O chorão Jair Bolsonaro está cada dia mais desmoralizado e isolado. Nem seus jagunços o respeitam mais. Nesta semana, o ainda presidente foi “traído” pelo deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ), um bajulador pegajoso que sempre prestou os serviços mais sujos ao “capetão” – como o de viajar até Foz do Iguaçu para tentar cooptar familiares de Marcelo Arruda, o dirigente petista paranaense covardemente assassinado por um policial bolsonarista em julho deste ano.
Em entrevista a um site fascistoide, o oportunista fez duras críticas à reclusão do seu “mito” no Palácio da Alvorada após as eleições e afirmou que seu silêncio “beira a covardia”. Para o deputado, que é vice-líder do governo na Câmara Federal e também posa de pastor evangélico, a atitude de Jair Bolsonaro representa uma traição aos seus seguidores – os fanáticos que acampam em frente aos quartéis, incendeiam carros e ônibus e atacam a sede da Polícia Federal em Brasília.
Manipulação dos otários nos quartéis
“O silêncio do presidente, e pior do que o silêncio, as frases enigmáticas, as fotos enigmáticas, isso está fazendo tão mal ao povo. Isso está, chega a beirar, e eu sei que a palavra que eu vou usar é muito forte, mas isso chega a beirar uma covardia, uma manipulação do povo”, afirmou o parlamentar em transmissão ao vivo pelo YouTube. Eleitoreiro, ele fez questão de bajular os golpistas fanatizados, afirmando que muitos já se divorciaram, enfrentam crises em seus casamentos, perderam seus empregos e passam por situações “lamentáveis” porque estão há vários dias lutando por uma intervenção militar.
“Eles são movidos pelo amor à Pátria, pela confiança no presidente da República. Ele não tem o direito de estar em silêncio ou de liberar frases enigmáticas. Bolsonaro precisa falar claramente ao seu povo. Se ele não fizer, sairá pequeno. Sofrerá a maior derrota de todas, que não foi nas urnas... Se ele não parar de blefar, aí sim, sua derrota será avassaladora”, disse. Ele também relatou que “estive com o presidente Bolsonaro talvez uma, duas ou três vezes após a eleição... Eu o encontrei muito abatido, já com aquela ferida na perna e ele estava psicologicamente muito abatido. Naquele momento, eu tive a certeza de que nada seria feito”.
General "não vale o que meu cão come"
Durante a entrevista, que durou 21 minutos, Otoni de Paula previu que seria execrado por seus ex-comparsas milicianos. “Eu vou ser chamado de traidor por aqueles que acham que o presidente vai agir e eu, olhando na sua câmera, digo: não vai, não vai. E digo: não se iludam. Saiam das portas dos quartéis. Vocês serão presos e não haverá ninguém que os defenda. Assim como eu tenho certeza, absoluta, que o senhor Alexandre de Moraes [ministro do STF] está esperando o recesso parlamentar para nos prender, eu não tenho dúvida disso”.
O deputado-jagunço não é o único que está acuado e ensaia abandonar o “capetão”. Vários outros oportunistas já não vacilam em criticar publicamente o mito – que hoje mais se parece um mico. No início de dezembro, o general da reserva Paulo Chagas também detonou a “covardia” de Jair Bolsonaro, exigindo que ele tomasse atitudes duras contra o Supremo Tribunal Federal. Na ocasião, o filhote 02 do presidente, o vereador Carlos Bolsonaro, tomou as dores do paizão deprimido.
Pelo seu Twitter, Carluxo Pitbull detonou o general de pijama do Exército: “Um oportunista contumaz posando de machão para dividir, conquistar e se fazer! Isso nunca valeu o que meu cão come!” – @CarlosBolsonaro, 8 de dezembro de 2022.
Padre Kelmontem feito visitas constantes à casa deRoberto Jefferson, onde o ex-presidente do PTB cumpre prisão domiciliar. Comose apresenta como um líder religioso, Kelmon tem passe livre para encontrar Jefferson, que não pode receber visitas sem autorização judicial.
O ministro do STF Alexandre de Moraes, que prendeu Jefferson no inquérito das milícias digitais, proibiu o petebista de ter comunicação exterior e de receber visitas sem permissão. As regras não se aplicam a líderes religiosos e a advogados.
