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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

18
Abr22

Viagra é uma pequena amostra da grande corrupção que turbina o projeto de poder dos militares

Talis Andrade

 

por Jeferson Miola

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O Viagra, medicamento usado para tratar disfunção erétil e melhorar o desempenho sexual masculino, foi adquirido pelo Exército Brasileiro em grande quantidade e, ainda por cima, com superfaturamento de 143%, segundo denunciaram os deputados do PSB Elias Vaz/GO e Marcelo Freixo/RJ.

O ministério da Defesa, sempre muito inventivo na arte de tergiversar e mentir, alega que a compra se destina ao tratamento de militares com hipertensão arterial pulmonar. A falsa alegação é contra-arrestada pelo esclarecimento científico da coordenadora da Comissão de Circulação Pulmonar da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, Veronica Amado.

A especialista afirma que para hipertensão pulmonar se prescreve o Viagra somente na dosagem de 20 mg. Mas o Exército adquiriu 35 mil comprimidos com dosagens de 25 mg e 50 mg, cujo emprego é exclusivo para aumentar/melhorar a ereção do pênis.

No início do ano passado, quando surgiram denúncias sobre compras esdrúxulas – e também superfaturadas – de leite condensado e de chicletes, o ministério da Defesa esclareceu de modo sui generis. Justificou a compra de toneladas de leite condensado “por seu potencial energético”, e de chicletes para compensar a “impossibilidade de escovação apropriada”.

A preocupação com a melhora da “moral das tropas” não se restringe ao Viagra. Conforme denunciado, na farra com dinheiro público o Exército também adquiriu próteses penianas infláveis, do melhor padrão do mercado, pelo valor de 3,5 milhões de reais.

Na página 106 do livro Conversa com o comandante, organizado pelo professor Celso Castro, o general Villas Bôas cita com certo regozijo o episódio – ou mimo – em que um helicóptero do 4º Batalhão de Aviação do Exército foi usado com o exclusivo propósito de levar-lhe uma revista Playboy na selva, onde estava em treinamento com a tropa há 20 dias.

Além de zelar pela luxúria e prazer dos fardados, as cúpulas das Forças Armadas também se esmeram em propiciar-lhes o desfrute de sofisticada gastronomia nos quartéis.

Enquanto milhões de brasileiros famintos catam osso no lixo para enganar a fome dolorosa, a rotina alimentar nas instalações militares é suprida com toneladas de picanha, filé mignon, cortes nobres de carne, lombo de bacalhau, camarão, frutos do mar selecionados etc.

Tudo, claro, regado a muita cerveja, uísque 12 anos e conhaques de grife, e tudo bancado com orçamento público e a valores superfaturados, conforme denúncias jornalísticas.

Por mais anedóticos e ultrajantes que possam parecer tais gastos das Forças Armadas com dinheiro público, é preciso observar que se tratam, no entanto, de pequenas amostras do descontrole e da grande corrupção que turbina o projeto político-partidário das cúpulas militares.

O governo militar protagonizou inúmeros escândalos, a maioria deles abafados ou acobertados pelo colaboracionismo fascista na PGR, PF e judiciário.

A cobrança de propinas é a moeda de troca do governo militar, como aconteceu na compra de vacinas pelo ministério da Saúde dirigido por um general da ativa do Exército, e na roubalheira em nome de deus no MEC, para ficar apenas nesses dois exemplos.

Os militares propagam um falso-moralismo, falso-profissionalismo e falso-legalismo para venderem uma imagem de austeridade, pureza, competência e incorruptibilidade. É, evidentemente, mero artifício diversionista para apresentarem-se como fundadores da consciência nacional e tutores da Nação. Sem noção do ridículo, entendem que incumbe a eles conduzir os destinos do país em lugar das elites civis incompetentes, corruptas e impuras.

A realidade, no entanto, é bastante diferente, como atestam os privilégios, nepotismos, favorecimentos, corrupção, práticas nada republicanas e, óbvio, a tremenda incompetência.

