Manifesto contra as falas golpistas de Jair Bolsonaro foi organizado pela Faculdade de Direito da USP e conta com o apoio da sociedade civil organizada, juristas, escritores, professores, jornalistas, religiosos, médicos, engenheiros, empresários, banqueiros
247 -Cada vez mais isolado e temendo ser preso caso perca as eleições para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Jair Bolsonaro (PL) chamou os mais de 660 mil brasileiros que já assinaram a “Carta em defesa do Estado Democrático de Direito”, organizada pela Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo) e que será lido no dia 11de agosto, de 'caras de pau' e sem caráter'
"Esse pessoal que assina esse manifesto é cara de pau, sem caráter, não vou falar outros adjetivos, porque sou uma pessoa bastante educada", disse Bolsonaro nesta terça-feira (2), em entrevista à Rádio Guaíba. Na segunda-feira (1) ela havia chamado os empresários e banqueiros que aderiram ao manifesto de "mamíferos".
Entre os signatários do documento estão os banqueiros Roberto Setubal, Pedro Moreira Salles e Candido Bracher, do Itaú Unibanco, além da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), que representa as instituições financeiras.
Na entrevista, de acordo com aFolha de S. Paulo, Bolsonaro também criticou os artistas que assinaram o documento em defesa da democracia. Segundo ele, parte da classe artística estaria insatisfeita com ele pelas mudanças feitas na Lei Rouanet, de apoio à cultura e que virou um dos alvos preferidos do atual ocupante do Palácio do Planalto e seus apoiadores.
"[Assinaram a carta] artistas que foram desmamados na Lei Rouanet. Quando cheguei aqui, esses artistas importantes, que viviam apoiando o governo, especial da Bahia, podiam pegar até R$ 10 milhões por mês da Lei Rouanet. Então essas pessoas perderam isso aí", disse. Esqueceu de citar os cantores sertanejos com milionários shows em pequenos municípios sem hospitais, sem médicos, sem farmácias, sem saneamento, sem ruas pavimentadas, sem mercado público, sem bancos, sem escolas do ensino médio, com ruas sem eletricidade, sem praça, sem nada.
Mais de 600 mil brasileiros já assinaram a carta contra o golpe. Milhares e milhares estão assinando. É muita gente para prender. Todo golpe tem listas municipais de presos. Tem listas estaduais. Tem listas de lideranças marcadas para morrer.
Quantos a ditadura militar de 1964 prendeu, torturou, exilou e assassinou?
"Artistas bolsonaristas atacaram a Lei Rouanet e tinham um sistema oculto de corrupção", diz a professora e filósofa
247 –A professora e filósofa Marcia Tiburi afirmou, em entrevista ao jornalista Leonardo Attuch, editor da TV 247, que o escândalo dos sertanejos bolsonaristas, que recebiam cachês milionários de prefeituras pequenas, muitas vezes com suspeita de devolução de parte dos recursos, se insere numa lógica maior de dominação. "O objetivo da indústria cultural é esvaziar as subjetividades. É o braço do capitalismo para produzir corpos submissos. O capitalismo não existiria sem a indústria cultural. Ela faz o adestramento dos indivíduos", explica.
Marcia diz ainda que a cultura vem sendo rebaixada pelo fascismo brasileiro. "Há um casamento entre bolsonarismo e sertanejo. O mundo sertanejo é um Brasil paralelo. Quem apoia Bolsonaro carece de exercício intelectual e foi esvaziado da sua capacidade de pensar. O brasileiro consome veneno e escuta veneno", afirma. Ela também acrescenta que os artistas bolsonaristas atacaram a Lei Rouanet porque tinham um sistema oculto de corrupção.
Na sua visão, a cultura deverá estar no centro da reconstrução do Brasil. "Um governo democrático terá que ter um Ministério da Cultura muito forte e poderoso. A extrema direita foi longe como foi porque fez a guerra cultural. No governo Lula, a cultura não pode ser um apêndice, terá que ser colocada no centro", afirma.
Mamata de verdade é isso. Dormir sobre verbas necessárias ao país e ainda reclamar das leis que colocavam uma certa ordem neste esquema
por Miguel Paiva
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Gusttavo Lima ( isso mesmo, com dois tês) acabou pagando o preço alto desse esquema de desvio de verba das prefeituras para contratar shows dos sertanejos. Nada contra os sertanejos, nada contra os shows e nada contra eles serem pagos. Também não fiscalizo valores. Não sei porque os shows do Gustavo Lima custam mais caro que os outros. Aliás, acho que nunca escutei uma música inteira do Gustavo Lima. Já vi parte de seus clipes nesses canais de música. Acho que é um pagode secundário e não um sertanejo universitário. Mas repito, nada contra. Cada um, escuta o que quer.
A questão toda começa a aparecer quando você lembra de tudo o que ouviu sobre a Lei Rouanet. Mamata, aproveitadores, bando de petralhas inúteis e por aí vai. Além do engano absoluto sobre a Lei Rouanet, tem esse ódio que faz parte da extrema direita e é sua característica. Nós gostamos de festa, de alegria e de cultura. Só que para nós, a cultura custava muito e sobretudo dava um trabalho enorme para conseguir o apoio de alguma empresa para o uso dos benefícios da lei Rouanet.
Hoje o esquema eliminou a lei e passamos para o desvio descarado de verbas das prefeituras. Cidades que não têm verba para merenda destinando dinheiro para pagar um show. E com essa revelação outras foram aparecendo e se descobriu um verdadeiro escândalo de favorecimento a cantores bolsonaristas em shows que têm tudo para serem considerados showmícios dos políticos envolvidos. Prefeitura pagar shows é hábito comum. Previsto em lei, mas desse jeito virou abuso de poder econômico. Tirar a comida da boca do aluno para colocar na boca do cantor é crime, para mim.
Era de se prever que esse esquema no governo Bolsonaro iria se expandir. Mamata de verdade é isso. Dormir sobre verbas necessárias ao país e ainda reclamar das leis que colocavam uma certa ordem neste esquema. Hoje a Lei Rouanet, a Lei Paulo Gustavo e a Lei Aldir Blanc estão para serem definitivamente analisadas pelo congresso para tentar derrubar o veto do presidente.
Se Bolsonaro tem à disposição esse esquema, que tira dinheiro das prefeituras e paga os sertanejos, para que apoiar uma lei que organiza isso? Nenhum motivo. Cabe a nós que produzimos cultura e ao congresso que organiza a gandaia derrubar essas atitudes autoritárias e discriminatórias.
Gusttavo Lima é um milionário da música popular. Outros tantos existem e uma boa parte apoia o governo. Outros como Anitta, Ludmilla e Luisa Sonza mantém uma atitude crítica constantemente criticada pelos bolsonaristas. Até a tatuagem anal da Anitta entrou na roda, sem trocadilhos. Inveja e moralismo caminham juntos e quem acaba criticando esquemas honestos de produzir cultura tem algum rabo preso, também sem trocadilhos.
Que a festa se faça novamente com as leis de incentivo de volta e que continue em outubro para comemorar o fim deste pesadelo. E todos os cantores estão convidados. Na boa.
E os contratos do Gustavo Lima com as prefeituras que serviram pra comprar uma filial da Havan?
Lenio Luiz Streck
Gusttavo Lima, que fala nos shows sertanejos em Pátria, Deus e família, ganhou 800 mil de prefeitura de 8 mil hab. E ele grita nos shows : viva o empreendedorismo. Viva quem produz. É. Dá para ver. Pobre prefeitura. Pobre povo. Ah Deus. Ah pátria. Ah família! Ah, gente de bem!
@LenioStreck
E segue o show dos “Sertanejos de Bem”! Mais escândalos. Gusttavo Lima canta mal, compõe pior…mas sabe COBRAR grandes CACHÊS do poder público. Do qual fala mal. Muitos dinheiros! Até Ervanário da saúde (em MG) para pagar cachê. Deus, pátria e família. O Brasil de bem! O novo!
Após cantores sertanejos criticarem a Lei Rouanet, usuários das redes sociais descobrem valores pagos por prefeituras a shows desses artistas
Mas o show, que foi realizado na cidade de Sorriso (MT), custou R$400 mil, segundo o Diário Oficial do Município. A investigação, feita pelo jornalista do UOL, Demétrio Vecchioli, também apontou contratos com outras prefeituras, como Extrema (MG), no valor de R$550 mil; Sebastianópolis do Sul (SP), com R$403 mil e Aruana (GO), na cifra de R$320 mil.
Esses contratos não exigem licitação ou pregão, já que há a impossibilidade de competição, devido à exclusividade do objeto a ser contratado. Ou seja, a prefeitura contrata o show daquele artista, em negociação direta.
A partir daí os usuários seguiram na investigação e apontaram outros cachês altos de famosos. O cantor Gusttavo Lima, por exemplo, teria recebido R$800 mil da prefeitura de São Luiz (RR). Vale destacar que a cidade tem pouco mais de 8 mil habitantes. O Ministério Público de Roraima instaurou um procedimento para averiguar o caso. De acordo com a Promotoria de Justiça da Comarca de São Luiz, um ofício foi encaminhado para o Município, solicitando informações a respeito da “contratação, de como os recursos foram arrecadados e também se haverá retorno para a Municipalidade”.
O Estado de Minas entrou em contato com a prefeitura de São Luiz, pedindo a confirmação da cifra e o recebimento do ofício, mas até a publicação da reportagem, não obteve resposta.
Já no município de Magé, o contrato com Gusttavo Lima seria de R$1.004.000, segundo denúncia feita pelaRevista Veja. OEstado de Minastambém solicitou à prefeitura a confirmação do valor, mas ainda aguarda o retorno.
Enquanto isso, Sérgio Reis saiu em defesa dos colegas sertanejos. O cantor e ex-deputado federal apontou, em entrevista à Folha, que o valor pago por uma prefeitura “é dinheiro para o público, não é dinheiro público”.
Nas palavras do sertanejo bolsonarista, os shows são uma forma de levar investimento para as cidades. “O prefeito tem que levar alegria para o povo. O que é que há? O prefeito ajuda o comércio local. Uma festa gira dinheiro para o pipoqueiro, o pobre que vende algodão doce, a dona de casa que faz doce caseiro e vende na banquinha na festa", afirmou.
A Lei 8313, conhecida como Rouanet, é o principal mecanismo de fomento à Cultura no Brasil e impulsionador da produção das atividades criativas. Por meio dela, empresas e pessoas físicas podem patrocinar espetáculos – exposições, shows, livros, museus, galerias e várias outras formas de expressão cultural – e abater o valor total ou parcial do apoio do Imposto de Renda.
Para arrecadar o dinheiro, é preciso apresentar um projeto cultural na Secretaria Especial de Cultura. O órgão vai fazer uma análise de viabilidade técnica e orçamentária do projeto. Ou seja, ocorre uma avaliação da coerência da proposta, das cifras estimadas e da conformidade com a legislação. Com a aprovação da Secretaria, o responsável é autorizado pela captação de recursos, diretamente com os patrocinadores.
O responsável pelo projeto precisa gastar o dinheiro captado de acordo com o orçamento aprovado pela Secretaria. A legislação prevê inclusive certos limites para cada rubrica (cada linha do orçamento), de modo que não é possível pegar todo dinheiro e gastar com apenas um artista.
Para concluir o processo, o responsável precisa fazer uma prestação de contas dos gastos, informando como o recurso foi utilizado, apresentando uma planilha de gastos e notas fiscais.
Eles não se contêm. O Brasil é visto como a mãe peituda obrigada a amamentar marmanjos preguiçosos, desqualificados, mal acostumados a nada realizar pelo país e dele tudo retirar.
Golpearam o Brasil em 2016, numa aliança da burguesia nacional com o capitalismo internacional, e sua primeira providência foi boicotar a ciência, retirar a disciplina dos currículos de nossas crianças, fechar o Ministério da Ciência e da Tecnologia, interromper projetos, restringir ao valor mínimo os recursos ao CNPQ.
Inventaram o Teto de Gastos, para inviabilizar o país em todos os campos do desenvolvimento, e canalizar todo o nosso dinheiro para o mercado financeiro.
Iniciaram, e está em andamento, o projeto para fechar as universidades públicas, em ostensiva perseguição, colocando várias delas sob intervenção, com argumentos falaciosos.
Empreendem sob nossos narizes o plano de desativar o SUS e passar seus equipamentos, hospitais, clínicas, ambulatórios, para planos pagos de saúde e redes privadas de hospitais. O Hospital da Lagoa está com um andar inteiro entregue a uma rede privada.
Desmoralizaram a Lei Rouanet com argumentos falsos, mentiras, e o povo mal informado acreditou, com o fim expresso de aniquilar com a Cultura, que promove o conhecimento, a criatividade, o sentimento.
Embruteceram o Brasil com o discurso do medo, das armas e dos ódios.
São ataques por todos os lados. Estão destruindo tudo o que o Brasil construiu! Voltamos a ser uma economia agrícola, exportadora de grãos de soja, carne e não manufaturados.
E agora querem dar novo golpe para prosseguir o projeto de "terra arrasada", com um ditador no trono, regendo essa orquestra de maldades, na "banana plantation" que voltaremos a ser, se não interrompermos o quanto antes esse projeto.
Leonardo Tonus é escritor e professor de literatura brasileira na Sorbonne Université (Paris)Arquivo Pessoal
“Qual Brasil? Qual Literatura?”: este foi o lema escolhido para a 6ª edição do Printemps Littéraire, (Primavera Literária, em português), lançada oficialmente nesta segunda-feira (11) na Fundação Calouste Gulbenkian, em Paris.
A escolha por essas indagações refletem a preocupação de Leonardo Tonus, professor de Literatura brasileira na Universidade Sorbonne e fundador do evento, sobre os rumos da literatura e da liberdade de expressão em um país que adotou uma nova orientação política.
“Diante da situação que o Brasil atravessa atualmente, não só sob o ponto de vista político, mas também social e econômico, me pareceu necessário fazer uma reflexão sobre os caminhos a se trilhar na cultura e especificamente na literatura”, justifica.
Tonus vê um impasse no atual cenário brasileiro em relação à criação, produção e divulgação. A transformação do Ministério da Cultura em Secretaria, os questionamentos em torno da Lei Rouanet e a diminuição dos subsídios para instituições como a Petrobras Cultural são citados por Tonus como exemplos de transformações que precisam ser debatidos profundamente durante o evento, que tem início em março e se estende até junho. “O campo literário se encontra em um impasse, e acho que ele terá que se reinventar nos próximos anos”, opina.
A Primavera Literária surgiu em 2014 dentro da Universidade Sorbonne, em Paris, no âmbito do curso de literatura brasileira. Desde o início, lembra Tonus, o objetivo foi levar o evento e os autores que dele participam a outras instituições onde o português é lecionado.
Inicialmente expandida para os países limítrofes da França, a Primavera Literária aos poucos ganhou novas fronteiras e atravessou o Oceano Atlântico devido ao interesse manifestado principalmente pelo circuito acadêmico, seja para valorizar os departamentos ligados à língua portuguesa ou criar nova dinâmica para o ensino da literatura. Nesta edição, dois novos países acolhem o evento: Suíça e Canadá.
Estrangeiros e fake news na programação
Outra novidade de 2019 é a abertura para escritores estrangeiros que têm uma proximidade e algum tipo de vínculo com o idioma português. No ano passado, o evento recebeu escritores portugueses por meio de uma parceira com o Instituto Camões, mas, desta vez, a expansão foi ainda mais ampla, atraindo para dentro da Primavera Literária autores que têm alguma ligação cultural e de escrita com o Brasil.
Nessa perspectiva, integram a programação nomes como a escritora italiana de origem somaliana Igiaba Scego, que publicou um romance sobre Caetano Veloso, e a franco-italiana Mia Lecomte, que faz um trabalho de literatura migrante, com autores brasileiros que escrevem em italiano.
“É interessante fazer esses diálogos transversais e o olhar externo tem muito a contribuir sobre a percepção do Brasil contemporâneo”, explica.
Durante os quatro meses de encontros em espaços universitários e até estabelecimentos de ensino secundário, mais de 50 escritores vão apresentar suas obras, participar de ateliês de escritura, trocas de experiências e emitir opiniões sobre temas diversos em palestras que trarão temas variados, da produção até o impacto das fake news na arte literária, com a presença de escritores e jornalistas.
“O impacto é generalizado. A produção de fake news está vinculada à capacidade da reflexão do sujeito e também ao cerceamento da liberdade de expressão. Se não há liberdade de expressão no jornalismo, será que vamos passar por esse mesmo processo na criação literária? Será que livros serão censurados ou proibidos pela instituição governamental ou pela sociedade civil? É uma questão a ser debatida”, defende Tonus.
247 - Depois de ser atacada, junto com Caetano Veloso, por Jair Bolsonaro por conta da música 'Proibido o Carnaval', que faz críticas à censura e defende a liberdade de expressão, a cantora Daniel Mercury divulgou um longo comunicado em resposta ao presidente. Nele, a artista pede "respeito" pelo que é e pelo que representa e se propõe a ir até Brasília explicar a ele como funciona a Lei Rouanet.
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Em uma postagem no Twitter, Bolsonaro se referiu a Daniela Mercury e a Caetano Veloso, que estão entre os maiores artistas brasileiros, como "dois 'famosos'" e disse que, com a música "Proibido o Carnaval", os dois estavam acusando o governo Bolsonaro "de querer acabar com o Carnaval". "A verdade é outra: esse tipo de 'artista' não mais se locupletará da Lei Rouanet", respondeu.
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Respondeu Daniela:
"Sr. Presidente, sinto muito que não tenha compreendido a canção 'Proibido o Carnaval', que defende a liberdade de expressão e é claramente contra a censura. Mas acho que isso nem vem ao caso aqui porque percebo que há uma distorção muito grave sobre a lei Rouanet. Parece que ela ainda não foi compreendida. Por isso, me coloco à disposição para explicar como funciona o passo a passo dessa lei. E aproveito para tranquilizá-lo. Usei muito pouco de verba pública de impostos da lei Rouanet em cada projeto que tive aprovado. Para que o senhor entenda, cada desfile de trio sem cordas (sem cobrança de ingresso, de graça para os foliões), custa cerca de 400 mil reais. Em 20 anos, Eu tive apoio (TUDO DENTRO DA LEI) de cerca de um milhão de reais de verba de impostos da lei rouanet. 1 milhão em 20 anos, ressalto!!! Dá cerca de 50 mil reais por ano, se assim dividirmos. Considere, sr. Presidente, que eu comecei o movimento de trios sem cordas, de graça para o público, há 21 anos. Eles custaram, por baixo, cerca de 10 milhões de reais! Se tive cerca de 1 milhão de verba pública nesses 20 anos, isso significa que o restante (9 milhões) paguei ou do MEU BOLSO diretamente ou com o patrocínio de empresas privadas. Em 35 anos de carreira, fiz muitas apresentações de graça no Brasil, bancadas do meu bolso. Essa fake news sobre a lei Rouanet criada na eleição não pode continuar sendo usada para desmerecer o trabalho sofrido e suado dos artistas brasileiros. A arte, além de tudo, tem um valor imensurável e o retorno do nosso trabalho para a sociedade, para o turismo, pra a economia é gigante. Para que compreenda melhor, apenas com 1 ano do sucesso 'O Canto da Cidade' (uma música "famosa" minha), Salvador ganhou 500 mil turistas a mais. Mais um exemplo: eu tenho cerca de 50 milhões de reais de retorno de mídia espontânea em cada carnaval de Salvador. Esse retorno, a partir de minhas apresentações (6 horas por dia cantando e dançando sem parar nem para comer – somadas a mais 5 horas prévias de preparação – e mais 2 horas pós apresentação para recuperação da voz e do corpo – durante 6 dias seguidos) traz uma valorização gigantesca para a imagem da cidade, do Estado e do país. Tudo isso estimula o turismo e turbina a economia. Tenho visto que estimular o turismo é um objetivo do senhor. Não se engane: trabalhamos muito. Quando se ataca a arte de um país, quando se ataca os "artistas" brasileiros, se ataca a alma do povo desse país. Mereço respeito pelo que sou, pelo que represento e pelo que faço constantemente pela sociedade brasileira em diversas causas, não apenas na arte. Reitero aqui a minha disposição de conversar com o senhor e com sua equipe sobre a lei Rouanet. Se assim desejar, irei com minha esposa, que é também minha empresária, até Brasília para conversar com o senhor sobre o assunto. Abraços e feliz carnaval." Daniela Mercury Verçosa
EM PLENO CARNAVAL, BOLSONARO ATACA CAETANO E DANIELA MERCURY
Num tweet na manhã desta terça-feira de Carnaval, Jair Bolsonaro atacou com violência Caetano Veloso e Daniela Mercury afirmando que eles sequer são artistas e acusou-os falsamente de viveram às custas da Lei Rouanet: "Esse tipo de 'artista' não mais se locupletará da Lei Rouanet".
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No seu tweet, Bolsonaro divulga a gravação de um músico, cujo nome é omitido, com uma marchinha de ataque aos dois artistas, e que começa com o cantor anunciando: "Essa marchinha vai para o nosso querido Caetano Veloso e nossa querida Daniela Mercury... chupa!". O refrão da marchinha é o ataque mentiroso aos dois: "Ê ê ê ê ê, tem gente ficando doida sem a tal Lei Rouanet".
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O ataque de Bolsonaro é uma retaliação ao videoclipe "Proibido o Carnaval", que os dois lançaram no início de fevereiro. Que mistura ritmos e cores carnavalescas, e retrata uma festa repleta de convidados e dançarinos de ambos os sexos. O ritmo é frenético, alegre e o vídeo é sensual. Daniela e Caetano beijam-se, assim como vários dançarinas e dançarinos de todos os sexos, com beijos entre todos.
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O vídeo termina com uma homenagem a Jean Wyllys, que desistiu de seu mandato e exilou-se depois de mais de um ano de ameaças de morte dos bolsonaristas: ""Dedico este videoclipe ao meu amigo amado e incansável guerreiro Jean Wyllys. Estamos te esperando de volta: o Carnaval não está proibido! Axé!!!".
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A letra de "Proibido o Carnaval" faz uma crítica bem humorada a todo ideário bolsonarista quanto aos direitos civis e à moral social, com uma referência direta à declaração da ministra Damares Alves (da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos) para quem meninos deve vestir azul e as meninas, rosa. Cantaram Daniela e Caetano: "Vai de rosa ou vai de azul?".
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Leia a letra e veja a seguir o videoclipe de 'Proibido o Carnaval'
Está proibido o Carnaval Nesse país tropical Está proibido o Carnaval Nesse país tropical
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Tô no meio da rua, tô louca Tô no meio da rua sem roupa Tô no meio da rua com água na boca Vestida de rebeldia, provocando a fantasia
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Tô no meio da rua, tô louca (hum) Tô no meio da rua sem roupa (ah é) Tô no meio da rua com água na boca Vestida de fantasia, provocando a rebeldia
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Minha alma não tem tampinha Minha alma não tem roupinha Minha alma não tem caixinha Só tem asinha
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Minha alma não tem tampinha Minha alma não tem roupinha Minha alma não tem caixinha Minha alma só tem asinha
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A mulherada comandando a batucada O trio elétrico cantava, libertando a multidão Frevo fervando no Galo da Madrugada Pernambuco não parava de fazer revolução Filhos de Gandhi, o afoxé na resistência O Caboclo era soldado no Brasil da Independência No crocodilo, Stonewall, estou aqui No carnaval beijando free Salvador é a nova Grécia
. Quilombola, Tupinambá O corpo é meu, ninguém toca Vatapá, caruru Iemanjá lá no sul Vai de rosa ou vai de azul?
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Abra a porta desse armário Que não tem censura pra me segurar Abra a porta desse armário Que alegria cura, venha me beijar
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Abra a porta desse armário Que não tem censura pra me segurar Abra a porta desse armário Que alegria cura, venha me beijar
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Está proibido o Carnaval Nesse país tropical Está proibido o Carnaval Nesse país tropical
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Tô no meio da rua, tô louca (tá louca?) Tô no meio da rua sem roupa (uau) Tô no meio da rua com água na boca Vestida de rebeldia, provocando a fantasia
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Minha alma não tem tampinha Minha alma não tem roupinha Minha alma não tem caixinha Minha alma só tem asinha
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Minha alma não tem tampinha Minha alma não tem roupinha Minha alma não tem caixinha Minha alma só tem asinha
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A liberdade, a Caetanave, a Tropicália O povo de Maracangalha sai dançando o meu axé O samba ensina, o samba vence a violência O samba é a escola de quem ama esse país como ele é
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Eu falei: Faraó, e ninguém respondeu Quem come aqui sou eu, Romeu Libera a libido Forró em Caruaru, é? Vai de rosa ou vai de azul?
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Abra a porta desse armário Que não tem censura pra me segurar Abra a porta desse armário Que alegria cura, venha me beijar
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Abra a porta desse armário Que não tem censura pra me segurar Abra a porta desse armário Que alegria cura, venha me beijar
Está proibido o Carnaval Nesse país tropical Está proibido o Carnaval Nesse país tropical