Quem fará a auditoria na auditoria do BNDES?
por Leonardo Attuch
É preciso abrir a caixa-preta do BNDES. Não aquela imaginada por Jair Bolsonaro, mas sim a da atual gestão do banco de fomento, que, sob o comando de Gustavo Montezano, contratou, por nada menos que R$ 48 milhões, um escritório de advocacia nos Estados Unidos para realizar um trabalho absolutamente inútil: investigar corrupção nos negócios realizados com a JBS (aquela empresa que, supostamente, seria do Lulinha)
O valor foi pago a um escritório estrangeiro, o Cleary Gottlieb Steen & Hamilton LLP, que, por não entender absolutamente nada do assunto, subcontratou outro brasileiro, o Levy & Salomão. Ou seja: só por essa intermediação nos Estados Unidos o negócio já seria suspeito. O mais impressionante é que o trabalho teve apenas oito páginas, ou seja, custou R$ 6 milhões por cada lauda produzida. Como diria o ex-presidente Lula, "nunca antes na história do País", tanto dinheiro foi gasto por tão pouco.
O trabalho era inútil porque qualquer pessoa minimamente informada saberia que os investimentos do BNDES na JBS estiveram entre os melhores negócios já realizados pelo banco. O banco investiu R$ 8 bilhões por uma participação acionária que hoje vale mais de R$ 14 bilhões. E antes mesmo de Montezano ter sido colocado no banco, outros dois presidentes, Paulo Rabello de Castro, no governo Temer, e Joaquim Levy, sob Bolsonaro, já haviam atestado que não havia caixa-preta. Muito pelo contrário.
No entanto, Montezano contratou o escritório internacional para tentar atender ao desejo de mistificação do chefe Bolsonaro, que ataca o BNDES justamente porque seu projeto econômico visa destruir todos os instrumentos que podem vir a ser utilizados para um política de desenvolvimento nacional. O resultado foi um monumental desperdício de dinheiro público, que agora coloca o Brasil diante da seguinte questão: quem vai realizar a auditoria da auditoria no BNDES? Quem vai abrir essa verdadeira caixa-preta?