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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

14
Nov23

Em 2022, lucro dos cinco maiores bancos do país soma R$ 106,7 bilhões

Talis Andrade

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Veja vídeo:

O ano de 2022 foi marcado pela manutenção, por parte do Banco Central, de uma elevada taxa básica de juros (a Taxa Selic) e, com isso, pelo crescimento do endividamento das famílias e a elevação da inadimplência do segmento Pessoa Física (PF).

Este cenário já havia levado os bancos a elevarem seus provisionamentos para risco de crédito (as provisões para devedores duvidosos – PDD), mas, em janeiro de 2023, antes da divulgação dos balanços anuais dos bancos, a Americanas S.A. divulgou ao mercado um “Fato Relevante”, para informar a detecção de inconsistências contábeis em suas demonstrações financeiras de exercícios anteriores. Essas inconsistências, estimadas inicialmente em cerca de R$ 20 bilhões, levaram a empresa a entrar, posteriormente, com pedido de recuperação judicial, por dívidas em montante de mais de R$ 40 bilhões.

O fato impactou ainda mais significativamente os resultados dos cinco maiores bancos do país (Bradesco, Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Caixa Econômica e Santander), que precisaram constituir significativos provisionamentos extraordinários, para fazer frente ao provável prejuízo. Ainda assim, os lucros dos cinco bancos, somados, atingiram o expressivo montante de R$ 106,7 bilhões, com alta média de 2,5% em doze meses.

Esses são alguns dos destaques desta 18ª edição do estudo Desempenho dos Bancos, produzido pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) - Rede Bancários.

 

Os gigantes do Sistema Financeiro Nacional (SFN)

 

Em 31 de dezembro de 2022, o total de ativos das cinco maiores instituições bancárias do país atingiu R$ 8,9 trilhões, alta média de 9,2% em relação a dezembro de 2021. Grande parcela dos ativos desses bancos corresponde às suas operações/carteiras de crédito, cujos montantes, somados, totalizaram R$ 4,6 trilhões ao final de 2022, com crescimento de 12,2% no período. O patrimônio líquido (PL), que representa o capital próprio dos cinco bancos, atingiu R$ 694,3 bilhões, alta de 8,5% em doze meses, como pode ser observado na Tabela 1.

O Itaú Unibanco segue sendo o maior banco do país em ativos, os quais atingiram um montante aproximado de R$ 2,5 trilhões ao final de 2022, com alta de 14,0% em doze meses (a maior alta observada no período entre os cinco bancos).

A instituição com o segundo maior ativo é o Banco do Brasil, totalizando pouco mais de R$ 2,0 trilhões, com alta de 5,0%, seguido do Bradesco, que obteve crescimento de 7,6% em seus ativos, chegando a, aproximadamente, R$ 1,8 trilhão ao final do ano. Os ativos da Caixa Econômica superaram R$ 1,5 trilhão, com alta de 9,4% no período. O banco Santander, por sua vez, apresentou alta de 8,8% em seus ativos, totalizando pouco mais de R$ 1,0 trilhão.

Itaú Unibanco e Banco do Brasil apresentaram alta nos seus lucros em relação a 2021. O Lucro Líquido do Banco do Brasil cresceu expressivos 51,3%, chegando a R$ 31,8 bilhões (o maior resultado entre os cinco bancos), em 2022. Cabe ressaltar que a instituição apontou em seu relatório que não provisionou toda a carteira do cliente em questão (Americanas S.A.) e que iria acompanhar o caso para decidir se provisionaria ou não o restante nos próximos períodos.

O Itaú Unibanco apresentou o segundo melhor resultado do ano, com um Lucro Líquido de, aproximadamente, R$ 30,8 bilhões, alta de 14,5% em doze meses.

