde feito um viaduto 
E um bêbado trajando luto me lembrou Carlitos... 
A lua tal qual a dona do bordel 

Pedia a cada estrela fria um brilho de aluguel 
E nuvens lá no mata-borrão do céu 
Chupavam manchas torturadas, que sufoco louco 
O bêbado com chapéu coco fazia irreverências mil 
Pra noite do Brasil, meu Brasil 
Que sonha com a volta do irmão do Henfil 
Com tanta gente que partiu num rabo de foguete 

Chora a nossa pátria mãe gentil 
Choram Marias e Clarisses no solo do Brasil 
Mas sei que uma dor assim pungente não há de ser inutilmente 
A espe...rança dança na corda bamba de sombrinha 
E em cada passo dessa linha pode se machucar 
Azar, a esperança equilibrista 
Sabe que o show de todo artista
tem que continuar

 

  • Tags:
  • adir blanc
  • censura
  • censura ditadura
  • censura nunca mais
  • ditadura nunca mais
  • elis regina
  • golpe nunca mais
  • henfil
  • joão bosco
  • música de protesto
  • músicas censuradas

  • link do post
  • comentar
  • favorito
02
Dez22

Quem canta Zé Keti a ditadura militar espanta (letra e música)

Talis Andrade

General-Heleno-Ditadura.jpg

 

Acender as velas
 
Zé Keti
 
 
 
Eu sou o Zé Keti da Portela
Vim trazer o meu samba
Da forma mais autêntica
Para o nosso querido e amigo
Povo Brasileiro
 
Acender as velas
Já é profissão
Quando não tem samba
Tem desilusão
 
Acender as velas
Já é profissão
Quando não tem samba
Tem desilusão
 
Desilusão
Desilusão
 
É mais um coração
Que deixa de bater
Um anjo vai pro céu
 
Deus me perdoe
Mas vou dizer
Deus me perdoe
Mas vou dizer
 
O doutor chegou tarde demais
Porque no morro
Não tem automóvel pra subir
Não tem telefone pra chamar
E não tem beleza pra se ver
E a gente morre sem querer morrer
E a gente morre sem querer morrer
 
Acender as velas
Já é profissão
Quando não tem samba
Tem desilusão
 
Acender as velas
Já é profissão
Quando não tem samba
Tem desilusão
 
Desilusão
Desilusão
 
É mais um coração
Que deixa de bater
Um anjo vai pro céu
Deus me perdoe
Mas vou dizer
Deus me perdoe
Mas vou dizer
 
O doutor chegou tarde demais
Porque no morro
Não tem automóvel pra subir
Não tem telefone pra chamar
E não tem beleza pra se ver
E a gente morre sem querer morrer
E a gente morre sem querer morrer
 

 
  • Tags:
  • censura
  • censura ditadura
  • censura nunca mais
  • dia do foda-se
  • ditadura crimes
  • ditadura matou
  • ditadura nunca mais
  • ditadura torturou 20 mil pessoas
  • ministério da saúde militarização
  • música de protesto
  • músicas censuradas
  • nara leão
  • zé keti

  • link do post
  • comentar
  • favorito
02
Dez22

Quem canta Carlos Lyra a ditadura espanta (letra e música)

Talis Andrade

militares escondem ditadura idem tortura.jpg

Herói do Medo

Carlos Lyra

 


Herói do medo, não tenho medo
Do próprio medo que me torna herói
Com minhas regras eu faço o jogo
E logo um único parceiro: eu
Eu sou o primeiro e sou o último
Mas não assumo a condição humana
E me proclamo meu soberano
Na solidão despótica de um Deus
Herói do medo escrevo as tábuas
Da autoridade que repousa em mim
Pra que na terra não a despertem
Vou caminhando, em sonho, sobre as águas
Meu rastro assombra os cães de fila
E rende as preces das mães de família
Mais prevalece minha arrogância
Entre animais, mulheres e crianças
 
Herói do medo, firo e difamo
E me alimento da fraqueza humana
Com altivez eu dou e tomo
Mas não recebo nunca o oferecido
Ninguém me dá do que sou dono
Porque eu possuo sem ser possuído
Se basta olhar-me em seu reflexo
Por que integrar-me inteiro no Universo?
 
