O premiê israelense Binyamin Netanyahu recebeu uma onda de críticas dentro do próprio país após dizer que Hitler inicialmente não queria exterminar os judeus, mas foi convencido por um líder religioso palestino.
Em discurso durante o 37º Congresso Sionista Mundial, em Jerusalém (em 2015), Netanyahu afirmou que a ideia de Hitler era apenas expulsar os judeus da Europa, e que o ditador alemão teria mudado os planos após orientação de Haj Amin al-Husseini, grão-mufti de Jerusalém entre 1921 e 1937.
"Haj Amin al-Husseini foi até Hitler (em 1941) e disse: 'Se você expulsá-los, eles virão todos para cá.'", disse o premiê. "'Então o que devo fazer com eles?', ele (Hitler) perguntou. Ele (Husseini) disse: 'Queime-os'", completou Netanyahu.
A descrição do Holocausto como sugestão palestina gerou reações imediatas, dentro e fora de Israel.
A chefe do memorial de Israel para as vítimas do Holocausto, Dina Porat, disse que Netanyahu cometeu erros factuais.
"Você não pode dizer que foi o mufti quem deu a ideia a Hitler para matar ou queimar judeus", afirmou a historiadora ao jornal Yedioth Ahronoth. Ao jornal Jerusalem Post, a professora sugeriu que o líder israelense se retrate das declarações.
O líder de oposição israelense Isaac Herzog escreveu em sua página no Facebook que a versão do premiê "minimiza o Holocausto, o nazismo e o papel de Hitler no terrível desastre de nosso povo".
O jornal Haaretz registrou como Netanyahu foi ridicularizado em vídeos e imagens que se espalharam pela internet - a publicação diz que a repercussão foi tamanha que "quebrou a rede". [Transcrevi trechos. Leia mais.]
Judeus ortodoxos dizem que Netanyahu é nazista e que o mundo deve parar seu genocídio
247 –O grupo de judeus ortodoxos Torah Judaism fez uma de suas mais duras postagens contra o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, que já assassinou mais de 27 mil palestinos durante o genocídio que vem promovendo contra o povo palestino em Gaza.
"Netanyahu é um líder nazista sionista assassino e genocida. Os sionistas são os nazistas de hoje. Israel não é o estado dos judeus. O mundo inteiro deveria conhecer bem estes sionistas genocidas e mentirosos", postou o coletivo."O mundo deve agora intervir a nível nacional contra Israel, caso contrário o genocídio continuará. Os israelenses sofrem uma lavagem cerebral e vivem em mentiras, longe da verdade", acrescentou. [ Confira aqui]
Reinaldo: Bolsonaro critica Lula por fala sobre Holocausto para tentar tirar foco de si mesmo
O inquérito contra o jornalista Breno Altman, aberto pela Polícia Federal (PF), acusando-o de antissemitismo por suas críticas ao regime sionista e ao genocídio do povo palestino, é um assédio contra o jornalista, segundo a Associação Brasileira de Imprensa (ABI).
“Para a ABI essa investigação soa como evidente assédio a um jornalista crítico. Uma tentativa de calá-lo com ameaça de um processo criminal, o que é inconcebível no estado democrático de direito, que todos nós jornalistas sempre nos empenhamos em defender, notadamente nos últimos anos”, escreveu a instituição, em nota.
“Confundir as posições antissionistas de Altman – cidadão judeu – com crime de antissemitismo é fazer o jogo dos que defendem o genocídio que o governo de Israel comete na Palestina, ao provocar milhares de assassinatos, inclusive de inocentes crianças”, continuou.
A ABI pediu o arquivamento do inquérito ao Ministério Público Federal e à Justiça Federal.
Leia a nota na íntegra:
INQUÉRITO CONTRA BRENO ALTMAN É INTIMIDAÇÃO!
Pelas informações veiculadas na manhã deste sábado no site Brasil 247, o inquérito é resultado de reclamação descabida da Confederação Israelita do Brasil, que de forma enviesada e conveniente rotula as críticas de Altman ao sionismo como antissemitismo.
A ABI lembra que a Constituição de 1988 garante a todo e qualquer cidadão a liberdade de expressão. Da mesma forma, respaldado nesse princípio constitucional, o Supremo Tribunal Federal tem garantido por inúmeras decisões a liberdade de imprensa, assegurando a todos os jornalistas o direito à crítica.
