Em 30 anos de carreira parlamentar, Bolsonaro marcou seus mandatos pela mediocridade e pela capacidade fenomenal de multiplicar o patrimônio da família. No livro “O negócio do Jair” (editora Zahar), a jornalista Juliana Dal Piva identifica o DNA e a extensão tentacular do esquema que transformou os gabinetes de Jair e de seus três filhos mais velhos em escritórios do crime.
Desde 2018, já se sabe do esquema das rachadinhas de Flávio Bolsonaro, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Mas com uma investigação obstinada e meticulosa, Dal Piva coloca Jair Bolsonaro na cena do crime, mostrando que os quatro gabinetes do clã, em três casas legislativas, eram uma coisa só e sob o comando do atual presidente.
Parentes e apaniguados contratados tinham que entregar até 90% dos salários. A repórter joga luz sobre uma miríade de personagens menos conhecidos, como a segunda mulher de Bolsonaro, Ana Cristina Valle, gerente da máfia enquanto o casamento durou, além dos notórios Fabrício Queiroz e o miliciano Adriano da Nóbrega.
O livro também reconstitui intrigas e disputas entre comparsas e traz revelações exclusivas. Uma delas se refere a Kassio Nunes Marques, agente do clã no STF, e paro por aqui para não dar spoiler.
Sabe-se hoje que a rede criminosa rendeu a propriedade de 107 imóveis, metade deles pagos em dinheiro vivo, revelação de Dal Piva e de Thiago Herdy, publicada no UOL e censurada judicialmente a pedido de Flávio Bolsonaro. É mais uma de muitas decisões benevolentes do judiciário (para não dizer cúmplices) e que devolveram a investigação do Ministério Público fluminense sobre as rachadinhas à estaca zero.
O livro de Juliana Dal Piva é jornalismo de primeira grandeza, que honra o ofício. Ela chegou a receber ameaças do advogado Frederick Wassef, mas não se deixou intimidar. Seu trabalho fornece provas e indícios abundantes para quem quiser investigar a teia de crimes que envolve o presidente e sua família. Basta querer.
Blog do Noblat
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Onde já se viu um presidente, candidato a um novo mandato, a 7 dias da eleição, sair de moto em Brasília, acompanhado por seguranças em duas motos, para ir comer um frango com farofa em uma barraca à beira de estrada? Não foi ato de campanha, foi não ter o que fazer.
O documentário Xadrez da Ultradireita, que está sendo produzido peloGGN, comfinanciamento do Catarse, narrará como a ultradireita mundial, com seus diferentes personagens e ferramentas, avança para a ameaça às eleições 2022 no Brasil. Para entender os diversos temas trabalhados, apresentamos as peças que nortearão o documentário:
O bilionário que descobriu a ciência dos algoritmos para usar nas operações de mercado e, depois, descobriu seu potencial político, turbinando a ultradireita trumpiana.
Quando a máfia dos cassinos encontra a ultradireita e os evangélicos
por Luis Nassif
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Peça-chave no financiamento e apoio à ultradireita, o lobby dos cassinos está entre os setores que mais ambicionam destruir regulações civilizatórias, transitando na fronteira da ilegalidade.
Desde que assumiu o governo, quando indagado, Jair Bolsonaro faz jogo duplo.
É pressionado pelo Centrão a legalizar os jogos de azar, o que motivou inclusive, Paulo Guedes, a defender em fevereiro de 2020 a entrada dos cassinos no país e junto com este grupo está o seu filho, Flávio Bolsonaro, lobista de cassinos em Las Vegas. Do outro lado, está a pressão da bancada evangélica a vetar a proposta. Resultado: Bolsonaro se compromete com o veto, sem esforços para impedir que o Congresso o derrube.
Jogos e cassinos têm uma ligação histórica com a máfia e com a contravenção.
Nos Estados Unidos, Las Vegas foi construída pelos grupos da máfia. Na Europa, máfias italiana, francesa e espanhola disputavam o controle dos jogos e dos cassinos. No Brasil, desde o Império o crime organizado dominou o jogo do bicho e, depois, os bingos e máquinas caça-níqueis. E não apenas pela exploração da compulsão dos usuários por jogos de azar, mas porque se prestam perfeitamente à lavagem de dinheiro e ao fluxo de narcotráfico.
A internacionalização do jogo explodiu com a Internet e os jogos eletrônicos online. Especialmente porque exigiam uma nova tecnologia, e um domínio das ferramentas de difusão na Internet.
