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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

10
Dez21

Bolsonaro retoma discurso de militares da década de 70 sobre exploração da Amazônia, diz especialista

Talis Andrade
Centenas de balsas de garimpeiros ilegais se instalaram no rio Madeira, um dos mais importantes afluentes do Amazonas. Foto de 23 de novembro de 2021.
Centenas de balsas de garimpeiros ilegais se instalaram no rio Madeira, um dos mais importantes afluentes do Amazonas. Foto de 23 de novembro de 2021. © Bruno Kelly, Reuters

As ameaças a regiões preservadas da Amazônia voltaram às manchetes nesta semana, após denúncias de que o governo federal estaria preparando a expansão da mineração em terras indígenas. Para especialistas, diante da crise econômica, o presidente brasileiro Jair Bolsonaro retoma o discurso dos militares nos anos 1970, que pode incentivar ainda mais a atividade de garimpeiros ilegais em terras protegidas.

De acordo com reportagem do jornal Folha de S.Paulo, o general Augusto Heleno, ministro do gabinete de segurança institucional da presidência da República, teria autorizado projetos de pesquisa de ouro em uma área na fronteira do Brasil com a Venezuela e a Colômbia. Na região, vivem mais de 23 etnias indígenas nos municípios de Jupurá, São Gabriel da Cachoeira e Santa Izabel do Rio Negro. Conhecida como Cabeça de Cachorro, a área de 587 mil hectares é uma das mais bem preservadas da Amazônia.

O Ministério Público Federal suspeita que as autorizações do ministro têm o objetivo de abrir caminho para a exploração futura destas áreas.

Segundo o geógrafo especialista em garimpo e pesquisador do Centro Nacional de Pesquisas da França (CNRS na sigla em francês), François-Michel Le Tourneau, a conjuntura econômica do Brasil influencia os projetos do presidente Jair Bolsonaro. “O governo, diante desta crise econômica, está retomando o discurso dos militares nos anos 70 diante do choque do petróleo. Quando subiu o preço do petróleo, explodiu a dívida do Brasil, e se procurava recursos onde se podia achar. E o ouro parecia uma miragem: 'vamos pagar nossa dívida achando ouro na Amazônia!'”, explica.

De certa forma, o que se escuta no governo hoje tem um eco muito forte desse período, desse pensamento. Esses recursos minerais da Amazônia são a boia que vai permitir que se escape da inundação da crise econômica”, analisa Le Tourneau. Mas para o pesquisador, a ideia é equivocada, especialmente no caso do garimpo, cuja contribuíção para a economia do Brasil “é discutível”, já que grande parte é feita de maneira ilegal e escapa de taxas e impostos. “Muita gente do governo tem essa visão que é muito simples: se achar ouro, o país se enriquece. Mas é mais complicado que isso.”

O geógrafo especialista em garimpo e pesquisador do CNRS na França, François-Michel Le Tourneau.
O geógrafo especialista em garimpo e pesquisador do CNRS na França, François-Michel Le Tourneau. © Arquivo pessoal

 

Viabilidade e cobiça de garimpeiros

Uma das principais complicações é exatamente a dificuldade de explorar as riquezas. É certo que a Amazônia é uma região rica em minérios como ouro, bauxita e ferro, recursos que já são explorados atualmente. “No caso da Cabeça do Cachorro, sabe-se que tem nióbio, provavelmente tem outros recursos, pode ter terras raras e metais mais raros”, especula Le Tourneau. “A Amazônia é uma área que quando você procura minerais, acaba achando. A questão é mais sobre a viabilidade econômica dessas jazidas e aí é diferente”, pondera.

De acordo com ele, dependendo do valor do metal encontrado, pode ser necessário explorar bilhões de toneladas para que o “projeto seja viável”. O recurso se encontra em áreas de florestas afastadas, que exigiriam grandes investimentos em infraestruturas, como estradas ou linhas de ferro para o transporte. “A questão é qual vai ser a viabilidade econômica das jazidas que vão ser achadas”, insiste. “Por enquanto, o que está liberado é a pequisa para saber o que teria e a partir daí as empresas vão se posicionar para saber se é interessante ou não explorar.”

Le Tourneau explica que o resultado das pesquisas poderia alimentar a cobiça do garimpo ilegal. “Obviamente, no caso de jazidas de ouro que não forem exploradas, os garimpeiros vão entrar para explorar”, diz.

O projeto incentivaria então a ação do garimpo ilegal em terras preservadas e territórios indígenas.

Agenda de flexibilização

As denúncias geraram reações e pedidos de parlamentares para que a liberação dos projetos de pesquisa fosse investigada pelo Ministério Público. O deputado estadual Leo de Brito, do PT do Acre, protocolou, na segunda-feira (6), um projeto de decreto legislativo para derrubar as autorizações emitidas pelo general Augusto Heleno.