Herói do medo, odeio a mãe
Por ter nascido e odeio mais a amante
Por ter amado; que há de sofrer
Pra que se avilte e há de morrer pra que eu
Me ressuscite em liberdade
Pois entre dois amei a mim somente
E as mulheres, são para o herói
O passatempo estéril dos covardes

Herói do medo, imolo a vítima
Que aplaca a vida íntima do herói
E aos vencidos (compatriotas)
O meu desprezo, porque nas derrotas
Não movo um dedo por impedir
Com vencedores eu me identifico
E justifico conquistadores
Por seu direito extremo de oprimir
Herói do medo, execro o mundo
E a humanidade, sem lhe ver a face
Pretendo ao prêmio sem correr riscos
E conquistar a glória em luta fácil
Do comodismo desta moral
Falta de ação, mas pródiga de gestos
Lanço um olhar ao meu passado
Me paraliso e me converto em sal ...
 

  • Tags:
  • carlos lyra
  • censura ditadura
  • censura nunca mais
  • ditadura nunca mais
  • golpe nunca mais
  • música de protesto
  • músicas censuradas

  • link do post
  • comentar
  • favorito
02
Dez22

Quem canta Sérgio Ricardo a ditadura espanta (letra e música)

Talis Andrade

ditadura 7.gif

Calabouço

Sérgio Ricardo


CALABOUÇO

Olho aberto ouvido atento
E a cabeça no lugar
Cala a boca moço, cala a boca moço
Do canto da boca escorre
Metade do meu cantar
Cala a boca moço, cala a boca moço
Eis o lixo do meu canto
Que é permitido escutar
Cala a boca moço. Fala!

Olha o vazio nas almas
Olha um violeiro de alma vazia

Cerradas portas do mundo
Cala a boca moço
E decepada a canção
Cala a boca moço
Metade com sete chaves
Cala a boca moço
Nas grades do meu porão
Cala a boca moço
A outra se gangrenando
Cala a boca moço
Na muleta da canção
Cala a boca moço
Cala o peito, cala o beiço
Calabouço, calabouço

Mulata mula mulambo
Milícia morte e mourão
Cala a boca moço, cala a boca moço
Onde amarro a meia espera
Cercada de assombração
Cala a boca moço, cala a boca moço
Seu meio corpo apoiado
Na muleta da canção
Cala a boca moço. Fala!

Olha o vazio nas almas
Olha um violeiro de alma vazia

Meia dor meia alegria
Cala a boca moço
Nem rosa nem flor,botão
Cala a boca moço
Meio pavor meia euforia
Cala a boca moço
Meia cama meio caixão
Cala a boca moço
Da cana caiana eu canto
Cala a boca moço
Só o bagaço da canção
Cala a boca moço
Cala o peito cala o beiço
Calabouço calabouço

As paredes de um inseto
Me vestem como a um cabide
Cala a boca moço, cala a boca moço
E na lama de seu corpo
Vou por onde ele decide
Cala a boca moço, cala a boca moço
Metade se esverdeando
No limbo do meu revide
Cala o boca moço. Fala!

Olha o vazio nas almas
Olha um violeiro de alma vazia

Quem canta traz um motivo
Cala a boca moço.
Que se explica no cantar
Cala a boca moço
Meu canto é filho de Aquiles
Cala a boca moço
Também tem seu calcanhar
Cala a boca moço
Por isso o verso é a bílis
Cala a boca moço
Do que eu queria explicar
Cala a boca moço
Cala o peito, cala o beiço
Calabouço, calabouço

Olha o vazio nas almas
Olha um brasileiro de alma vazia
 
 

  • Tags:
  • cadáveres em sepulto
  • cemitério clandestino
  • censura
  • censura ditadura
  • censura nunca mais
  • ditadura 21 anos 1964 a 1985
  • ditadura militar
  • ditadura nunca mais
  • edson luís
  • exílio nunca mais
  • golpe 1964
  • golpe nunca mais
  • latuff
  • música de protesto
  • músicas censuradas
  • sérgio ricardo
  • tortura nunca mais

  • link do post
  • comentar
  • favorito
01
Dez22

Quem canta Chico a ditadura militar espanta II (letra e música)

Talis Andrade

 

ditadura 2.jpeg

 

 

Jorge Maravilha

Chico Buarque

 

E nada como um tempo após um contratempo

Pro meu coração

E não vale a pena ficar, apenas ficar

Chorando, resmungando, até quando, não, não, não

E como já dizia Jorge Maravilha

Prenhe de razão

Mais vale uma filha na mão

Do que dois pais voando

 

Você não gosta de mim, mas sua filha gosta

Você não gosta de mim, mas sua filha gosta

 

Ela gosta do tango, do dengo

Do mengo, Domingos e de costa

Ela pega e me pisca, belisca, petisca

Me arrisca e me enrosca

 