Confundir as posições antissionistas de Altman – cidadão judeu – com crime de antissemitismo é fazer o jogo dos que defendem o genocídio que o governo de Israel comete na Palestina, ao provocar milhares de assassinatos, inclusive de inocentes crianças.
Para a ABI essa investigação soa como evidente assédio a um jornalista crítico. Uma tentativa de calá-lo com ameaça de um processo criminal, o que é inconcebível no estado democrático de direito, que todos nós jornalistas sempre nos empenhamos em defender, notadamente nos últimos anos.
Nesse sentido, entende que o próprio MPF ou a Justiça Federal, respeitando o estado democrático de direito e a Constituição Cidadã, devem providenciar o trancamento desse inquérito.
Certos de que a democracia que saiu vitoriosa no 8 de janeiro de 2023 prevalecerá e será respeitada, a ABI aguarda providências dos responsáveis por tal situação para dar um fim à campanha intimidatória que Altman vem sofrendo.
Aproveitamos o ensejo para desejar a todos um próspero 2024, no qual a democracia, a liberdade de expressão e de imprensa prevaleçam.
A Comissão Europeia condenou, neste domingo (5), o aumento de atos antissemitas no continente desde o início do conflito entre o movimento islâmico palestino Hamas e Israel, em 7 de outubro. De acordo com a Comissão, “os judeus da Europa hoje vivem de novo com medo”.
Por RFI
“O número de incidentes associados ao antissemitismo em toda a Europa atingiu, nos últimos dias, níveis excepcionalmente altos e nos lembra algumas das épocas mais sombrias da História”, escreveu a Comissão Europeia, em um comunicado divulgado neste domingo.
“Nesses tempos difíceis, a UE está ao lado de suas comunidades judaicas. Condenamos veementemente esses atos repugnantes. Eles vão contra tudo o que a Europa representa, nossos valores fundamentais e nosso modo de vida”, acrescenta o texto.
“Esses atos são contrários ao modelo de sociedade europeu, baseado na igualdade, inclusão e total respeito aos direitos humanos. Ninguém deveria viver com medo de discriminação ou violência devido à sua religião ou identidade, seja judeu, muçulmano ou cristão”, acrescenta o comunicado.
O texto cita alguns dos incidentes ocorridos nos países europeus desde o início do conflitona Faixa de Gaza.
Entre eles, coquetéis Molotov lançados em uma sinagoga na Alemanha,pichações de estrelas de Davi em prédios na França, profanação de um cemitério judaico na Áustria, ataques a lojas e sinagogas na Espanha e slogans antissemitas entoados durante manifestações.
“Precisamos combater o aumento do antissemitismo e do ódio contra os muçulmanos, que testemunhamos nas últimas semanas, e que não têm lugar na Europa”, escreveu a Comissão.
“O direito da UE criminaliza a incitação pública ao ódio e à violência e estabelece uma abordagem comum para combater discursos de ódio e crimes racistas e xenófobos: garantir sua aplicação rigorosa é mais importância do que nunca”, destaca o executivo europeu.
Além de sua estratégia contra o antissemitismo implementada em 2021, Bruxelas lembra também que endureceu a regulamentação das plataformas de internet para combater discursos de ódio ou desinformação online.
Casos crescem na França
Na França, desde o dia 7 de outubro, foram registrados 857 atos antissemitas em três semanas, o equivalente a “todo o ano de 2022”, declarou o ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, na terça-feira (31).
O secretário de Segurança Pública de Paris, Laurent Nuñez, disse neste domingo que só no último mês na região metropolitana de Paris foram contabilizados 257 atos antissemitas
Pichaçõesde caráter antissemitatambém foram descobertas nos muros de várias escolas em Estrasburgo, no leste da França, segundo a polícia.
Jovem deixa hospital
A jovem de família judaicaesfaqueada no sábado (4)em sua casa em Lyon, no centro-leste da França, recebeu alta do hospital e pode retornar para casa, informou no domingo seu advogado.
O Ministério Público de Lyon (sudeste) anunciou no sábado (4) a abertura de um inquérito por 'tentativa de homicídio' com possível 'motivo antissemita'. O suspeito da agressão continua solto.
Os ferimentos da vítima 'exigiram pontos', afirmou seu advogado. Segundo ele, a jovem foi ouvida pelos investigadores e prestou queixa enquanto estava hospitalizada.