Os demais apresentaram queda em seus resultados no período. Bradesco, com Lucro Líquido de R$ 20,7 bilhões, teve queda de 5,5% em relação a 2021. Santander obteve resultado líquido de R$ 12,9 bilhões e queda de 21,1% em doze meses. A Caixa, por sua vez, lucrou R$ 9,8 bilhões, com redução de 43,4%. Esse resultado teria sido ainda pior, não fosse o fato de a instituição ter feito uso de créditos tributários, o que fez com que o saldo da conta de impostos e contribuições subisse mais de 720%, totalizando quase R$ 1,8 bilhão, amenizando, em parte, os efeitos negativos da PDD elevada.

Rombo da Americanas R$ 50 bilhões aponta relatório

O rombo nas contas da rede varejista Americanas é de pelo menos R$ 45 bilhões, segundo apontou, nesta terça-feira (13), um relatório produzido por assessores jurídicos, baseado em documentos de um comitê de investigação independente. O montante é mais que o dobro do valor estimado inicialmente, em fevereiro deste ano, de R$ 20 bilhões.

O documento também indica que as demonstrações financeiras da empresa vinham sendo adulteradas pela diretoria anterior. É a primeira vez que a informação é admitida pela companhia.

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Americanas concluiu suas investigações nesta terça-feira (26) sem indiciar os possíveis culpados pela fraude de R$ 20 bilhões na varejista. Parte do colegiado apontou “blindagem” ao trio de controladores da empresa (Carlos Alberto da Veiga Sicupira, Jorge Paulo Lemann e Marcel Hermann Telles). O relatório final foi aprovado por 18 votos contra 8 contrários.

Apesar de reconhecer a possível participação da cúpula da empresa, o relator, deputado Carlos Chiodini (MDB-SC), disse não haver provas suficientes para indiciar os responsáveis pelas irregularidades no balanço contábil que mascararam o rombo bilionário.

“Não tem comprovação e não deu tempo para sermos inquisidores, fazer papel de polícia, juiz e promotor”, disse. “Não tenho a coragem de acusar pessoas antes das investigações, a cada dia saem novos fatos”, reiterou o parlamentar.

Para o deputado Mendonça Filho (União-PE), a opção do relator foi no sentido de preservar a empresa, manter empregos e deixar que a Justiça conclua as investigações. Em sua opinião, “não há nada que implique diretamente os acionistas de referência”.

Na mesma linha, o deputado Alberto Mourão (MDB-SP) acredita que o colegiado ficou “sem instrumentos para aprofundar as investigações”, inviabilizando o indiciamento de suspeitos pela fraude.

“A gente poderia avançar em um relatório onde colocassem indicações ao Ministério Público para que pudessem aprofundar as investigações”, disse. Mourão observou que executivos estratégicos do conselho administrativo e fiscal não foram ouvidos pelo colegiado.

 

Blindagem
Por outro lado, a deputada Fernanda Melchionna (Psol-RS) lamentou o desfecho dos trabalhos da CPI que, segundo ela, foi uma “tentativa de blindar” grandes acionistas e bancos implicados na fraude. “É muita subserviência aos interesses do capital que lesa em bilhões de reais a empresa, quem paga são os trabalhadores, os pequenos acionistas e o povo brasileiro”, criticou.

“O mercado de capitais sofreu a maior corrupção de sua história promovida por aqueles que não só deveriam estar indiciados no relatório, deveriam estar presos”, concluiu a parlamentar.

Melchionna havia apresentado voto em separado ao texto inicial de Chiodini, divulgado na última reunião, para responsabilizar os três principais acionistas da Americanas, os quais não foram ouvidos pela comissão.

Mesmo após ter acesso à carta de Miguel Gutierrez, ex-CEO da empresa, que apontava envolvimento do trio de acionistas na fraude, Chiodini optou por não ouvi-los antes de encerrar as investigações da CPI.

