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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

06
Ago21

Daiane Griá Sales foi cruelmente arrancada desta vida. Até quando as bocas calarão diante da brutalidade e das injustiças?

Talis Andrade

Daiane Griá Sales. Foto: reprodução

Até quando?

por Roberto Liebgott

 

Daiane Griá Sales
Pequena menina Kaingang.
Só 14 anos de idade.
Teria uma vida plena.
Tornar-se-ia mulher, mãe, avó.
Seria e faria outras pessoas felizes.
Choraria, iria rir e se zangar.
Abraçaria e caminharia de mãos dadas.
Amaria e seria amada.

 

Daiane Griá Sales foi cruelmente arrancada desta vida.
Seu corpo dilacerado.
Suas carnes e vísceras
espalhadas.
Seu corpo lançado sobre uma lavoura de soja.
Terra arrendada, consumida e deteriorada por lavoureiros  gananciosos.

 

O corpo dilacerado ficou lá exposto.
Queriam  que todos  vissem.
Que todos soubessem como a mataram.
Mas a crueldade só se completaria quando as imagem mórbidas, daquilo que restou de seu  corpo e vísceras estivessem  circulando pelas redes sociais.

 

Daiane Griá Sales
Vítima de pessoas perversas.
De estupradores, machistas, racistas.
De assassinos, genocidas, promotores da tortura.
Vítima do discurso de ódio, da intolerância, do macho alfa, escravocrata, totalitário.
Vítima de uma sociedade de perversidades, que cultua a violência e a desesperança.

 

Daine Griá Sales
Sua dor.
Seu sacrifício.
Seu corpo brutalmente violentado nos faz perguntar:
Até quando?
Até quando os corpos de meninas serão estuprados?
Até quando o ódio, o racismo, a intolerância prevalecerão?
Até quando as bocas calarão diante da brutalidade e das injustiças?
Até quando os povos e comunidades tradicionais serão atacados em suas vidas, carnes, terras e culturas.

 

Até quando?

 

Porto Alegre, 06 de agosto de 2021

 

 

06
Ago21

Manifesto das Mulheres Indígenas do Brasil contra a barbárie cometida à jovem Daiane Kaingang, de 14 anos

Talis Andrade

Daiane Griá Sales. Foto: reprodução

Na Apib

A Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (ANMIGA), viemos por meio deste manifesto repudiar e denunciar o crime de barbárie cometida na tarde desta quarta-feira (04), no Setor Estiva, da Terra Indígena do Guarita, no município de Redentora, contra a jovem de apenas 14 anos, Daiane Griá Sales, indígena Kaingáng, moradora do Setor Bananeiras da Terra Indígena do Guarita. A jovem Daiane foi encontrada em uma lavoura próxima a um mato, nua e com as partes inferiores (da cintura para baixo) arrancadas e dilaceradas, com pedaços ao lado do corpo.

Temos visto dia após dia o assassinato de indígenas. Mas, parece que não é suficiente matar. O requinte de crueldade é o que dilacera nossa alma, assim como literalmente dilaceraram o jovem corpo de Daiane, de apenas 14 anos. Esquartejam corpos jovens, de mulheres, de povos. Entendemos que os conjuntos de violência cometida a nós, mulheres indígenas, desde a invasão do Brasil é uma fria tentativa de nos exterminar, com crimes hediondos que sangram nossa alma. A desumanidade exposta em corpos femininos indígenas, precisa parar!

Estamos aqui, reivindicando justiça! Não deixaremos passar impune e nem nos silenciarão. Lutamos pela dignidade humana, combatendo a violência de gênero e tantas outras violações de direitos. As violências praticadas por uma sociedade doente não podem continuar sendo banalizadas, naturalizadas, repleta de homens sem respeito e compostura humana, selvageria, repugnância e macabrismo. Quem comete uma atrocidade desta com mulheres filhas da terra, mata igualmente a si mesmo, mata também o Brasil.

Mas saibam que o ÓDIO não passará! Afinal, a violência praticada não pode passar impune, nossos corpos já não suportam mais ser dilacerados, tombado há 521 anos. Que o projeto esquartejador empunhado pela colonização, violenta todas nós, mulheres indígenas há mais de cinco séculos.

Somos 448 mil Mulheres Indígenas no Brasil que o estrupo da colonização não conseguiu matar e não permitiremos que a pandemia da violência do ódio passe por cima de nós.
Parem de nos matar! A cada mulher indígena assassinada, morre um pouco de nós.

Vidas indígenas importam. Gritaremos todos os dias, a cada momento, vidas indígenas importam. E a vida de Daiane importa. Importa para sua família, para seu povo. Importa para nós mulheres indígenas.