"Enquanto as investigações não forem concluídas devemos agir com cautela e determinação'" enfatizou, acrescentando que a investigação em curso da polícia "corroborará o caráter antissemita ou não" da agressão.
De acordo com ele, a vítima está em processo de divórcio e não conhecia seu agressor. Ele tocou a campainha de sua casa no sábado no início da tarde e, sem dizer uma palavra, "deu dois golpes de faca no abdômen dela." Uma faca foi encontrada no local, assim como uma suástica na porta.
O Conselho Representativo das Instituições Judaicas da França (Crif) da região Auvergne Rhône-Alpes, cuja capital é Lyon, condenou a agressão, pedindo "cautela" sobre seu potencial caráter antissemita.
Não existe imparcialidade na atividade jornalística, é claro, mas se trata de uma área que precisa estar pautada pela objetividade e diversidade. A questão palestina e o estado colonial de Israel
Argumentam que seria incabível um canal de esquerda entrevistar alguém com o perfil ideológico de um duguinista ou até que essa conversa seria prova de aproximação minha em direção a essa corrente.
Todos e todas tem o óbvio direito de criticar o que fazemos ou deixamos de fazer, e provavelmente essas críticas estarão certas muitas vezes. Mas não se pode confundir jornalismo com propaganda e militância, apesar dos pontos de encontro.
Não existe imparcialidade na atividade jornalística, é claro, mas se trata de uma área que precisa estar pautada pela objetividade. Isso não significa abdicar de opiniões ou sequer abraçar uma fantasiosa isenção, mas ter compromisso com a apresentação dos mais diversos pontos de vista.
Esse é o grande serviço que deve ser prestado pelo jornalismo, principalmente o de esquerda: permitir a leitores e espectadores terem acesso ao máximo de informações e análises, para poderem elevar seu próprio grau de conhecimento e consciência sobre a realidade.
A base do pensamento crítico está na materialidade dos fatos e na articulação de seu desenvolvimento histórico, a partir de estudos e debates. Quanto mais se conhece, mais crítico se pode ser. Quanto menos se sabe, maior a vulnerabilidade diante da propaganda e da manipulação.
Mas vamos ao grão.
Sou militante comunista de três gerações, por ascendência paterna e materna. Dedico-me, desde praticamente criança, ao que entendo ser a causa revolucionária e à luta pelo socialismo, dentro dos modestos limites que me foram estabelecidos pela vida.
Não tenho simpatia ou proximidade com o duguinismo, cujos referenciais teóricos e práticos me parecem despropositados. No entanto, sou profissionalmente um jornalista. Não um propagandista ou um educador, ainda que eventualmente desempenhe tarefas nessas frentes, mas um jornalista.
Convidamos aos nossos programas pessoas com as quais concordo em quase tudo e outras com quem tenho divergências insuperáveis. Esforço-me para que as entrevistas sejam difíceis, explorando contradições, colocando em xeque esquemas de raciocínio, encurtando espaços para divagações ou sofismas.
Não importa o alinhamento político-ideológico, os convidados e convidadas de Opera Mundi são tratados com respeito e cortesia, mas também com firmeza e rigor. Minha obrigação é tentar desnuda-los, para que o público possa conhecê-los melhor.
Quem quiser estabelecer algo tão irrelevante como o que penso ou deixo de pensar, a partir das entrevistas que faço, irá apenas perder tempo. Na condição de jornalista, meu empenho é oferecer a mais vasta gama possível de vozes.
Por fim, sugiro que os críticos ao convite a Raphael Machado se façam a seguinte pergunta: terão mais ou menos informações para batalhar contra o duguinismo depois de uma entrevista que eventualmente amplie o conhecimento das ideias que esse grupo defende?
Espero que tenha deixado claro meu ponto de vista sobre a atividade profissional que desempenho e a orientação editorial de Opera Mundi.
Fora da polêmica, da diversidade e do direito à opinião, o jornalismo seria um cemitério.
Vídeo: Breno Altman, jornalista e fundador do site Opera Mundi, que é judeu, faz duras críticas ao que classificou de ‘Estado colonial de Israel’ e as consequências para o povo palestino na Faixa de Gaza e Cisjordânia. A questão da Palestina na pauta do programa Revista Brasil TVT.