O primeiro grupo internacional a investir pesadamente no país foi a Gtech, ligada à máfia de Los Angeles. Entrou pela porta da Caixa Econômica Federal, na gestão Danilo de Castro, no governo Itamar Franco. Danilo afastou a estatal Datamec e contratou os serviços da Racimec, empresa nacional, mas que já tinha, por trás, a Gtech.
O prestígio da Gtech podia ser medido pela influência do seus lobistas, dentre os quais Rick Davis, gerente da campanha de John McCain, candidato republicano à presidência dos Estados Unidos. Ela cuidava também da loteria estadual do Texas quando Bush Filho governava o estado.
O contrato da Racimec passou pelo governo Itamar e se consolidou no governo Fernando Henrique Cardoso, graças às benesses garantidas pelo presidente da CEF Sérgio Cutollo, mesmo contra pareceres técnicos desaconselhando o novo contrato.
Com a entrada do PT, o bicheiro goiano Carlinhos Cachoeira se aproximou de Rogério Buratti, da República de Ribeirão Preto, liderada por Antônio Palocci, e ofereceu seus préstimos para a renovação do contrato da Gtech no valor de US$ 130 milhões.
O plano de Cachoeira era parceria com a Gtech para dominar o mercado de apostas online. Ele já havia feito as primeiras incursões, estendendo suas atividades para Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná e Rio de Janeiro.
Desde o início, Cachoeira contou com a parceria da revista Veja – que o livrou de uma CPI da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro detonando o deputado que a propôs. E depois se tornaria sua parceira preferencial em um sem-número de escândalos visando afastar competidores de Cachoeira.
A manobra não deu certo, provavelmente bloqueada pelo então presidente da CEF, Jorge Matoso – posteriormente sacrificado injustamente no episódio em que Palocci conseguiu quebrar o sigilo do caseiro da tal República de Ribeirão.
Cachoeira perdeu uma quantia calculada em R$ 50 milhões. Em represália, divulgou o vídeo com Valdomiro Diniz, primeira trinca grave na imagem do governo Lula.
Logo após o impeachment, aproveitando o quadro inicial de terra arrasada, Temer e seu grupo tentou aprovar a legalização do jogo e a privatização dos jogos online, a Lotex. Não teve tempo de consumar a jogada.
Peça 2 – a frente fascista e o negócio dos cassinos
Por seu lado clandestino, de flertar com os limites da contravenção, o jogo sempre necessitou de blindagem política, razão para ter se tornado grande financiador de políticos em vários países.
Com o avanço da Internet, os diversos braços do crime organizado perceberam um mercado político promissor na aliança com os grupos de ultradireita que ascendiam nas diversas partes do planeta.
Hoje em dia, o avanço da ultradireita mundial está fundado em uma rede de negócios articulada diretamente pelo presidente norte-americano Donald Trump. É o que explica a aproximação de Trump com a Arábia Saudita em detrimento do aliado histórico Canadá. Essa frente político-empresarial fomenta intolerância, golpes na democracia, com a intenção de consolidar alianças políticas que abram espaço para seus negócios. O alerta é do candidato democrata Bernie Sanders, em artigo recente no The Guardian.
“Já deve estar claro que Donald Trump e o movimento de direita que o apóia não são um fenômeno exclusivo dos Estados Unidos. Em todo o mundo, na Europa, na Rússia, no Oriente Médio, na Ásia e em outros lugares, vemos movimentos liderados por demagogos que exploram os medos, preconceitos e queixas das pessoas para alcançar e manter o poder.
“(…) Além da hostilidade de Trump em relação às instituições democráticas, temos um presidente bilionário que, de uma maneira sem precedentes, incorporou descaradamente seus próprios interesses econômicos e de seus companheiros nas políticas do governo.
“(…) Devemos entender que esses autoritários fazem parte de uma frente comum. Eles estão em estreito contato, compartilham táticas e, como no caso dos movimentos de direita e europeus e americanos, compartilham até alguns dos mesmos financiadores. A família Mercer, por exemplo, apoiadores da infame Cambridge Analytic, foi a principal patrocinadora do Trump e do Breitbart News, que opera na Europa, Estados Unidos e Israel para promover a mesma agenda anti-imigrante e anti-muçulmana. O megadoador republicano Sheldon Adelson doa generosamente a causas de direita nos Estados Unidos e Israel, promovendo uma agenda compartilhada de intolerância e iliberalismo em ambos os países”.