 

Relatório da Blindagem

O deputado João Carlos Bacelar (PL-BA) chamou o texto de “relatório da blindagem”. “Estamos acabando hoje lamentavelmente essa CPI com a blindagem que tirou a condição dos membros da comissão de ouvir essa turma que assaltou o Brasil”, disse.

 

Projetos de lei

Em seu parecer, Chiodini sugere quatro projetos de lei para combater crimes na gestão de empresas e aprimorar a fiscalização do mercado de capitais. Em uma das propostas, é criado o crime de infidelidade patrimonial com pena de reclusão de um a cinco anos, além de multa, para quem causar dano ao patrimônio de terceiros sob sua responsabilidade.

 

Lojas Americanas criminosos impunes deitados em berços esplêndidos

Dona das marcas Lojas Americanas, Americanas.com, Submarino, Shoptime, o grupo que hoje representa a Americanas tem como principais acionistas os brasileiros Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles. O trio é dono da gestora 3G, que detém 31% das ações da Americanas e é sócio de outros negócios, como a fabricante de bebidas Ambev e a gigante de alimentos Kraft Heinz.

21
Set23

Corte de juros não pode ser feito a conta-gotas, critica Gleisi após anúncio do Copom

Talis Andrade

 

Roberto Campos favorável aos altos juros para o povo e empresas offshore livres de impostos

 

Com empresas offshore nos paraísos fiscais, Roberto Campos Neto é contra impostos para os ricos, e favorável aos mais altos juros do planeta para os pobres do Brasil. 

A presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), cobrou nesta quarta-feira (20), pelo Twitter, mais redução da Selic, a taxa básica de juros, após o Comitê de Política Monetária (Copom), ligado ao Banco Central (BC), diminuir o índice em 0,5 ponto percentual

"O processo de redução da maior taxa de juros do planeta começou tarde e não pode ser feito a conta-gotas, como indica o comunicado do Copom desta quarta-feira. O Brasil perdeu tempo demais com uma política monetária errada, imposta por um governo irresponsável e um BC sem compromisso com o País. O País tem pressa e precisa voltar urgentemente  à normalidade", afirmou a parlamentar.

Este ano, aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vêm pressionando o presidente do BC, Roberto Campos Neto, a baixar a taxa de juros, para facilitar o acesso da população ao crédito, aumentar o poder de consumo e ajudar no crescimento da economia.  

Hora do Senado cobrar do bolsonarista Roberto Campos um Banco Central alinhado com uma política econômica voltada para o povo em geral, e para o bem do Brasil, que deixou de ser pária, e parte do Terceiro Mundo, presidido por um corrupto que recebia joias como agrado, um país 'a venda. 

O Roberto Campos de Bolsonaro, que compra toneladas de ouro no Brasil do tráfico de ouro e de pedras preciosas, não pode ser o mesmo presidente do Banco Central de um Brasil do Primeiro Mundo, o Brasil de Lula. 

26
Ago23

Comitês populares denunciam taxa de juros absurda e mobilizam protesto nacional

Talis Andrade

 

Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

 

Comitês populares, sindicatos, movimentos sociais e partidos de esquerda estão unindo forças para combater as persistentes altas taxas de juros no país. Desta sexta-feira (25) a domingo (27), uma série de atividades está programada em todo o território nacional, visando não apenas discutir as taxas de juros, mas também pedir o afastamento do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, pau-mandado de Jair Bolsonaro para sabotar o governo de Lula

O Movimento Conjunto dos Comitês Populares, um dos principais motores dessa mobilização, tem como objetivo engajar a população em debates sobre as altas taxas de juros herdadas da gestão anterior. Mesmo após uma modesta redução de 0,5% na última reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central, o Brasil ainda ostenta a mais alta taxa de juros globalmente.

De acordo com Mariana Janeiro, secretária nacional de mobilização do Partido dos Trabalhadores (PT), a diminuição recente na taxa de juros não foi suficiente para estimular a economia. Ela enfatiza que essa herança de altas taxas de juros é resultado da administração anterior e precisa ser revertida pelo Banco Central. Mariana argumenta que, após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições, é crucial unificar esforços para dar suporte ao presidente em questões centrais para a reconstrução do país.

