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16
Set22

Eleição no Brasil virou “todos contra Bolsonaro”, observam analistas franceses

Talis Andrade
Stéphane Witkowski, do Instituto de Altos Estudos sobre a América Latina (IHEAL, na sigla em francês), e Hervé Théry, geógrafo professor da USP.
Stéphane Witkowski, do Instituto de Altos Estudos sobre a América Latina (IHEAL, na sigla em francês), e Hervé Théry, geógrafo professor da USP.© Fotomontagem RFI

A pouco mais de duas semanas do primeiro turno das eleições no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro tem dificuldade em ampliar o eleitorado para além da sua militância. O cenário de “todos contra Bolsonaro” se consolida, observam analistas franceses ouvidos pela RFI em Paris

A avaliação é do geógrafo Hervé Théry, professor da USP (Universidade de São Paulo) e há décadas instalado em São Paulo. “A particularidade dessa eleição é ela ser mais contra do que a favor do atual presidente. A rejeição ao PT levou à derrota do partido em 2018, e agora muitos brasileiros que foram a favor de Bolsonaro estão contra ele”, disse o autor do livro Brésil: pays emergé (“Brasil: país emergido”, em tradução livre). “Ele não faz nenhum esforço para alargar a sua base. Só pensa em reforçar a que já existe. Neste aspecto, podemos fazer um paralelo bastante claro com Trump e outros líderes pelo mundo”, constata o geógrafo, em entrevista o programa Décryptage.

Bolsonaro tentou capitalizar a seu favor as comemorações do 7 de Setembro, ao fazer campanha eleitoral em plena celebração da data nacional e suscitar um sentimento de patriotismo que, em tese, poderia beneficiá-lo, nota Stéphane Witkovski, presidente de Orientação Estratégica do Instituto de Altos Estudos sobre a América Latina (IHEAL, na sigla em francês). Entretanto, desde que foi eleito, o presidente “jamais fez um discurso para dizer que ele era o presidente de todos os brasileiros”, ressalta o especialista, com ampla experiência na diplomacia e no mercado e brasileiros.

“Ele nunca pregou a união nacional, de maneira alguma. Sempre dividiu a sociedade e essa é a sua linha política: dividir o país, criar verdadeiras tensões e, de certa forma, se inspirou de Trump para romper com qualquer consenso político nacional”, afirmou Witkovski, ao comentar o recente apoio do ex-presidente americano ao líder brasileiro.  

 

Lula demonstrou pragmatismo

 

Luiz Inácio Lula da Silva, ao contrário, agiu com pragmatismo quando ocupou o Planalto. Chegou a nomear o ex-vice-presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) Luiz Fernando Furlan ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, no seu primeiro mandato.

“Foi o líder sindical convidando para o governo um dos chefes do patronato”, explicou Witkovski, que chama ainda a atenção para a “grande nostalgia” dos anos Lula neste momento em que o Brasil registra um aumento acentuado da pobreza. De 2020 a 2022, o número de brasileiros com fome passou 13 para 19 milhões, salienta.

“Bolsonaro botou muito, muito dinheiro para poder aumentar o Auxílio Brasil, porque ele sabe que o seu maior déficit de votos é entre os pobres do nordeste, que votam em massa em Lula”, complementa Théry. “Ele raspou tudo que restava dos cofres para jogar com isso, mas nada se compara com a ambição do programa implementado pelo Lula contra a pobreza”, observou.

 

Risco de instabilidade após os resultados

 

Questionados sobre os riscos de ruptura democrática em caso de derrota de Bolsonaro, os dois analistas demonstraram ceticismo: afirmam que nem o Exército, tampouco as elites econômicas – incluindo o agronegócio – demonstram apoiar qualquer “aventura” do presidente para se manter no poder pela força.

“Mas não podemos descartar que haja a contestação dos resultados, com o apoio de alguns militares e um sistema que permitisse uma certa instabilidade política, e evocando a segurança nacional – que poderia justificar medidas excepcionais”, adverte Witkovski. Para ele, a fase entre os dois turnos será “decisiva”.

“Será um período de alta tensão política e tudo é possível, com um risco de desestabilização política, econômica, mediática. Esse período vai se estender depois até 1º de janeiro e a posse do próximo presidente”, aposta.

 

22
Jun19

A procuradora do conselho de Moro: muda na sexta, banida na segunda

Talis Andrade

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por Fernando Brito

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Reportagem de Leonardo Lellis, na Veja, dá importantes pistas sobre as causas e as consequências da queixa feita por Sérgio Moro a Deltan Dallagnol sobre o comportamento da procuradora Laura Tessler, a qual, como revelado ontem, foi repassada pelo procurador ao colega Carlos Fernando dos Santos Lima.

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E uma simples consulta ao calendário esclarece ainda mais o assunto.

Três dias antes da mensagem enviada por Moro, no dia 13 de março de 2017 (uma segunda-feira), Tessler participou dos depoimentos de Henrique Meirelles e de Luiz Fernando Furlan, ex-ministros de Lula, no qual os dois declararam jamais ter visto Lula praticar ou incentivar qualquer irregularidade no governo. A procuradora nao fez perguntas e limitou-se a dizer que não as tinha, ao final da audiência de ambos. Era o dia 10 de março, uma sexta-feira.

Portanto, no primeiro dia útil após o fato, Moro preocupou-se em desabonar o desempenho da representante do Ministério Público, da qual disse não sair-se bem em audiências e a quem recomendou que fosse submetida “a treinamento”.

No dia 15 de março, quarta-feira, segundo a revista, os procuradores Júlio Noronha e Roberson Pozzobon já representavam o MPF em audiências da ação do tríplex do Guarujá.

Laura Tessler “não participou de mais nenhum depoimento no processo que culminou na condenação de Lula na Lava Jato”.

A nota da Procuradoria, dizendo que Laura “participou normalmente” das audiências do caso, portanto, não se sustentam diante do cotejo das datas da reclamatória de Moro.  Laura foi banida das inquirições sobre o caso, que terminaria com a condenação de Lula.

 

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