Em uma das visitas de Bolsonaro a Trump, na Casa Branca, um dos temas tratados foi o da legalização dos cassinos no Brasil. Poucos dias depois, o Ministro do Turismo anunciou que o governo iria propor no Congresso Nacional um debate sobre cassinos integrados a resorts – justamente o modelo de Sheldon Adelson, presidente da Las Vegas Sand Coorporation.
Portanto, trata-se de uma demanda negociada diretamente por um filho de Bolsonaro, o representante empresarial da família. A apresentação da proposta, por Paulo Guedes, é apenas uma troca de favores, visando reduzir as suspeitas sobre as articulações, já que Sheldon é um dos principais articuladores do grande pacto de negócios que une a ultradireita mundial.
Ele foi um dos financiadores da mudança da embaixada norte-americana para Jerusalem. Na inauguração, a família Sheldon foi colocada em lugar nobre, ao lado do primeiro ministro Netanyahu, da filha e genro de Donal Trump, Ivanka e Jared Kushner. Não por acaso, a ultradireita israelense liderada por Netanyahu acumula em série suspeitas de corrupção.
Peça 4 – a rede mundial da contravenção
O governo Bolsonaro vem desarmando, uma a uma, as restrições regulatórias em todos os campos de atuação das milícias e das máfias internacionais. Todas suas intervenções econômicas visam atender interesses de negócio de seu entorno. A legalização dos cassinos é apenas o último passo nessa escalada de parcerias com o submundo empresarial.
O nome da deputada federal bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP) esteve entre os assuntos mais comentados no Twitter nesta semana, quando o assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips chamaram atenção da mídia internacional para os crimes que ocorrem na Amazônia.
A hashtag#ZambelliNaCadeiafoi levantada após o delegado da Polícia Federal, Alexandre Saraiva, fazer graves denúncias sobre o suposto envolvimento da parlamentar no que ele chamou de “Bancada do Crime na Amazônia”.
O policial foi superintendente da PF do Amazonas e prestou serviços por mais de uma década em investigações para desbaratar garimpo, pesca e extração ilegal de madeira da floresta.
Saraiva disse ementrevista para a GloboNewsque parlamentares bolsonaristas e o ex-ministro Ricardo Salles, do Meio Ambiente, defendem atividades criminosas de garimpeiros, madeireiros e pescadores porque são financiados por grupos que atuam à margem da lei.“Esses criminosos têm boa parte dos políticos da região norte no bolso. Estou falando de governadores, senadores…”, disse Saraiva.
“Veja de onde saiu grande parte dos parlamentares do Centrão. São financiados por esses grupos. [Os senadores] Zequinha Marinho, Telmário Mota, Mecias de Jesus. Jorginho Melo de Santa Catarina mandou ofício; a Carla Zambelli foi lá defender madeireiro. Temos uma bancada do crime, de marginais, de bandidos”, disparou, causando alvoroço nas redes sociais.
A deputada federal Carla Zambelli ao lado do ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, exonerado após se envolver em investigação por crimes ambientais
O plano de fundo das acusações de Saraiva é aOperação Handroanthusda PF, que apreendeu 213 mil metros cúbicos de madeira ilegal na divisa entre Amazonas e Pará, no final de 2020.
A investigação expôs os crimes de desmatamento ilegal, grilagem de terra, fraude em escrituras e exploração madeireira em áreas de preservação permanente.
Na época, o delegado acusou o então ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, de não periciar o material corretamente. Saraiva foi demitido do cargo um dia após enviar anotícia-crimeao Supremo Tribunal Federal (STF).
A convergência de interesses entre Zambelli e Salles foi objeto de um episódio do programa Greg News, que resgatou a trajetória política da bolsonarista e sua atuação na Comissão de Meio Ambiente. Veja abaixo:
Foi em abril de 2021, durante uma audiência virtual conjunta das Comissões de Legislação Participativa e de Direitos Humanos na Câmara, que ouviu o delegado sobre o caso, que Zambelli teria “defendido madeireiro”.A sessão acabou em tumulto e bate boca com os deputados.
“É possível errar, o ser humano erra. O senhor acabou de citar a empresa Rondobel, disse que tinha diversas multas no Ibama. Toda a empresa ambiental é passível de multa, mas multa e crime são coisas diferentes. O senhor fala de um jeito como se fosse uma empresa criminosa. Tenho aqui um relatório do Décio Ferreira Neto que diz ‘dessa forma concluímos esse relatório afirmando não haver indícios suficientes de materialidade dos fatos ora investigados, encerrando-se assim essa investigação”, argumentou Zambelli na tal audiência.
