Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

O CORRESPONDENTE

03
Jul23

Chama Zequinha... maior amigo do posseiro Jassönio Costa Leite e abre porta do terrorista George Washington

Talis Andrade

genocidio amazonia morte índio.jpeg

 

Senador Zequinha Marinho abriu as portas do Congresso para George Washington e tem um quê de Silas Malafaia, Ricardo Salles e Flávio Bolsonaro - II

João Filho

Eleito senador na onda bolsonarista de 2018, Zequinha passou a ser visto por madeireiros, grileiros e garimpeiros da Amazônia como uma porta de acesso ao governo federal. Uma reportagem da Agência Pública reuniu relatos e documentos que mostram as movimentações de Zequinha junto ao governo federal para atender esses criminosos que atuam na região amazônica. “Chama o Zequinha” era uma frase repetida entre eles quando precisavam de uma ajudinha de cima. 

O senador atuou com especial apreço para retirar a proteção da terra indígena de Ituna Itatá, no Xingú, onde povos indígenas vivem isolados. Do seu gabinete saiu uma série de ofícios para órgãos públicos responsáveis pela fiscalização da região. Por muito pouco Zequinha não conseguiu fazer com que a Funai retirasse a proteção da área. O órgão cogitou a possibilidade, mas se viu obrigado a voltar atrás depois da enorme repercussão internacional dos assassinatos de Bruno Pereira e Dom Phillips, que ocorreram justamente em uma terra indígena invadida por criminosos. 

De qualquer forma, os posseiros ocuparam parte dessas terras ilegalmente. O maior deles é Jassônio Costa Leite, considerado o maior grileiro de terras indígenas da Amazônia. Adivinha quem é seu amigo particular? Sim, ele mesmo, o Zequinha. Segundo o Ibama, Jassônio é o líder dos invasores de terras indígenas, o “chefe do esquema criminoso”. É ele quem faz o loteamento e vende os terrenos invadidos. Em 2021, após ser alvo de uma operação de combate ao desmatamento do Ibama que o multou em R$ 105 milhões, o posseiro pediu ajuda para Zequinha – ele  gravou um vídeo ao seu lado chamando os servidores do órgão de “bandidos e malandros”. 

A revolta do senador está no fato do Ibama ter como prática queimar os equipamentos dos criminosos para que não sejam reutilizados em novos crimes. Poucos dias após o encontro entre Zequinha e Jassônio, o então ministro Ricardo Salles exonerou os diretores de fiscalização do órgão. Como disse um dos servidores exonerados ouvido pela Agência Pública, “Na queda de braço entre ele [o senador do Phodemos] e os fiscais, mesmo os mais antigos, Zequinha sempre sai ganhando”.

indio bom.jpg

 

Em discurso no Senado, Zequinha abusou das mentiras sobre os povos da região: “não é uma terra indígena, é uma área de pretensão indígena. E o pior: não há índio lá, nem isolado, nem reconhecido por ninguém”. Zequinha faz questão de ignorar os mais de 30 anos de dados coletados por indigenistas ligados à Funai, que atestam a existência de povos indígenas em isolamento na região. A falsa narrativa é usada para justificar as ações predatórias na área indígena. A luta do senador pelo domínio da região deu resultado: 84% do desmatamento de Ituna-Itatá aconteceu justamente durante os 3 primeiros anos de mandato de Zequinha (continua)

Delegado da PF, Alexandre Saraiva, lista políticos ligados a Máfia da Amazônia, chamados de Banca de Marginais, entre eles: Zequinha Marinho, Carla Zambelli, Jorginho Melo, Mário Motta. O delegado também acusa o Centrão de Lira e Cia de ser financiado por essa Máfia.

No mesmo dia que é celebrado o Dia Mundial do Meio Ambiente, este 5 de junho também marca um ano da morte do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips. As vítimas desapareceram durante uma navegação no Amazonas e foram encontrados dez dias depois, mortos. 

De acordo com a PF, o pescador Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como Pelado, confessou o crime e indicou às autoridades onde havia enterrado os corpos, bem como ocultado a lancha em que viajavam Pereira e Phillips. A pergunta que muitos se fazem agora é: por qual razão Pelado assassinou Bruno e Dom? O repórter Vinicius Sassine explica que a resposta pode estar relacionada a outros crimes registrados na Amazônia: caça e pesca ilegal, grilagem e narcotráfico.