Somos todas Daiane Griá Kaingang!
Exigimos justiça!

06
Ago21

Operação Margarida é deflagrada pela Polícia Civil para combater violência contra mulher. Que seja elucidado o bárbaro assassinato da adolescente Daiane Kaiangáng

Talis Andrade

A adolescente kaingang Daiane Sales, de 14 anos, assassinada dentro da reserva ndígena em Redentora

Adolescente Daiane Griá Sales, 14 anos, estuprada e eviscerada

 

Mais de 130 ordens judiciais são cumpridas em 163 cidades gaúchas.  E Daiane Griá Sales, de 14 anos, esquecida em meio a uma lavoura na maior reserva do estado, nua e com as partes inferiores (da cintura para baixo) arrancadas e dilaceradas, com pedaços ao lado do corpo na Terra Indígena do Guarita, em Redentora

 

A Polícia Civil deflagrou nesta sexta-feira a segunda fase da operação Margarida, alusiva ao mês de agosto no qual se celebra o advento de 15 anos de publicação da Lei Maria da Penha. Estão sendo cumpridos 82 mandados judiciais de busca e apreensão e outros 51 mandados de prisão por 186 agentes em 163 cidades gaúchas. O objetivo é combater a violência doméstica e familiar contra a mulher em várias regiões do Rio Grande do Sul.

A coordenação é da Divisão de Proteção e Atendimento à Mulher (Dipam) da Polícia Civil. A ação tem a participação de 23 Delegacias Especializadas no Atendimento à Mulher (Deam) e de outras 140 delegacias. Na ação, os policiais civis estão verificando também 273 disque-denúncias de violência doméstica.

Segundo a diretora da Dipam, delegada Jeiselaure Rocha de Souza, a operação Margaridas demonstra “o compromisso da Polícia Civil no enfrentamento da violência contra a mulher, com esse olhar voltado para a importância do atendimento acolhedor e humanizado para a vítima, mas também com a repressão qualificada dos crimes, com a certeza de que não haverá impunidade aos agressores”.

Já a diretora do Departamento Estadual de Proteção a Grupos Vulneráveis, delegada Caroline Bamberg Machado, destacou o aumento significativo das operações policiais no âmbito da violência doméstica, bem como as ações de prevenção. Na avaliação dela, as ações “são fundamentais para que as vítimas sintam confiança em denunciar seus agressores e romper o ciclo de violência”.

Para a Chefe de Polícia Civil, delegada Nadine Anflor, a operação Margarida marca uma realidade diferente de 15 anos atrás. “Amanhã completamos mais um aniversário da Lei Maria da Penha e sem ela não seria possível ações que propiciassem efetivamente a proteção integral da vítima e a criminalização do autor", ressaltou.

"Apesar da lei e suas inovações constantes, continuamos contabilizando diariamente mortes de mulheres simplesmente pela questão de gênero”, acrescentou a delegada Nadine Anflor. "A cultura sexista precisa ser enfrentada, não só com a punição dos autores dos crimes, mas também com uma mudança de olhar sobre a violência doméstica”, complementou.

A delegada Nadine Anflor defendeu que “nosso dever é seguir trabalhando na identificação dos autores para que a punição efetivamente ocorra e paralelamente a isso, com ações de repressão como as de hoje, impedir que novas mulheres sejam agredidas". Para ela, é "primordial a atuação operacional efetiva no enfrentamento à violência doméstica, aliando a qualidade das investigações criminais com ações policiais planejadas e bem executadas”. 

A primeira fase da Operação Margaridas ocorreu em 1º de julho deste ano com a ação de 521 agentes na apuração de 588 disque-denúncias, sendo instaurados 3.876 inquéritos e remetidos 4.357 procedimentos ao Poder Judiciário. Na ocasião, os policiais civis executaram 164 cumprimentos de mandados de busca e apreensão e 129 prisões preventivas, efetuando 104 prisões flagrante e realizando 4.629 atendimentos às vítimas como forma de prevenção e informação.

Violência sexual contra crianças e adolescentes

O assassinato da adolescente Kaingang Daiane Griá Sales, de 14 anos, provocou revolta e apreensão nas comunidades da Terra Indígena do Guarita, no município de Redentora. A reserva de 24 mil hectares que ocupa parte dos territórios de Redentora, Tenente Portela, Erval Seco e Miraguaí, no Noroeste gaúcho, foi redemarcada em 1997 e abriga mais de 7 mil indígenas em 16 setores Kaingang e dois da etnia Guarani. Maior terra indígena do estado, a reserva é alvo constante de violências e ameaças externas ao aldeados devido à disputa por terras e de violência sexual contra crianças e adolescentes.

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