“A deputada Carla Zambelli pega umas coisinhas soltas assim e acho que nem ela acredita no que ela fala”, respondeu o delegado, na ocasião.
A atuação de Zambelli na defesa do crime por meio de projetos de lei
O jornalista inglês Dom Phillips (esq.) e o indigenista Bruno Araújo, ambos assassinados da região do Vale do Javari, no Amazonas
O Amazonas está no centro do noticiário última semana, em decorrência do desaparecimento do indigenista Bruno Araújo Pereira e do jornalista britânico Dom Philips. Um dos suspeitos sob custódia confessou que a dupla foi executada com arma de fogo, seus corpos foram esquartejado, incinerados e enterrados na floresta. A polícia ainda investiga a motivação e possíveis mandates do crime.
Coincidentemente, no dia 8 de junho, três dias após o desaparecimento de Bruno e Dom, a deputada Carla Zambelli apresentou umprojeto de lei (PL)para que os criminosos ambientais sejam condenados a desfazer o dano causado à natureza, voltando o ambiente degradado ao seu estado original e, na impossibilidade de restaurar, que seja condenado ao pagamento “mínimo” de multa.
O PL 6289/2019 prevê que policiais militares passem a integrar o Sistema Nacional de Meio Ambiente (Sisnama). O PL é uma cópia de uma proposta apresentada em 2014 por Jair Bolsonaro (PL), mas arquivada em 2019.
Familiares de Carla Zambelli atuam no Amazonas
O interesse de Carla Zambelli na região da Amazônia passa, ainda, por laços familiares.
O marido da parlamentar, o coronel Antônio Aginaldo de Oliveira, comandou por três anos a Força Nacional de Segurança Pública, que deveria ser responsável por fiscalizar e combate os crimes locais, após a saída da equipe de intervenção federal então comandada por Hamilton Mourão.
Umareportagemdo Estadão destacou que a Terra Indígena do Vale do Javari, onde desapareceram o indigenista e o jornalista britânico, conta com apenas seis agentes da Força Nacional para fazer o patrulhamento da área de 85 mil quilômetros quadrados.
De acordo com as informações, a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) fez ao menos seis pedidos neste ano ao governo, para reforçar o patrulhamento.
O senador Omar Aziz (PSD-AM)declarouque a parlamentar “bajulava” Bolsonaro justamente por causa dos “carguinhos” de seus familiares no governo Bolsonaro.
Flávia Maynarte ☭
@Flaviamaynarte
Quer dizer então que o cel. Antônio Aginaldo, ex-comandante da Força Nacional, responsável pela segurança no Vale do Javari, é marido da Carla Zambelli... Que coisa, não?
Sergio Moro ministro da Justiça de Moro, e padrinho de casamento de Carla Zambelli, assinou o afastamento de Bruno Pereira da Funai.
Dani Bah
@danibacedo
Antônio Aginaldo.. responsável pela segurança no Vale do Javari.. é marido da CarlaZambelli.. o Padrinho d casamento deles foi Sérgio Moro.. e Moro foi quem exonerou Bruno Pereira da FUNAI a mando d Bolsonaro após uma operação contra garimpeiros na Amazonia..
Prof Sergio
@ProfSergioFS
Delegado da PF, Alexandre Saraiva, lista políticos ligados a Máfia da Amazônia, chamados de Banca de Marginais, entre eles: Carla Zambelli, Jorginho Melo, Mário Motta. O delegado também acusa o Centrão de Lira e Cia de ser financiado por essa Máfia.
Os citados
Ameaça de processo
Sem fazer defesa pública no mérito das acusações do delegado Saraiva, Zambelli ameaçou processo e acusou o policial de ter planos políticos e, por isso, reproduzir ataques que “comunistas” costumam fazer contra ela.
Em revide, Saraiva respondeu que aguarda ansioso pelo processo
Alexandre Saraiva
@DelegadoSaraiva
Vindo de uma pessoa como ela o processo será motivo de orgulho. Coisa para se mostrar para os netos. Esse povo acha que tenho medo de processo... Certo eu brigo até com Satanás... Errado eu não brigo com ninguém.
