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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

31
Dez22

Caetano Veloso x Chico Buarque

Talis Andrade

 

Pregar a revolução com palavras e música é uma coisa, Vargas. Fazer a revolução é outra coisa, eu diria, se soubesse em 1972 os acontecimentos de 1973.

 

por Urariano Mota */Vermelho

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– Eu gosto de Caetano Veloso – Alberto fala. – Ele tem umas coisas boas.

– Boas?! – Vargas se exalta. – Ele é o melhor compositor da música brasileira…. – “de todos os tempos”, ele ia dizer. Hoje percebo que se conteve com uma modéstia do Barão de Itararé, que ia se chamar de Duque,  mas baixou o título para Barão. E continuou Vargas:  – É o melhor! Caetano Veloso é o melhor compositor do tempo da revolução.

Olho em volta e percebo que nas mesas vizinhas se faz um silêncio. Todos nos escutam, concluo. Assuntos de música popular, no Brasil, são os que mais despertam interesse depois do futebol. Mas na ditadura falar na altura da voz de Vargas, usando a palavra “revolução”, é demais. Nelinha lhe toca o braço e sussurra “cuidado”. Ele sorri:

– Tranquilo, minha santa. Estou falando de cultura.

– Estamos falando sobre música, não tem problema – Alberto fala.

– E tudo é revolucionário, não é? – Vargas completa. – O cinema de Glauber é revolucionário, a juventude é revolucionária, tudo é revolucionário. Menos Chico Buarque.

Todos riem. Ocorre o que às vezes se chama brincar com o perigo. Zombar do abismo. Mas na hora o que me ocorre é o cometimento de uma injustiça.

– Eu não acho – falo. – Chico, para mim, é o melhor compositor de música popular brasileira hoje. Ele tem uma poesia que não tem Caetano. Chico é de fazer música, não é de dar espetáculo. Caetano é escandaloso, entende?

– A revolução é um escândalo! – Vargas quase grita. Alberto ri, Nelinha sorri para o companheiro, que se vê estimulado. – Chico é o compositor de Carolina, Januária na janela. É o poeta dos olhos verdes das meninas. Isso é revolucionário? Preste atenção: a música de Chico é o passado. Ele é um compositor de 1960 pra trás.

– Olhe… – eu queria dizer, se compreendesse então, que Chico ligava a tradição à música de 1970, assim como Paulinho da Viola fez essa ligação como samba. Mas há um tempo em que possuímos o sentimento, mas não encontramos as palavras, que ainda não nos chegaram pela experiência. Então arquejo, como um náufrago, diante da catilinária. – Olhe, você quer poesia melhor que … – e tento cantarolar “se uma nunca tem sorriso, é pra melhor se reservar…” – que “a dor é tão velha que pode morrer”, hem? – E baixo a voz: – Chico é a esquerda do futuro.

– Ele não é nem do presente – Vargas responde. – Que dirá do futuro. Preste atenção, muita atenção: “sei que um dia vou morrer de susto, de bala ou vício”. Escutou? Esta é a música de agora, dos jovens revolucionários de hoje.

– Isso não é de Caetano. É de Gil, Torquato e Capinam – falo.

De Gil? – Vargas responde. – Não importa. Está no disco de Caetano. Ele fez da música um hino revolucionário. Isso é o que importa.

– Hum, sei  – falo, mas ainda não sei. Vou do rosto de Vargas até Nelinha, sigo para Alberto, retorno a Vargas. – É bom também – admito, a fórceps.        

Olho para Vargas e me pergunto “será bom mesmo?”, e o que vem a ser o conteúdo da pergunta eu não me digo nem quero ver. Se eu soubesse na noite o que soube depois, eu diria “esta música é o anúncio da morte”. Esse ritmo alucinante, à caribe, é enganoso e leviano. Pregar a revolução com palavras e música é uma coisa, Vargas. Fazer a revolução é outra coisa, eu diria, se soubesse em 1972 os acontecimentos de 1973. Mas ainda ali, percebo agora, eu seria injusto até a estreiteza e maledicência. Então os artistas não podem expressar o sentimento que corre na gente? Então é justo acusar de leviano, de traidor da revolução, quem escreve como homem poético o homem prático? Só a raiva, no que tem de embrutecedora, verá a canção da luta armada no Brasil dessa maneira. Se assim fosse justo e real, o que dizer de Lorca, de Víctor Jara, até mesmo de  Neruda? Então eu, que de nada sabia, escuto Vargas cantarolar “estou aqui de passagem, sei que adiante um dia vou morrer de susto, de bala ou vício”. E para ser mais preciso, em meio à intuição do horror, se põem acordes do frevo lá na Dantas Barreto. Meus olhos correm do rosto de Vargas, vão até a barriga de Nelinha, tão desamparada me parece na tormenta. Me dá uma vontade à beira do irreprimível de acariciar o fruto que virá no temporal. Vargas, que é vigilante insone da mulher, flagra o meu olhar nesse instante. Mas o macho vigia da sua fêmea é derrubado pela humanidade que pressente nessa ternura solidária. Assim sei, assim soube, porque a sua voz baixa o tom, e me fala como a um camarada, um irmão de jornada:

– Companheiro, desculpe. Pensamos diferente, mas você é um companheiro. Estamos juntos, não importa o que fazem de nós. O companheiro me desculpe.