 
 
15
Mai23

O nascimento do narcopentecostalismo

Talis Andrade

Traficantes, paramilitares e igrejas se unificaram em uma "guerra santa" contra grupos rivais e religiões afro-brasileiras

 

ENGLISH

 

ESPAÑOL

 
por Kristina Hinz, Doriam Borges, Aline Coutinho & Thiago Cury Andries
 
 
- - -
 

Desde os anos 80, as igrejas evangélicas têm expandido suas atividades de missionários para prisões e outros estabelecimentos penitenciários. Atualmente, o número de reclusos convertidos ao neopentecostalismo nas prisões brasileiras é significativo.

As prisões sempre representaram um espaço chave para a formação de organizações criminosas. De fato, todas as grandes facções de narcotráfico, tais como o Comando Vermelho, Terceiro Comando e o Primeiro Comando da Capital, foram fundadas em prisões.

Ocasionalmente, a abundante presença evangélica em estabelecimentos penitenciários tem se traduzido na conversão de traficantes. Este foi especialmente o caso do Terceiro Comando Puro, o principal rival do Comando Vermelho. Enquanto cumpriam sentenças em prisões estaduais, vários líderes foram convertidos para a religião neopentecostal.

Pouco tempo depois, o primeiro grupo narcopentecostal conhecido foi fundado como uma subfacção do Terceiro Comando Puro: o Bonde de Jesus. Além de controlar o tráfico no bairro do Parque Paulista no Estado de Rio de Janeiro, os Soldados de Jesus atacaram e vandalizaram vários templos de Candomblé e de Umbanda, expulsando os sacerdotes dos seus territórios. Desde então, a perseguição não só das religiões afro-brasileiras, mas também de padres católicos, tem sido relatada em várias favelas dominadas pelo Terceiro Comando Puro.

A ascensão das milícias e novas alianças

Outra força importante no equilíbrio de poder no Rio de Janeiro são as chamadas "milícias". Desde a ditadura militar, os grupos de extermínio formados por forças paramilitares e parapoliciais assumiram o controle de bairros inteiros. Muitas vezes comparada à máfia italiana, a milícia obtém as suas principais receitas da “gestão da violência” nos territórios sob o seu controle, coagindo a população local ao pagamento de taxas de proteção para as suas residências ou empresas. Em alguns bairros, milicianos também controlam outros ramos de infraestrutura, tais como a distribuição de gás, TV por cabo e transporte alternativo.

No ano passado, ao menos 57% da área da cidade do Rio de Janeiro era dominada por grupos milicianos, colocando 5,7 milhões de habitantes da cidade sob a mercê de organizações paramilitares

Compreendendo a milícia como um aliado estratégico no combate ao narcotráfico, diversos representantes do Estado apoiaram abertamente esses grupos paramilitares. O atual prefeito do Rio, Eduardo Paes, por exemplo, declarou no passado que as "forças de autodefesa" formadas por policiais e bombeiros coibiam os narcotraficantes e traziam paz para certos bairros. É comum também nas fileiras policiais a percepção da milícia como uma extensão das suas próprias corporações, uma vez que são formadas por uma grande parte de ex-policiais e soldados do exército.

Contrariando esta reputação, associações entre grupos de milicianos e traficantes ligados ao Terceiro Comando Puro foram expostas. Para fortalecer sua posição em relação ao seu inimigo comum, o Comando Vermelho, os grupos criminosos lançaram uma nova joint-venture: nos territórios recém-conquistados, o Terceiro Comando Puro é responsável pelo tráfico de drogas, enquanto a milícia continua administrando e cobrando pela TV a cabo e pelo gás. As igrejas evangélicas, por sua vez, não fornecem apenas a justificativa ideológica para a guerra contra o demoníaco Comando Vermelho, mas também têm sido utilizadas para a lavagem de dinheiro. Como as igrejas são isentas do pagamento de impostos, fundos ilegais são facilmente canalizados por meio delas, tornando impossível rastrear a origem desse dinheiro.