As Forças Armadas vivem de modo quase clandestino e secreto no Estado brasileiro; vivem totalmente à margem do controle do poder político, o Congresso, e das instituições civis.

É uma instituição isolada, que se autogoverna e se organiza como partido político – o partido dos generais; ou Partido Militar, como definiu Oliveiros Ferreira – que desestabiliza o sistema, conspira contra a democracia e participa ativamente de golpes contra governos democrático-populares.

Os militares administram com critérios opacos um orçamento anual de mais de 115,9 bilhões de reais [2021] do ministério da Defesa. Uma desproporção considerável em relação ao SUS, que contou com 189,9 bilhões de reais para atender 212 milhões de brasileiras e brasileiros.

Do orçamento total do ministério da Defesa, apenas 8 bilhões de reais são para investimentos, e 89,6 bilhões [77,3%] são despesas de pessoal da “família militar”. Nestas despesas de pessoal está incluído o impressionante valor de 55,6 bilhões pago a militares da reserva, reformados e pensionistas: 137,9 mil filhas de militares mortos são pensionistas. A pensão vitalícia mais antiga remonta ao ano de 1930 do século passado, paga a uma filha de militar.

Há casos notórios de burla na concessão de pensões militares, como o da neta do ditador Garrastazu Médici, adotada pelo general como filha quando ela tinha 21 anos e pais vivos. O ditador praticou esta fraude poucos meses antes de falecer, em 1985. Com isso, a pensionista forjada receberá, enquanto viver, uma pensão mensal de R$ 32,6 mil correspondente ao salário de “marechal”.

O símbolo maior de corrupção do governo das cúpulas partidarizadas das Forças Armadas, que tem nominalmente Bolsonaro na presidência é, no entanto, o esquema do bilionário orçamento secreto de mais de 20 bilhões de reais.

O orçamento secreto é o nome fantasia do regime de corrupção bilionáriamontado pelo partido dos generais para comprar apoio e sustentação da escória no Congresso e, desse modo, garantir a continuidade do projeto de poder dos militares.

O orçamento secreto é, enfim, o Viagra que turbina o colaboracionismo fascista e por meio do qual os larápios do Centrão foram promovidos de anões a “gigantes do orçamento”.

xico sá
Deu no NP
Puraingresia
@fsmcruz
Não sei ainda bem os porquês, mas esta chibança dos milicos me fez lembrar desta antalógica manchete do NP.
Image
26
Mar19

Os brasileiros sem direitos

Talis Andrade

Quase dois terços da população estão excluídos da educação, da moradia adequada, do saneamento, da proteção social e da internet; com a violência policial, o Estado também nega o direito à vida

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Eles estão assegurados na Constituição ou em legislações específicas, mas 64,9% da população brasileira não têm pelo menos um dos seguintes direitos garantidos: à educação, à proteção social, à moradia adequada, aos serviços de saneamento básico e à internet. Os dados foram extraídos das Pesquisas Síntese dos Indicadores Sociais do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) 2017 e 2018. Os números podem ser piores, já que o relatório trabalha com o conceito de autodeclaração e só inclui os brasileiros que tenham domicílios, excluindo, portanto, moradores de rua. A situação de mulheres pretas ou pardas, sozinhas, e com filhos pequenos, é muito mais preocupante: atinge 81,3% delas. Entre os idosos, a gravidade da exclusão é praticamente a mesma: 80% deles estão à margem de tais direitos.