O PTB acredita que Kelmon poderá ser um porta-voz de Jefferson se for preparado corretamente. Grandes veículos de imprensa já entraram em contato com o partido para agendar entrevistas com o padre.
247 - O agente de operações táticas da Polícia Federal Vinícius Segundo, queaparece em um vídeo sorrindoe conversando amigavelmente durante as negociações para que o ex-deputado bolsonarista e ex-presidente do PTB Roberto Jefferson se entregasse, enviou mensagens para os colegas da corporação em que diz que “vestiu um personagem” porque "não havia condições de fazer uma entrada tática com tantas pessoas na casa e a informação que havia várias armas". A informação é da coluna da jornalista Malu Gaspar, deO Globo.
“Eu vesti um personagem para desacelerar a situação da melhor maneira possível!", escreveu. Segundo a reportagem, nas mensagens enviadas ao colegas, ele afirma ser negociador formado pelo Comando de Operações Táticas (COT) - a tropa de elite da Polícia Federal -, e se identifica como chefe-substituto do Grupo de Pronta Intervenção (GPI) e do Núcleo Especial de Polícia Marítima (Nepom).
“Ele escreve que ‘a responsabilidade da negociação era enorme’ e que ‘não havia condições de fazer uma entrada tática com tantas pessoas na casa e a informação que havia várias armas’”, diz a jornalista sobre o teor das mensagens.
"Virou um gerenciamento de crise, se sai um inocente ferido ou morto seria uma tragédia e nome da PF na lama! Graças a Deus tudo terminou bem sem ninguém ferido ou morto e o perpetrador preso!", complementou o policial.
"Infelizmente não dá para colocar todos os detalhes aqui, mas tenham certeza que se a equipe do GPI estivesse no momento da troca de tiro o resultado poderia ser outro, mas chegamos com uma situação de gerenciamento de crise, aí toda conduta muda!", disse ainda o agente.
O segundo turno das eleições brasileiras começou com uma guerra religiosa na qual Bolsonaro acusa Lula nas redes de ter um pacto com o diabo enquanto é acusado de flertar com a Maçonaria. Tudo isso para disputar o voto religioso que poderia decidir o resultado final.
Os dois candidatos a chefe de Estado não esperaram um único dia para se engajar em uma briga para desacreditar um ao outro diante do grande eleitorado cristão, que é aquele que pode decidir o resultado final das eleições. Nesta terça-feira, festa de São Francisco de Assis, Lula aproveitou para bajular os católicos ao postar uma oração no Twitter em que recolhe as palavras do santo: “Onde há dúvida, põe fé”, e apareceu em vídeo com um grupo dos frades franciscanos, enquanto sua mulher, Janja, segurava nas mãos uma estátua do santo. O candidato da esquerda confessou aos religiosos: “Levo muito a sério minha fé religiosa. Para mim, a fé é algo muito sagrado. Eu levo minha espiritualidade muito a sério.”
Lula acabara de ser acusado nas redes sociais bolsonaristas de ter feito um pacto com o diabo e que, se eleito, fecharia igrejas evangélicas e perseguiria católicos, como está fazendo seu amigo Daniel Ortega na Nicarágua.
Por sua vez, nas redes lulista, foi postado um vídeo em que Bolsonaro, anos atrás, fala em uma loja da Maçonaria, algo que assusta os evangélicos. O poderoso pastor Silas Malafaia imediatamente saiu em defesa de Bolsonaro para tentar frear uma possível rejeição por parte dos evangélicos ao presidente, que é católico, mas que também se batizou novamente por um pastor evangélico em Israel.
O pastor lembrou que Bolsonaro “é o presidente de todos” e que para ele frequentar a Igreja Evangélica, a Igreja Católica, outras religiões ou a Maçonaria é assunto dele. “Eles não vão manipular os evangélicos. Por que essas mesmas pessoas se recusam a apresentar um vídeo em que Lula aparece em um ritual satânico?” A guerra está aberta sem que ninguém possa saber se todas essas acusações e vídeos são verdadeiras ou encenadas.