A narcomilícia neopentecostal

Apesar da abordagem perigosa, a tripla aliança entre os traficantes do Terceiro Comando Puro, a milícia e igrejas evangélicas parece funcionar bem. Em janeiro deste ano, o Complexo de Israel expandiu o seu territóriopara outros bairros do Rio de Janeiro, a convite dos próprios traficantes locais. A Polícia Civil do Rio também está investigando uma suposta aproximação com criminosos de outras regiões.

Também fora do Complexo de Israel, o poder desta joint-venture está aumentando: O Terceiro Comando Puro conseguiu expandir significativamente o seu território, conquistando importantes bastiões do Comando Vermelho na cidade.

O maior vencedor, talvez, desta nova aliança poderá ser a milícia: no ano passado, ao menos 57% da área da cidade do Rio de Janeiro era dominada por grupos milicianos, colocando 5,7 milhões de habitantes da cidade sob a mercê de organizações paramilitares. As autoridades não são inocentes neste desenvolvimento. Territórios controlados pela milícia raramente são alvo de operações policiais: desde 2018, apenas 3% das operações militares e policiais foram lançadas em territórios ocupados pela milícia.

Apesar de algumas detenções ocasionais, estas organizações criminosas altamente lucrativas e profissionais não podem ser seriamente confrontadas sem visar suas estruturas políticas e fontes de financiamento. Isto inclui rever a estrutura de transporte público e distribuição de gás e de TV a cabo - a principais fontes de rendimento das milícias - bem como a atual legislação sobre drogas e impostos para igrejas, muitas vezes utilizadas para lavagem de dinheiro.

Embora isto possa parecer uma discussão difícil, o preço atualmente pago pela população do Rio, tomada como refém pela narcomilícia neopentecostal é muito mais elevado: ao terror propagado pelos grupos armados acrescenta-se a perda da liberdade de fé e a perseguição das religiões afro-brasileiras e dos seus praticantes

NarcoEvangélicos: um conto não tão distópico sobre o Brasil

A partir da notícia divulgada na imprensa que traficantes de drogas do Rio de Janeiro estão unindo cinco favelas que dominam para expandir o seu poder, … Continue lendo

 
 
29
Mar23

Banco Central sequestrou o Brasil e o arrasta para a recessão, diz Reinaldo Azevedo

Talis Andrade

 

Nando Motta

Juros nas alturas

www.brasil247.com - { imgCaption }}

COUSA DE MÁFIA BOLSONARISTA

Jornalista questionou taxa Selic de 13,75% e fez alerta sobre ata do Copom que ameaça novos aumentos: "deixa claro que, se preciso, o BC fabrica uma recessão sem pestanejar"

 

247 - O jornalista Reinaldo Azevedo reagiu ao posicionamento do Banco Central de possivelmente retomar uma curva ascendente de aumento da taxa Selic. A fala de Azevedo foi pautada na última ata de reunião do Comitê Político Monetário (Copom) onde foi decidido pelo BC a manutenção da taxa básica de juros em 13,75% ao ano. O jornalista caracterizou o documento como o “mais político de sua história”. 

Azevedo também cobrou um posicionamento mais efetivo de lideranças políticas para que a autonomia do BC não leve o país a uma recessão. 

“Se as lideranças do Congresso, incluindo suas respectivas autoridades, e os representantes da economia real continuarem em silêncio obsequioso — como, aliás, recomendam, com ameaças, os valentes subscritores daquela estrovenga —, o país caminha para a recessão. E o abismo nos contempla. Vamos desconstruir o que é uma peça de chantagem”, escreveu.

O jornalista ainda afirmou que o Banco Central, descumprindo a lei que prevê sua própria autonomia, se preocupa apenas com o controle da inflação. "É uma confissão. Embora jurem seguir o que dispõe a Lei Complementar 179, está tudo claro: eles se preocupam exclusivamente com a redução da inflação, tratada, como resta evidente, como se fosse de demanda. Segundo o tal Boletim Focus, a economia já vai crescer menos de 1% neste ano. A ata deixa claro que, se preciso, o BC fabrica uma recessão sem pestanejar. E sem se ocupar das consequências sociais", finaliza Azevedo.