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Sem direitos: Onde matar jovens negros é uma política de Estado
Sem direitos: família não tem computador nem celular conectado
Sem direitos: 28,2% da população não têm acesso à educação
Sem direitos: como vivem os brasileiros em casas sem banheiro
Sem direitos: sem Bolsa Família nem aposentadoria

Sem direitos: sem água, esgoto e coleta de lixo

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É o caso de Júlia Marques, de 89 anos, e Pedro Leôncio de Sousa, de 87 anos. Ela mora às margens da BR-135, entre os povoados de Ponta da Ilha e Curva, no Maranhão. Ele mora na Rocinha, a maior favela do Brasil, localizada no Rio de Janeiro. Dona Júlia está no contingente dos sem direitos ao saneamento básico: não têm esgoto, água encanada e sua casa, construída de pau a pique, não é contemplada por coleta de lixo . Seu Pedro está no grupo populacional dos sem direitos à educação: é analfabeto. Figura entre os 7% dos brasileiros de 15 anos ou mais que não sabem ler e escrever, segundo o IBGE. Na categoria dos sem direito à educação, também são incluídos, além dos analfabetos, crianças e adolescentes de 6 a 14 anos que não frequentam a escola e pessoas de 16 anos ou mais que não têm o Ensino Fundamental completo. Ao todo, 28,2% estão enquadrados nela.

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Entre os estados, o Amapá é o que concentra o maior número de brasileiros sem direitos, com 95,7% da população excluída, praticamente em empate técnico com Rondônia, com 95,6%, seguido do Pará, com 95%. Clay Luiz Nascimento Cirilo, de 38 anos, está entre os paraenses sem moradia adequada. Ele tem 38 anos e mora com a mulher, Mirian Neves Aquino, de 24, e as duas filhas, Rebeca e Raiane, de 8 e 6 anos, em uma casa de um cômodo construída na ocupação Laércio Barbalho, localizada na Rodovia do Tapanã, bairro afastado do centro de Belém.

Bruna Silva (em 1/7/2018): o Estado negou ao filho dela, Marcus Vinicius, o direito à vida | Foto: Daniel Arroyo/Ponte

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Já entre os estados com o menor número de excluídos, incluindo a capital, está o Distrito Federal, com 41,7% da população sem ao menos um direito, seguido de São Paulo, com 42,9%, e do Rio de Janeiro, com 52,3%. Para dar rosto a essas pessoas que vivem à margem do que a Constituição assegura, o #Colabora, a Amazônia Real e a Ponte Jornalismo foram a três regiões do país. E decidimos criar uma sexta categoria: os sem direito à vida, vítimas da violência policial que assola o país. Segundo a Anistia Internacional, a polícia brasileira é a que mais mata no mundo. No Complexo da Maré, uma das maiores favelas do Rio, conversamos com Bruna Silva, mãe de Marcus Vinicius, de 14 anos, morto pelas forças da intervenção federal no Rio quando estava a caminho da Escola Estadual Vicente Mariano, em 20 de julho de 2018. Ele vestia uma camiseta do colégio no dia em que foi baleado. “O direito de vê-lo crescer me foi negado pelo Estado”, diz Bruna

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Leia aqui reportagem de Adriana Barsotti, com Carolina Moura, Catarina Barbosa, Edu Carvalho e Fausto Salvadori/ Fotos e vídeos: Daniel Arroyo e Yuri Fernandes / Infografia: Fernando Alvarus

 

25
Mar19

Os sete pecados capitais da Lava Jato

Talis Andrade

 

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Gula, luxúria, vaidade, avareza, inveja, preguiça e ira. As ações da Lava Jato cometeram todos estes pecados no campo da política e da administração pública

O equilibrista morre quando acha que aprendeu a voar. Os pecadores sucumbem quando se afastam dos princípios que deveriam seguir”, diz o líder do PT na Câmara, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), em artigo.

Confira a íntegra do texto:

Os sete pecados capitais da Lava Jato

lavajatoongpetrobrasCastellucci.jpg

 

por Paulo Pimenta

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A fome insaciável de poder, metáfora para a GULA no campo da política, foi o que fez ruir o castelo de areia da República de Curitiba. Ao tentarem se apropriar, para fins evidentemente políticos, de R$ 2,5 bilhões da Petrobras, empresa pública de caráter estratégico para a economia e a soberania do Brasil, os agentes públicos da operação Lava Jato cruzaram de vez a linha que os impedia de quebrar não apenas leis, mas também padrões morais.