“A Palestina é rigorosamente uma prisão a céu aberto, há um regime de apartheid em todo o território palestino e os traços de uma vida em Gaza são equivalentes aos de campos de concentração. Qualquer coisa fora disso é desonesto”, afirma Ualid Rabah, presidente da Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal) e entrevistado do programa TVGGN 20H da última segunda-feira (9).
Ao longo do programa, Rabah contextualizou a situação dos palestinos, especificamente os que vivem na Faixa de Gaza, território em zona de guerra desde o último sábado (7), quando o grupo Hamas disparou uma chuva de foguetes lançados da Faixa de Gaza sobre Israel.
“É sempre importante deixar muito claro que a Palestina vive sob ocupação e que Gaza, especificamente, vive uma circunstância inusitada, pois vive cercada há 17 anos. Isso tudo faz com que esta população de 2,2 milhões de habitantes seja uma das maiores concentrações populacionais do mundo e viva numa circunstância absolutamente anormal. Primeiro, porque ela é 73% refugiada, resultado da limpeza étnica de dezembro de 1947 a 1959”, continua o presidente da Fepal.
O militante contesta que, apesar da restrição, se 79% dos palestinos deixassem o cerco rumo ao território de Israel, eles não estariam invadindo nada, já que a população foi expulsa do próprio território e roubada. Somente a partir deste enquadramento, o convidado afirmou que é possível compreender a real situação do conflito.
Precariedade
Ualid Rabah afirmou ainda que os 17 anos de bloqueio imposto aos palestinos fizeram com que a população vivesse em condições absolutamente precárias. Na Faixa de Gaza, os moradores contam com apenas quatro horas de fornecimento de energia elétrica por dia, em média, comprometendo assim o funcionamento de escolas e hospitais.
De acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU), apenas 10% da água distribuída para os habitantes da Faixa de Gaza é própria para consumo humano. Consequentemente, 90% da população não tem acesso ao saneamento básico.
O bloqueio imposto por Israel isolou ainda a população territorialmente. Segundo o presidente da Fepal, quase 100% da população de crianças e jovens nunca saíram da Faixa de Gaza, reclusão que causa os mais altos índices de problemas psiquiátricos graves desde que os dados começaram a ser apurados.
“Essa população enfrenta 56% de desemprego. Na população jovem, o índice chega a 75%. Perto de 80% da população vive na pobreza ou na extrema pobreza. Essa população não tem acesso à saúde, é impedida por controle das entradas de alimentos em gaza, é impedida de ter consumo médio diário acima doa quantidade mínima de calorias identificado como próprio para o ser humano por cálculo da OMS [Organização Mundial da Saúde]”, continua Rabah.
Limpeza étnica
O entrevistado do programa comentou ainda que esta não é a primeira guerra entre palestinos e israelenses e que existe uma verdadeira tentativa da limpeza étnica contra os palestinos desde, pelo menos, 1973, época em que não havia o Hamas – grupo que hoje é usado como justificativa israelense na promoção dos ataques.
Os dois conflitos anteriores mais recentes foram em 2008 e 2014, quando além de mortos e feridos, Israel ainda destruiu 18 mil residências na Palestina.
“Em 2014 tem dados muito curiosos que indicam uma limpeza étnica programada: todos os moinhos de farinha foram atacados, a única fabrica de ração da faixa foi atacada. Consequentemente, isso levou à morte de muitos animais de pequenas criações. Atacavam todas as granjas, todos os hospitais, todos os postos de saúde, grande parte deles da ONU”,denuncia Rabah.
O presidente da Fepal comenta ainda que a única novidade da atual guerra em relação aos conflitos anteriores é o que ele chama de “propaganda de guerra contra o povo palestino”, que seria também um “genocídio midiático”.
“É eliminação proposital a partir da propaganda de guerra, proibida por resolução da ONU logo após o término da II Guerra Mundial. Na verdade, quem tem poder de guerra e de extermínio são os Estados Unidos. Israel não passa de um punhado de peão, não passa de um punhado de capanga no campo de concentração”, diz o militante em prol da Palestina.
Independente dos motivos que resultaram no conflito, Ualid Rabah ressalta que todas as vidas são merecedoras de serem preservadas e respeitadas e que a barbárie não é uma consequência que deseja a nenhum dos lados. Afinal, o que os palestinos querem é superar as desavenças para que a guerra (e as mortes) não aconteçam mais em qualquer outro canto do mundo.