A Central Única dos Trabalhadores (CUT) também está desempenhando um papel importante nesse movimento. Durante os congressos estaduais realizados em nove estados, trabalhadores têm denunciado o impacto negativo das taxas de juros em suas vidas. Janeslei Albuquerque, secretária Nacional de Mobilização e Relações com os Movimentos Sociais da CUT, destaca que esses congressos estão servindo como um fórum vital para ampliar a discussão e ações contra a abordagem do presidente do Banco Central.

Até o momento, 14 estados já anunciaram sua participação nas ações conjuntas, que estão abertas a todos os interessados. Informações detalhadas podem ser encontradas nas redes sociais dos comitês populares, como o @comitepopularoficial no Instagram e o @comitelula no Twitter. A mobilização em massa evidencia a determinação desses grupos em lutar por mudanças significativas na política monetária e na economia do país.

23
Jul23

Os mais altos juros do planeta, de 13,75%, derruba crédito ao consumidor e de micro e pequenas indústrias

Talis Andrade

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Política de Campos Neto, indicado de Bolsonaro ao Banco Central, asfixia economia ao frear consumo e produção e elevar recuperação judicial de empresas

Mais duas consequências da nefasta política de juros altos do Banco Central, presidido pelo bolsonarista Roberto Campos Neto.

A restrição de crédito tanto para consumidores quanto de micro e pequenas indústrias, um dos setores que mais geram emprego no Brasil.

Pesquisa da Serasa Experian aponta que o Brasil sofreu a maior queda histórica de pedidos de consumidores por crédito desde 2008, quando a empresa passou a acompanhar esse indicador. Apenas no primeiro semestre deste ano, esse índice caiu -12,5%.

O recuo ocorreu em todas as faixas de renda dos brasileiros, mas os mais pobres foram os mais atingidos. Para quem ganha até R$ 500, a redução foi de -14,4%. De R$ 500 a R$ 1 mil, -13,8%; de R$ 1 mil a R$ 2 mil, -11,5%; de R$ 2 mil a R$ 5 mil, -10,6%; de R$ 5 mil a R$ 10 mil, -10% e acima de R$ 10 mil, -9,5%.

O levantamento da empresa que atua em monitoramento e negociação de dívidas foi realizado por estados. Nesse caso, o com maior redução foi o Amapá, com -25% e o menor Santa Catarina (-5,80%). Veja a tabela completa abaixo.

Nem durante a pandemia a retração do crédito foi tão drástica. E o motivo é simples, na ocasião, a taxa básica de juros era quase sete vezes menor que a praticada pelo Banco Central de Campo Neto neste ano (13,75%). Em dezembro de 2020, a Selic estava em 2% ao ano.

A esse cenário desestimulador soma-se a recusa de crédito para 46% das micro e pequenas indústrias, consequência da Selic de 13,75% ao ano, segundo dados do Sindicato das Micro e Pequenas Indústrias de São Paulo (Simpi).

A pesquisa Simpi/Datafolha mostra que, entre os bimestres de fevereiro/março e abril/maio, cresceu de 11% para 17% o número de consultas na tentativa de obtenção de crédito, porém, efetivamente, cerca de 46% das empresas tiveram seus pedidos de crédito rejeitados. Para 39% dos entrevistados, o principal problema para concessão de recurso é o alto patamar da Selic.

Os juros altos sufocam as empresas em duas pontas: ao ser consequência de aumento de pedido de recuperação judicial e em negativas de instituições financeiras a pedidos de crédito do setor. A isso se soma restrição também de crédito a consumidores e a elevação de inadimplência.

Segundo o presidente do Simpi, Joseph Couri, a raiz do problema é alta taxa de juros; mantida por Campo Netos à revelia do cenário econômico que há meses indica queda da inflação sem a consequente redução da Selic.