– Que é isso, rapaz? Não foi nada. – Comovido pela gravidez de Nelinha e pelo descobrimento do Vargas que vem, fico embargado. E como sempre, tento corrigir a emoção com uma frase que me salve:  – Eu também gosto de Caetano Veloso.

– Eu também gosto de Chico Buarque de Holanda. – Vargas me responde e sorri: – Que revolucionário.

– Sim – falo – Mas não na forma, na altura de um Caetano.

Todos gargalhamos. Então Alberto puxa desafinado, à sua maneira desafinado, “Apesar de você”. E mesmo com os sons do frevo que se aproxima, cantamos juntos “amanhã vai ser outro dia, amanhã vai ser outro dia”.

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* Do romance “A mais longa duração da juventude”

30
Ago22

Ana Júlia critica a militarização das escolas e a substituição de professor por TV

Talis Andrade

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Candidata a deputada estadual, a jovem de 22 anos liderou movimentos estudantis em 2016; critica a militarização das escolas e a substituição de professor por TV

 

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Ana Júlia

Uma #NovaPrimavera

 
Ana Júlia 13213  
A gente tem o SUS e tem uma cultura de vacinação de dar inveja pro resto do mundo. O que a gente não teve foi governo pra proteger a população na pandemia.
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O bom de ver a Tebet e a Soraya debatendo juntas é que relembramos que representatividade vazia é em vão. Precisamos de mulheres na política, mas mulheres que defendam um projeto de governo feminista e classista, que coloca o povo pobre como prioridade. #DebateNaBand
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Quando eu digo que todo candidato defende a educação porque pega bem, mas quem defende a educação pública, com gestão pública e dinheiro público são poucos. A Soraya em rede nacional defendeu a privatização da educação.
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Em entrevista ao H2FOZ, tive a oportunidade de falar das pautas prioritárias da nossa campanha: educação pública de qualidade, emprego e renda para todos os paranaenses, além de respeito aos direitos da juventude e das mulheres
 
 

A candidata a deputada estadual Ana Júlia foi entrevistada na série 2 em 1, do H2FOZ e Rádio Clube FM 100.9, durante agenda de campanha em Foz do Iguaçu, onde visitou jovens, professores e lideranças comunitárias. Com 22 anos, ela defende a educação gratuita e de qualidade e maior participação da juventude na vida política como temas prioritários.

Ana Júlia ficou conhecida durante o movimento de ocupação das escolas do Paraná em 2016. “Ocupamos 850 escolas contra a ‘reforma’ do ensino médio e o teto de gastos”, explicou. E foi quando pegou gosto pela política. Essa liderança a levou à primeira suplência na Câmara de Vereadores de Curitiba, nas últimas eleições, com 4,5 mil votos. A estudante acaba de ser empossada efetivamente no Legislativo da capital paranaense.Image

 

Aida Franco de Lima entrevista Ana Júlia

 

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Ao defender a educação pública, direitos da juventude, emprego e renda, Ana Júlia frisou que é preciso renovar as representações e lideranças e garantir a presença das mulheres. “A política parece algo muito distante da gente, que não é feito para nós. Ela precisa ser coletiva e participativa, através da convivência para que as pessoas se sintam representadas”, destacou.

A candidata identifica-se como ativista da educação pública e enxerga o ensino no Paraná ainda pior que no passado, por conta do projeto governamental. “Com tudo feito às pressas, sem discussão com a comunidade escolar. Como a militarização das escolas, a privatização e terceirização. Com a televisão ocupando o papel do professor”, enumerou, de forma crítica.

A candidata disse entender que uma das principais funções legislativas é fiscalizar as ações do Governo do Estado e tornar as políticas públicas concretas. Que é preciso debater com a sociedade as propostas que afetam a vida de todos. Ela realçou a necessidade de combater a evasão escolar, pois “há medidas que o Governo do Paraná pode tomar para evitá-la”.

