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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

07
Mar22

Brasil registrou, em 2021, uma mulher estuprada a cada 10 minutos

Talis Andrade

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Prefeito anuncia que vai "comer mais de 20" mulheres em uma festa. Talvez alguma prostituta infantil

 

 

O Brasil do deputado Arthur do Val, turista sexual, que proclamou "as mulheres pobres são fáceis", do prefeito velho de pastoril da cidade de Itaituba, no Pará, Valmir Climaco (MDB) que foi filmado, dizendo que iria “comer mais de 20” mulheres em uma festa, registrou em 2021, uma mulher estuprada a cada 10 minutos. É o país que esconde o vergonhoso recorde de 500 mil crianças prostitutas. 

ABVP - Menores prostitutas - YouTube

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Na véspera do Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) divulgou novos dados sobre violência letal e sexual contra mulheres no Brasil. O número de estupros contra pessoas do gênero feminino aumentou 3,7% em relação a 2020, totalizando 56.098 ocorrências no período; e os feminicídios tiveram queda de 2,4% (1.319 registros).
 

O levantamento utilizou boletins de ocorrência (BOs) da Polícia Civil nas 27 unidades da Federação. “Apesar do leve recuo na incidência de feminicídios, os números permanecem muito elevados, assim como os registros de violência sexual”, alerta a diretora executiva do FBSP, Samira Bueno.

Sete estados registraram número de feminicídios abaixo da média nacional. São eles: São Paulo (0,6%), Ceará (0,7%), Amazonas (0,8%), Rio de Janeiro (0,9%), Amapá (0,9%), Rio Grande do Norte (1,1%) e Bahia (1,1%).

A interpretação dos dados, porém, exige cautela, uma vez que nem sempre a tipificação é feita da forma correta. Define-se como feminicídio o assassinato de mulheres motivado pela condição de gênero. São casos que podem ser decorrentes de discriminação, violência doméstica ou relacionamentos abusivos, por exemplo.

Uma mulher foi morta no país em 2021 a cada sete horas, totalizando 1.319 óbitos. São 32 vítimas a menos do que em 2020. Enquanto São Paulo registrou queda de 24%, Tocantins apresentou aumento de 144% em relação a 2020.

Rio Grande do Norte e Distrito Federal também apresentaram grandes aumentos – de 53,8% e 47,1%, respectivamente. Já Roraima e Amapá tiveram, ambos, queda de 55,6% nos registros.

 

Violência sexual e estupro de vulnerável

 

Os índices de violência sexual contra meninas e mulheres voltaram a crescer, depois de baixa de 12,1% registrada em 2020, com o começo da pandemia no país. Contudo, o baixo número de registros em 2020 pode ser reflexo do isolamento social – que impossibilitou a realização de denúncias feitas pelas mulheres, isoladas com os próprios agressores.

Os casos que chegaram às autoridades policiais em 2021 somam 56.098 boletins de ocorrência. O aumento nos registros em 2021 pode ser observado em 18 unidades da Federação.

Os maiores destaques são Paraíba (111,3%), Maranhão (46,3%) e Alagoas (23,5%). Entre as oito UFs que apresentaram queda, é possível salientar o Distrito Federal (queda de 23,1%), Amazonas (queda de 14,3%) e Espírito Santo (queda de 5,9%).

 

Vídeo: sem camisa em festa, prefeito afirma que “vai comer mais de 20”

Vídeo mostra prefeito de Itaituba, no PA, embriagado, sem camisa e saindo  carregado de festa, após falas machistas | Pará | G1Reeleito em Itaituba (PA), prefeito diz que comemoraria 'com cautela' e  aparece sem máscara em festa com aglomeração | Pará | G1

 

Victor Fuzeira revela:

Prefeito da cidade de Itaituba, no Pará, Valmir Climaco (MDB) foi flagrado dizendo que iria “comer mais de 20” mulheres em uma festa, ocorrida no último sábado (5/3). A gravação foi compartilhada nas redes sociais.

Em um dos vídeos, Climaco aparece em cima de um palco acompanhado de outras pessoas. Do alto da estrutura e de posse do microfone, o gestor municipal afirma: “Eu posso falar da melhor puta do Brasil (sic) são as que eu estou vendo aqui. Nunca vi tanta mulher bonita”.[Na comelança do prefeito alguma menina, prostituta infantil?]

Confira:

19
Nov21

Sergio Moro e o Partido da Lava Jato são a novidade mais velha de 2022

Talis Andrade

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Sergio Moro abraçou a extrema direita, foi chutado por Bolsonaro, ganhou o carimbo de ‘juiz supeito’ e foi trabalhar na recuperadora da Odebrecht. Agora, quer ser ‘a novidade’ em 2022

 

O ex-ministro de Bolsonaro e seu colega Deltan Dallagnol abraçam a política numa tentativa de fugir da lata de lixo da história

 

 

“A MINHA PRIMEIRA ideia é esta: Algo como dois pilares derrubados e um de pé, que deveriam sustentar uma base do país que está inclinada, derrubada. O pilar de pé simbolizando as instituições da justiça. Os dois derrubados simbolizando sistema político e sistema de justiça…”.