Professor Eulavo
@Eulavomeucarv
Já que Carla Zambelli está sendo homenageada hoje, reposto aqui o vídeo em que ela faz uma denúncia gravíssima: A Havan pertence à filha da Dilma e é uma homenagem a Havana.
Anthony Kelly, um juiz australiano, decidiu que o tenista Novak Djokovic entre e jogue na Austrália, e se quiser que circule sem máscara, mesmo sem ter sido vacinado e mesmo que tenha participado de eventos com crianças quando estava infectado.
Timothy Holroyde, um juiz de Londres, decidiu que Julian Assange seja extraditado para os Estados Unidos, mesmo correndo o risco de morrer na prisão do país por ele exposto por seus crimes de guerra.
Sergio Moro, um juiz paranaense, decidiu caçar, condenar e encarcerar Lula e agora tem a pretensão de disputar a eleição e de enfrentar Lula e o fascista para o qual trabalhou.
Luciana Menezes Scorza, uma juíza paulista, determinou, com respaldo de um pedido do Ministério Público, que uma mulher que furtou um pacote de Miojo fosse encarcerada por praticar “crime patrimonial”.
Wilson Witzel, um ex-juiz carioca, eleito governador do Rio como nome nacional do moralismo de extrema direita, foi afastado do cargo por impeachment por suspeita de corrupção.
Na Alemanha da pós-guerra e pós-Nuremberg, juízes nazistas julgavam comparsas nazistas, determinando que todos deveriam ser absolvidos da acusação de que ajudaram a perseguir e matar judeus, porque eram nazistas comuns e sem o direito de dizer não.
Juízes são protagonistas, desde a Bíblia, de decisões que favorecem os poderosos, os criminosos endinheirados, os fascistas, os nazistas. Sim, há o outro lado, mas não é deste que estamos tratando aqui.
Estamos falando de uma Justiça protagonista, como nunca existiu antes no Brasil e em muitos lugares no mundo, que examina, delibera e sentencia em favor de quem tem algum poder, por mais despótico que seja.
A Justiça orienta a política e dela se serve e a ela serve como serva. Até o ir e vir, com máscara, depende de garantias da Justiça.
Situações inversas, de juízes que desafiam e impõem medos ao poder, são raras hoje e uma dessas raridades é a da juíza argentina María Eugenia Capuchetti.
A juíza declarou-se impedida de participar dos processos sobre a espionagem contra inimigos de Mauricio Macri, comandada pelo governo do mafioso, de 2015 a 2019.
María Eugenia descobriu que também ela era espionada pelos arapongas de um governo liderado por um grupo de direita hoje alinhado à extrema direita.
María Eugenia era considerada inimiga das facções macristas e de todos os fascistas argentinos. Era perigosa, como são perigosos muitos juízes do Brasil por não se submeterem às ordens e ao terror de golpistas e militaristas. bolsonaristas, negacionistas e neonazistas.
A Argentina exibe hoje um mural tenebroso do aparelhamento da Justiça pela direita, com a descoberta da articulação de macristas com juízes e membros do Ministério Público para perseguir sindicalistas e adversários políticos e interferir em processos judiciais, com o apoio das corporações de mídia.
A Argentina pelo menos enfia as mãos nas sujeiras do Judiciário. Emergem todos os dias por lá informações sobre o esquema que o próprio macrismo chamava de Gestapo.
Era uma estrutura de poder paralelo para destruir inimigos com a ajuda de um Judiciário que o governo de Alberto Fernández tenta reformar para que não continue sendo usado na perseguição às esquerdas.
E no Brasil? Aqui, todos ainda fingem normalidade, enquanto Bolsonaro aparelha as instituições, e as reações mais visíveis do Judiciário são as do Supremo e quase pessoalizadas em torno do ministro Alexandre de Moraes.
Aqui, o lavajatismo é um moribundo que perambula à noite pelas ruas, sendo amparado pelos poucos que ainda se dispõem a mantê-lo com vida.
O Judiciário espetaculoso está avariado. Mas um Judiciário mais discreto ainda dá guarida aos que perseguem, censuram e tentam amordaçar jornalistas e interditar e calar quem se atreve a mexer em podridões de grileiros, contrabandistas, grandes sonegadores, milicianos e famílias mafiosas.
O Judiciário brasileiro, uma miragem para pobres, negros e índios e um oásis para os Bolsonaros e seus parceiros, é incapaz até de assegurar a vacina das crianças.
