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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

19
Nov22

Ciência brasileira está sob o domínio da mamadeira de piroca

Talis Andrade

Ciência brasileira está sob o domínio da mamadeira de piroca - 26/05/2021 -  UOL Notícias

 

por Chico Alves

Desde que surgiu, em 2018, a mamadeira de piroca causou transformações radicais na vida brasileira. O artefato imaginário, criado pelas tropas bolsonaristas, tornou-se símbolo da mentira e da perversão que inspiram fanáticos a atacar as instituições brasileiras. Na ciência, os estragos causados por esses delírios mamadeirísticos são dramáticos, especialmente em tempos de pandemia. Os depoimentos na CPI da Covid dão a exata noção do prejuízo.

Ontem, a médica Mayra Pinheiro, responsável pela Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação em Saúde, do Ministério da Saúde, prestou depoimento aos senadores. Em um momento constrangedor, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) reproduziu o áudio em que Mayra diz ter visto um gigantesco pênis inflável quando esteve em visita à fundação.

Como qualquer criança pode constatar, tratava-se da reprodução do logotipo comemorativo dos 120 anos da instituição, a estilização da torre do castelo de inspiração mourisca onde funciona a sede.

Mais impressionante nessa alucinação fálica é que Randolfe ainda deu à depoente a chance de se retratar. Perguntou se realmente em algum momento a Fiocruz teve "órgão reprodutor masculino" à porta. Mayra confirmou: "Sim", disse. "Isso é uma constatação, senador".

Ciência brasileira está sob o domínio da mamadeira de piroca - 26/05/2021 -  UOL Notícias

É desesperador constatar que essa pessoa que enxerga formas eróticas em símbolos históricos é a responsável pela gestão do trabalho e da educação dos profissionais de saúde pública brasileiros. Descolada do mundo real, como demonstrou ser, imagina-se as orientações estapafúrdias que deve passar aos subordinados.

Não faltaram outros momentos constrangedores na participação de Mayra. Como quando abordou os motivos que a levam a acreditar que a cloroquina, em determinados casos, pode ter efeito positivo no tratamento da covid-19.

Sobre isso, enrolou o quanto pôde, citando estudos obscuros. Até que se deparou com o senador Alessandro Vieira (Cidadania -SE). Munido de levantamento feito por um especialista, o parlamentar citou análise em 2.871 pesquisas em bases disponíveis em todo o mundo que apontam 14 estudos de excelência sobre o assunto. Destes, nenhum indica benefícios de medicamentos como cloroquina para o tratamento da covid-19.

Mayra, a Capitã Cloroquina, reconheceu tanto a qualidade das pesquisas citadas por Vieira quanto a inexistência de estudos de alto nível para provar suas sugestões de tratamento heterodoxo para o coronavírus. Apesar de confrontada com a verdade mais uma vez, continuou a demonstrar fé nessas terapias.

"A senhora acredita no que fala, mas acreditar no que se fala não torna o que se fala uma verdade", criticou o senador sergipano.

Também acompanham Mayra nessa cruzada irracional pela cloroquina parlamentares governistas da CPI como Eduardo Girão (Podemos-CE), Luiz Carlos Heinze (PP-RS) e outros. Apesar de influenciarem diariamente os brasileiros a usar substâncias não reconhecidas contra a covid-19, Girão e Heinze não querem ser criticados por isso.

Os dois acionaram a Polícia do Senado para intimidar o sociólogo Celso Rocha de Barros, autor do artigo "Consultório do Crime", publicado na Folha de S. Paulo. Mais uma vez, a crendice afronta a realidade.

Seja no Ministério da Saúde ou no Congresso, onde em tempos passados era defendida, a ciência brasileira está hoje a mercê desses personagens fanáticos da turma da mamadeira de piroca.

É gente que despreza as pesquisas rigorosas e detalhadas de cientistas que estão entre os melhores do mundo para sugerir políticas públicas em cima de achismos ou de histórias do tipo "conheço alguém que se curou".

As 450 mil mortes não foram suficientes para fazê-los abandonar os ilusionismos em favor da busca por vacinas e da divulgação do isolamento social.

Nesse momento dramático, enquanto pesquisadores sérios trabalham duro para oferecer alternativas reais à sociedade brasileira contra a pandemia, autoridades do governo e integrantes do Senado continuam a se apegar a poções mágicas, como se vivessem no tempo do guaraná de rolha.

A simpatia com cloroquina, no entanto, além de não curar pode custar caro, por causa dos efeitos colaterais. Os amuletos do passado, como pé de coelho ou galho de arruda na orelha, ao menos eram inofensivos [Publicado no UOL in 26/05/2021]

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24
Set22

Os bastardos do coveiro

Talis Andrade

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O país enterrou mais de 685 mil brasileiros diante do escárnio de Bolsonaro. É chegada a hora dele enterrar os seus cúmplices em covas rasas

 

por Weiller Diniz

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O cercadinho do coveiro é povoado por ignorantes, zumbis, condenados e fichas-sujas, cujas lambanças se acumularam malcheirosas em uma necrópole que pretendeu necrosar a democracia, mas fracassou. Nesse sepulcro maligno, os malfeitores o rodeiam, os infames o exaltam, os degenerados o louvam, os vis o bajulam, os delinquentes o circundam, os salteadores o protegem, os assassinos o seguem, os fascistas o servem e os golpistas o celebram.  Apesar da retórica cínica sobre a inexistência de corrupção na pocilga, os sentenciados que focinham no chiqueirinho do Alvorada desmentem a falsa alegação ética. Os corruptos, alguns já condenados, os presos por outros delitos e os suspeitos de crimes diversos são muitos: Valdemar Costa Neto, Roberto Jefferson, Daniel Silveira, Fabrício Queiroz, Milton Ribeiro, Eduardo Cunha e Arthur Lira. Entre os apenados há os que não desencarnam jamais e insistem na sobrevida em mandatos parlamentares mesmo com as fichas imundas. Gradualmente os defuntos vão sendo enterrados pela Justiça Eleitoral. Outros são sepultados por decisões políticas e outros por expurgos eleitorais. O féretro bolsonarista se avoluma na reta final da campanha. Muitos dos marcados para morrer já se sentem desenganados, começando pelo próprio líder do cortejo fúnebre que cavou a sepultura com as próprias mãos. Em pânico, ao recusar a morte, cometeu seguidos suicídios que sacramentaram o clima de velório: o 7 de setembro, os funerais da rainha inglesa e a farsa na ONU.