Ana Júlia observou que há um sentimento de que as pessoas são sub-representadas na política. “Se não há identificação, não se sentem partes. Como no caso das mulheres, negros, LGBTQIs, pessoas com deficiência e a juventude”, refletiu.

Ela estimula a participação dos jovens na política, para definir o futuro que se almeja e avançar em pautas tecnológicas e comportamentais. Lembrou que é dever de todo deputado ou deputada estadual pensar o Paraná além das demandas específicas de cada região: “É fundamental conhecer as diversas realidades. A política se faz com convivência, participação e esperança. É preciso participar”, convidou.Image

Perfil

Ana Júlia Pires Ribeiro, 22 anos, é natural de Curitiba. Estuda Direito na PUC-PR e de Filosofia na UFPR. Em 2016, durante o movimento das ocupações secundaristas, ficou nacionalmente conhecida pelo discurso na Assembleia Legislativa do Paraná. Filiou-se ao PT em 2018.

Ana Júlia na Assembleia Legislativa

Ana Júlia no Senado Federal

Hoje, a Polícia Federal esteve no apartamento de Sergio Moro, que é suspeito de cometer irregularidades em sua campanha, cumprindo mandado de busca e apreensão. A Polícia Federal, como manda a lei, e não o PT.

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De repente 30 dias para uma nova primavera tomar conta do Paraná  #13213

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16
Mai22

Dois milhões de novos eleitores reforçam a crença no Brasil, a quarta democracia de massas do mundo

Talis Andrade

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A boa notícia

 
 
por Gustavo Krause
 
Eis um produto raro. Não falta quem repita a injusta condenação: a culpa é da imprensa, “notícia boa não é notícia”. Ora, o profissional da imprensa não inventa, lida com fatos e fatos que são notícias. Sem prévio juízo de valor desde que sejam de interesse da sociedade e, se possível, que sejam inusitadas. Explico: nas redações, os novatos ouviam dos mais experientes: “o cachorro mordeu o homem não dá manchete, sequer, notícia: agora o homem mordeu um cachorro é manchete e rende muito”.
 

Pois bem, a aldeia global online é uma caudalosa fonte de notícias. Guerra, massacre brutal, um espetáculo de horrores na Ucrânia, com imagem e um enredo geopolítico. Não dá para “poupar” os espectadores. A pandemia foi uma tragédia agravada pela ignorância negativista dos governantes. De positivo, fica o desafio de redefinir a natureza e os rumos da globalização.

Como se não bastasse, o cenário político brasileiro vive sob um festival de encrencas, birras pornofônicas e pornográficas que tomaram o vulto de crises institucionais. As novidades se superam. A pauta jornalística era ditada, cedinho, por um bizarro encontro no “cercadinho” entre o Presidente da República e seus adoradores. As lives, o twitter, as mídias sociais e o ativismo se encarregam de jogar no “ventilador” a obra digital das mentes poluídas.

Agora, o tema é o golpismo. A imprensa não inventou nada. Trump fez escola. E discípulos. A receita é desacreditar as regras da competição eleitoral, comportamento inspirado nas teorias conspiratórias dos autocratas populistas ou na molecagem de melar o jogo para não perder.

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Neste ambiente carregado de incertezas e de mal-estar social agravado pelos efeitos da inflação alta que restaura o rentismo dos ricos e destrói o poder de compras dos pobres, vem a notícia boa: dois milhões de novos eleitores reforçam a crença no Brasil, a quarta democracia de massas do mundo. Os números revelam um crescimento na faixa de eleitores com 16 e 17 anos (voto facultativo) de 47,2%, 57,4% em relação a 2014 e 2018 respectivamente.

A hastag #RolêDasEleições, impulsionado pelo Tribunal Superior Eleitoral, mobilizou instituições, organizações nacionais e internacionais, personalidades brasileiras, estrangeiras e demonstrou a vitalidade da nossa democracia.

Em 2030, o número de idosos, no Brasil, ultrapassará o total de crianças de zero a 14 anos. A previsão é de envelhecimento acelerado. Os jovens votantes rejuvenescem a democracia e renovam esperanças de superar o recorrente dilema de votar no “menos pior”.

 
 
 
 
27
Abr22

Tudo que o bolsonarismo trouxe de desgraça para a vida da juventude

Talis Andrade
 
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Acompanhe Natália Bonavides também pelo Telegram! É só pesquisar @nataliabonavides ou acessar o link t.me/nataliabonavid para entrar no canal e ficar por dentro das ações do mandato.
Forças armadas não devem opinar sobre eleições. Normalizar pitacos de generais sobre assuntos de civis, como no julgamento de Lula, é que é um ataque à democracia. A nota da Defesa prova q há generais dedicados a ameaçar as eleições e, como provou Pazuello, a vida de nosso povo!
 