Reinaldo: Tebet critica atuação do BC no caso dos juros

25
Set22

Bolsonaro e os gabinetes do crime

Talis Andrade

Image

 

por Cristina Serra

- - -

Em 30 anos de carreira parlamentar, Bolsonaro marcou seus mandatos pela mediocridade e pela capacidade fenomenal de multiplicar o patrimônio da família. No livro “O negócio do Jair” (editora Zahar), a jornalista Juliana Dal Piva identifica o DNA e a extensão tentacular do esquema que transformou os gabinetes de Jair e de seus três filhos mais velhos em escritórios do crime.

Desde 2018, já se sabe do esquema das rachadinhas de Flávio Bolsonaro, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Mas com uma investigação obstinada e meticulosa, Dal Piva coloca Jair Bolsonaro na cena do crime, mostrando que os quatro gabinetes do clã, em três casas legislativas, eram uma coisa só e sob o comando do atual presidente.

Parentes e apaniguados contratados tinham que entregar até 90% dos salários. A repórter joga luz sobre uma miríade de personagens menos conhecidos, como a segunda mulher de Bolsonaro, Ana Cristina Valle, gerente da máfia enquanto o casamento durou, além dos notórios Fabrício Queiroz e o miliciano Adriano da Nóbrega.

O livro também reconstitui intrigas e disputas entre comparsas e traz revelações exclusivas. Uma delas se refere a Kassio Nunes Marques, agente do clã no STF, e paro por aqui para não dar spoiler.

Sabe-se hoje que a rede criminosa rendeu a propriedade de 107 imóveis, metade deles pagos em dinheiro vivo, revelação de Dal Piva e de Thiago Herdy, publicada no UOL e censurada judicialmente a pedido de Flávio Bolsonaro. É mais uma de muitas decisões benevolentes do judiciário (para não dizer cúmplices) e que devolveram a investigação do Ministério Público fluminense sobre as rachadinhas à estaca zero.

O livro de Juliana Dal Piva é jornalismo de primeira grandeza, que honra o ofício. Ela chegou a receber ameaças do advogado Frederick Wassef, mas não se deixou intimidar. Seu trabalho fornece provas e indícios abundantes para quem quiser investigar a teia de crimes que envolve o presidente e sua família. Basta querer.

Blog do Noblat
@BlogdoNoblat
Onde já se viu um presidente, candidato a um novo mandato, a 7 dias da eleição, sair de moto em Brasília, acompanhado por seguranças em duas motos, para ir comer um frango com farofa em uma barraca à beira de estrada? Não foi ato de campanha, foi não ter o que fazer.Image
Image

Eles poderiam estar vivos

 

Conheça a verdade sobre Bolsonaro

 
 
04
Set22

As peças do Xadrez da Ultradireita

Talis Andrade

Bolsonaro usa expressão nazista para atacar a imprensa, lembra JComo a Alemanha lida com o nazismo: para que a história não se | Geral

O documentário Xadrez da Ultradireita, que está sendo produzido pelo GGN, com financiamento do Catarse, narrará como a ultradireita mundial, com seus diferentes personagens e ferramentas, avança para a ameaça às eleições 2022 no Brasil. Para entender os diversos temas trabalhados, apresentamos as peças que nortearão o documentário: 

 

Peça 1 – o início das guerras virtuais 

Mostra-se como a primeira campanha eleitoral de Barack Obama inaugurou os dois modelos de disputa política adotados pela geopolítica americana. 

 

Peça 2 – o bilionário recluso

O bilionário que descobriu a ciência dos algoritmos para usar nas operações de mercado e, depois, descobriu seu potencial político, turbinando a ultradireita trumpiana. 

 

29
Jul22

Quando a máfia dos cassinos encontra a ultradireita

Talis Andrade

Quando a máfia dos cassinos encontra a ultradireita e os evangélicos 

 

por Luis Nassif

- - -

Peça-chave no financiamento e apoio à ultradireita, o lobby dos cassinos está entre os setores que mais ambicionam destruir regulações civilizatórias, transitando na fronteira da ilegalidade.

Desde que assumiu o governo, quando indagado, Jair Bolsonaro faz jogo duplo.

É pressionado pelo Centrão a legalizar os jogos de azar, o que motivou inclusive, Paulo Guedes, a defender em fevereiro de 2020 a entrada dos cassinos no país e junto com este grupo está o seu filho, Flávio Bolsonaro, lobista de cassinos em Las Vegas. Do outro lado, está a pressão da bancada evangélica a vetar a proposta. Resultado: Bolsonaro se compromete com o veto, sem esforços para impedir que o Congresso o derrube.