“O mote principal deste cenário difícil é, indiscutivelmente, a taxa de juros. Porque quando se toma o empréstimo do dinheiro, não é 13,75%. Isso é só o valor referencial da Selic. Na prática, qualquer financiamento está começando em 20%, 30%. Se cair num cartão de crédito é mais de 400%”, diz Couri.

Confira a demanda de crédito para consumidor por estado

Amapá: -25%

Rio de Janeiro: -22,5%

Alagoas: -21,5%

Rio Grande do Norte: -17,6%

Piauí: -16,8%

Bahia: -16,4%

Ceará: -15,9%

Pernambuco: -15,6%

Roraima: – 15,5%

Pará: -15,2%

Paraíba: – 14,9%

Distrito Federal: -14,8%

Goiás: -14,5%

Sergipe: -14,2%

Mato Grosso do Sul: -14,1%

Maranhão: -13,3%

Minas Gerais: -12,4%

Amazonas: -10,7%

Espírito Santo: -10%

Rondônia: -9,8%

Paraná: -9,7%

Tocantins: -9,3%

São Paulo: -8,4%

Rio Grande do Sul: -6%

Santa Catarina: -5,8%

* Fonte: Serasa Experian

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22
Jul23

Banco Central é o último refúgio bolsonarista no governo, diz Lindbergh Farias

Talis Andrade

Deputado federal fez duras críticas ao presidente do BC, Roberto Campos Neto, após a tentativa de censura a seus diretores

 

O deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) concedeu uma entrevista à TV 247, na qual fez duras críticas ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em meio a uma série de escândalos envolvendo o chefe da autoridade monetária. Segundo ele, graças a Campos Neto, o BC é o "último refúgio bolsonarista" dentro do governo do presidente Lula, trabalhando para sabotar a economia brasileira e prejudicar a popularidade da nova administração. 

O BC é responsável por definir a taxa básica de juros, atualmente em 13,75%. O presidente Lula repetidamente pressionou Campos Neto a reduzir a taxa, que é considerada a maior do mundo em termos reais. Isso porque os indicadores econômicos já apontam para um cenário deflacionário e a economia esfriou após os primeiros meses de governo, conforme a última prévia do Produto Interno Bruto (PIB)

Lindbergh é presidente da Frente Parlamentar Contra os Juros Abusivos. Em junho, ele protocolou denúncia no Conselho Monetário Nacional (CMN) Campos Neto por descumprimento dos objetivos da instituição. O parlamentar pede que o órgão avalie a possibilidade de pedir ao Senado Federal a exoneração do presidente do BC. 

O deputado destacou que a política de aperto monetário conduzida por Campos Neto persiste há meses mesmo diante dos sinais positivos da economia. Para Lindbergh, essa postura pode travar a trajetória de crescimento e impedir a geração de empregos, prejudicando os esforços de retomada econômica. 

"A autonomia do BC é como se fosse o último refúgio bolsonarista no governo. Campos Neto trabalha para prejudicar a economia, fazer com que a economia fique travada, a gente não consiga gerar tantos empregos e o Lula perca popularidade. Temos um Congresso conservador, mas essa é a grande batalha nossa nesse período, fazer a pressão contra Campos Neto", afirmou o deputado.

Leonardo Attuch, José Reinaldo Carvalho, Dafne Ashton, Florestan Fernandes Júnior, Marcelo Auler, Paulo Moreira Leite, Alex Solnik e Tereza Cruvinel debatem o entreguismo de Roberto Campos, o neto, com Breno Altman, Marcia Carmo, Joaquim de Carvalho, Brian Mier, Mario Vitor Santos, Eduardo Guimarães, Pedro Paiva, André Constantine, Luís Costa Pinto, Deyvid Bacelar, Nathália Urban, Hildegard Angel, Rodrigo Vianna.