A abrasividade das pesquisas vai exumando vários outros cadáveres políticos, esqueletos que só ficaram expostos a luz depois da doutrinação diabólica do bolsonarismo. Uma legião de mortos-vivos que, muito em breve, regressará à inexpressividade do pó das suas catacumbas infectas. Ministros e líderes da doutrina satânica do bolsonarismo que disputam pleitos majoritários perecem diante do réquiem estridente e impiedoso das sondagens eleitorais. O Rio Grande do Sul abriu covas coletivas para soterrar 3 múmias do bolsonarismo. Onyx Lorenzoni é a imagem mais moribunda da seita. Foi perdoado pelo juiz universal Sérgio Moro pelo crime de caixa 2, que ele alega não ser corrupção (“o que aconteceu comigo foi caixa 2, não tem nada a ver com corrupção”). Fez um acordo para se livrar da condenação e resfolega na disputa pelo governo do Rio Grande do Sul. É a quase a mesma anemia profunda diagnosticada em Luiz Carlos Heinze, defensor de Bolsonaro e da cloroquina assassina na CPI da Pandemia e que está na UTI na disputa do Rio Grande do Sul com 4% das intenções de votos. No mesmo estado agônico, respirando por aparelhos, encontra-se o vice Hamilton Mourão em terceiro lugar na disputa pela vaga ao Senado Federal também no RS. O candidato de Bolsonaro em Minas Gerais, Carlos Vianna, líder do governo, é outro em estado terminal com cadavéricos 5% dos votos. A missa fúnebre também já foi encomendada para outro ex-líder de Bolsonaro, Major Vitor Hugo, com 4% dos votos em Goiás. Outra urna funerária já aberta é a do ex-ministro João Roma na Bahia, com anêmicos 7% de votos.

 

PILANTRA JURAMENTADO – Contra o Vento

Sepultura funesta e semelhante vai se abrindo em São Paulo. O candidato de Bolsonaro ao governo, Tarcísio de Freitas, treme diante da lápide gélida com a aproximação do terceiro colocado nas pesquisas, Rodrigo Garcia, já em situação de empate técnico, diminuindo a chance de avançar para um eventual 2 turno. Em avançado estado de putrefação, também em São Paulo, estão os candidatos ao Senado Janaína Paschoal – bolsonarista enterrada como indigente pelo ‘mito’ – e o astronauta-ministro Marcos Pontes. Outros ministros de Bolsonaro também definham rumo à Câmara Alta. Damares da Silva foi enterrada viva por Bolsonaro no Distrito Federal e Gilson Machado em Pernambuco está desfalecido, em contagem regressiva até o óbito formal. Mesmo desenlace anunciado para o ex-ministro Rogério Marinho no Rio Grande do Norte, em segunda colocação. Símbolo máximo da necrofilia bolsonarista, Sérgio Moro agoniza na disputa pelo Senado na disputa contra o criador Álvaro Dias. Entre os bolsonaristas que vão fracassando na disputa por governos estaduais estão ainda Márcio Bittar (AC), Rodrigo Cunha (AL), Manato (ES), entre outros cadáveres menos conhecidos. Os mais notórios – MG e RJ – descolaram da ameaça mortal do bolsonarismo. Entre os ex-ministros e líderes apenas Teresa Cristina vem escapando da maldição bolsonarista e respira na liderança pela disputa pelo Senado no seu estado. Há ainda uma legião de ex-ministros disputando eleições proporcionais ameaçados pelo espectro da mortandade bolsonarista. Entre eles Eduardo Pazuello, Osmar Terra, Ricardo Salles, Marcelo Alvares, Luiz Henrique Mandetta e Abraham Weintraub, que procura no exorcismo de Bolsonaro uma ressurreição. Muitos poderão antecipar o dia dos finados para 2 de outubro.

 

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Quem sobrevive e respira por aparelhos, milagrosamente, nessa xepa tumular, mesmo após duas condenações da Justiça por corrupção, é o atual presidente da Câmara. Arthur Lira, candidato a reeleição em Alagoas amparado por uma liminar eterna com o azedume da decomposição. A fermentação da corrupção é nauseante e levou para cadeia um prefeito aliado de Lira da cidade de Rio Largo, onde a malversação parece ser mais ampla que a largura do rio que banha a cidade adubada pelo orçamento secreto em seus fantásticos becos da propina. O nome do rio que passa por Rio Largo é sugestivo, Mundaú, que poderia ser rebatizado de imundaú. Arthur Lira é o homem mais estratégico do capitão. Ele segurou uma montanha de quase 150 pedidos de impeachment. O poder monárquico, indefensável em uma democracia, lhe permitiu apresentar uma fatura muito elevada na gestão do orçamento secreto que, de público, se transformou em privado, pulverizando os mandamentos constitucionais da publicidade e impessoalidade.

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Entre os apoiadores de Bolsonaro Arthur Lira é um forte concorrente no concurso da delinquência. Já foi condenado em duas ações por corrupção em Alagoas. Os dois casos se referem à Operação Taturana, deflagrada em 2007 pela PF para apurar desvios na Assembleia Legislativa, onde Lira exerceu mandatos de 1999 a 2011. Foi acusado de se apropriar de verba de gabinete do Legislativo e de vencimentos de funcionários, o berço das rachadinhas.  Às vésperas da eleição de 2022 estourou o escândalo do “beco da propina” em Rio Largo, município cujo prefeito é aliado de Lira. Também tem digitais dele no kit robótica e em sonegação. Lira ostenta a curiosa proeza de ter sido “desdenunciado”, “desacusado” de corrupção pela procuradora serviçal do governo, Lindôra Araújo. Só corrupção não é o bastante. Lira também acusado de violência doméstica por sua ex-mulher, Jullyene Lins, igualmente candidata a deputada em Alagoas. Lira disse ser o homem do antipresidente: “ninguém representa mais Bolsonaro em Alagoas do que eu…ninguém vai roubar isso”.  Exótico o verbo para um estado onde Lula tem quase 60% dos votos e os candidatos de Lira ao pleito majoritário suspiram.