Várias entidades vêm organizando suas bases para lançar comitês de luta voltados à pauta de suas categorias e em defesa do Brasil e dos brasileiros em diversas regiões do
País.

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Levantamento realizado pela Conectar Pesquisas e Inteligência, em parceria com a organização Todos Pela Educação, aponta que 58% da população brasileira acima de 16 anos se mostra insatisfeita com a condução da educação pelo Governo Federal.

Desde o início da gestão de Jair Bolsonaro, cinco ministros já passaram pelo comando do Ministério da Educação (MEC)  e os projetos da pasta sofreram uma redução drástica no volume de recursos disponíveis. Além disso, o MEC também vem sendo alvo de denúncias de corrupção e acusado de estar sob controle de partidos do Centrão, base de apoio parlamentar do governo Bolsonaro. 

É hora de dar um basta a tudo que o bolsonarismo trouxe de desgraça para a vida da juventude. Cuida, tira o título de eleitor e vamos fazer parte da construção dessa luta em defesa dos nossos sonhos e dos nossos direitos. ✊

Regularize seu título até 4 de Maio, não deixe para à última hora. Aos Jovens com 16 anos e acima, saiba da importância de poder votar e fazer um Brasil digno, democrático de direito, seja cidadão. É rapidinho e nem precisa sair de casa, basta acessar tse.jus.br Image

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تويتر \ Anistia Internacional Brasil 🕯 على تويتر: "Quem mandou matar  Marielle e Anderson? E por quê? 📢No dia 8 de dezembro, vamos relembrar os  #1000DiasSemRespostas e cobrar das autoridades! Não queremos

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27
Mar22

Estudantes por Flaira Ferro. Primeiro voto

Talis Andrade

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Na calada da noite
Os estudantes fazem
O futuro amanhecer
Quem aprendeu a ler e escrever
Sabe bem que analfabeto
Jamais voltará a ser

Mesmo que o destino
Reserve um presidente adoecido
E sem amor
A juventude sonha sem pudor
Flor da idade, muito hormônio
Não se curva ao opressor

Pode apostar
A rebeldia do aluno é santa
Não senta na apatia da injustiça
Agita e inferniza e a rua avança
Escola não tem medo de polícia

Pode apostar
Balbúrdia de aluno é o que educa
Ensina o governante que caduca
Retroceder não é uma opção

Respeito é pra quem dá educação
Respeito é pra quem dá educação
Respeito é pra quem dá educação

 

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07
Fev22

Campanha de Lula retoma tradição dos comitês populares; campanha de Boric fez o mesmo

Talis Andrade

www.brasil247.com -

 

Para Mauro Lopes, a formação de 5 mil comitês populares decidida pelo PT pode mudar o espírito da campanha de Lula. Boric fez assim no Chile e fez a diferença. Natália Bonavides diz que as prioridades das pautas do PT no Congresso também serão debatidas nos comitês populares. "Nós temos lutado muito pra ser resistência neste momento difícil pelo qual o país passa. É chegada a hora de fazermos a travessia e abrirmos as alamedas, portas e caminhos pra derrotar este governo de fome, desemprego e mortes, e, com esperança e luta, enfim construirmos o Brasil Feliz de Novo! Simbora!", conclama a deputado do Rio Grande do Norte.

Escreve Mauro Lopes:

Uma das maiores críticas aos governos do PT de um ponto de vista da esquerda é o afastamento das bases populares do partido ao longo dos governos Lula e Dilma, com uma tendência forte à “burocratização” e profissionalização dos quadros do partido em diferentes instâncias governamentais. Além disso, houve uma crescente concentração do poder interno no partido nas mãos dos parlamentares -que tem mandato passou a ter mais voz e decisão. 

Há olhares distintos para estas críticas, mas elas estão presentes mesmo na direção do PT. O próprio diretor de comunicação da Fundação Perseu Abramo (FPA), Alberto Cantalice, da direção nacional do partido, reconhece “uma certa burocratização que enfrentamos a partir do momento que fomos governo”.

Pois o partido prepara-se para retomar a tradição das origens, da íntima conexão e inserção nos meios populares, de maneira vida e capilarizada.

É o que decidiu o  encontro virtual dos Setoriais do Partido dos Trabalhadores, em 24 de janeiro, com Lula e Gleisi e quase 3.500 militantes do PT. A principal decisão do encontro foi criar, até abril, cinco mil comitês populares em todo o país, em conjunto com movimentos sociais e outros partidos do campo progressista, como PSOL e PCdoB . O objetivo é estabelecer uma dinâmica de conversas presenciais, olho no olho, multiplicadas aos milhares e, quem sabe, aos milhões.