Roberto Campos Neto segue os passos do avö quinta-coluna 
 
18
Jul23

Dominância financeira e deformação do trabalho

Talis Andrade
Mihai Cauli

 

O trabalho produtivo expressando emprego assalariado protegido se encontra integrado ao processo de acumulação de capital quando a dinâmica da produção de mercadoria cria as condições de sua conversão em lucro. Video: Banco Central de Bolsonaro: o sabotador da economia brasileira

 

por Márcio Pochmann

Nem sempre as discussões em torno da definição da taxa básica de juros (Selic) e da condução da política monetária consideram os seus efeitos de curto e longo prazo em todas as atividades econômicas, bem como as consequências para o mundo do trabalho. Assim como juros elevados asfixiam o consumo e o investimento produtivo, potencializando ganhos financeiros especulativos e alimentando o rentismo improdutivo, a quantidade e qualidade das ocupações da mão de obra são negativamente atingidas.

Isso porque o trabalho mantém uma relação direta e de intensa tensão com o processo de acumulação de capital, tal qual o binômio Casa-Grande & Senzala, formulado por Gilberto Freyre – algo inseparável, ainda que em oposição, e mesmo que diferente e assimétrico, mantém-se interligado implícita e profundamente um ao outro.

No caso do capital e o trabalho, a relação é inconteste. Se, de um lado, o uso quantitativo do trabalho se encontra associado ao dinamismo econômico, de outro, o grau de sua exploração pelo capital gera profundo e contínuo questionamento por quem trabalha.

Na formulação geral da transformação do dinheiro em capital apresentada por K. Marx (O capital: crítica da economia política), por exemplo, o trabalho encontra a sua forma ou deformação estabelecida. Pela concepção marxista, a conversão do dinheiro em mercadoria e a sua reconversão pelo comércio da mercadoria em mais dinheiro (D-M-D’) constitui o movimento no tempo pelo qual o dinheiro se torna capital.

É para isso que a metamorfose do dinheiro em mercadoria conduzida pelo emprego da forma trabalho assalariado gera valor que se converte em lucro tensionado pela necessidade do pagamento de salário e de outros custos de produção. Do contrário, prevaleceria a simples circulação de mercadorias, expresso pela mera troca de dinheiro por dinheiro (D-D), sem que a valorização do trabalho se traduzisse em capital.

Mas há outra via pela qual o dinheiro se converte em mais dinheiro (D-D’), definida pela condição do capital fictício que se valoriza abreviado pela ausência da intermediação própria da produção de mercadorias. Diferentemente da gênese do dinheiro a partir da mercadoria como um produto do labor humano (relação entre capital e trabalho), o capital portador de juros permite que o empréstimo de uma soma de dinheiro se reverta em valorização de si mesmo, sem a necessidade de passar pelo processo que inter-relaciona extremos da associação do trabalho com o capital.

Neste cenário econômico, as possibilidades do trabalho ter a forma do emprego assalariado protegido por direitos sociais e trabalhistas, por exemplo, são decrescentes. O que tende a ganhar maior dimensão é a deformação do trabalho, pois distante do assalariamento e das condições de acesso aos direitos sociais e trabalhistas prevalece a precarização de uma população crescentemente sobrante aos requisitos capitalistas.

O trabalho produtivo expressando emprego assalariado protegido se encontra integrado ao processo de acumulação de capital quando a dinâmica da produção de mercadoria cria as condições de sua conversão em lucro. Na situação inversa, quando o processo de acumulação de capital ocorre liderado pela dominância do capital fictício, tende a prevalecer o trabalho improdutivo deformado, posto que se impõe o seu alijamento da dinâmica expansionista da financeirização da riqueza.