Outros aliados de Bolsonaro já estão na missa de corpo presente e alguns já sentem o mal-estar e o desconforto com as decomposições extremistas e ficarão fora da festa cívica/eleitoral que se avizinha.  Por seis votos a um, o TER/RJ decidiu que o deputado federal Daniel Silveira está inelegível a qualquer cargo eleitoral em 2022. Em que pese o anúncio óbvio da defesa, de um recurso às instâncias superiores, a iniciativa é natimorta, dada a jurisprudência já firmada sobre o tema. Na decisão, o TRE levou em conta o argumento do Ministério Público Eleitoral de que o indulto presidencial concedido em 21 de abril – do mesmo teor dado por Donald Trump a Steve Bannon – extingue a pena de prisão, mas não susta os outros efeitos da condenação.  Em abril de 2022, o deputado foi condenado pela Suprema Corte a oito anos e nove meses de prisão, com a perda dos direitos políticos, por ter atentado contra as instituições e ter estimulado atos antidemocráticos. Em um vídeo que resultou na sua primeira prisão, o deputado defendeu o fechamento do STF e fez apologia ao AI-5, o mais nefasto dos Atos Institucionais da ditadura militar. Daniel Silveira já foi preso duas vezes. A primeira por ataques a ministros do STF em fevereiro de 2021 e a segunda por desrespeitar o uso da tornozeleira eletrônica por cerca de 30 vezes.

O Tribunal Superior Eleitoral também sepultou em 1º de setembro, por unanimidade, a candidatura de Roberto Jefferson à Presidência da República. A Corte entendeu que ele está inelegível até 24 de dezembro de 2023. O período refere-se ao prazo de 8 anos depois do cumprimento de pena de condenação. Jefferson foi condenado em 2012 pelo Supremo Tribunal Federal a sete anos de prisão no julgamento do caso do Mensalão. A pena terminaria em 2019. Em 2016, Jefferson teve a pena extinta por decisão do ministro Luís Roberto Barroso, do STF. O  magistrado aplicou os efeitos de um indulto da presidente Dilma Rousseff em dezembro de 2015. A decisão declarou a pena extinta. Contudo, o perdão não anulou efeitos secundários da condenação, como a inelegibilidade.  Jefferson é entusiasta do golpe, vira e mexe incita a violência contra ministros do STF a quem já chamou de “lobistas” e “malandros”. “Nós temos que entrar lá e colocar para fora na bala, no pescoção, no chute na bunda, aqueles 11 malandros que se fantasiaram de ministros do Supremo Tribunal Federal”.“O povo já entendeu que, quando cessam as palavras – e elas estão acabando – principia a pólvora. E a pólvora não virá pelo Estado, pelas Forças Armadas: o povo vai lançar mão da pólvora para resolver estas situações”. “É o povo que botará fogo na primeira banana de dinamite”, ameaçou. O presidente do PTB incentivou o povo brasileiro a invadir a sede do Senado e a praticar vias de fato em desfavor dos senadores, especificamente dos que integraram a CPI da Pandemia.

Em São Paulo o esqueleto dos malfeitores é Eduardo Cunha, candidato a deputado federal e aliado de Bolsonaro. Cunha tem uma folha corrida de causar inveja aos demais bandoleiros e integra a elite do crime.  A carreira delinquente o levou à Câmara Federal entre fevereiro de 2003 e setembro de 2016, quando teve o mandato cassado. Depois de muitas chicanas e manobras, o plenário expeliu Cunha no dia 12 de setembro de 2016. Ele já estava afastado do mandato por determinação do STF. Acusado de mentir na CPI da Petrobrás, teve aberto contra si um processo que resultou na cassação por quebra de decoro, tornando-o inelegível até o final de 2026. Votaram pela absolvição apenas 10 parlamentares, entre eles o atual presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira. Cunha capitaneou a trama que levou ao impeachment da ex-Presidente Dilma Rousseff. A torpeza foi uma vindita pelo PT não ter sido solidário a ele no processo por quebra do decoro no Conselho de Ética. Em março de 2016, o STF acatou por dez votos a zero a denúncia do então Procurador-Geral contra Cunha por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, tornando-o réu. Em 5 de maio de 2016, o plenário do STF unanimemente manteve a decisão do então ministro Teori Zavascki que determinou afastamento de Cunha do mandato de deputado federal e, consequentemente, do cargo de Presidente da Câmara.

Em 19 de outubro de 2016 foi preso preventivamente pela Polícia Federal e, em março de 2017, foi sentenciado a 15 anos e quatro meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Em 18 de maio de 2017, teve um segundo mandado de prisão expedido pela Justiça. No final de março de 2020, teve a prisão preventiva substituída pela domiciliar em razão da pandemia, por ser do grupo de risco.  Em setembro de 2020, voltou a ser condenado na Lava Jato, e teve sua aposentadoria na ALERJ cassada. Cunha ganhou uma liminar do TRF-1 para ser candidato, mas ela foi cassada pelo então presidente do STF, Luís Fux. Cunha ganhou uma nova rodada judicial na esperança de ser candidato, mas é improvável que ela se sustente. Em sua prestação de contas ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para disputar as eleições, Cunha declarou patrimônio de R$ 14,1 milhões. O valor é R$ 12,4 milhões superior ao apresentado em 2014, quando ele concorreu ao posto pela última vez.

Mamãe falhei é uma caricatura moribunda dos tempos sepulcrais do bolsonarismo. Egresso dos esquifes autoritários escreveu muito cedo o próprio epitáfio. Por causa de declarações sexistas envolvendo ucranianas já punidas pelas ruínas da anexação foi cassado e está inelegível. A cova se abriu ao ter um áudio, manchado por barro sexista, vazado do zap: “Ucranianas são fáceis, porque são pobres”, disse o então deputado estadual, Arthur do Val, que também atende por um falacioso heterônimo maternal. Nada difere do machismo de Bolsonaro à deputada Maria do Rosário em 2014 – pelo qual foi condenado – e da defesa do turismo sexual em 2019. O MBL foi pedra fundamental para a implosão do Brasil. Apoiou Bolsonaro, tentou impulsionar a candidatura fascista de Sérgio Moro, coveiro original do país, e hoje desfalece vítima das próprias contradições. Também por agressões contra a jornalista Vera Magalhães, idênticas à de Bolsonaro, Douglas Garcia pode repousar no mesmo jazigo dos inelegíveis.