O mesmo movimento fez a campanha de Gabriel Boric e foi decisivo para sua vitória.  

Quem testemunhou a iniciativa foi Jeferson Miola, quando estava em Santiago como enviado especial do 247: “No início de dezembro a campanha de Gabriel Boric definiu a estratégia ‘Un millón de puerta a puertas por Boric’. Consistia numa convocatória militante e, ao mesmo tempo, um desafio arrojado de levar as propostas de Boric aos lares de 1 milhão de chilenos e chilenas.”A campanha “Un millón de puerta a puertas por Boric” foi tão bem sucedida que, ao final das eleições, a meta havia sido superada:  mais de 1,2 milhão de casas visitadas.

A experiência de comitês populares ou a ideia de “visita de casa em casa” não é nova, nem foi a campanha de Boric que a inventou. É uma estratégia centenária, que precedeu em muito as redes sociais. O PT nos primeiros tempos e movimentos sociais lançaram mão dela, inúmeras vezes. 

Mas o fato é que a campanha de Boric é o exemplo mais recente e vívido de sua efetividade. E las hermanas y hermanos chilenos têm uma longa tradição. Veja que impressionante a organização e capilaridade da campanha de Boric, bairro a bairro, rua a rua:

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Com as redes sociais, a estratégia dos comitês e visita porta a porta pode estabelecer uma teia de diálogos, sustentação e mobilização inéditas.

29
Jul20

Há poucos negros em quadros de direção

Talis Andrade

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III -'Atuação policial contra negros chegou ao limite da irracionalidade', diz reitor da faculdade Zumbi dos Palmares

Leandro Machado entrevista José Vicente

 

BBC News Brasil - Dentro da própria estrutura do Estado há poucos negros em quadros de direção, não?

Vicente - Exato. Se pegarmos a extrema-direita conservadora, que é excludente por natureza e hoje governa o país, não há negros no primeiro, no segundo nem no terceiro escalões. Não há negros nos cargos comissionados, nas subsidiárias, nas estatais.

Mas se você vier para a cidade de São Paulo, por exemplo, governada pelo PSDB de centro-esquerda, também não há negros nos primeiros escalões — e isso porque estamos em uma cidade diversa.

Não temos um governador negro no Brasil.

Mesmo na esquerda, com Lula na presidência ou Fernando Haddad em São Paulo, não teve negros também — quando muito, havia um só.

Nas estruturas partidárias também não há negros em cargos de direção. O mesmo com o Judiciário e no Ministério Público.

 

BBC News Brasil - Nas varas de justiça criminal, pelo menos em São Paulo, também é muito difícil encontrar juízes negros.

Vicente - Por outro lado, a grande maioria dos presos no Brasil é negra. É esse racismo e essa discriminação sinuosa que todo mundo nega.

 

BBC News Brasil - Hoje a população negra tem mais acesso a cursos superiores por causa de programas como as cotas e o Prouni. Mas uma das questões que se coloca é o acesso à pós-graduação e à pesquisa científica. Como o sr. enxerga hoje esse setor?

Vicente - São duas coisas: para fazer pesquisa, a pessoa precisa ter meios de sustentação, insumos financeiros. Quem tem esses recursos é de classe média para cima.

O negro, mesmo aquele que chega à universidade, continua na periferia, com todos os limites e dificuldade. Quando se forma, ele vai fazer uma pós-graduação ou vai precisar arrumar um emprego para sustentar a família? A grande maioria vai atrás de emprego.

Quem continua tem muita dificuldade de conseguir bolsas da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), por exemplo. Na estrutura da Capes não há negros. Quem acessa os recursos são aqueles que integram esse grupo, por ser branco ou de classe média.

Quando há uma política pública, como as cotas na pós-graduação, elas não são implementadas integralmente ou acabam revogadas, como fez o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub (a medida de Weintraub acabaria revogada dias depois). O governo mostrou um grau ostensivo de oposição à política pública. O que ele quis dizer foi: 'eu não quero que esse público acesse o benefício'.

 

BBC News Brasil - Como o sr. avalia as recentes expulsões de estudantes que fraudaram as cotas raciais em universidades públicas?

Vicente - É um lampejo de esperança no sentido de garantir que a lei seja cumprida. Ela é uma lei de inclusão racial para negros, precisa ser cumprida. Qualquer um que atentar contra a legislação tem de ser punido, pois cometeu um crime.

O que assistimos até agora são pessoas loiras e de olho azul entrando em cotas para pessoas negras. Até então, não havia coragem por parte das universidades de se tomar uma medida contra essas fraudes.

 

BBC News Brasil - A lei sobre o ensino obrigatório da história e cultura afro-brasileira nas escolas, de 2003, está sendo cumprida?