Recente decisão liminar da ministra Rosa Weber botou freio temporário no escândalo da compra de votos por meio das emendas de relator, na Câmara dos Deputados. Trata-se de patifaria que também atende pelo nome de orçamento secreto para favorecer os amigos do rei.
Já se vão trinta anos do caso que levou à criação da CPI dos Anões do Orçamento, referência à baixa estatura dos deputados implicados. Um deles, João Alves, ficou famoso por atribuir seu patrimônio à sorte na loteria e à benevolência divina. “Deus me ajudou e eu ganhei muito dinheiro”, disse à CPI, com a cara de pau, isso sim, que Deus lhe deu.
Uma linha do tempo une João Alves, anões do orçamento, orçamento secreto e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). O PPR de Alves viria a ser um dos partidos que, várias fusões depois, daria origem ao PP de Lira. As trocas de pele nunca mudaram a essência fisiológica da facção, que teve em suas fileiras o então deputado Bolsonaro e o notório Paulo Maluf.
Recuo ainda maior mostra que a Arena, partido de sustentação da ditadura, foi a matriz da “turma que flutua pelo centro” e que merece o “respeito” do banqueiro André Esteves, conforme ele afirmou recentemente. “Não tenho dúvida [de que], durante cem anos de história, esse centro que nos manteve republicanos”, pontificou. A aliança é antiga e nos faz andar sem sair do lugar.
As emendas parlamentares são um instrumento bastante discutível de aplicação do dinheiro do contribuinte. Prestam-se a interesses eleitoreiros e ao toma lá dá cá em todos os governos. Ninguém no Congresso parece, de fato, interessado em discuti-las a fundo, muito menos extingui-las.
O orçamento secreto, contudo, é mecanismo de operação de máfia, que rebaixa e degrada a atuação parlamentar e institucionaliza o balcão de negócios. Não seria o caso de uma CPI? Ao decidir sobre o assunto, espera-se que com celeridade, o plenário do STF terá a chance de travar engrenagem perniciosa de corrupção que fere de morte a democracia.
Sérgio Moro é um ex-juiz. Não um ex-juiz qualquer, mas um ex-juiz condenado pela Suprema Corte do Brasil como suspeito, parcial, posicionado.
Ser considerado suspeito é o mais grave e o mais vergonhoso castigo que um juiz pode receber. Representa a inabilitação para o exercício da magistratura, é o maior reconhecimento de imprestabilidade para a atuação judicial.
Os métodos empregados por Moro, estranhos ao universo do Direito e da Justiça, podem ser equiparados com os métodos de chefes de organizações mafiosas. Segundo Salvatore Lupo, “Máfia é uma organização criminosa cujas atividades estão submetidas a uma direção de membros que sempre ocorre de forma oculta e que repousa numa estratégia de infiltração da sociedade civil e das instituições”.
Na Lava Jato, Moro foi o chefe dos chefes, il capo di tutti capi, o elemento infiltrado no judiciário que exerceu a direção “de forma oculta” da organização criminosa. Ele reuniu todos atributos de il capo; sequer faltou-lhe um codinome.
Como juiz e como fascista, e no contexto de um Estado de Exceção por ele próprio erigido, Moro praticou contra Lula aquilo que é conhecido como o direito penal do inimigo – arbítrio inspirado no nazista Carl Schmitt, contraposto ao direito penal do cidadão.
Ele corrompeu o sistema de justiça para a materialização de interesses políticos, pessoais e partidários da direita e extrema-direita. Por isso se consagrou mundialmente como o responsável pelo maior escândalo de corrupção judicial da história.
Com tudo o que hoje se sabe a respeito das falcatruas e crimes cometidos por Sérgio Moro contra o Estado de Direito e a democracia, é inadmissível que ele sequer esteja respondendo a processos judiciais, quando já deveria estar pelo menos preventivamente preso.
A filiação partidária de Moro, portanto, é uma ofensa à democracia e uma homenagem ao banditismo político. Moro é inimigo da democracia, é uma ameaça permanente ao Estado de Direito. A filiação dele, enfim, institucionaliza o gangsterismo na política.
Os canalhas Moro e Dallangnol são políticos desde sempre e o partido deles é a lava jato, organização criminosa e golpista formada desde os interesses imperialistas e mafiosos de poderosos grupos imperialistas, de olho no nosso petróleo
por Dom Orvandil
Prezada Professora Mirian Preto
Cruz Alta, RS.
Novamente nos encontraremos nesta quarta feira no Programa Leitura Profética.
