Repórter que denunciou esquema de fake news pró-Bolsonaro é ameaçado
Reportagem revela que grupos estão dispostos a pagar pela criação de conteúdos falsos em favor do presidente Bolsonaro
por Thays Martins /Correio Braziliense
O repórter Lucas Neiva, do site especializado em política Congresso em foco, foi ameaçado de morte após a publicação de uma reportagem que denuncia um esquema de produção de fake news com o intuito de beneficiar o presidente Jair Bolsonaro (PL).
Após a divulgação da reportagem, Lucas Neiva chegou a ter dados pessoais vazados e recebeu diversas ameaças em fóruns da internet. “Parece que alguém vai amanhecer morto”, escreveu uma pessoa. O site Congresso em Foco também foi derrubado por um ataque hacker neste domingo (5/6). De acordo com o site, a página deles chegou a ficar fora do ar por nove horas. Também foram feitos ataques à editora do site, Vanessa Lippelt.
O jornalista registrou um Boletim de Ocorrência e o caso será investigado pela 9ª Delegacia de Polícia de Brasília.
A reportagem do Congresso em Foco revela que usuários da plataforma imageboard, um fórum anônimo, estão dispostos a pagar com recursos próprios a criação de conteúdos falsos em favor do presidente Jair Bolsonaro (PL) durante a campanha eleitoral deste ano. Na publicação, ainda há a orientação para que o conteúdo seja viral.
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do DF e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) emitiram uma nota em solidariedade ao repórter. "Esperamos que a investigação policial sobre o caso seja rápida e precisa para que os responsáveis pelas ameaças e ataques possam ser identificados e devidamente processados nos termos legais", diz trecho da nota.
No ano passado, o Brasil registrou uma média de quase três ataques a jornalistas por semana, segundo relatório da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão. Segundo dados da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), foram registrados 430 ataques a jornalistas em 2021, o maior número desde que foi iniciado o levantamento, na década de 1990.
Os jornalistas e as eleições