Você não gosta de mim, mas sua filha gosta

Você não gosta de mim, mas sua filha gosta

 

E nada como um dia após o outro dia

Pro meu coração

E não vale a pena ficar, apenas ficar

Chorando, resmungando até quando, não, não, não

E como já dizia Jorge Maravilha

Prenhe de razão

Mais vale uma filha na mão do que dois pais sobrevoando

 

Você não gosta de mim, mas sua filha gosta

Você não gosta de mim, mas sua filha gosta

 

Ela gosta do tango, do dengo

Do mengo, Domingos e de costa

Ela pega e me pisca, belisca, petisca

Me arrisca e me enrosca

 

Você não gosta de mim, mas sua filha gosta

Você não gosta de mim, mas sua filha gosta

 

Você não gosta de mim, mas sua filha gosta

Você não gosta de mim, mas sua filha gosta

 

 

 

 

 

  • Tags:
  • censura ditadura
  • censura nunca mais
  • chico
  • ditadura militar
  • música de protesto
  • músicas censuradas

  • link do post
  • comentar
  • favorito
01
Dez22

Quem canta Gonzaguinha a ditadura militar espanta (letra e música)

Talis Andrade

patrao empregado bolsonaro.jpg

 

 

Comportamento Geral

Gonzaguinha

 

Você deve notar que não tem mais tutu

e dizer que não está preocupado

Você deve lutar pela xepa da feira

e dizer que está recompensado

Você deve estampar sempre um ar de alegria

e dizer: tudo tem melhorado

Você deve rezar pelo bem do patrão

e esquecer que está desempregado

 

Você merece, você merece

Tudo vai bem, tudo legal

Cerveja, samba, e amanhã, seu Zé

Se acabarem com o teu Carnaval?

 

Você merece, você merece

Tudo vai bem, tudo legal

Cerveja, samba, e amanhã, seu Zé

Se acabarem com o teu Carnaval?

 

Você deve aprender a baixar a cabeça

E dizer sempre: "Muito obrigado"

São palavras que ainda te deixam dizer

Por ser homem bem disciplinado

Deve pois só fazer pelo bem da Nação

Tudo aquilo que for ordenado

Pra ganhar um Fuscão no juízo final

E diploma de bem comportado

 

Você merece, você merece

Tudo vai bem, tudo legal

Cerveja, samba, e amanhã, seu Zé

Se acabarem com o teu Carnaval?

 

Você merece, você merece

Tudo vai bem, tudo legal

Cerveja, samba, e amanhã, seu Zé

Se acabarem com o teu Carnaval?

 

Você merece, você merece

Tudo vai bem, tudo legal

 

E um Fuscão no juízo final

Você merece, você merece

 

E diploma de bem comportado

Você merece, você merece

 

Esqueça que está desempregado

Você merece, você merece

 

Tudo vai bem, tudo legal

 

 

 

 

 

 

 

 

  • Tags:
  • censura nunca mais
  • ditadura militar
  • empregado
  • gonzaguinha
  • luiz gonzaga
  • música de protesto
  • músicas censuradas
  • newton silva
  • patrão
  • v.t.

  • link do post
  • comentar
  • favorito
01
Dez22

Quem canta Vandré a ditadura militar espanta (letra e música)

Talis Andrade

 

ditadura.jpg

 

Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores

Geraldo Vandré

 

 

Caminhando e cantando e seguindo a canção

Somos todos iguais braços dados ou não

Nas escolas, nas ruas, campos, construções

Caminhando e cantando e seguindo a canção

 

Vem, vamos embora, que esperar não é saber

Quem sabe faz a hora, não espera acontecer

 

Vem, vamos embora, que esperar não é saber

Quem sabe faz a hora, não espera acontecer

 

Pelos campos há fome em grandes plantações

Pelas ruas marchando indecisos cordões

Ainda fazem da flor seu mais forte refrão

E acreditam nas flores vencendo o canhão

 

Vem, vamos embora, que esperar não é saber

Quem sabe faz a hora, não espera acontecer

 

Vem, vamos embora, que esperar não é saber

Quem sabe faz a hora, não espera acontecer

 

Há soldados armados, amados ou não

Quase todos perdidos de armas na mão

Nos quartéis lhes ensinam uma antiga lição

De morrer pela pátria e viver sem razão

 

Vem, vamos embora, que esperar não é saber

Quem sabe faz a hora, não espera acontecer

 

Vem, vamos embora, que esperar não é saber

Quem sabe faz a hora, não espera acontecer

 