O que importa é demonizar, sim, alguns fiéis ou outros para ganhar os votos dos crentes, já que no Brasil eles representam 90% ou mais da população. Por parte dos evangélicos, a mulher de Bolsonaro, Michelle, uma evangélica fervorosa e mística que, depois de ter sido durante todos esses anos relegada a segundo plano, agora aparece em público de joelhos como se estivesse possuída por Deus. Ela afirma que as eleições são “uma luta de Deus contra as trevas”, e refere-se a Lula como alguém “contra a palavra de Deus”, ao mesmo tempo em que pede atenção aos seus correligionários evangélicos que sofrem “de uma cegueira espiritual”.
Bolsonaro, por sua vez, usa a seu favor uma série de referências religiosas e atribui sua eleição a um “desígnio de Deus”. E referindo-se a Lula, afirmou que “lugar de ladrão é cadeia”. Tudo vai servir nas próximas semanas de campanha para tentar ganhar o que chamam de “voto cristão”, que pode condicionar o resultado do concurso.
Sabe-se que os católicos votam esmagadoramente em Lula, enquanto 80% dos evangélicos são seguidores fanáticos de Bolsonaro, instruídos nos templos em ódio aberto contra o que chamam de “comunistas” ou “reino do mal”. Para os bolsonaristas de raiz, os católicos tomaram conta do Brasil em que se trava uma verdadeira batalha entre o bem e o mal, entre Deus e o diabo.
Nessa luta pela conquista do voto religioso, já parece claro que tudo pode dar certo e que uma batalha suja de fake news vai se intensificar nas redes sociais, em que os bolsonaristas são mestres. Foram eles que decidiram a vitória de Bolsonaro em 2018. O jornal O Globo destacou em sua primeira página que uma “guerra santa” começou no segundo turno.
A preocupação com as questões reais e sangrentas que estrangulam milhões de pobres fica para depois, enquanto tentam hipnotizá-los com a miragem da religião e o medo dos demônios.
Em razão da suspeita de fraude, o tribunal obrigou o padre a fazer prova de alfabetização, como Tiririca, alguns anos atrás
por Joaquim de Carvalho
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No debate da Globo, a candidata a presidente pelo União Brasil Soraya Tronicke expôs o que muita gente sensata desconfia: a de que o seu concorrente Kelmon Luís da Silva Souza, do PTB, seja uma grande farsa. “O senhor não fez extrema unção porque é um padre de festa junina”, disse.
Ela não foi a primeira pessoa a suspeitar que o padre cometa fraude, a começar pela formação teológica que afirma ter. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não aceitou os diplomas de bacharel em teologia e de licenciatura em filosofia que ele apresentou como prova de alfabetização.
Emitidos por um tal Mosteiro São Basílio e São Tomé, com brasão da República do Brasil e selo de uma tal Iglesia Católica Apostólica Ortoxa del Perú, os diplomas "não contêm indicativo de registro no âmbito do sistema federal de ensino”, conforme anotou o Ministério Público Eleitoral.
Em razão disso, a exemplo do candidato Tiririca, alguns anos atrás, o padre Kelmon foi obrigado a se submeter a uma prova de alfabetização. Segundo documento juntado em seu processo de registro de candidatura, no dia 22 de agosto deste ano ele escreveu, de próprio punho:
“Declaro para fins de registro de candidatura que sou alfabetizado e cursei filosofia e teologia”.
A prova teria sido feita na presença da servidora Noeli Menezes Nogueira, no Tribunal Regional Eleitoral, em Campo Grande, o que, por si, gera estranheza.
O padre Kelmon mora em Salvador e, desde que se candidatou, usa como endereço profissional a sede do PTB em Brasília.
Se o local da prova de alfabetização fosse Cuiabá, aumentaria a desconfiança, já que a capital do Mato Grosso é o endereço da empresa de marketing para a qual a campanha do padre Kelmon destinou 97% dos recursos que obteve.
Mas, como Campo Grande é a capital do Mato Grosso do Sul, nenhum pecado relacionado à prova de alfabetização pode ser atribuído ao padre.
Seja como for, a prova de alfabetização foi juntada ao processo de registro da candidatura às 14h10 de 22 de agosto.