O cortejo sinistro do coveiro Bolsonaro se repete. Em 2020 Bolsonaro apoiou candidatos a prefeito em 5 capitais e 45 pretendentes a vereador. Foram eleitos apenas 9 vereadores, menos de 20% dos apoiados por ele. Os postulantes às prefeituras foram exterminados. Apenas dois avançaram ao segundo turno e perderam. Os demais receberam a extrema-unção logo no primeiro turno. Em Fortaleza o então aliado de Bolsonaro se viu obrigado a se descolar do dedo podre para escapar da maldição. O capitão Wagner repele novamente Bolsonaro, agora na disputa pelo governo do Ceará. No Rio de Janeiro, Marcelo Crivella se tornou um dos cadáveres mais emblemáticos do sepulcro bolsonarista. Os outros ataúdes foram empilhados em São Paulo, Belo Horizonte, Recife e Manaus. Celso Russomano colou a campanha em Bolsonaro e a estratégia foi mortífera. Amargou uma humilhante quarta colocação com pouco mais de 10% dos votos. Desencarnou ao somar sua rejeição com a imagem letal do capitão. Em Belo Horizonte, o escalado de Bolsonaro para morrer, Bruno Engler, foi enterrado por Alexandre Kalil. Em Manaus, o coronel Alfredo Menezes obteve desbotados 11% dos votos. Outra vítima da maldição foi em Recife. Após receber o bafejo de morte de Bolsonaro, a delegada Patrícia definhou, caiu nas pesquisas e acabou em quarto lugar. As capitais totalizavam 18 milhões de eleitores. Os bolsonaristas somaram pálidos 1,5 milhão de votos. Um cemitério eleitoral com menos de 10% dos votantes. O país enterrou mais de 685 mil brasileiros diante do escárnio de Bolsonaro. É chegada a hora dele enterrar os seus cúmplices em covas rasas.Image

 

05
Ago22

UOL Investiga T1E4: Investigações sobre Flávio conectam Jair Bolsonaro ao esquema

Talis Andrade

CHARGE – Blog do CardosinhoPreso pela PF, Pastor Everaldo batizou Bolsonaro no Rio JordãoVídeo: Pastor preso por desvios no Rio batizou Bolsonaro nas águas do rio  Jordão - ISTOÉ Independente

Pastor Everaldo e Bolsonaro, batismo no Rio Jordão

 

O escândalo das rachadinhas, nome popular para a prática criminosa do peculato, revela o passado oculto do presidente Jair Bolsonaro. Este é o tema do podcast "UOL Investiga - A Vida Secreta de Jair".

Intitulado "A Verdade Liberta", o quarto e último episódio conecta todas as histórias da família Bolsonaro e do esquema ilegal de devolução de salários nos gabinetes.

O programa traz bastidores da prisão de Fabrício Queiroz e um resumo das provas contra ele e Flávio Bolsonaro. Também revela o que se descobriu para conectar o presidente Jair Bolsonaro diretamente ao esquema.

Você pode ouvir o quarto episódio completo no arquivo mais abaixo, ler na íntegra o roteiro do programa aqui.

Em formato narrativo, o podcast apresentado pela jornalista Juliana Dal Piva, com ajuda da equipe do núcleo investigativo do UOL, foca em aspectos não revelados do envolvimento direto do presidente da República no esquema ilegal de entrega de salários de assessores na época em que ele exerceu seguidos mandatos de deputado federal (entre os anos de 1991 e 2018).

 

Jornalista fala sobre entrevista exclusiva com militar que ocultou o corpo  de Rubens Paiva - Portal IMPRENSA - Notícias, Jornalismo, Comunicação

Juliana Dal Piva, premiada jornalista

O Negócio do Jair - Juliana Dal Piva - Grupo Companhia das Letras

 

"A VIDA SECRETA DE JAIR"

EPISÓDIO 4 - A VERDADE LIBERTA

 

JAIR BOLSONARO, discurso de vitória em outubro de 2018: "Meu muito obrigado a todos no Brasil por essa oportunidade. E, se me permitem, eu quero fazer a leitura do meu discurso da vitória."

JULIANA DAL PIVA: O presidente Jair Bolsonaro costuma contar para a família e para os amigos que ele já leu a Bíblia duas vezes. E tem um trecho que ele cita sempre. É do Novo Testamento: O Evangelho de João, capítulo 8 e versículo 32.

JAIR BOLSONARO, discurso de vitória em outubro de 2018:

"Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. Nunca estive sozinho (...)"

JULIANA DAL PIVA: Esse trecho é tão importante para o Bolsonaro que ele citou logo no início do discurso de vitória da eleição presidencial em 2018. Naquele dia, 28 de outubro, o Bolsonaro estava em casa ao lado da atual primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e de vários apoiadores.

O Bolsonaro estava usando um terno cinza e uma camisa azul. Era o único mais formal. Já era quase verão no Rio de Janeiro e todo mundo em volta dele estava com camisetas brancas ou amarelas com algum slogan da campanha ou adesivos com o número do PSL, o 17, que era o do partido do presidente Bolsonaro.

 

Humor Político auf Twitter: „Um, ex - voto... por Renato Aroeira #comédia # MagnoMalta #humor #charge https://t.co/ErKdWDgOOu“ / Twitter

Logo depois do resultado, as televisões entraram ao vivo com o clima na casa de Bolsonaro. O SBT, por exemplo, mostrou até quando o presidente recém-eleito rezou de mãos dadas com a mulher e o ex-senador Magno Malta.

www.brasil247.com - Aroeira: após Bolsonaro, militares também enquadram Onyx

 

Ali estava ainda o Gustavo Bebianno, que era presidente do PSL. O deputado Hélio Lopes, grande amigo do Bolsonaro. Tinha o futuro ministro Onyx Lorenzoni e o senador Luis Carlos Heinze, que agora, durante a pandemia de covid-19, ficou conhecido por defender a cloroquina, um remédio que não tem eficácia para combater a doença. No fundo, longe das câmeras, também estava o advogado Frederick Wassef.