A descrição acima partiu do teclado do celular de Deltan Dallagnol e foi endereçada a Sergio Moro. O então chefe da Lava Jato no Ministério Público do Paraná falava de um monumento (nunca erguido) que vislumbrava para celebrar a si mesmo, aos colegas e ao comandante informal (e ilegal) da operação, o então juiz da 13a vara da Justiça Federal de Curitiba.Deltan idealizou monumento à Lava Jato, mas Moro previu crítica à 'soberba'  - 21/08/2019 - Poder - Folha

MACROMANIA. Monumento da Lava Jato 

 

Homem de raciocínio simplório, Deltan nunca escondeu que via a si mesmo e aos seus como super-heróis embrenhados numa luta maniqueísta contra o mal dos males, a corrupção (entendida aqui no sentido estreito do roubo de dinheiro público), personificada no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Do alto do pedestal em que foi colocado por parte considerável da imprensa, Deltan passou a sonhar que ele e a Lava Jato iriam refundar o Brasil. Acreditou nisso quando Sergio Moro atirou longe a toga e foi correndo, feito cachorro faminto que vê frango assado girando na padaria, ser ministro do mais abjeto personagem da história política brasileira, Jair Bolsonaro.

Eram favas contadas que, dali em diante, Moro seria entronado na primeira cadeira vaga no Supremo Tribunal Federal. Deltan seria ungido pelos colegas e pelo presidente como o novo procurador-geral da República. A cruzada bíblica da Lava Jato livraria o país de seus pecados, prenderia os pecadores etc.

Só que não.

Os operadores da justiça que se jactavam de terem sido capazes de deslindar o maior esquema de corrupção política da história foram incapazes de ir ao Google buscar alguma informação sobre Bolsonaro, o cavalo em que apostaram seco.

E veio a Vaza Jato.

A divulgação dos diálogos entre Deltan, Moro e outros personagens da operação nas 109 reportagens da série – publicadas a partir de 9 de junho de 2019 – deixou claro que havia muita coisa errada na operação.

  • Descobrimos que Moro não pagava um real pela delação de Antonio Palocci, a mesma que havia mandado divulgar de sopetão na véspera do primeiro turno da eleição de 2018.
  • Que os procuradores não conseguiram justificar aquela decisão do chefe.
  • Que Moro mandava e desmandava no Ministério Público, a ponto de ordenar trocas de procuradores em audiências e a publicação de notas à imprensa contra o “showzinho de defesas”.
  • Que Deltan colocou no bolso centenas de milhares de reais pagos por gente que ele deveria investigar etc.

A lista de irregularidades e abusos é longa. Escolha à vontade.

Havia mais: o público veio a saber que Deltan tinha planos de se lançar na política (“seria facilmente eleito” senador, empolgava-se). Usaria as tais dez medidas contra a corrupção (muitas de viés claramente autoritário) como plataforma eleitoral. Seu partido seria o próprio Ministério Público – ele dizia a si mesmo que o MPF deveria “lançar um candidato por estado”. Deltan tinha pronto o projeto da estrutura que ocuparia o “pilar derrubado do sistema político”. Era o Partido da Lava Jato.

Mas quem desmoronou foi o pilar da própria operação. Tendo perdido o poder intangível com que chegou ao governo, Moro passou a ser tratado por Bolsonaro como um capacho qualquer. Terminou pedindo demissão para não ter que fazer (mais) politicagem vagabunda para o chefe-presidente. E foi ganhar dinheiro do outro lado do balcão, na firma que tenta reerguer o que sobrou da Odebrecht, que a ação desastrosa da Lava Jato ajudou a destruir.

Ministros do Supremo Tribunal Federal que antes haviam apoiado incondicionalmente (e erradamente) a operação revisaram suas posições. Lula foi solto. Decisões foram anuladas. Moro foi carimbado como “juiz suspeito” – ou seja, parcial, incapaz de decidir com justeza, de exercer com a responsabilidade devida a tarefa que a sociedade lhe outorgou.

Enquanto isso, Deltan aproveitou um problema real em sua família para sair da Lava Jato e tentar se esconder das punições que o futuro lhe reservava no Ministério Público Federal. Agora exonerado, os processos em andamento contra ele — que poderiam torná-lo inelegível — serão extintos como que por mágica. Ficha suja é coisa com que só a patuleia precisa se preocupar.

Mas a perda da fama e da relevância cobra um preço alto de quem um dia se encantou por elas. Como me disse certa vez um advogado que negociou para clientes graúdos algumas das delações premiadas mais celebradas da Lava Jato, falando sobre Moro, é difícil se habituar com a volta do cotidiano ordinário depois de ter tido tanto poder nas mãos.

Assim, Moro pegou um avião nos EUA para se filiar a um partido político mezzo-velha-direita-mezzo-tosquice-bolsonarista. Eduardo Girão, o folclórico senador obcecado por maconha da CPI da Covid, será correligionário de Moro.