Nas escolas, nas ruas, campos, construções

Somos todos soldados, armados ou não

Caminhando e cantando e seguindo a canção

Somos todos iguais braços dados ou não

Os amores na mente, as flores no chão

A certeza na frente, a história na mão

Caminhando e cantando e seguindo a canção

Aprendendo e ensinando uma nova lição

 

Vem, vamos embora, que esperar não é saber

Quem sabe faz a hora, não espera acontecer

 

Vem, vamos embora, que esperar não é saber

Quem sabe faz a hora, não espera acontecer

  • Tags:
  • censura
  • censura ditadura
  • censura nunca mais
  • ditadura militar
  • geraldo vandré
  • música de protesto
  • músicas censuradas

  • link do post
  • comentar
  • favorito
01
Dez22

Quem canta Chico a ditadura militar espanta (letra e música)

Talis Andrade

Image

Apesar De Você

Chico Buarque

 

Hoje você é quem manda

Falou, tá falado

Não tem discussão, não

A minha gente hoje anda

Falando de lado

E olhando pro chão, viu

 

Você que inventou esse estado

E inventou de inventar

Toda a escuridão

Você que inventou o pecado

Esqueceu-se de inventar

O perdão

 

Apesar de você

Amanhã há de ser

Outro dia

Eu pergunto a você

Onde vai se esconder

Da enorme euforia

Como vai proibir

Quando o galo insistir

Em cantar

Água nova brotando

E a gente se amando

Sem parar

 

Quando chegar o momento

Esse meu sofrimento

Vou cobrar com juros, juro

Todo esse amor reprimido

Esse grito contido

Este samba no escuro

 

Você que inventou a tristeza

Ora, tenha a fineza

De desinventar

Você vai pagar e é dobrado

Cada lágrima rolada

Nesse meu penar

 

Apesar de você

Amanhã há de ser

Outro dia

Inda pago pra ver

O jardim florescer

Qual você não queria

Você vai se amargar

Vendo o dia raiar

Sem lhe pedir licença

E eu vou morrer de rir

Que esse dia há de vir

Antes do que você pensa

 

Apesar de você

Amanhã há de ser

Outro dia

Você vai ter que ver

A manhã renascer

E esbanjar poesia

Como vai se explicar

Vendo o céu clarear

De repente, impunemente

Como vai abafar

Nosso coro a cantar

Na sua frente

 

Apesar de você

Amanhã há de ser

Outro dia

Você vai se dar mal

Etc. e tal

Lá lá lá lá laiá

 

 

 

  • Tags:
  • censura ditadura
  • censura nunca mais
  • chico
  • ditadura militar
  • música de protesto
  • músicas censuradas

  • link do post
  • comentar
  • favorito
  • « mais antigos
  • início

Mais sobre mim

foto do autor

  • ver perfil
  • seguir perfil
  • 11 seguidores

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Favoritos

  • Un día de silencio
  • FARSA DOS JULGAMENTOS DE ...
  • Palavras de Ateop revelad...
  • Síntese sobre solidão na ...
  • Brasil, onde está o povo?
  • Rio de Janeiro da cocaína...
  • Alta Tensão
  • Regina Azevedo
  • CINEMA MUDO
  • SUEIRA

Links

  •  
    • A Poesia Desconhecida de Talis Andrade
    • TalisAndrade
    • Talis Andrade

    Arquivo

    1. 2023
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    14. 2022
    15. J
    16. F
    17. M
    18. A
    19. M
    20. J
    21. J
    22. A
    23. S
    24. O
    25. N
    26. D
    27. 2021
    28. J
    29. F
    30. M
    31. A
    32. M
    33. J
    34. J
    35. A
    36. S
    37. O
    38. N
    39. D
    40. 2020
    41. J
    42. F
    43. M
    44. A
    45. M
    46. J
    47. J
    48. A
    49. S
    50. O
    51. N
    52. D
    53. 2019
    54. J
    55. F
    56. M
    57. A
    58. M
    59. J
    60. J
    61. A
    62. S
    63. O
    64. N
    65. D
    66. 2018
    67. J
    68. F
    69. M
    70. A
    71. M
    72. J
    73. J
    74. A
    75. S
    76. O
    77. N
    78. D
    79. 2017
    80. J
    81. F
    82. M
    83. A
    84. M
    85. J
    86. J
    87. A
    88. S
    89. O
    90. N
    91. D
    SAPO Blogs
    Em destaque no SAPO Blogs
    pub
    Voltar ao topo | SAPO Blogs: blogs com gente dentro.
    Esta página utiliza cookies. Consulte a nossa Política de cookies.