 

As violações recorrentes à legislação brasileira que regula o processo penal e a ação de servidores públicos, especialmente aqueles vinculados ao poder Judiciário, expressam a LUXÚRIA do prazer decorrente do exercício do poder sem limites. A indústria de delações, ocultada nas alcovas da operação e erigida sob mentiras, ilustra muito bem esse desvio.

 

Tal prazer, incensado e alimentado pelos holofotes fornecidos pela mídia e por convescotes dos setores da sociedade civil – que alçaram ao Olimpo os condutores da autoproclamada “maior operação de combate à corrupção do planeta” – revela a mais pura e acabada manifestação da VAIDADE.

 

Não menos nociva à administração da República é a AVAREZA de funcionários públicos que deveriam primar pelo respeito à lei, mas são os primeiros a burlar o teto constitucional para auferir salários que, ao longo dos anos, somam quantias milionárias bancadas pelos impostos dos trabalhadores. Nesse quesito, destaca-se especialmente o procurador Deltan Dallagnol, que usou proventos recebidos ilegalmente para especular com um programa de moradia popular destinado a mitigar o déficit habitacional no País. Em sua “Divina Comédia”, Dante disse que a este tipo de pecador está reservado a Colina de Rocha, no quarto círculo do inferno.

 

O comportamento dos procuradores da força-tarefa da Lava Jato é exemplar para apontar a INVEJA que esta categoria sempre exibiu com relação às forças policiais, a quem cabe de fato, segundo a Constituição Federal, a competência de realizar investigações de natureza criminal. Ao Ministério Público a Carta Magna atribuiu a importantíssima tarefa de elaborar a acusação. Entretanto, na prática, essa corporação ignora o que prescreve a lei e não apenas também exerce o papel que caberia exclusivamente às polícias, mas ainda julga e condena réus em suas peças, tratadas por parte da imprensa – não por acaso – como sentenças condenatórias em si mesmas.

Ao se omitir de empregar mais energia e procedimentos em relação a vários notórios personagens do campo político sobre os quais foram reveladas robustas provas materiais – e não apenas subjetivas ou acusações extraídas de delações premiadas – do envolvimento com ilícitos, a turma da Lava Jato demonstra a leniência, que não é menos que a PREGUIÇA no âmbito administrativo, consequência direta da seletividade política.

 

Com todos os pecados finalmente expostos aos olhos menos atentos da sociedade brasileira e da comunidade internacional, a reação escolhida por Dallagnol e seus colegas foi o de manifestar a IRA contra as instituições, notadamente o Supremo Tribunal Federal (STF), alvo de uma campanha de difamação que despertou até apelos por um golpe militar.

 

O equilibrista morre quando acha que aprendeu a voar. Os pecadores sucumbem quando se afastam dos princípios que deveriam seguir.

duke passando dos limites freio na lava jato .jpg

 

10
Set18

Espere a primavera, minha menina

Talis Andrade

Durante mais um julgamento previsível da turma da toga, o refúgio na casa de papelão das bonecas

 

tse barra lula.jpg

TSE barra candidatura de Lula no dia 31 de agosto ADRIANO MACHADO REUTERS

 

por Xico Sá

El País/ Espanha

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Os homens de toga decidem mais uma vez os destinos do país. A angústia - estreiteza, segundo o dicionário - é a de sempre, pelo menos desde 2014, quando o tucano Aécio Neves fez birra e não aceitou a derrota. A sessão do Tribunal Superior Eleitoral, julgamento da candidatura Lula, se arrasta, entre citações de Bhagavad Gita e lengalengas do juridiquês. Velhos cevados nos auxílios de luxúria e moradia enfiam os olhos nas telas dos notebooks Positivo em busca da jurisprudência da desculpa. Escondem seus rostos.

O caminhão do gás sobe a rua Havaí e toca “Por Elise”, de Beethoven. O planeta Melancolia ronda os altos do Sumaré, São Paulo, SP. O derradeiro dia de agosto de 2018 se espicha, parece não ter fim. O Brasil, cada vez menor, desconsidera a ONU, por fazer cumprir o roteiro do grande acordo nacional, “com Supremo com tudo”. Corta. A tela escurece.