A prova de alfabetização do padre Kelmon (Photo: Reprodução)
No mesmo dia, às 22 horas, seus advogados juntaram uma cópia da CNH como prova de que o padre sabe ler e escrever.
Se apresentou a CNH, por que fez a prova? O ministro ministro Carlos Horbach, do TSE, aceitou a CNH como prova de alfabetização, o Ministério Público Eleitoral não se opôs e a candidatura do padre Kelmon foi deferida.
Mas, pelos documentos apresentados, o padre Kelmon não está livre de problemas. Se os diplomas não têm lastro no sistema federal de ensino nem há indicação de endereço do Mosteiro no Brasil, os documentos podem ser falsos.
Neste caso, ao declarar que possui ensino superior completo, padre Kelmon pode ter cometido crime de falsidade ideológica, previsto no artigo 299 do Código Penal.
O diploma apresentado pelo padre: sem endereço do Mosteiro e sem registro do sistema federal de ensnino (Photo: Reprodução)
O documento de identidade juntado pelo padre para registro da candidatura também chama a atenção por uma informação errada.
O RG 50.019.293-5, emitido pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, informa que ele é nascido em Salvador, Bahia.
Só que, pela certidão de nascimento, o local onde foi registrado é o cartório de Acajutiba, a cerca de 200 quilômetros da capital baiana.
Pode ter sido um descuido do servidor que fez seu RG em São Paulo, mas o mesmo erro não ocorreu em outro registro que ele possui, o da Secretaria de Segurança da Bahia: 680746625.
Ter registro de identidade em Estados diferentes não é crime, mas é uma prática incomum.
Pode indicar que alguém esteja querendo dificultar ser localizado, sobretudo quando o local de nascimento de um documento não bate com o anterior, emitido em outro Estado.
O registro de formação universitária de Kelmon Luís da Silva Souza também chama a atenção pela inconsistência dos dados e das versões tornadas públicas, por via oblíquas.
O diploma de licenciatura em filosofia é de 20 de fevereiro de 2003 e o de bacharel em teologia, de 7 de dezembro de 2006. Apesar de supostamente terem sido emitidos com três anos de diferença, ambos apresentam as mesmas falhas.
Não têm o número do RG e ambos afirmam que é natural de Salvador, Bahia, embora, como se disse acima, sua certidão de nascimento seja de Acajutiba.
Quem assina os diplomas como diretor acadêmico do Mosteiro São Basílio e São Tomé, que funcionaria no Brasil, é Angel Ernesto Morán Vidal, cidadão peruano que já foi alvo, em seu país, de acusação feita pela imprensa de ser falso padre.
Angel Ernesto Morán Vidal, que se apresenta como arcebispo da Igreja Apostólica Ortodoxa do Peru, deu declarações esta semana para assegurar que Kelmon é, sim, padre reconhecido por sua organização.
A questão é que a organização de Angel Ernesto Morán Vidal não é reconhecida pelas igrejas ortodoxas tradicionais.
A Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia, a mais tradicional igreja ortodoxa no Brasil, informa em seu site que foi procurada em 2015 por Angel Ernesto. Ele manifestou "o desejo de ser aceito por ela como bispo juntamente com todo seu clero e comunidades no Peru”.
Mas as tratativas não prosperaram, depois que Dom Tito, arcebispo para as Igrejas Sirian Ortodoxas de Antioquia em missão no Brasil, verificou o trabalho de Angel, inclusive com visitas ao Peru.
"A Igreja no Brasil descobriu questões de ordem particular que impediam que Ángel Ernesto Morán Vidal fosse aceito como bispo e foi entãoENCERRADOo acompanhamento do pedido de ingresso na Igreja por parte de Dom Tito e, consequentemente, por parte de toda Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia. Em outras palavras, apesar das visitas tanto no Peru, quanto no Brasil e na Síria, elesNÃO FORAM ACEITOS EM NENHUM MOMENTOna Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia”, informa o site da igreja.
A igreja mantém em sigilo as “questões de ordem particular” que impediram a aceitação da igreja peruana. Apesar disso, seus membros, como o padre Kelman, usam símbolos da Igreja Sirian Ortdoxa de Antioquia.