 

O menino de Rancho Queimado se queimou?', ironiza leitor - 02/08/2021 -  Painel do Leitor - Folha

E foi na frente de toda essa gente que o Bolsonaro citou que a verdade ia libertar.

JAIR BOLSONARO, discurso de vitória em outubro de 2018: "A verdade vai liberar esse grande país. E a liberdade vai nos transformar em uma grande nação. A verdade foi o farol que nos guiou até aqui e que vai seguir iluminando o nosso caminho."

JULIANA DAL PIVA: O Bolsonaro já tinha citado essa passagem da Bíblia várias outras vezes na campanha e no plenário da Câmara dos Deputados.

Quando o Bolsonaro menciona essa passagem sobre a verdade, o que ele quer é dizer que a visão dele é a "verdadeira". Mesmo que os fatos neguem o que ele chama de "verdade".

E pra conhecer a "verdade" primeiro é preciso encarar os fatos. Mas justamente são os fatos sobre o caso da rachadinha que expuseram um passado que o presidente e a família dele parecem querer esquecer. Ou esconder.

E, investigando essa história, fiquei pensando no que significava conhecer a "verdade" sobre os gabinetes da família Bolsonaro.

 

Eu sou Juliana Dal Piva, colunista do UOL, e nesse quarto episódio do podcast UOL Investiga: A vida secreta de Jair, vou te contar por que os promotores do Rio de Janeiro denunciaram o senador Flávio Bolsonaro.

O filho mais velho do presidente foi apontado como líder de uma organização criminosa capaz de ter desviado pelo menos 6 milhões de reais dos cofres públicos.

Para fazer essa acusação, os investigadores reuniram milhares de documentos que se tornaram provas contra o Flávio.

Mas, no meio desses papéis, apareceram também indícios que conectavam ao esquema pessoas muito próximas ao presidente Jair Bolsonaro. Assessores, parentes, suas ex-mulheres e até a primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Também vou te mostrar mais gravações inéditas de familiares do presidente. Áudios que mostram uma conexão direta de Jair Bolsonaro com o esquema de devolução de salários.

 

ANDREA SIQUEIRA VALLE, em gravação: "Não é pouca coisa que eu sei, não. É muita coisa que eu posso ferrar a vida do Flávio, ferrar a vida do Jair, posso ferrar a vida da Cristina. Entendeu? Então, é por isso que eles têm medo aí e mandam eu ficar quietinha, não sei o quê, tal"

JULIANA DAL PIVA: Revelações que apontam para uma conclusão: os gabinetes da família Bolsonaro funcionavam como uma coisa só, sem divisões. E o presidente colocou os filhos na política, mas comandava cada um dos mandatos. Tudo parece um grande negócio de família. Fica comigo até o final que você vai ouvir e também vai entender.

 

JULIANA DAL PIVA: Os gritos assustaram quem passou perto do gabinete presidencial no Palácio do Planalto no fim daquela terça-feira. Era 20 de outubro de 2020.

O presidente estava aos berros naquele início de noite e quem passou perto não pode evitar de ouvir o Bolsonaro gritando que o filho mais velho, o Flávio, era perseguido pelos promotores do Rio de Janeiro.

No dia anterior, o Ministério Público do Rio de Janeiro entregou no Tribunal de Justiça do estado uma denúncia contra o senador Flávio Bolsonaro.

Não se sabe ao certo como, porque o caso corre em sigilo, mas o presidente Jair Bolsonaro soube de alguns detalhes da denúncia.

Além da raiva, é difícil saber ao certo o que passou na cabeça do Bolsonaro naquele dia.

O rompante do presidente até foi notado pelos auxiliares, mas o motivo dos gritos acabou escondido do público em geral por mais duas semanas.

Depois de 820 dias no caso, o Ministério Público do Rio de Janeiro finalmente decidiu denunciar o Flávio e o amigo de longa data do presidente, Fabrício Queiroz. Além deles, mais 15 pessoas.

E os principais crimes apontados foram desvio de verba pública, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Soa bem pesado e é. Mas não foi uma surpresa.

A família Bolsonaro já dava como certo que o Flávio teria que enfrentar essas acusações na Justiça.

Esse destino parecia selado desde o dia 18 de junho do ano passado, quatro meses antes da denúncia.

 

TELEJORNAL: "Olá, bom dia. A Polícia Civil e o Ministério Público de São Paulo prenderam agora há pouco Fabrício Queiroz, que foi assessor de Flávio Bolsonaro quando ele era deputado estadual do Rio."

JULIANA DAL PIVA: O Brasil acordou naquela manhã com a resposta para a pergunta que rodou o país por mais de um ano e meio.

PERGUNTA: Cadê o Queiroz?

 

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JULIANA DAL PIVA: Eram três horas da manhã quando 20 policiais do Garra, o Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos, deixaram a capital paulista. Já era o início do inverno, então fazia frio em São Paulo. O Brasil estava no meio da primeira onda de casos da pandemia de covid-19.

Os policiais saíram sem informação de quem era o alvo da operação. Uma hora depois eles chegaram em Campinas e aí sim receberam instruções de alguns promotores. Só os promotores é que sabiam o nome do alvo da operação num endereço da cidade de Atibaia, no interior de São Paulo.

Mais uma hora passou e todo o grupo chegou ao local. Às seis horas da manhã, policiais e promotores estavam na frente de uma casa numa chácara que fica no número 644, na rua das Figueiras, bairro Jardim dos Pinheiros.

Na frente do endereço tinha uma placa que identificava o lugar como o escritório do Frederick Wassef, o advogado da família Bolsonaro. Por isso, representantes da OAB também acompanharam tudo.

Os policiais, então, tocaram a campainha algumas vezes. E nada. Como ninguém apareceu, eles decidiram entrar. Cortaram uma corrente no portão e depois forçaram a porta da frente da casa.

Quando entraram no imóvel, os agentes encontraram um homem assustado e ainda deitado na cama. Era o Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro. Quem me contou esses detalhes foi o promotor paulista José Cláudio Báglio, que comandou a operação de prisão do Queiroz em Atibaia.

 

JOSÉ BÁGLIO, em entrevista a Juliana Dal Piva: Ele estava deitado, ainda, no interior de uma casa. Uma casa confortável, mas antiga, de chácara mesmo, típica da região ali. Parecia que algumas coisas estavam meio improvisadas ali, alguns colchões lançados em outros cômodos, etc.