O deputado lamenta as omissões do governo, que para ele teriam intenções claras de futuras legalizações de projetos na Amazônia. “Nós vimos nas últimas semanas a presença de centenas de balsas explorando o rio Madeira e nós conhecemos o potencial poluente e também de degradação social como temos visto há décadas dessas situações na Amazônia”, alerta o parlamentar.

Infelizmente a agenda que tem avançado aqui na Câmara dos deputados é de flexibilização. Eles querem avançar o Código de mineração que também flexibiliza liberações”, diz.

O projeto de lei proposto por Brito deve passar agora por comissões, entre elas a de Minas e energia, para posteriormente ser levado ao plenário para ser votado em regime de urgência.

Embora nós não tenhamos maioria e a gente saiba que as bancadas aqui do agronegócio e dessas fronteiras exploratórias têm sido majoritárias no Congresso Nacional”, lamenta.

Deputado Leo de Brito do PT do Acre
Deputado Leo de Brito do PT do Acre © Arquivo Pessoal

 

18
Nov21

O comentário nazista na Jovem Pan News

Talis Andrade

nazismo eleições 2022 _newtonsilva.jpg

 

 

 

Por Altamiro Borges

De fato, a onda bolsonarista escancarou a porta do inferno – ou destampou o bueiro do esgoto! A Folha desta terça-feira (16) relata que "José Carlos Bernardi, comentarista da Jovem Pan News, disse no ar que o Brasil enriqueceria como a Alemanha 'se a gente matar um monte de judeus e se apropriar do poder econômico deles'". 

Segundo a nota, o asqueroso nazistinha também "é funcionário comissionado no gabinete do deputado Campos Machado (Avante) na Assembleia Legislativa de São Paulo. Ele foi contratado em maio como assessor de imprensa, com salário de R$ 12.144,27". Diante da repercussão negativa do caso, o deputado estadual repudiou o antissemitismo do seu assessor. 

umbaJá o comentarista do programa “Jornal da Manhã” da “Jovem Klan”, antes todo metido a valentão, logo se acovardou e implorou perdão. “Peço desculpas pelo comentário infeliz que fiz hoje no jornal da manhã, primeira edição, ao usar um triste fato histórico para comparar as economias brasileira e alemã. Fui mal-entendido”, afirmou no maior cinismo. 

Admirador do fascista Bolsonaro

José Carlos Bernardi, que se apresenta em seu perfil no Twitter como “jornalista, cristão e empreendedor”, é um convicto reacionário. A Folha lembra que “em outubro, ele chamou uma entidade de umbanda de ‘demônio”. Já o Simão Zygband, em postagem no imperdível site Construir Resistência, dá mais detalhes sobre o comentarista racista da Jovem Pan News, “que tive o desprazer de conhecer quando trabalhei na Assembleia Legislativa de São Paulo e ele era um dos chefes da TV Alesp”.
 
“Por trás de sua aparência límpida, de bom moço, de gestos educados, não sabia que se escondia um nazista. Senti asco, como filho de um sobrevivente do Holocausto que sou, de suas palavras tão traiçoeiras. Inadmissível. Causou-me ânsia de vômito... Bernardi, que é admirador e defensor de Bolsonaro, se espelha em seu ‘ídolo’ para atacar os diferentes. Deveria sair algemado dos estúdios da Jovem Pan, onde proferiu tamanho absurdo. Racismo é crime inafiançável, segundo o Código Penal”. 

Pena por crime de apologia ao nazismo
Em tempo: o comentário antissemita na “Jovem Klan” não é um fato isolado. Nos últimos anos, extremistas de direita têm saído do esgoto para destilar ódio. Há pesquisas que confirmam o crescimento no país de núcleos nazistas desde a eleição de Jair Bolsonaro. Diante dessa perigosa ascensão, já há propostas para elevar a pena pelo crime de apologia ao nazismo. 

Na semana passada, o deputado Leo de Brito (PT-AC) protocolou um projeto de lei neste sentido na Câmara Federal. Ele propõe que o tempo de reclusão para quem for condenado por apologia ao nazismo passe a ser de 4 a 6 anos, além do pagamento de multa. Atualmente, a pena é de 2 a 5 anos. O aumento visa levar o condenado a cumprir a pena em regime semiaberto. Pelo Código Penal, penas inferiores a 4 anos permitem que o réu cumpra detenção em regime aberto. 

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“Até pouco tempo atrás, eram poucos os inquéritos, entre 4 e 20 a cada ano. A virada se deu em 2019, quando foram abertas 69 investigações de apologia ao nazismo. A situação piorou em 2020, quando os policiais federais investigaram 110 casos – um novo inquérito a cada três dias, em média”, afirma o parlamentar. 

A lei atual diz que é crime “fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo”.
 

A mídia se posiciona para a eleição de 2022

 

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