O próprio site informa que não pode fazer nada quanto a isso, já que, pela Constituição brasileira, há liberdade de credo, e, para ser reconhecida como religião, basta fazer registro em cartório.
"O Brasil é um país laico e com liberdade religiosa, onde as pessoas podem ir a um cartório e fundar uma igreja ou uma religião como quiserem, mesmo usando termos que historicamente identificam as Igrejas tanto no ocidente quanto no oriente por séculos, como “católica” ou 'ortodoxa'. Essas comunidades, perante a lei brasileira, não são 'igrejas falsas'. Contudo, temos o dever de esclarecer que, dentro do entendimento (e do também direito que temos de entender assim) tanto das Igrejas Orientais Ortodoxas quanto da Igreja Católica Romana, essas comunidades não são canônicas, não tem comunhão, nem 'semi-comunhão', nem 'comunhão parcial', nem são filhas, primas ou sobrinhas dessas Igrejas históricas, não estão em processos de aceitação ou qualquer coisa parecida. Temos o dever de respeitá-los como cidadãos brasileiros que exercem seu direito constitucional de liberdade religiosa, mas temos, dentro do mesmo direito, o dever que esclarecer o que, para nós, é a verdade”, destaca a igreja.
Apesar disso, Angel Ernesto faz um malabarismo retórico para tentar se ligar à igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia. Em 2019, quando foi acusada pela imprensa peruana de enganar fiéis e de cobrar por sacramentos e arrecadar recursos para construção de igrejas como se fosse a Igreja Católica Romana, o líder da organização afirmou que abraçava tradição da Igreja Síria Ortodoxa de Antioquia, mas não tinha com ela nenhum laço formal ou informal.
O que parece claro é que, diferentemente da Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia, a igreja de Angel e do padre Kelmon tem uma rede internacional com atuação política de extrema direita.
Tanto que a notícia sobre a suposta formação teológica do padre Kelson saiu em uma publicação latina de conteúdo extremista, que define a imprensa brasileira como “alinhada à esquerda”, o Panam Post.
“Padre Kelmon é de fato parte da Igreja Ortodoxa. Esta é a história dele”, diz o título do artigo, que apresenta foto de quando ele supostamente estudava no Mater Ecclesiae dos Legionários de Cristo, seminário instalado em Itapecerica da Serra, Grande São Paulo.
O Legionários em Cristo, que surgiu no México, estaria no centro de um escândalo alguns anos depois quando se descobriu que seu fundador e principal líder, Marcial Maciel Degollado, tinha abusado de adolescentes na igreja, e, bissexual, teve mulheres e seis filhos, dois dos quais também foram vítimas de seus abusos. Era viciado em morfina, crimes que admitiu perante o Vaticano.
A reportagem do Panam Post diz que Kelmon passou três anos seminário do Legendários em Itapecerica e teria se desligado sem a ordenação. Em 2003, teria entrado no Mosteiro São Brasílio e São Tomé, dando início a seu “mergulho” na igreja ortodoxa.
O problema é que a Igreja Católica Ortodoxa do Peru, supostamente mantenedora do Mosteiro São Basílio e São Tomé, nem existia nessa época.
Além disso, a considerar verdadeiro um dos diplomas do padre Kelmon, ele teria se formado lá em 2003. Portanto, não poderia ter entrado no mosteiro nesse ano para cursar Filosofia. Ele teria que ter se matriculado pelo menos três anos antes.
A reportagem chapa branca do Panam Post informa ainda que, depois de formado pelo Mosteiro e sem ser ordenado padre, Kelmon continuou na “vida missionária”, através da associação chamada “Theotokos”, em São Paulo.
Registros na Junta Comercial mostram que, nessa época, ele criou uma empresa para fabricar jóias e bijuterias, a Jabuti, CNPJ 11.533.829/0001-76, com sede em Brasília.
Padre Kelmon pode não ter animado festa junina, como de maneira muito inteligente definiu Soraya Tronicke, mas que ele não é um padre a que se deva confessar, como disse Simone Tebet, isso está fora de dúvida.
Sua história está cheia de furos e pode esconder fatos mais sérios. Que é um laranja, como definiu Lula, é certo. Mas seria laranja apenas de Bolsonaro?