JULIANA DAL PIVA: Quando vocês chegaram e entraram, viram ele deitado, como é que ele reagiu?

JOSÉ BÁGLIO: Ele se mostrou bastante surpreso, não acreditando no que estava acontecendo. Num primeiro momento, ele não queria dizer nada, mas depois ele confirmou que era efetivamente ele. Mesmo porque a gente estava com a identificação positiva de que ele estaria no local e o próprio caseiro disse que não sabia quem era. Se eu não me engano, o caseiro disse que conheceu ele por outro nome. Foram realizadas as buscas. Os documentos e objetos que eram de interesse da investigação foram apreendidos conforme a ordem judicial.

(...)

Anjo" Wassef vira 'homem bomba' no laranjal - O CORRESPONDENTE

 

JULIANA DAL PIVA: A ação policial foi chamada de "Operação Anjo", em uma referência a como Queiroz e a família dele chamavam o advogado Frederick Wassef. Falei para você sobre isso no episódio anterior. Lá em Bangu, o Queiroz ficou numa cela do lado do Sergio Cabral, que era o governador do Rio de Janeiro, você deve lembrar.

Anjo" Wassef vira 'homem bomba' no laranjal - Vermelho

Enquanto o Queiroz descobria a cadeia, as equipes do Ministério Público e da polícia ainda procuravam a mulher dele, a Márcia Aguiar. Ela também teve a prisão decretada, mas ninguém achou a Márcia. A mulher do Queiroz fugiu dos investigadores e ficou foragida da Justiça por 40 dias.

Já tinha meses que a Márcia tinha medo de ser presa. Lembra?

(...)

 

E, naquele dia da prisão do Queiroz, eu falei com o advogado Paulo Emílio Catta Preta sobre a entrada dele no caso.

JULIANA DAL PIVA: Quando o senhor começou a atuar na defesa do Queiroz?

PAULO EMÍLIO CATTA PRETA: Olha, rigorosamente, primeiro ato mesmo, a partir de hoje. Mas eu já estou sendo procurado pela família há alguns dias, cerca de uns 15 dias, no sentido de eu advogar para ele, defendê-lo nessa questão da Alerj. Ele estava sem advogado porque o defensor tinha renunciado já há algum tempo. Eles me perguntaram se eu podia advogar, falei que sim, pedi para estudar os autos e, enfim, prosseguimos.

 

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JULIANA DAL PIVA: O senhor atendia o ex-capitão do Bope Adriano Nóbrega. O senhor está dizendo que foi procurado pela família do Queiroz, o senhor acha que também teria alguma relação?

PAULO EMÍLIO CATTA PRETA: Não fui informado sobre isso, mas posso supor que, por eles terem visto a minha atuação no caso do Adriano, eles eram amigos, talvez isso tenha sido um dos motivos de eles terem me procurado. Mas não me foi dito isso.

 

JULIANA DAL PIVA: O senhor foi procurado por quem especificamente da família?

PAULO EMÍLIO CATTA PRETA: ui procurado pelas filhas inicialmente, depois falei com ele ao telefone. Não estive com ele ainda não, até porque achava que tinha tempo para estudar o processo e, enfim, acho que a medida (prisão) de hoje abrevia o meu tempo.

 

JULIANA DAL PIVA: O senhor foi procurado em Brasília?

PAULO EMÍLIO CATTA PRETA: Em Brasília.

 

JULIANA DAL PIVA: Pessoalmente, por telefone?

PAULO EMÍLIO CATTA PRETA: Por telefone.

 

JULIANA DAL PIVA: Entendi. or tinha conhecimento de que ele estava no imóvel do Wassef?

PAULO EMÍLIO CATTA PRETA: Não, não tinha conhecimento.

 

JULIANA DAL PIVA: Quando as filhas procuraram, elas não disseram isso pro senhor?

PAULO EMÍLIO CATTA PRETA: Não, elas não falaram onde ele estava e eu também não perguntei. Foi uma conversa inicial de tentar procurar um advogado, basicamente contar o caso e dizer o que é que tem e vai querer essa defesa. Não cheguei a perguntar isso [onde ele estava] e eles [família] também não me falaram.

 

JULIANA DAL PIVA: Esse é um trecho de uma entrevista que o advogado Paulo Emílio Catta Preta me deu naquele dia. A íntegra foi publicada na revista Época.

Antes de continuar, tem uma coisa importante que eu preciso te contar. Quatro meses antes do Queiroz ser preso, o Adriano morreu numa operação policial na Bahia.

O Adriano era foragido da Justiça fazia um ano. A polícia diz que ele reagiu e houve um confronto. Já a família do Adriano diz que ele foi executado.

Mas essa é uma história longa, cheia de polêmicas que rende sozinha um episódio inteiro. Vai ter que ficar pra outro dia.

O que interessava naquele 18 de junho de 2020 era a prisão de Queiroz na casa do advogado da família Bolsonaro.

Todo mundo procurou o Wassef por uma explicação. Afinal de contas, fazia meses que ele dizia que não sabia onde o Queiroz estava. Aí o Queiroz foi preso e o Wassef mudou a versão. O advogado passou a dizer que emprestou a casa para o Queiroz ficar durante os tratamentos de saúde que ele fazia em São Paulo. O Wassef inclusive repetiu isso em uma entrevista para minha coluna no UOL este ano.

 

JULIANA DAL PIVA: O senhor nunca se encontrou com nenhum desses assessores que é investigado, além do Queiroz?

FREDERICK WASSEF: Quem te disse? Eu falei que eu me encontrei com o Queiroz? Nunca falei isso. Você nunca ouviu falar que eu me encontrei com o Queiroz, isso é mentira. Nunca disse a ninguém que me encontrei com o Queiroz.

 

JULIANA DAL PIVA: O Queiroz esteve na sua casa, como o senhor bem sabe, ele foi preso em Atibaia.

FREDERICK WASSEF: Eu falei? Você acabou de fazer uma afirmação que eu não disse.

 

JULIANA DAL PIVA: Eu estou corrigindo, é uma pergunta, o senhor pode responder e dizer: o senhor nunca esteve com o Queiroz.