O ex-juiz – que no emprego que deixou nos EUA recebia um salário de ao menos R$ 1,7 milhão por ano – viajou de classe econômica, numa jogada populista tão sem vergonha quanto a de político que em época de campanha desanda a comer pastel e beber pingado em padaria popular, com a pança roçando balcão de fórmica.

Deltan andava escanteado numa saleta do MPF em Curitiba. Tal qual um Ernesto Araújo destronado do cargo de ministro, tocava casos banais demais para a importância que ele próprio se atribuiu. Mostrando que a afinidade com Moro segue em boa forma, de sopetão mandou avisar que vai disputar as eleições em 2022. O anúncio veio um dia depois do desembarque sob vaias do ex-juiz em Brasília. Quase um uníssono.

As decisões surpreenderam a ninguém e confirmaram o que hoje já é sabido pelo mundo todo: a Lava Jato tornou-se ela mesma um partido político. Mas, graças à aposta errada em Bolsonaro (e ao bom jornalismo), é um partido que ganha vida formal já velho, tão podre e carcomido quanto qualquer outro.

Até 8 de junho de 2019, Moro era tido como indemissível e mesmo mais poderoso do que o presidente a que servia. Fazia todo o sentido imaginar que o superministro chegaria em 2022 como favorito no pleito presidencial. Deltan tinha razão: seria facilmente eleito senador pelo Paraná.

Mas os tempos são outros.

Moro arrota uma candidatura presidencial, mas muita gente experiente duvida: aposta-se que ele irá optar por uma disputa mais tranquila, buscando uma cadeira no Senado. O agora ex-procurador também brandiu planos mais modestos. Em vez de senador, diz que tentará se tornar deputado federal. Ironicamente, é um downgrade feito por gente cuja carreira política foi seriamente atingida pela Lava Jato – Gleisi Hoffmann, presidente do PT, ex-senadora e hoje deputada federal pelo Paraná, é um exemplo.

Eu duvido que Moro não conquiste uma vaga no Senado. E que Deltan não saia das urnas como um bem votado deputado federal. Curitiba, afinal, se orgulha tanto da Lava Jato quanto dos seus ônibus biarticulados, que se arrastam superlotados mas distraem da realidade com a recordação da cidade que um dia se viu como exemplar. O Paraná a-do-ra um bom demagogo com discurso duro e simplório contra a criminalidade – dê uma olhada em quem são os parlamentares do estado em Brasília.

Mas não será a consagração imaginada por um e outro nos tempos áureos da Lava Jato. Pelo contrário. Disputar a eleição em 22 se tornou a última chance, a tábua de salvação para que Moro e Deltan não afundem de vez na irrelevância e na lata de lixo da história do país. Do país que se pergunta como conseguirá escapar da tragédia do bolsonarismo – esse sim, o grande legado da Lava Jato.

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26
Abr21

Sérgio Moro no lixo da história

Talis Andrade

Charge: Nem a lata de lixo quer Moro. Por Nando Motta

 

por Cristina Serra

- - -

Na sessão do STF que examinou a equivalência entre turmas e plenário como fóruns de decisão da corte, uma rápida discussão entre os ministros Luís Roberto Barroso e Ricardo Lewandovski resumiu o cerne do que estava em jogo: se vale tudo no judiciário para perseguir e prender inimigos políticos ou se ainda podemos acreditar na prevalência do devido processo legal.

A Vaza Jato mostrou que o ex-juiz Sérgio Moro sugeriu pistas, informantes e estratégias aos procuradores da Lava Jato, ou seja, tramou fora dos autos como chefe da investigação. Violou o direito básico do réu a um juiz imparcial e desprezou o código de ética da magistratura. 

O ministro Barroso considerou que a Vaza Jato revelou apenas “pecadilhos”, “fragilidades humanas”, “maledicências”. A complacência não passou em branco para Lewandovski, que lembrou outros excessos de Moro muito antes da entrada em cena do hacker e do site The Intercept, como conduções coercitivas e prisões preventivas excessivas. 

Acrescento aqui a interceptação telefônica de advogados de defesa e o vazamento do grampo ilegal de conversa entre Lula e a presidente Dilma Rousseff. `A época, a ilicitude mereceu apenas leve reprimenda do então relator da Lava Jato, Teori Zavascki, morto em 2017, e o assunto foi encerrado com pedido de “escusas” de Moro. Lewandovski assinalou também que as críticas ao modus operandi do ex-juiz não podem ser confundidas com defesa da corrupção. É uma distorção costumeira e que desqualifica esse debate. 

Como o ministro Marco Aurélio Mello se aposentará em breve, espera-se que seja rápido na devolução do caso ao plenário. O Brasil precisa virar essa página. O que importa, porém, já está decidido. O Supremo consagrou a vitória do devido processo legal, do Estado Democrático de Direito e da justiça. O ex-presidente Lula, impedido por Moro de concorrer em 2018, está livre para disputar em 2022. E Moro irá para o lugar reservado aos canalhas: a lata de lixo da História.

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