Vicente - Ela não é cumprida nem sob a ordem do Exército, da Marinha e da Aeronáutica… (risos).

Mais de 15 anos depois da aprovação, 80% das escolas públicas e privadas não cumprem a lei. E não acontece nada com o gestor da escola, com o secretário de Educação, com prefeito nem com o governador.

Não há qualquer fiscalização ou cobrança por parte dos órgãos de controle, como Ministério Público Federal, Defensoria, Assembleias ou Câmaras Legislativas.

Você até consegue construir um marco legal com muito esforço político, mas o próprio Estado não cumpre.

 

BBC News Brasil - Como a opinião do o sr. sobre o governo Bolsonaro nas questões raciais, enfrentamento ao racismo e políticas públicas para a população negra?

Vicente - O governo Bolsonaro não tem qualquer ação nessa área. Pelo contrário, o pouco que existe tem sido destruído ou desfigurado, seja por medidas administrativas, como decretos, seja com cortes no orçamento.

A própria Fundação Cultural Palmares, que é um organismo que implementa e reconhece os territórios quilombolas, neste ano terá o menor orçamento dos últimos anos. Hoje, os quilombolas e os indígenas estão morrendo por covid-19. O que o governo fez? Cortou o envio de água potável e equipamentos de higiene para essa população.

Eu digo que a senha do comportamento do governo nessa área já estava clara antes da eleição, quando Bolsonaro afirmou que os quilombolas pesavam 'sete arrobas' e que 'não serviam nem para reprodução'. Já o vice-presidente, Hamilton Mourão, afirmou (durante a campanha eleitoral de 2018) que um dos grandes problemas do país era a 'indolência dos índios' e a 'malandragem dos negros'.

Ou seja, eles vieram a público para transgredir e violar a respeitabilidade do cidadão brasileiro negro. É uma violência e uma agressividade.

 

BBC News Brasil - Como o sr. vê a presença do presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo?

Vicente - Ele é o que se chama de boi de piranha. Não tem muito o que comentar.

A bem da verdade, todos os governos agem dessa forma. Por exemplo, eles criam um 'conselho do negro' e colocam um negro nesse órgão. Aí, toda vez que alguém leva uma reivindicação, o governo responde: 'olha, temos aqui um espaço só para o negro, temos até um negro na direção'.

Mas, quando você pega o orçamento desse órgão, dá para pagar só o cafezinho.

Pelo menos, nesse sentido Bolsonaro é franco e honesto. Ele diz: 'não gosto de vocês mesmo, não tenho nada a ver com isso, é tudo vitimização, mimimi, todos são iguais e que vença o melhor'

 

 BBC News Brasil - Como surgiu a Universidade Zumbi dos Palmares?

Vicente - Vivíamos o período posterior à Constituição de 1988, que criou o crime racial. Os princípios das nossa nação passaram a repudiar o racismo, dizendo que a igualdade racial era o objetivo. Pensamos: 'agora vai'. Mas essa igualdade nunca chegou.

Naquela época, os negros eram 3% dos alunos no ensino superior. A USP tinha quatro professores negros. A polícia e esquadrões da morte faziam um estrago na juventude negra.

Nós éramos estudantes universitários negros, todos oriundos da Escola de Sociologia e Política de São Paulo. Nossos professores diziam que o jovem precisa ter ambição para intervir na sociedade e mudar seu entorno.

Nos deixamos tomar por essas cantilenas. No TCC, nosso grupo conheceu as universidade negras americanas. Fui aos Estados Unidos, a convite da embaixada, para conhecer algumas delas. Fui à Universidade de Howard, em Washington.

Na hora que vi a universidade, e conheci as personalidades que passaram por ela, fiquei embasbacado. Pensei: 'vamos criar uma coisa assim no Brasil'.

Claro que sempre vem aquela pergunta: 'e quanto você tem no bolso para fazer isso?' Eu tinha um vale-transporte... (risos)

No final do curso, uma meia-dúzia topou construir o projeto, em 1998. A universidade surgiu de uma forma romântica, artesanal… Era uma ideia na cabeça, uma sola de sapato meio gasta e muita lábia para construir uma universidade negra no Brasil. Imagina você que maluquice… Abrimos as portas em 2004 e eis que estamos aqui até hoje.

Nossa experiência mostra que é fácil resolver a questão do negro no Brasil. Se com um vale-transporte nós construímos uma universidade, imagina se a sociedade e os governos colocassem a questão racial como uma prioridade.

Ao mesmo tempo, nós somos a única universidade negra na América do Sul, quando deveria existir pelo menos uma em cada capital.