 

“O barato é louco e o processo é lento”, o som & fúria dos Racionais MCs sobe a ladeira no carro do boy.

 

Angústia, estreiteza do tempo na caixa torácica, “vocês que perderam em 1964, 68...”, escuto a voz do jornalistão cínico que brincava com nossos passados nas redações. Nós que perdemos em 1989, nós que caímos no conto golpista do impeachment de Dilma Rousseff.

 

Os homens de toga seguem apenas o roteiro. Exerço meu direito de espernear, jus sperniandi, blasfemo, vocifero.

 

No que sinto aquela mãozinha puxando a calça de moleton da minha perna esquerda.

 

Não pede, ordena, “vem”, passa por cima de bonecas, quebra-cabeças de urso panda, pisa em uma feira de Caruaru de legos (“ai, ai, papai”), o livrinho barulhento da fazenda, a mochila mexicana do filme “Viva”, o gatinho japonês, dinossauros, massinhas, petecas, peixinhos do Santos, a zebrinha, o corvo Edgar, pinos do boliche do Pica Pau e do Big Lebowski...

 

Não pede, manda de novo: “Aqui, aqui”. Obedeço. Estamos dentro da sua casinha, uma empenada caixa de papelão. Lá nos esperavam o Charlie (irmão da Lola), o Júlio do Cocoricó –“chove, mas como chove”-, a boneca careca e sem pernas (sua preferida), a Maria Bonita do Recife Antigo, a Bela de “A Bela e a Fera”, o Patativa do Assaré de madeira, o incrível Hulk e o fantoche que o vovô trouxe da Finlândia, vixe, o fantoche é a cara do Sigmund Freud.

 

A casa tem duas janelas laterais e um buraco no teto para ver as estrelas. No que me faz cantar aquela do Roberto: “Tudo vai mal/

 

Tudo, tudo, tudo, tudo/ Tudo mudou/ Não me iludo e contudo/ A mesma porta sem trinco/ Mesmo teto, mesmo teto/ E a mesma lua a furar/ Nosso zinco”.

 

Ela entende até demais, falamos dos primeiros dias na Alecrim, a escolinha, e do luar do sertão na chapada do Araripe - nossa derradeira viagem.

 

A voz dos togados vai sumindo, sumindo... Onde havia estreiteza, faz-se a largura naquela casinha de meio metro quadrado.

 

A casa tomada. No que uma nuvem de cupins de lâmpada invade o apartamento. O papai e suas fantasias semiáridas sobre a chuva faz o anúncio profético: vai chover, podicrê, sinal de chuvarada. A pequena abraça o Júlio do Cocoricó. Os siriris, sararás ou aleluias, como também são conhecidos os insetos, chegam até nossa casinha. Pela janela lateral direita.

 

Há quem diga que os cupins alados trazem sinal de tragédia e estrago. A turma do tribunal e nenhum segredo: decisão tomada de véspera. Tudo dentro do roteiro. Apenas o juiz Fachin considerou o óbvio: vale a Constituição e a medida concreta da ONU. Esquece. 6 x 1 para eles.

 

“Pau-pau, papai”. A bebê viu borboletas onde víamos cupins. Ela chama borboletas de “pau-pau” por causa da música “borboletinha tá na cozinha” . Adora as músicas da Casa da Ruth, com a cantora Fortuna. Uma lindeza só.

 

Quem disse que quero mais sair dessa casinha de papelão da Irene, minha menina de um ano e sete meses neste 2 de setembro? Lá fora, os canalhas, os Palhares, julgam com empáfia de véspera. O velho roteiro televisivo e os obedientes de toga.

 

Que setembro nos traga, finalmente, a primavera, meu caro amigo Bandini.

 

Xico Sá, escritor e jornalista, é autor de “Sertão Japão” (haikais, 2018) e do romance “Big Jato” (editora Companhia das Letras), entre outros livros.

 

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