16
Jun22

A atuação de Carla Zambelli na defesa de atividades ilegais na Amazônia

Talis Andrade

E o Troféu Pinóquio vai para... - Angelo Rigon

Três dias após o desaparecimento de Bruno e Dom, Carla Zambelli apresentou um PL para minimizar pena por crime ambiental

 

Após ser pega na mentira, Zambelli é detonada nas redes - Brasil 247

15
Jun22

"Zambelli na cadeia" vai ao topo dos assuntos mais comentados após revelação do delegado Saraiva

Talis Andrade

O linkedin da Carla Zambelli é a coisa mais inacreditável e hilária que  você verá hoje : r/brasil

 

Deputada foi citada como uma das integrantes da "Bancada do Crime na Amazônia"

 

 

247 - O nome da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) é um dos assuntos mais comentados do Twitter nesta terça-feira (14) por conta do seu envolvimento na “Bancada do Crime na Amazônia”, denunciada pelo delegado da Polícia Federal e ex-superintendente da PF no Amazonas Alexandre Saraiva.

A hashtag  #ZambelliNaCadeia rendeu uma chuva de críticas à deputada. 

“A Carla Zambelli vai mentir, vai dizer absurdos, mas não adianta, pois ela se deu mal com o evento da máfia da Amazônia”, escreveu um internauta.

“Reclamou que a Janja a bloqueou, mas não explica porque foi citada pelo delegado  Saraiva”, diz outra. 

Carla Zambelli defende Bolsonaro e culpa Manaus por crise do oxigênio  durante pandemia

 
 
 
 

11
Jan22

O Judiciário que trata bem os poderosos

Talis Andrade

disputa justiça _and_justice_for_all___paolo_lom

 

Por Moisés Mendes /Jornalistas pela Democracia 

Anthony Kelly, um juiz australiano, decidiu que o tenista Novak Djokovic entre e jogue na Austrália, e se quiser que circule sem máscara, mesmo sem ter sido vacinado e mesmo que tenha participado de eventos com crianças quando estava infectado.

Timothy Holroyde, um juiz de Londres, decidiu que Julian Assange seja extraditado para os Estados Unidos, mesmo correndo o risco de morrer na prisão do país por ele exposto por seus crimes de guerra.

Sergio Moro, um juiz paranaense, decidiu caçar, condenar e encarcerar Lula e agora tem a pretensão de disputar a eleição e de enfrentar Lula e o fascista para o qual trabalhou.

Luciana Menezes Scorza, uma juíza paulista, determinou, com respaldo de um pedido do Ministério Público, que uma mulher que furtou um pacote de Miojo fosse encarcerada por praticar “crime patrimonial”.

Wilson Witzel, um ex-juiz carioca, eleito governador do Rio como nome nacional do moralismo de extrema direita, foi afastado do cargo por impeachment por suspeita de corrupção.

Na Alemanha da pós-guerra e pós-Nuremberg, juízes nazistas julgavam comparsas nazistas, determinando que todos deveriam ser absolvidos da acusação de que ajudaram a perseguir e matar judeus, porque eram nazistas comuns e sem o direito de dizer não.

Juízes são protagonistas, desde a Bíblia, de decisões que favorecem os poderosos, os criminosos endinheirados, os fascistas, os nazistas. Sim, há o outro lado, mas não é deste que estamos tratando aqui.

Estamos falando de uma Justiça protagonista, como nunca existiu antes no Brasil e em muitos lugares no mundo, que examina, delibera e sentencia em favor de quem tem algum poder, por mais despótico que seja. 

A Justiça orienta a política e dela se serve e a ela serve como serva. Até o ir e vir, com máscara, depende de garantias da Justiça.

Situações inversas, de juízes que desafiam e impõem medos ao poder, são raras hoje e uma dessas raridades é a da juíza argentina María Eugenia Capuchetti.

A juíza declarou-se impedida de participar dos processos sobre a espionagem contra inimigos de Mauricio Macri, comandada pelo governo do mafioso, de 2015 a 2019.