Acho que a Universidade Zumbi dos Palmares mostra que existem meios de resolver esses problemas, pois definimos a força e resiliência dos negros brasileiros de construir pontes e caminhos alternativos.

Os meninos do curso de Direito aqui da Zumbi passam na prova da OAB como os da USP. Ou seja, se você colocar condições mais ou menos equilibradas, todos têm talentos e habilidades para se transformar em grandes pessoas e grandes profissionais. Nosso país abre mão disso, joga as pessoas na lata de lixo. Todos perdem quando o racismo cria essas barreiras.

 

BBC News Brasil - O sr. é esperançoso de que esse cenário possa mudar?

Vicente - Acredito nessa juventude de hoje. E passei a acreditar mais nela, pois as ferramentas tecnológicas possibilitam algo que eu não tinha na minha época: a capacidade de construir redes, de poder falar. Um dos limites para nós era não ter um canal de fala, não ter interlocução.

Esses caras de agora estão dizendo na lata, eles têm canal no Youtube, têm Instagram. Hoje, há uma juventude negra muito qualificada. E ela está falando, publicizando e construindo redes.

Mesmo a sociedade racista e elitizada não vai conseguir ludibriá-los, como ocorria muitas vezes com minha geração. Antes, a elite falava em meritocracia ou manutenção do status quo. Dizia: 'a situação vai melhorar quando o bolo crescer, daí a gente pode dividi-lo com vocês'. Muita gente acreditava nesse discurso.

Mas com essa juventude de hoje esse papo não cola mais.

 

04
Dez19

A polícia de Doria acabou a festa na favela com balas de borracha, bombas de gás e cassetetes de ferro

Talis Andrade

A violência policial massacrou nove jovens

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Na madrugada de domingo (1), nove jovens morreram pisoteados em Paraisópolis, favela na zona sul de São Paulo. As vítimas tinham de 14 a 23 anos e estavam em um evento de funk que acontece todo fim de semana no local. A festa foi atacada brutalmente por policiais militares, que encurralaram os moradores da área e abusaram da violência, com ataques de cassetete, balas de borracha e bombas de gás. Apesar da tragédia, o governador do estado de São Paulo, João Doria, afirmou que o trabalho das forças de segurança foi correto.

Por isso, a Bancada do PT na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) cobra respostas e providências do governo estadual sobre as investigações da tragédia. Em reunião na Alesp nesta terça-feira (3), os parlamentares petistas expressaram a revolta com o excesso de força dos policiais que agiram com truculência. Vídeos do massacre mostram agentes atacando moradores indefesos.



@J_LIVRES
Massacre em #paraisopolis. Os PMs encurralaram os jovens, nas vielas, espancaram, atiraram bombas. Foram às últimas consequências. Mataram os meninos que estavam dançando no baile funk.

Estava marcada para a manhã desta terça, uma reunião dos parlamentares do PT com o procurador-geral de Justiça de SP, Gianpaolo Smanio. Os deputados tinham a intenção de cobrar uma investigação profunda do massacre, deixando de lado as “versões malucas” dadas pelos policiais e com foco nos depoimentos dos moradores que foram encurralados.

O deputado Enio Tatto afirmou que a bancada já apresentou um requerimento para convocar o secretário de segurança pública do estado de São Paulo, responsável por dar explicações sobre a tragédia. Tatto declarou que “não se pode naturalizar essas mortes”. Os petistas reiteraram que vão tomar posição e vão fazer o enfrentamento aos órgãos públicos.

 

 

03
Dez19

Em Paraisópolis foi genocídio. Bolsonaro, Moro e Doria são responsáveis

Talis Andrade

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por Raimundo Bonfim

A ação criminosa da Polícia Militar no baile funk na madrugada de domingo na favela Paraisópolis, na Zona Sul de São Paulo, que resultou no assassinato de 9 jovens e em 7 feridos, é resultado da política de estímulo à violência policial. Lembremos que o ministro Sérgio Moro, com o projeto de excludente de ilicitude, quer dar às polícias licença para matar. Se o projeto já tivesse aprovado, os policiais envolvidos na ação em Paraisópolis poderiam alegar que se encontravam com medo, foram pegos de supresa ou que estavam sob violenta emoção, e assim se livrarem de qualquer punição. 

Assim como Moro, o presidente Bolsonaro quer armar a população, como se isso fosse a solução para combater a violência. Só faltam argumentarem que se as 5 mil pessoas presentes no baile funk tivessem armadas teriam evitado a tragédia. 

O governador do estado de São Paulo, João Doria, já disse que é para atirar e matar, e que primeiro atira, depois pergunta quem é. Ou seja, a matança desses jovens indefesos é mais um ato de uma deliberada política de extermínio da população pobre, jovem, negra e periférica, infelizmente com respaldo de uma boa parcela da classe média branca e das classes dominantes. 

As cenas da ação dos agentes de Estado gravadas e divulgadas pelos moradores provam os requintes de crueldade contra pessoas sem oferecer nenhum perigo ou resistência. Apenas exercitavam o direito à cultura e ao lazer. Foram vitimas de uma emboscada. Policiais dispararam gás lacrimogêneo, balas de borracha, além de garrafas de vidros, coronhadas, tapas, socos e pontapés. Há muitas denúncias de tortura. O que ocorreu não foi confronto. Foi genocídio mesmo. 

O governador do estado de São Paulo João Doria deve ser responsabilizado pela morte de Paulo Oliveira dos Santos (16 anos), Bruno Gabriel dos Santos (22 anos), Eduardo Silva (21 anos), Denys Henrique Quirino da Silva (16 anos), Mateus dos Santos Costa (23 anos), Gustavo Cruz Xavier (14 anos), Gabriel Rogério de Moraes ( 20 anos), Dennys Guilherme dos Santos Franco (16 anos) e Laura Victória de Oliveira (18 anos). 

Já passou da hora de enfrentarmos essa política de extermínio contra o povo pobre e a juventude. Ações de repressão e assassinatos de jovens em favelas e periferias têm sido constantes no estado de São Paulo. Estamos diante do desmonte do Estado voltado para o bem-estar social. Em contrapartida, cresce as ações de repressão e matança em massa, como está promovendo o governo Bolsonaro e seus aliados. 

O caminho passa, principalmente para a juventude, por políticas de cultura, lazer, educação, emprego e inclusão social. Não se pode ignorar que o funk é expressão da arte de milhares de jovens nas favelas e periferias - local onde o Estado só chega para matar, como fez na favela Paraisópolis. 

Estima-se que mais de 2 milhões de pessoas sobrevivam em favelas na região metropolitana de São Paulo. Se o Estado não dota esses territórios de serviço públicos, como edução, saúde, saneamento, cultura e lazer, que ao menos deixe essa população se divertir em paz. Sem violência. Basta de genocídio! É preciso reagir e denunciar. Não à barbárie!

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03
Dez19

A tragédia de jovens empurrados pela PM até matarem-se uns aos outros

Talis Andrade

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por Paulo Moreira Leite 

Os vídeos sobre o massacre de jovens em Paraisópolis devem ser vistos como aqueles  imponentes murais que costumam ser exibidos  nos melhores museus do planeta.

Empurrados para a morte por pisoteamento a golpes de cassete, bombas e gás, os gritos e movimentos de sofrimneto sem fim daquela massa humana dizem tudo o que é preciso saber sobre as tragédias do Brasil de nosso tempo.

Forçados a matar-se uns aos outros por esmagamento, única forma de tentar escapar da própria morte, jovens pobres do país são conduzidos a um salve-se quem puder aonde nem todos perecem -- mas a rigor ninguém se salva. Nem os que tiveram a sorte de permanecer vivos.

Agora que ficou demonstrado que a principal herança do espetáculo da Lava Jato foi um país sem empregos, a economia destruída e  um Judiciário partidarizado, cabe reconhecer que neste fim de semana a periferia da maior cidade brasileira caminhou numa treva sem registro nos livros de história.

Atravessamos a fronteira na qual a morte violenta de inocentes torna-se a grande moeda de troca da luta política. Pois era isso -- cadáveres -- que a PM sabia que iria encontrar quando foi para cima da juventude em Paraisópolis, encurralando centenas, quem sabe milhares, contra o muro e o asfalto de becos sem saída.

Em nova erosão do  Estado Democrático de Direito, os cadáveres empilhados de nove garotos -- 14 a 23 anos -- valem como troféus num morticínio em praça pública, sem julgamento e sem piedade, a certeza de impunidade absoluta.

Houve uma época em que o Estado brasileiro  retirava garotos que residiam em abrigos de menores para executá-los na madrugada.

Agora, mata-se jovens que tentam ser jovens -- o que inclui se divertir, namorar, embrigar-se e cometer transgressões.

Num torneio de morticínios, João Doria e Wilson Witzel, governadores dos mais influentes estados brasileiros, procuram abrir seu caminho no país de Jair Bolsonaro, de quem disputam a herança.

Não há a menor preocupação com a necessidade de cultura dos jovens pobres e pretos.

Nem uma promessa -- fugidia que fosse -- de esperança de um destino melhor. Vivem largados, entre a pressão do tráfico e a falta de oportunidades reais na vida. Fora isso, nada. Apenas a morte.

Alguma dúvida?

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