FREDERICK WASSEF: Olha o que eu vou falar sobre o Queiroz, preste bem atenção. Fui vítima de fake news. Jamais escondi Queiroz. Jamais Queiroz esteve escondido, procurado ou foragido. Queiroz não era indiciado. Não era denunciado. Não era réu em ação penal. Não era nada. Era apenas um averiguado, assim como Flávio e outras 40 pessoas. A senhora deveria saber Juliana que jamais existiu uma determinação judicial que impedisse Queiroz de viajar, ir, vir ou que ele tivesse que declarar ao juízo "senhor juiz vou sair hoje, vou passar uma semana em São Paulo pelos motivos tais e retorno na data tal". Nunca teve nada disso. Portanto, jamais houve qualquer ilegalidade no Queiroz viajar. Então vou fazer um breve resumo da história Queiroz para combater a fake news. O Queiroz morava no Rio, em endereço declinado à Justiça, e era lá que ele morava e sempre esteve. Jamais morou comigo e muito menos se escondeu comigo. São mentiras criminosas e fake news. Vou dar duas informações importantes para a senhora. Onde estava Queiroz antes de ele ser preso em Atibaia? Por que falaram que ele morava em Atibaia há um ano? Mentira. Ele estava no Rio de Janeiro. O Queiroz chegou em Atibaia e foi preso apenas três dias após a sua chegada. Ele foi preso no quarto dia. Onde o Queiroz estava antes? Na residência dele, no Rio de Janeiro, no endereço fornecido nos autos do processo. Quanto tempo ele esteve lá? Dois meses. E antes disso? Sim, ele esteve em Atibaia, 10, 12 dias. Não sei, porque não estava lá. Não vi. Não falei com ele. Mas e antes? Rio de Janeiro. Então vou resumir para a senhora: o Queiroz viajava. Morava no Rio e fazia viagens. Ficava a maior parte do tempo no Rio. Aí vinha a Atibaia, fazia seu tratamento de saúde, passava uns dias e voltava. Ele apenas viajava e transitava. Permitir o uso de uma propriedade, para que uma pessoa em tratamento de câncer, pudesse ter um abrigo, não é irregular, imoral ou crime. Não é nada.

 

JULIANA DAL PIVA: O Wassef não gosta de falar desse assunto. Até porque é no mínimo difícil de imaginar que ele emprestasse a casa e não falasse com o Queiroz. Eu até já te mostrei uma mensagem do Queiroz falando de uma conversa com o "Anjo".

FABRÍCIO QUEIROZ, em áudio de outubro de 2019: "O 'Anjo' também a primeira coisa que o 'Anjo' chegou pra mim e falou na minha cara foi: você foi traído, você foi traído ontem à noite!"

(...)

 

ITALO NOGUEIRA, entrevista com Jair Bolsonaro em janeiro de 2018: "Então vamos falar do seu patrimônio. O senhor estava criticando o fato de a Folha ter divulgado o valor do patrimônio do senhor, da sua família."

JAIR BOLSONARO: "Peraí? Você tem que divulgar é o meu patrimônio. Daqui a pouco você vai querer pegar a minha mãe. Meus pais, meu pai já morreu. Meus irmãos. Tem que pegar o meu, esquece meus filhos (...)"

JAIR BOLSONARO: "Você tá enchendo o saco, porra. Tá procurando cabelo em ovo."

JULIANA DAL PIVA: Nessa ocasião, a Camila Mattoso perguntou por que ele recebia auxílio-moradia se tinha um apartamento em Brasília e o Bolsonaro respondeu na maior grosseria.

CAMILA MATTOSO, entrevista com Jair Bolsonaro em janeiro de 2018: "E o senhor utilizou em algum momento, deputado, o dinheiro do auxílio-moradia para esse primeiro apartamento?"

JAIR BOLSONARO: "Como eu estava solteiro naquela época, esse dinheiro de auxílio-moradia eu usava para comer gente. Você está satisfeita agora? É a resposta que você merece. O dinheiro do auxílio-moradia eu dormi em hotel, eu dormi em casa de colegas meus militares. O dinheiro foi gasto em alguma coisa. Você quer que eu preste a continha? Recebi 3 mil, eu gastei 2 mil de hotel, vou devolver mil. Tem cabimento?"

 

Partido dos Trabalhadores RJ - BOLSONARO: “ESSE DINHEIRO DE AUXÍLIO MORADIA  EU USAVA PRA COMER GENTE, TÁ SATISFEITA AGORA OU NÃO?” O pré-candidato à  Presidência da República Jair Bolsonaro (PSC-RJ) afirmou em

 

ITALO NOGUEIRA: "Diversos colegas seus fazem isso".

JULIANA DAL PIVA: Nessa entrevista, o presidente Jair Bolsonaro também falou uma coisa que me fez pensar sobre como ele e os filhos atuavam juntos.

JAIR BOLSONARO, entrevista janeiro de 2018: "Não há diferença, muitas vezes um funcionário que trabalha para mim, trabalha para os dois também."

JULIANA DAL PIVA: Nesse dia, o comentário do Bolsonaro não chamou a atenção necessária sobre o que realmente significava não ter diferença trabalhar para ele ou para os filhos. Não parecia nada demais que eles compartilhassem algum serviço entre os assessores.

Só que com o tempo e a investigação sobre a rachadinha, isso foi se mostrando um modus operandi. A filha do Queiroz, por exemplo. A Nathália.

NATHÁLIA QUEIROZ, em áudio: "Meu pai é muito burro, cara. Muito burro. O que é que ele tem que ficar falando essas coisas? Ele não aprendeu com esse monte de merda que aconteceu? Vai e ainda fica falando mais de política, gente, que prazer é esse que ele tem?"

JULIANA DAL PIVA: Ela sempre foi personal trainer. Mas passou um tempo nomeada no gabinete do Flávio e depois virou funcionária do Bolsonaro. Se ela trabalhasse normalmente como assessora parlamentar, isso não importava. A questão é que as provas mostraram que ela sempre foi personal. Era, portanto, funcionária fantasma na Alerj e na Câmara dos Deputados.

Então, desde 2018, a situação dos funcionários dos Bolsonaro deixava dúvidas. E o patrimônio da família do agora presidente também.