Com esta carta objetivo refletir contigo sobre a dividida que significa a horrorosa e nojenta participação de Sérgio Moro e de seu comparsa Deltan Dallagnol no processo eleitoral como candidatos nas próximas eleições.
Desde já nos é claro que Moro e Dallagnol jamais entrarão para a política, como desinformadamente se alardeia por aí.
A ignorância sobre o que é política, confundindo isto com filiações partidárias e candidaturas eleitorais, leva à confusão de que os pilantras lavajatistas ingressam na vida política ao se disporem a oficializar candidaturas, seja lá ao que for.
Nada, os canalhas Moro e Dallangnol são políticos desde sempre e o partido deles é a lava jato, organização criminosa e golpista formada desde os interesses imperialistas e mafiosos de poderosos grupos imperialistas, de olho no nosso petróleo.
Desde os gregos se sabe que política é a arte de debater e de decidir sobre os interesses em conflitos na cidade estado, depois nos impérios, nas repúblicas, nas nações e supranacionalmente pelo imperialismo.
De um lado, a política dominante defendia os interesses da tirania no massacre dos escravos e na extração de suas riquezas no sustento das orgias a que sempre se entregaram as elites na sua maldade.
Os setores dominantes e preguiçosos nunca titubearam em usar instituições como o estado, desde sua origem como cidade, até chegar à complexidade moderna, as instituições de ensino como privilégios na formação de suas descendências e o judiciário, com todas as leis a proteger a tirania, a exploração, as mentiras e as máscaras das maldades dos atores do horror.
Em Atenas a elite usou o judiciário para caluniar e matar Sócrates, que nunca morreu em sua obra filosófica. Em Jerusalém o império romano usou a pretoria e a religião para destruir e matar Jesus, que renasceu na páscoa de um mundo justo. Em Minas e no Rio de Janeiro a mídia, a religião e o judiciário serviram para martirizar Tiradentes, que vive na luta pela libertação e independência do Brasil.
Portanto, política é síntese de atos humanos que representam o lado que cada pessoa assume. Os canalhas Sérgio Moro e Deltan Dallagnol alinham-se na perspectiva política dos tiranos, mentirosos, assassinos e mafiosos, sempre a favor dos mais poderosos e obscuros negócios.
Moro e Dallagnol, dirigentes do partido golpista lava jato, não entram para a política coisa nenhuma. Sempre foram da pior política possível.
A essa dupla e a toda a gangue lavajatista se deve escumalhas hediondas como os golpes mensalão, o impeachment da Presidenta Dilma Rousseff, a prisão do ex Presidente Luiz Inácio Lula da Silva para eleger o fakeada sua excrescência miliciana genocida Jair Bolsonaro, a miséria dos ossos secos e sem carne, da fome, do desemprego, da destruição da Petrobras, do rebaixamento dos melhores intelectuais da engenharia naval e do petróleo, como também a ascensão do nazifascismo, retirando dos esgotos fétidos o que há de pior no povo brasileiro.
Os canalhas de Curitiba sempre agiram politicamente na busca corrupta de nacos no poder econômico do capitalismo neoliberal decadente. Inscrições em partidos balcões de negócios e golpistas e candidaturas são apenas estações de passagem do trem desgovernado desses demônios. Se, por desgraça e estupidez de cociente eleitoral, se elegerem nada mais farão nos cargos ocupados do que oficializarem a tirania, a grossa sujeira e golpes que sempre praticaram. No rastro de tudo isso alinhava-se sucessão de crimes, de roubos e de corrupção.
Por outro lado, na luta política, que não ocorre somente com filiações partidárias e disputas eleitorais, é preciso que os escravos, os que catam comida nos lixos, carne nos ossos que os canalhas da politica da tirania nos oferecem, @s trabalhadores/as de todas as atividades, vocações e dons nos organizemos na militância permanente, intensa, mobilizada em massa, no enfrentamento da canalhice lavajatista, neoliberal, imperialista, capitalista e mafiosa, transformando o conteúdo do poder.
O atual conteúdo é o neoliberal, que dá cria monstros como os canalhas aqui em pauta e a tantos outros que se escondem às sombras e nos subterrâneos imorais. É preciso impor o conteúdo que os gregos primitivamente chamavam de “tikós” – politikós – ou política do bem comum.
Esse bem comum não pode jamais contar com monstros na prática de monstruosidades como os lavajatistas fizeram e fazem. Esse bem comum hoje se chama democracia socialista.