Para a realidade brasileira de longo prazo, percebe-se como durante o ciclo da industrialização nacional ocorrido entre as décadas de 1930 e 1980, a dominância do capital produtivo foi acompanhada pela elevação do nível do emprego assalariado protegido. Se, na década de 1940, apenas um a cada dez ocupados tinha trabalho assalariado protegido, nos anos 1980 esta forma aproximou-se de dois terços do total da ocupação nacional.

Desde os anos 1990, contudo, o ingresso passivo e subordinado na globalização tornou o capital financeiro dominante no processo de acumulação capitalista no país. A estagnação da renda por habitante indicou os constrangimentos pelos quais a forma trabalho assentada no emprego assalariado protegido passou a conviver.

No seu lugar emergiu o trabalho sem forma, ou melhor, a deformação do trabalho expressa pela variedade de atividades improdutivas aos requisitos capitalistas de produção. Sob a liderança do capital financeiro, os obstáculos à produção se impuseram, com a estagnação do assalariamento protegido em meio à deformação do trabalho pelo desemprego e à difusão de ocupações indeterminadas e gerais rebaixadas por atividades de contida produtividade e rendimento.

07
Jul23

Banco Central trava crescimento da economia brasileira

Juros elevados dificultam o crescimento da economia ao encarecer o crédito

Talis Andrade

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por Luis Antônio Paulino

A decisão do Banco Central de manter a taxa Selic em 13,75% na reunião do Copom realizada no mês de junho frustrou governo e empresários, que esperavam, diante da queda na inflação e da fraqueza da economia, que os juros também começassem a cair, dando, assim, algum fôlego para a economia real, estrangulada pelos juros altos.

Juros elevados dificultam o crescimento da economia ao encarecer o crédito e, portanto, o consumo, ao inibir o investimento, desviando recursos que poderiam estar sendo aplicados em investimentos produtivos para o mercado financeiro, ao criar dificuldades para as empresas, elevando o custo de seus empréstimos para financiar seu capital de giro. Também é ruim para o governo, pois aumenta o custo de rolagem da dívida pública e diminui a arrecadação de impostos.

A inflação está em queda – o IPCA de maio foi 0,23%, bem abaixo dos 0,45% esperados pelo mercado – e é provável que se verifique uma inflação negativa neste mês de junho. Os preços das commodities, notadamente os dos combustíveis, estão em queda. O desemprego continua elevado e a renda dos trabalhadores estagnada. O consumo privado desacelera e tem o desempenho mais fraco desde o início da pandemia. Os preços no mercado atacadista já despencaram. A cotação do dólar no câmbio interno caiu quase 10% neste ano. São fatores que tiram força da inflação. Não há, portanto, nenhuma justificativa plausível para se manter uma taxa de juros que faz com que a taxa de juros real no Brasil, por volta de 7%, seja a maior do mundo.

A chamada taxa de juros natural, ou seja, a taxa de juros interna que se equilibra com a taxa de juros internacional e evita a fuga de capitais é calculada somando-se a taxa de juros internacional ao prêmio de risco exigido pelos investidores externos para colocar recursos no mercado brasileiro mais a expectativa de desvalorização cambial. Tomando como referência a taxa de juros nos Estados Unidos, que está em 5,25% e o atual prêmio de risco do Brasil que está abaixo de 200 pontos, ou seja, 2% e considerando que a expectativa de desvalorização cambial é zero uma vez que se projeta uma taxa de câmbio de R$ 4,85 para o final do ano, teríamos 5,25 + 2,00 + 0 = 7,25%. Com a Selic em 13,75% estamos pagando uma taxa de juros que é quase o dobro daquela que seria necessária para manter investimento e poupança equilibrados com a economia em condição de pleno emprego em uma economia aberta. Na verdade, desde o início do ano ocorreu uma valorização cambial de 10%, o que significa que se um investidor externo trouxe US$ 100 no início do ano e resolvesse agora levar de volta o seu dinheiro, mesmo que a taxa de juros fosse zero ele levaria de volta US$ 110 sem bater um prego.

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