Só que faz pouco tempo que a gente sabe em detalhes as suspeitas em algumas dessas negociações de imóveis. E o Bolsonaro já tinha sido eleito presidente da República quando os problemas vieram à tona.

O fato inegável antes da eleição de 2018 era que o Bolsonaro e os três filhos construíram quase todo aquele patrimônio depois de entrar para a política.

A primeira vez que o presidente Jair Bolsonaro disputou uma eleição foi em 1988. Ele concorreu a vereador no Rio de Janeiro e disse para a Justiça Eleitoral que tudo o que ele tinha era um Fiat Panorama, uma moto e dois terrenos em Resende, no sul do estado.

Já o Flávio e o Carlos foram eleitos pela primeira vez no início dos anos 2000. Ainda eram estudantes universitários e nunca tiveram outro emprego fora da política.

Décadas passaram. Hoje o Flávio é senador e teve antes quatro mandatos de deputado estadual.

FLÁVIO BOLSONARO, em discurso no Senado em junho de 2021: "É fácil depor quando você está com a verdade do lado, então eu senti isso do general Pazuello, muita tranquilidade."

TRIBUNA DA INTERNET

JULIANA DAL PIVA: O Carlos já está no sexto mandato de vereador.

CARLOS BOLSONARO, em discurso na Câmara de Vereadores em 2012: "Não trata-se aqui de sermos héteros ou homossexuais, trata-se de caráter."

Você é realmente tão ingênuo e ignorante?”, pergunta cônsul da China a Eduardo  Bolsonaro | bloglimpinhoecheiroso

JULIANA DAL PIVA: O Eduardo foi para o segundo mandato de deputado federal. Ele se tornou deputado em 2015. Antes, foi policial federal concursado por quatro anos.

EDUARDO BOLSONARO, em uma aula em 2018: "Se quiser fechar o STF, sabe o que você faz? Não manda nem um jipe, manda um cabo e um soldado."

Indo fechar o STF — Indo fechar o STF — Alô Notícias - Com Lucio Jaques —  Notícias políticas em Santa Catarina

JULIANA DAL PIVA: Essa carreira de políticos profissionais da família Bolsonaro rendeu. Todos eles enriqueceram na política. Esse também é outro fato.

O Bolsonaro só não tem um patrimônio maior porque na separação da Cristina ela ficou com dois terços do total, mais de 2 milhões de reais na época. É aquela segunda mulher dele de quem eu te falei no segundo episódio.

O patrimônio de Bolsonaro hoje é um apartamento em Brasília, duas casas num condomínio na Barra da Tijuca, uma casa onde funciona um escritório político dele em Bento Ribeiro, na zona norte do Rio, e a casa de praia em Angra dos Reis. Aquela onde ele fazia um tour mostrando as armas pros convidados. Tudo isso, mais umas ações e uns carros, soma, segundo o Bolsonaro, uns 2,2 milhões de reais.

Mas é o tamanho do empreendedorismo do Flávio que causou mais surpresa. Lá em 2003, tudo que o estudante de Direito Flávio Bolsonaro tinha era um carro. Um Gol 1.0.

Hoje, o Flávio é dono de uma mansão de 6 milhões de reais em Brasília. E, desde 2005, ele negociou 20 imóveis. Também montou uma loja de chocolates, em 2015. E é justamente essa ascensão financeira do Flávio o coração da investigação do Ministério Público sobre a rachadinha.

FLÁVIO BOLSONARO, em entrevista para a TV Record em janeiro de 2019: "Eu explico mais uma vez. Eu sou empresário, o que eu ganho na minha empresa é muito mais do que ganho como deputado estadual. Eu não vivo só do meu salário de deputado."

JULIANA DAL PIVA: Esse é o Flávio, em janeiro de 2019, tentando explicar por que tinha feito 48 depósitos de 2 mil ao longo de alguns dias.

Imagina essa cena. O Flávio, um deputado estadual, sozinho na frente de um caixa eletrônico, depositando um envelope de 2 mil. Depois outro, mais um e assim por diante. Eu nunca nem vi 96 mil reais em dinheiro vivo. Você não acha mais simples ir direto no caixa fazer esse depósito todo de uma vez? [Transcrevi trecho inicial. Leia mais aqui]

18
Jun21

Senadores da tropa de choque da CPI receberam mais de meio bilhão de reais do governo Bolsonaro

Talis Andrade

TRIBUNA DA INTERNET | Piada do Ano! Ricardo Barros, líder do governo, diz  que Bolsonaro se aliou ao Centrão por 'bom senso'

 

Sete parlamentares - titulares e suplentes - que integram a tropa de choque bolsonarista e negacionsita na CPI da Covid receberam R$ R$ 660 milhões do governo Jair Bolsonaro para obras e projetos indicados por eles

 

 

247 - Jair Bolsonaro vem mantendo a fidelidade da base governista na CPI da Covid por meio da liberação de recursos, aponta a Revista Crusoé. De acordo com a reportagem, já foram liberados R$ 660 milhões para obras e projetos de sete parlamentares - titulares e suplentes - que integram a comissão.

A reportagem destaca que o líder do governo Bolsonaro no Senado e integrante da tropa de choque governista na CPI, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), é um dos que encabeçam os repasses, com R$ 153,8 milhões. O senador Marcos Rogério (DEM-RO) teria recebido R$ 127 milhões. Ciro Nogueira (PP-PI) é apontado como beneficiário de recursos que somam R$ 135 milhões. Luiz Carlos Heinze (PP-RS) teria recebido R$ 165,9 milhões e Jorginho Mello (PL-SC), R$ 35 milhões.

Ao todo, um sexto do valor liberado foi originário de emendas individuais ou de bancada. O restante foi repassado por meio do chamado orçamento paralelo, que o governo vem utilizando para comprar apoio junto ao Congresso. O orçamento paralelo seria a fonte de repasses que somam R$ 550 milhões. O dinheiro tem saído, principalmente, dos ministérios do Turismo, da Agricultura, da Infraestrutura e do Desenvolvimento Regional.

Brum в Twitter: "Charge da Tribuna do Norte #brum #charge #chargespoliticas  #brumchargista #Bolsonaro #Governo #governobolsonaro #augustoheleno  #generalheleno #generalaugustoheleno #Centrao #politicagem #velhapolitica  #calaaboca #segritarpegaladrao ...

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