Esse é o nome do paradigma econômico e político duro com a tirania e a injustiça, mas inclusivo e fraterno com toda a classe trabalhadora nas relações dignas de quem realmente produz e transforma o planeta.
O Conselho Nacional do Ministério Público [CNMP] recomendou a demissão de Diogo Castor de Mattos pela menor das ilicitudes cometidas pelo procurador lavajatista.
A instalação de outdoor elogioso à República de Curitiba, considerada pelo CNMP como violação do dever funcional e improbidade administrativa, está longe de significar o motivo mais grave para a demissão do procurador.
Pesa sobre Diogo Castor de Mattos a suspeita de conflito de interesses nos processos da Lava Jato contra Lula.
Diogo, Maurício e Rodrigo: o mesmo sangue nas veias
Consta que seu irmão Rodrigo Castor de Mattos atuou como advogado na delação forjada dos publicitários João Santana e Mônica Moura para incriminar Lula. Além disso, um primo dos irmãos Castor de Mattos – o subprocurador da República Maurício Gotardo Gerum –, também atuou nos processos contra Lula no TRF4.
O alto comando da autodesignada “força-tarefa” conhecia o conflito de interesses de Diogo Castor de Mattos praticamente desde o início da operação. Mas se acumpliciou e prevaricou.
Conforme noticiou o site CONJUR, ainda em maio de 2015 a delegada da PF Erika Marena manifestou a Deltan Dallagnol a preocupação de “que foi o Diogo quem estava na audiência do Youssef, e na mesma audiência o Youssef falou da Toshiba, e o advogado da Toshiba é o irmão do Diogo…” [aqui]. Entretanto, não foi providenciado seu afastamento por suspeição, como legalmente corresponderia.
A demissão do procurador é o primeiro – porém, tardio – sinal do CNMP de punição de integrantes da Lava Jato, operação que o ministro do STF Gilmar Mendes disse ser “uma organização criminosa. No fundo, um jogo de compadres”.
Esta operação, chefiada pelo ex-juiz Sérgio Moro e organizada em moldes mafiosos, corrompeu o sistema de justiça do Brasil e promoveu a maior corrupção judicial do mundo. A autoproclamada República de Curitiba criou um “ecossistema judicial” clandestino, à parte da lei e da Constituição, no qual seus integrantes tinham liberdade para cometer arbitrariedades e ilícitos e se acobertavam reciprocamente.
É chocante, neste sentido, um diálogo da procuradora Monique Cheker com seus colegas, no qual ela comenta que “Moro viola sempre o sistema acusatório e é tolerado por seus resultados. Desde que eu estava no Paraná, em 2008, ele já atuava assim”. A omissão desta procuradora da República em relação à prática contumaz de violação do sistema legal pelo então juiz Sérgio Moro é muito mais grave que uma simples falta funcional.
A demissão de Diogo Castor de Mattos é importante; mas, do ponto de vista da democracia e da justiça, ainda é insuficiente face à gravidade dos atentados perpetrados contra o Estado de Direito.
O desligamento dele do serviço público não extingue a necessidade de apuração de responsabilidades na esfera criminal e, inclusive, a prisão dele e dos demais integrantes da Lava Jato que praticaram ilícitos.
É grande a lista de integrantes do MP, do judiciário e do PF que são passíveis de investigação criminal devido à participação ativa neste que é o maior esquema de corrupção judicial do mundo.
O modus operandi, os desvios funcionais e os crimes praticados estão fartamente documentados nos arquivos apreendidos pela Operação Spoofing e estão registrados nos autos de vários processos que tramitaram em Curitiba.
Deltan Dallagnol, uma espécie de capataz do chefe Sérgio Moro, coleciona uma enormidade de acusações que, entretanto, não seguem o curso devido no âmbito do CNMP. O jurista Lênio Streck denuncia que “o CNMP transferiu o julgamento dele 42 vezes. Isso que é impunidade plus”.
A demissão imediata de procuradores e procuradoras a bem do serviço público é um imperativo para o saneamento do Ministério Público e para a recuperação da imagem da instituição, inexoravelmente maculada pela atuação corrosiva destas figuras abjetas.
Não basta, contudo, só a demissão; procuradores e procuradoras ainda têm de ser processados e presos. O mesmo vale para o juiz-ladrão Sérgio Moro, como o classifica o deputado Glauber Braga/PSOL, e para delegados/as da PF, desembargadores e todos aqueles agentes públicos que corromperam o sistema de justiça do país.