María Eugenia descobriu que também ela era espionada pelos arapongas de um governo liderado por um grupo de direita hoje alinhado à extrema direita.

María Eugenia era considerada inimiga das facções macristas e de todos os fascistas argentinos. Era perigosa, como são perigosos muitos juízes do Brasil por não se submeterem às ordens e ao terror de golpistas e militaristas. bolsonaristas, negacionistas e neonazistas.

A Argentina exibe hoje um mural tenebroso do aparelhamento da Justiça pela direita, com a descoberta da articulação de macristas com juízes e membros do Ministério Público para perseguir sindicalistas e adversários políticos e interferir em processos judiciais, com o apoio das corporações de mídia.

A Argentina pelo menos enfia as mãos nas sujeiras do Judiciário. Emergem todos os dias por lá informações sobre o esquema que o próprio macrismo chamava de Gestapo.

Era uma estrutura de poder paralelo para destruir inimigos com a ajuda de um Judiciário que o governo de Alberto Fernández tenta reformar para que não continue sendo usado na perseguição às esquerdas.

E no Brasil? Aqui, todos ainda fingem normalidade, enquanto Bolsonaro aparelha as instituições, e as reações mais visíveis do Judiciário são as do Supremo e quase pessoalizadas em torno do ministro Alexandre de Moraes.

Aqui, o lavajatismo é um moribundo que perambula à noite pelas ruas, sendo amparado pelos poucos que ainda se dispõem a mantê-lo com vida. 

O Judiciário espetaculoso está avariado. Mas um Judiciário mais discreto ainda dá guarida aos que perseguem, censuram e tentam amordaçar jornalistas e interditar e calar quem se atreve a mexer em podridões de grileiros, contrabandistas, grandes sonegadores, milicianos e famílias mafiosas.  

O Judiciário brasileiro, uma miragem para pobres, negros e índios e um oásis para os Bolsonaros e seus parceiros, é incapaz até de assegurar a vacina das crianças.

AUTO_marcoaur justiça deputado .jpg

25
Nov21

Aos amigos do rei, as emendas

Talis Andrade

curral bolsonaro vaccari.jpeg

 

 

 

por Cristina Serra

- - -

Recente decisão liminar da ministra Rosa Weber botou freio temporário no escândalo da compra de votos por meio das emendas de relator, na Câmara dos Deputados. Trata-se de patifaria que também atende pelo nome de orçamento secreto para favorecer os amigos do rei.

Já se vão trinta anos do caso que levou à criação da CPI dos Anões do Orçamento, referência à baixa estatura dos deputados implicados. Um deles, João Alves, ficou famoso por atribuir seu patrimônio à sorte na loteria e à benevolência divina. “Deus me ajudou e eu ganhei muito dinheiro”, disse à CPI, com a cara de pau, isso sim, que Deus lhe deu.

Uma linha do tempo une João Alves, anões do orçamento, orçamento secreto e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). O PPR de Alves viria a ser um dos partidos que, várias fusões depois, daria origem ao PP de Lira. As trocas de pele nunca mudaram a essência fisiológica da facção, que teve em suas fileiras o então deputado Bolsonaro e o notório Paulo Maluf.

Recuo ainda maior mostra que a Arena, partido de sustentação da ditadura, foi a matriz da “turma que flutua pelo centro” e que merece o “respeito” do banqueiro André Esteves, conforme ele afirmou recentemente. “Não tenho dúvida [de que], durante cem anos de história, esse centro que nos manteve republicanos”, pontificou. A aliança é antiga e nos faz andar sem sair do lugar.

As emendas parlamentares são um instrumento bastante discutível de aplicação do dinheiro do contribuinte. Prestam-se a interesses eleitoreiros e ao toma lá dá cá em todos os governos. Ninguém no Congresso parece, de fato, interessado em discuti-las a fundo, muito menos extingui-las.

O orçamento secreto, contudo, é mecanismo de operação de máfia, que rebaixa e degrada a atuação parlamentar e institucionaliza o balcão de negócios. Não seria o caso de uma CPI? Ao decidir sobre o assunto, espera-se que com celeridade, o plenário do STF terá a chance de travar engrenagem perniciosa de corrupção que fere de morte a democracia.Image

 

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2023
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2022
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2021
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2020
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2019
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2018
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2017
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub