Os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento) estiveram lado a lado, no plenário do Senado, para debater com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, inúmeros temas econômicos. A taxa básica de juros (Selic), hoje em 13,75% ao ano, e condições para o crescimento do país permearam toda a sessão.
Como responsável por coordenar a complexa transição econômica entre o governo anterior e o de Luiz Inácio Lula da Silva, Haddad definiu sua maneira de ver o processo. “A maneira que nós escolhemos de fazer o ajuste foi abrindo a caixa-preta das renúncias fiscais”, afirmou. As renúncias fiscais representam R$ 500 bilhões a menos no Orçamento, quatro vezes o gasto com o Bolsa Família.
A tentativa de aumentar a arrecadação mexendo no montante incalculável de que o governo abre mão em benefício de “uma meia dúzia”, como ele disse recentemente, tem sido a tônica do ministro desde o início de sua gestão. Por isso, Haddad comemora decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que, por unanimidade, definiu que as empresas não podem usar benefícios fiscais estaduais para reduzir a base de incidência de tributos federais. A mudança não tem ainda efeito prático, mas pode render até R$ 90 bilhões extras a partir de 2024.
Engrenagem da economia
“Não vejo as políticas fiscal, monetária e prudencial separadas umas das outras. Elas fazem parte da mesma engrenagem”, disse Haddad. “Se a economia continuar desacelerando, por razões ligadas à política monetária, nós vamos ter problemas fiscais, porque a arrecadação vai ser impactada. Não tem como dissociar o monetário do fiscal”, alertou, em clara referência à taxa de juros.
Os impactos são fáceis de entender. Se a economia desacelera, o governo arrecada menos e as vítimas são as contas públicas. “E nós estamos tomando medidas inclusive difíceis de tomar, impopulares, sobretudo por causa do populismo praticado (de Bolsonaro para alavancar sua candidatura em 2022), que surrupiou quase R$ 40 bilhões dos estados no ano passado, mais R$ 60 bilhões de Receita Federal no ano passado”, acrescentou.
Simone Tebet destacou que “juros, inflação e crescimento” precisam andar juntos, mas “o crescimento não pode ficar no meio do caminho”. Para ela, se o Banco Central é autônomo, “e é bom que o seja”, o governo não interfere nas decisões técnicas da autarquia. “Mas o Banco Central também não pode considerar que as suas ações são apenas técnicas. São técnicas, mas também são decisões que interferem na política, especialmente os seus comunicados e as suas atas”, afirmou.
A fala da ministra não foi por acaso. Campos Neto continua a usar o mesmo argumento de sempre para justificar a taxa Selic em 13,75%, dizendo que as decisões do BC são “técnicas”. “A inflação de curto prazo tem caído, mas muito lentamente”, justificou. “O Banco Central toma decisões técnicas, têm muitas variáveis levadas em consideração.”
Impacto na indústria: “Devastador”
Presente no evento, o presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes, se manifestou no mesmo sentido de Haddad, Tebet e Pacheco. “O impacto (dos juros no atual patamar) na indústria tem sido devastador. O estoque de capital da indústria já foi superior a 20% nos anos 80 e hoje está em 11%. Os investimentos não cobrem nem a deterioração do maquinário na última década”, expôs Josué.
“Precisamos trabalhar nas causas que nos levam a ter essas taxas inóspitas à produção”, disse. Para o dorigente, “inflação estável e juro decente são condições necessárias para um projeto de crescimento nacional”.
Pacheco: “Entrave ao desenvolvimento”
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), abriu a sessão fazendo um raciocínio claro. “Se a contração do crédito por parte da população e das empresas é impactada pela variação da taxa Selic, é simples perceber que uma taxa de juros alta prejudica o consumo e o crescimento econômico”, afirmou.
A situação configura “entrave ao desenvolvimento nacional, à erradicação da pobreza e da marginalização, e à redução das desigualdades sociais e regionais”, acrescentou o senador, citando a Constituição. “Ao mesmo tempo em que não é viável o aumento descontrolado de preços, também não se deseja o estrangulamento da economia no curto prazo”, ponderou.
247 -Em publicação via redes sociais, a deputada federal Gleisi Hoffman (PR), presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, celebrou a"prévia do PIB" positiva apontada nesta sexta-feira (28)pelo Índice de Atividade Econômica do BC (IBC-Br) de fevereiro, que registrou crescimento de 3,32% em relação ao mês anterior.
A parlamentar destacou que o governo e os trabalhadores estão fazendo sua parte e cobrou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que colabore com uma política de juros menos abusiva do que a praticada atualmente. "Prévia do PIB indica expansão de 3,3% na economia em fevereiro, a maior em 33 meses. Tá todo mundo fazendo seu trabalho, agora só falta Campos Neto com os juros", escreveu Gleisi.
A taxa de juros anual está no patamar de 13,75%, considerado desproporcionalmente alto e responsável por atrasar a retomada econômica brasileira, dado que dificulta a obtenção de crédito por empresários nacionais. De acordo com a Reuters, apesar das fortes críticas do governo Lula (PT), o BC ainda deve manter a taxa nesse patamar na reunião da próxima semana, de acordo com expectativas do mercado.
Campos Neto sabota o país com juro alto e deveria pedir demissão; ninguém é imexível
Roberto Campos Neto joga contra o Brasil ao manter a taxa Selic em 13,75% ao ano e deve pedir demissão. A opinião foi dada pela deputada Gleisi Hoffmann ao UOL Entrevista. Para ela, a divulgação do resultado da manutenção da taxa básica de juros mostra que o presidente do Banco Central "não está nem aí" para o país.
Reinaldo: Vamos acabar com o BC. Roberto Campos Neto explica porquê
Tebet: 'BC tem que ter foco no crescimento do Brasil'
A ministra do Planejamento, Simone Tebet, discursou em debate no Senado e criticou a atuação do Banco Central
Ministro dos Direitos Humanos foi vítima ainda de um sério desrespeito do senador Eduardo Girão que tentou entregar uma réplica de um feto humano de 18 semanas
O Ministério dos Direitos Humanos entregou um projeto ao governo Lula para retomar a Política de Memória à Verdade, a fim de dar continuidade às investigações sobre os mortos e desaparecidos durante a Ditadura Militar e também relembrar que este foi o período de maior degradação da economia brasileira.
A declaração é do ministro Silvio Almeida, que participou da Comissão de Direitos Humanos do Senado nesta quinta-feira (27), que ressaltou ainda que, ao contrário do senso comum, os governos militares não fizeram um grande trabalho na gestão do País.
“Não foi o período de prosperidade, foi um período de entreguismo, em que abrimos mão do desenvolvimento econômico como política de estado. Foi um período em que nos curvamos às potências estrangeiras. Então, não foi o período de nacionalismo, foi um período de entreguismo disfarçado de nacionalismo e de símbolos patrióticos que nada tinham a ver com o nacional”, afirmou Almeida.
Ações
Para cumprir este objetivo, criou um novo conselho para a Comissão de Anistia, “para que seja mais democrática e ouça os anistiados”.
“É preciso lembrar o óbvio a todo momento. É preciso lembrar o que foi a ditadura militar no Brasil, lembrar que foi um período de violência, de tristeza, de abuso”, continuou o ministro.
Apesar de ter crianças e adolescentes como prioridade da pasta, Almeida elencou ainda uma série de ações voltadas para todas as minorias, como o programas de cuidado com idosos, recolocação de mulheres vítimas de violência no mercado de trabalho, políticas para a proteção da população LGBTQIA+, entre outras.
Escárnio
O ministro de Direitos Humanos discursou por mais de uma hora e, em diversos momentos, foi aplaudido pelos senadores.
No entanto, Almeida também foi vítima do constrangimento já comum entre senadores e deputados de comissões, especialmente quando os convidados são ministros do governo.
Na sessão desta quinta-feira, o vice-líder da Casa, o senador Eduardo Girão (Novo-CE), tentou entregar uma réplica de plástico de um feto de 18 semanas, após o questionamento sobre como a atual política do governo Lula protege o direito à vida.
Elegância
Almeida logo percebeu a tentativa de espetáculo do senador e, cordialmente, refutou o “presente”, uma vez que o ministro será pai em um mês.
“Eu não quero receber isso por um motivo muito simples. Eu vou ser pai agora, e eu sei muito bem o que significa isso. Isso é pra mim uma performance que eu repudio profundamente. Com todo respeito, é uma exploração inaceitável de um problema muito sério que nós temos no país”
Almeida afirmou ainda que a discurso de Girão foi “uma performance que não condiz com a maneira de ver a política”, além de classificar o gesto como inaceitável.
Girão pediu desculpas pela ofensa.
José Eduardo Cardozo comentou sobre a tentativa do senador Eduardo Girão (Novo-CE) de entregar a réplica de um feto ao ministro dos Direitos Humanos, Silvio de Almeida, durante uma audiência no Senado nesta manhã (27). Para ele, “comportamentos circenses” como presentear um ministro de Estado com um feto é “inaceitável”.
Damares fala em 'compaixão' e Silvio Almeida responde: 'Quero também ter compaixão pela senhora'
É a hora desse jornalismo se recuperar, com uma autópsia do lavajatismo já morto, mas ainda esperneando e não totalmente desvendado
por Moisés Mendes
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O jornalismo, em especial o dito investigativo e das superestruturas da grande imprensa, deve há muito tempo uma abordagem definitiva sobre os crimes e as deformações do sistema de Justiça no Brasil.
É a hora desse jornalismo se recuperar, com uma autópsia do lavajatismo já morto, mas ainda esperneando e não totalmente desvendado.
Não só do núcleo da finada operação Lava-Jato, mas de todo o entorno e seus desdobramentos, até as instâncias superiores por onde passaram e foram acolhidas as deliberações de Curitiba.
Há informações dispersas sobre as anomalias do conjunto do sistema de Justiça, algumas tentativas de abordagem de questões pontuais e denúncias soltas como faíscas que não rendem fogaréu.
Não há nada que desvende o funcionamento estruturado de grupos organizados no sistema todo, da proteção pontual ou sistemática a poderosos, da venda de sentenças e das relações visíveis e invisíveis entre famílias, amigos, sócios e similares.
Sergio Moro e Deltan Dallagnol, quase transformados em estátuas como paladinos da moralidade, poderiam contribuir para que o jornalismo aprofundasse investigações nessa área e juntasse as peças de uma colcha cheia de retalhos.
Moro e Dallagnol não seriam fontes ou informantes. Seriam alguns dos objetos do desvendamento, talvez os principais.
O jornalismo poderia iniciar por eles a abordagem que nunca fez em profundidade sobre a face oculta, suspeita e delituosa do sistema de Justiça.
Os dois agora têm mandatos. São tão certos de suas imunidades que Moro sugeriu esses dias, em cena filmada propagada pela internet, que poderia “comprar um habeas corpus de Gilmar Mendes”.
Alguns dias antes, Mendes havia cobrado publicamente esclarecimentos sobre a fundação de R$ 2,5 bilhões quase criada por Dallagnol. O ministro odiado pela lavajatismo vende habeas corpus?
E Moro e Dallagnol se omitiam ou participavam da venda de delações premiadas em Curitiba, como denuncia todos os dias Tacla Duran?
O que mais devemos saber sobre as relações de Moro com o desembargador Marcelo Malucelli, do TRF4, que mandou prender Duran e depois disse que não era bem assim? O filho do desembargador é sócio de Moro e namorado da filha do ex-juiz.
O que nunca ficamos sabendo das negociações para contratação de Moro para o time de Bolsonaro, em meio ao processo de encarceramento de Lula, que possa acrescentar luz a obras como 'A outra história da Lava-Jato', de Paulo Moreira Leite?
Quem pode nos contar, lá na origem, como Moro e Dallagnol foram escolhidos para chefiar a Lava-Jato, não por serem os mais brilhantes, mas os mais aptos a fazer o serviço que deveria ser feito? E fizeram.
Eles foram os escolhidos, por aptidão, a levar adiante a caçada a Lula e a destruição das grandes empreiteiras nacionais. Deveriam fazer o serviço conforme a encomenda. Tudo dentro do sistema de Justiça.
Moro e Dallagnol conhecem o funcionamento do sistema, como servidores privilegiados de uma vara só deles em Curitiba. Desfrutavam do direito a tarefas e missões exclusivas que lhes renderam fama e votos.
O próprio Dallagnol foi investigado em mais de uma dúzia de inquéritos (quem sabe ao certo quantos são?) no Conselho Nacional do Ministério Público. Sofreu apenas advertências.
O Conselho Nacional de Justiça abriu 55 inquéritos contra Moro e levou até o fim 34. Todos foram engavetados.
Há hoje pelo menos 20 juízes bolsonaristas sob investigação do mesmo CNJ por terem pregado o golpe ou disseminado fake news.
Todos os dias há denúncias semelhantes às que envolvem Moro com o desembargador do TRF4. O mesmo TRF4 que deu seguimento integralmente, e em tempo recorde, às sentenças de Moro.
O Judiciário tem laços de família, de amizade, de negócios e de interesses diversos, quase sempre encobertos, que só aparecem ao acaso, como esse em que envolve Moro e o juiz do tribunal regional.
Moro e Dallagnol levam invertidas de parlamentares das esquerdas sempre que fazem alguma manifestação no Congresso. Mas só peitar os dois e criar constrangimentos não resolve.
É preciso criar muito mais do que o incômodo da investigação da denúncia de Tacla Duran no Supremo.
O anunciado livro de Emílio Odebrecht, Uma Guerra contra o Brasil, em que o empreiteiro mostra como a Lava-Jato focou na quebra das grandes empresdas nacionais, pode ajudar.
Sabemos dos podres da política, das empresas, do futebol e de alguns dos pastores milagrosos com Deus acima de tudo, mas sentimos o cheiro e pouco sabemos da podridão da Justiça.
Lula também esteve com os presidentes do Senado e Câmara Fedrl
247- O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reforçou nesta quarta-feira (9) que vai trabalhar pela reconstrução do Brasil. Durante encontro com a presidente do Supremo Tribunal Federal, Rosa Weber, e mais nove ministros, o petista ouviu preocupações sobre retomada de investimentos em Educação e Meio Ambiente.
Além de Rosa Weber, nove ministros do STF foram à reunião: Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski, Cármen Lúcia, Dias Toffoli, Luiz Fux, Edson Fachin, Alexandre de Moraes, Nunes Marques e André Mendonça.
O presidente eleito esteve acompanhado de Geraldo Alckmin. Também participaram do encontro a presidente do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), o senador eleito Flávio Dino (PSB-MA), o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP), o ex-ministro Aloizio Mercadante, os advogados Eugênio Aragão e Cristiano Zanin, e o procurador da Fazenda Nacional Jorge Messias.
"O Brasil vai voltar à normalidade", diz Lula após se encontrar com chefes do Congresso e Judiciário
"O Brasil não tem mais tempo para xingamentos e ódio", afirmou o presidente eleito
O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quarta-feira (9) que o "Brasil vai voltar à normalidade". De acordo com o petista, "um governante precisa ter a clareza que irá governar com as pessoas que foram eleitas, com pessoas que pensam diferente da gente".
"E nossa obrigação é tentar convencê-las de nossas propostas. O Brasil não tem mais tempo para xingamentos e ódio", disse Lula a jornalistas em Brasília (DF), após reunião com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
O petista defendeu a independência do poderes. "Não cabe ao presidente da República interferir no funcionamento da Câmara nem do Senado".
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), prometeu nesta quarta-feira (9) ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que apoiará medidas para a liberação de gastos sociais.
"Reafirmei ao presidente Lula que o Congresso irá trabalhar, de forma responsável e célere, para assegurar os recursos que garantam, em 2023, os R$ 600 do Auxílio Brasil, o reajuste do salário mínimo, e os programas sociais necessários para a população mais carente do país", disse o parlamentar no Twitter.
"No encontro, tratamos de temas institucionais e de interesse do governo de transição", complementou Pacheco.
“Foi super positiva a conversa" entre o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), relatou àCNN Brasilo deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG).
Segundo o parlamentar, Lira se colocou à disposição para ajudar na governabilidade do novo governo. “Ambos demonstraram espírito colaborativo. Presidente Lula disse que quer enfrentar a fome, reconstruir o Brasil, voltar o país à normalidade. Lira se colocou à disposição para ajudar a governabilidade do governo Lula”.
O presidente da Câmara ainda teria declarado apoio à aprovação da PEC da Transição, que visa abrir espaço extra no Orçamento da União de 2023 para bancar o pagamento do Auxílio Brasil - ou Bolsa Família - de R$ 600. “Ele falou que acha legítima a PEC da Transição porque todos os candidatos defenderam Auxílio Brasil de R$ 600 na campanha. Falou que tem preferência pela PEC”.
Ao dar exemplos de profissões para os jovens, no debate da Band, Bolsonaro mencionou marceneiro e auxiliar de enfermagem, ofícios dignos e honrosos, sem dúvida. Mas o que Bolsonaro expressou foi a visão excludente (a mesma de Guedes e de Milton Ribeiro), de que a universidade não cabe nos sonhos da juventude das periferias.
A aversão aos pobres também ficou explícita quando o tema foi a visita de Lula a uma comunidade, no Rio de Janeiro. Bolsonaro disse que só tinha “traficante” em volta do ex-presidente. Para o candidato que tem conexões com milicianos (um deles, seu vizinho até ser preso), quem mora em favela é bandido.
Seu desprezo aos vulneráveis emerge de forma ainda mais torpe no caso da visita a um grupo de venezuelanas, no entorno de Brasília. São mulheres e meninas refugiadas da fome e do desespero no país vizinho. Participavam de uma ação social, com corte de cabelo e maquiagem, uma forma singela de afeto e resgate de autoestima.
A mente degenerada de Bolsonaro associou as “menininhas, bonitas, de 14, 15 anos, arrumadinhas” à prostituição. Onde já se viu menina pobre arrumar o cabelo e pintar o rosto se não for para se prostituir com machos velhos e babões como ele? A descrição que ele faz da cena tem as características de comportamento do assediador sexual que se aproveita da fragilidade da vítima. Parou a moto, tirou o capacete, “pintou um clima”, entrou na casa.
Se ele achou que estava diante de uma situação de exploração sexual de menores, por que não tomou alguma providência para impedir o crime? Bolsonaro não tem resposta porque sua mentalidade depravada não se escandaliza com a prostituição infantil.
Bolsonaro não tem freio nem bússola moral ou ética. Cercado de tipos pervertidos como Damares e Pedro Guimarães (abusador, felizmente, afastado), seu governo é uma rede de predadores da infância e de mulheres. São ladrões de futuro. Ladrões de Brasil.
Alexandre de Moraes deu um brinquedinho para Bolsonaro e seus militares – assim mesmo, porque é do presidente e não da Nação que estes chefes resolveram ser – com a resolução que atendeu ao plano de fazer um ‘teste de integridade’ com o uso de biometria nas seções eleitorais.
A biometria, como se sabe, só serve para comprovar a identidade do eleitor, ou seja, para dizer que são os que estão de fato inscritos naquela seção e assim mesmo de forma incompleta, pois, não send – ar inconsistência.
Nada de ruim, se for tratado como um experimento tosco e sem serventia. O problema é que se tire disso acusações e dúvidas também sem consistência.
A última vez em que um Presidente do Tribunal Superior Eleitoral acho que podia tratar como crianças mimadas os generais bolsonaristas, dando a eles o direito de brincar com o que não é brinquedo – as nossas eleições – deu na encrenca que temos.
Talvez faça falta a Alexandre de Moraes ter lido um conto de Edgar Allan Poe cujo título explica tudo –Nunca aposte sua cabeça contra o Diabo.
Qual cor? Qual cor? Qual cor será Do vestido que usar?
Preto, branco Rosa, azul Verde, amarelo Laranja ou caramelo
Estrelinha do meu coração
Aonde? Aonde? Aonde será Que Aristides vai morar?
Casa, apartamento Chiqueiro, galinheiro Igreja, castelo Barraca ou cemitério
Estrelinha do meu coração
Entre gritos tímidos de "mito", vindos de alguns camarotes, e xingamentos pesados, da maioria do público que está nas arquibancadas do Maracanã, o presidente Jair Bolsonaro chegou ao principal estádio do Rio pouco depois das 21h para assistir à partida entre Flamengo e Velez Sarsfield, válida pela semifinal da Libertadores.
A maior parte do público que lota o Maracanã recepcionou o presidente aos gritos de "Ei, Bolsonaro, vai tomar (...)". O presidente se posicionou em um dos camarotes ao lado do governador do Rio, Cláudio Castro. Os dois concorrem à reeleição em seus cargos pelo PL.
O ministro das Comunicações, Fabio Faria, e da Justiça, Anderson Torres, também estão no camarote.
por David Nemer /Publica Agência de Jornalismo Investigativo
Ataques de Jair Bolsonaro à jornalista da TV foram complementados por campanha de assédio online no Twitter e Telegram
Robôs foram usados para inflar apoio feminino ao presidente
Relembramos o histórico de ataques às mulheres de Jair Bolsonaro
Caso Vera Magalhães: Bolsonaro odeia as mulheres porque odeia a democracia
No último debate presidencial, no domingo (28/08), ao ser questionado pela jornalista Vera Magalhães sobre a queda da cobertura vacinal e desinformação difundida por ele, o presidente Jair Bolsonaro (PL), em mais uma demonstração de misoginia, respondeu: “Vera, não pude esperar outra coisa de você. Acho que você dorme pensando em mim. Você tem alguma paixão em mim. Não pode tomar partido num debate como esse. Fazer acusações mentirosas a meu respeito. Você é uma vergonha para o jornalismo brasileiro”.
Na tarde de segunda-feira, o termo difamatório “Verba Magalães”, uma referência ao salário da jornalista na Tv Cultura, chegou aos Trending Topics do Twitter.
Porém Vera Magalhães não estava só. Uma corrente liderada por mulheres ocupou o Twitter para demonstrar o apoio e solidariedade à jornalista. As contas mais relevantes foram da Fátima Bernardes (@fbbreal), Simone Tebet (@simonetebetbr), Andreia Sadi (@andreiasadi), Natuza Nery (@natuzanery), Patrícia Campos Mello (@camposmello), e Miriam Leitão (@miriamleitao).
Misoginia como projeto autoritário
O Bolsonarismo tende a aumentar seus ataques quando o alvo é mulher. Outro exemplo é a postura das redes de apoio ao presidente sobre a cantora Anitta.
Ultimamente, devido ao posicionamento político da cantora, que declarou voto em Lula, os grupos bolsonaristas no Telegram têm se ocupado a deslegitimar o poder e a influência de Anitta, assim, como manchar a sua reputação. Desde o início de 2022, nos mesmos grupos bolsonaristas no Telegram monitorados pelo Sentinela Eleitoral, já foram proferidos mais de 1520 mensagens com tons misóginos e sexistas contra Anitta.
Durante o século 20, mulheres se organizaram e conquistaram diversos direitos ao redor do mundo, como o de votar, o acesso aos cuidados de saúde reprodutiva, inserção social, educação, entre outros. A jornada para a conquista da igualdade de gênero parecia não ter volta. Porém, nos últimos anos, a ascensão de líderes autoritários em diversos países – apoiados em estratégias de desinformação online – não só comprometeu a democracia, mas promoveu sérios retrocessos aos direitos das mulheres.
Segundo as pesquisadoras de Harvard Erica Chenoweth e Zoe Marks descreveram no artigo “A vingança dos Patriarcas – Por que os autocratas temem as mulheres” (aqui, em inglês), não é coincidência que a igualdade das mulheres esteja sendo revertida ao mesmo tempo em que o autoritarismo está em ascensão. Os direitos civis das mulheres e a democracia andam de mãos dadas, porém há uma geral dificuldade em reconhecer que o primeiro é uma pré-condição para o segundo.
De acordo com as pesquisadoras, autocratas e autoritários patriarcais têm boas razões para temer a participação política das mulheres: quando as mulheres participam de movimentos de massa, esses movimentos são mais propensos a ter sucesso e mais propensos a levar a uma democracia mais igualitária. Em outras palavras, mulheres totalmente livres e politicamente ativas são uma ameaça para líderes autoritários e de tendência autoritária – e, portanto, esses líderes têm uma razão estratégica para serem sexistas. Compreender a relação entre sexismo e retrocesso democrático é vital para aqueles que desejam lutar contra ambos.
Assim, nessa coluna, vale a pena dissecar pontos traduzidos do artigo de Erica Chenoweth e Zoe Marks para demonstrar como o bolsonarismo e seu líder Jair Bolsonaro atacam as mulheres como um meio para desmantelar a democracia brasileira.
Em 1998, quando era deputado federal, Bolsonaro agrediu pelas costas Conceição Aparecida Aguiar, na época gerente da Planajur, empresa de consultoria jurídica e que atendia ao Exército;
Em 2011, Bolsonaro atacou Preta Gil quando ela o perguntou como ele reagiria se algum de seus filhos se envolvesse com uma mulher negra. “Eu não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Eu não corro esse risco. Meus filhos foram muito bem educados e não viveram em um ambiente como, lamentavelmente, é o seu”, respondeu;
Em 2012, Bolsonaro votou contra a PEC das Domésticas que visava lhes assegurar direitos trabalhistas;
Em 2014, disse que não estupraria a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) porque ela não merecia. Bolsonaro também já afirmou que mulheres que decidem ser mães deveriam ganhar menos e, caso não estejam contentes, que busquem outro emprego;
Em 2016, durante o impeachment de Dilma, ele celebrou um torturador que inseriu baratas nas vaginas de mulheres, para mostrar que ele era “o terror”;
Em 2017, Bolsonaro afirmou que a sua única filha “veio uma mulher” porque ele deu “uma fraquejada”;
Em 2019, Bolsonaro em uma fala sexista e homofóbica, afirmou que o Brasil não poderia ser um país de turismo gay, mas que “quem quiser vir aqui fazer sexo com uma mulher fique à vontade”.
Por outro lado, Bolsonaro ataca constantemente a imprensa, um dos pilares da democracia, porém não é de se surpreender que jornalistas mulheres são o seu alvo preferido.
Em 2018, ao se pronunciar sobre um furo de reportagem da jornalista da Folha Patrícia Campos Mello, que revelou a contratação de disparos em massa com fake news na campanha de 2018, Bolsonaro disse que ela ” queria dar um furo a qualquer preço contra mim”. A declaração, com os tweets do seu filho Eduardo Bolsonaro amplificaram os ataques misóginos que já estavam acontecendo no Twitter e em grupos de WhatsApp.
No seu artigo, Chenoweth e Marks afirmam que, apesar da flagrante misoginia, autoritários e autocratas conseguem recrutar mulheres como protagonistas de seus movimentos políticos, como é o caso da Damares Alves e da primeira dama, Michelle Bolsonaro.
Damares Alves promove discursos em que valoriza a maternidade e a família tradicional para obscurecer políticas desiguais de gênero. Já a Michelle Bolsonaro tem sido instrumental para tentar diminuir a rejeição do seu marido no eleitorado feminino — ela tem participado de comícios e convenções partidárias para promover a percepção que Bolsonaro se importa com as mulheres, ela chegou a afirmar que ele “sancionou 70 novas leis de proteção à mulher”.
O Bolsonarismo também usa as redes para demonstrar de forma artificial que as mulheres o apoiam. No dia seguinte ao debate presidencial (29/08), as hashtags #SouMulherEVotoBolsonaro e #MulheresComBolsonaro foram parar nos assuntos mais comentados do Twitter (Trending Topics).
Na visão do autoritário patriarcal, os homens não são homens de verdade, a menos que tenham controle sobre as mulheres em suas vidas. Bolsonaro, após ter o apoio incondicional da deputada Joice Hasselman, ao sentir que ela seria uma ameaça à sua liderança, cortou relações e, junto com a sua base, focou em atacá-la com mensagens e memes misóginos com referências à sua condição física. Diversas vezes em que Carla Zambelli se manifestou em coletivas com Bolsonaro, foi avisada para ficar quieta. Bolsonaro também demonstra controle sobre a primeira dama, Michelle, ao fazer insinuações sobre a vida sexual do casal.
Por que tanta raiva das mulheres?
No último debate presidencial, a candidata Simone Tebet perguntou a Bolsonaro: “Por que tanta raiva das mulheres?”
A resposta é simples: porque Bolsonaro odeia a democracia. Por mais que as mulheres brasileiras, e seus direitos, estejam sendo atacadas e ameaçadas, é preciso mais do que nunca reconhecer os seus esforços de resistência. É nelas que está a saída do Bolsonarismo.
Estudiosos da democracia muitas vezes enquadraram o empoderamento das mulheres como resultado da democratização ou mesmo como função da modernização e do desenvolvimento econômico. No entanto, como afirmam Chenoweth e Marks, as mulheres exigiram inclusão e lutaram por sua própria representação e interesses por meio de movimentos contenciosos de sufrágio e campanhas de direitos que, em última análise, fortaleceram a democracia em geral.
Alguns, como o movimento pró-democracia do Brasil em meados da década de 1980, tiveram ampla participação feminina: pelo menos metade dos participantes da linha de frente eram mulheres. Atualmente, as mulheres são 52,7% do eleitorado brasileiro e assim podem ser decisivas na derrota não só do Jair Bolsonaro mas na derrota do bolsonarismo como um todo.
Se a história servir de guia, as estratégias autoritárias falharão a longo prazo. Como explicam Chenoweth e Marks, as feministas sempre encontraram maneiras de exigir e expandir os direitos e liberdades das mulheres, potencializando o avanço democrático no processo.
Mas, no curto prazo, autoritários patriarcais descontrolados podem causar grandes danos, apagando conquistas que levaram gerações para serem alcançadas.
Colaboraram Natalia Viana, Yasodara Cordova e Laura Scofield
O ministro do STF Dias Toffoli disse nesta sexta-feira (19/8) que empresários defenderem golpe de Estado configura um crime de atentado à democracia. Sem se referir ao caso específico revelado pela coluna, em que empresários bolsonaristas sugeriram em um grupo de WhatsApp um golpe em caso de vitória de Lula, Toffoli afirmou que esse tipo de postura é um “suicídio econômico”.
“Em relação à ação desses empresários, atentar contra a democracia é tipo penal, é crime no nosso país, assim como é nos Estados Unidos e na Europa. Nos países democráticos, atentar contra o Estado Democrático de Direito é crime. Estou falando em tese, e não no caso concreto”, declarou Toffoli.
ISOLAMENTO – O ministro disse que uma ruptura democrática levaria ao isolamento econômico do Brasil em relação às potências mundiais.
“Se empresários divulgam esse tipo de posicionamento, eles são suicidas, porque não há dúvida nenhuma de que os Estados Unidos, a Europa e os países democráticos retaliarão o Brasil economicamente. Investidores irão embora, vai gerar desemprego no nosso país, vai gerar saída de capitais, vai fazer com que os nossos capitalistas mandem dinheiro para fora, porque vai ter uma desvalorização brutal da nossa moeda. Isso é loucura”, afirmou.
Diversos pedidos de investigação contra os empresários bolsonaristas foram encaminhados ao STF após a divulgação das mensagens.
REAÇÃO MUNDIAL – “É evidente que, se empresários defendem uma possibilidade de ruptura institucional, eles estão cometendo um suicídio econômico a si mesmos, porque haverá uma reação mundial. Haverá uma reação no mundo de retaliação ao Brasil. O Brasil vai se aliar a quem? À Venezuela? Aos países totalitários que não são democráticos? Com quem o Brasil se relacionará? É óbvio que a Europa vai retaliar economicamente”, acrescentou Toffoli.
“É óbvio que isso vai ter um reflexo nos investidores e que os investidores não confiam em sistemas que são autoritários, em que um pequeno grupo pode decidir o destino de todos e onde não há um Judiciário independente para garantir os contratos. Empresários que defendem algum tipo de ruptura democrática na verdade são suicidas. Eles estão queimando seu patrimônio ao defender esse tipo de proposta”, concluiu o ministro do STF.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – São empresários riquíssimos, mas de visão retrógrada e obscurantista. Subiram na vida praticando o capitalismo selvagem à brasileira, que possibilita pagar salários aviltantes. Por isso, consideram que uma ditadura pode ser até melhor, para enriquecerem ainda mais. Se julgassem que o endurecimento do regime lhes traria prejuízos, é claro que iriam se manifestar contra o golpe.(C.N.)
Reinaldo: Empresários golpistas e organização criminosa