“A vida dos israelenses para nós são tão caras quanto as nossas. nós não pensamos como a elite israenlense. então isso nos preocupa, isso nos machuca, isso nos magoa”, finaliza o entrevistado.
A cidade de Jerusalém é sagrada para judeus, muçulmanos e cristãos e é ponto nevrálgico do conflito entre israelenses e palestinos. Neste vídeo, mostramos como a cidade é dividida e por que tem sido o cenário de tantas disputas desde o início do conflito. Este é o terceiro e último vídeo de uma série sobre o conflito entre israelenses e palestinos.
No dia 12 de dezembro de 2022, enquanto o presidente Lula era diplomado numa histórica sessão do Tribunal Superior Eleitoral, ouvindo um épico discurso do ministro Alexandre de Moraes, milicianos bolsonaristas atacaram a sede da Polícia Federal e incendiaram alguns veículos em Brasília. Era a nossa Cervejaria de Munich, um “putsch” para um golpe que faliu e um protesto pela sua derrota nas eleições presidenciais, onde toda sujeira que nela emergiu veio das suas estrebarias de “fake news”, dos órgãos de Estado aparelhados, das ações ilegais da Polícia Rodoviária Federal e dos escaninhos bandidos do orçamento secreto. Estas ações da direita bolsonarista mostram que a vitória de Lula e da democracia ainda pendem de um forte processo político de afastamento dos restos da tragédia ancorados no porto da nossa história recente.
Votado pela base do governo num gesto escandaloso que se tornou uma vergonha planetária da nossa decadência democrática, que se orgulhava do seu isolamento internacional, do negacionismo genocida e dos ataques sistemáticos às instituições da Constituição de 1988, este “orçamento” só poderia ser composto por uma aliança marginal das religiões do dinheiro com o que tem de pior no fisiologismo das elites empresariais do país. Foi a unidade da barbárie contra a democracia, do fisiologismo com o espírito miliciano, de grande parte das classes médias com as instituições “sacras” do espírito-santo monetarizado na corrupção política.
Assim ele foi votado, para arrasar a paridade de armas nas eleições, em que o surpreendente foi a vitória de um homem supostamente aniquilado por uma conspiração midiático-judicial, que voltou com coragem e energia moral para reerguer um país dilacerado pelo ódio, obra de arte do fascismo que já percorreu no mínimo dois séculos da história ocidental. Aqui ele assumiu abertamente – com Jair Bolsonaro – a paixão necrófila do negacionismo e a naturalização da dor alheia pelo deboche planejado. Milicianismo e grupos políticos, milicianos e religiões do dinheiro: armas e gestos, assassinatos e naturalização da morte, do racismo e da misoginia, compuseram o dicionário da enciclopédia fascista nacional que quase nos levou ao suicídio.
O fascismo e o nazismo são siameses, ora acolhidos pela maioria das classes dominantes e das classes populares manipuladas pela política da extrema direita. Ambos são anti-sistema, propõe revoluções “pelo alto e “por baixo”, que reconhecem na barbárie uma substância permanente contida no Humano: “não um acidente infeliz da história” (…), como disse Simone Weil, mas “o bárbaro lamaçal da alma”, “um caráter permanente e universal da natureza humana”, esperando as oportunidades críticas para se manifestarem pela violência e pela negação da solidariedade e da justiça. (A barbárie interior, Jean-François Mattei, Unesp).
O livroCasta – as origens do nosso mal-estar, de Isabel Wilkerson (Zahar), lança luzes potentes sobre a formação da sociedade americana e sobre a sua estrutura de poder institucionalizada a partir do século XIX. As castas organicamente montadas em torno das “plantations” e a criação da identidade “negra” – como coisa – em contraposição à identidade branca dos colonos europeus, liberaram uma épica forma de exploração do trabalho. Ali se formavam as novas bases de acumulação – material e cultural – especificidades de um novo sistema capitalista em expansão, cujas tendências hegemônicas em escala global já eram visíveis.
Modernização e barbárie, ciência e técnica, política e ideologia, assim estão harmonizadas: moldam o império que se torna – ao mesmo tempo – exemplo do liberalismo político e também exemplo de convívio das suas liberdades com a barbárie. O Século XX condensa e integra, promove cisões e repulsas, na nação em crescimento, que são vividas tanto nos “partidos” da barbárie como entre os “partidos” da democracia moderna, moderadores da violência, cuja tendência seria adjudicar ao Estado normas mínimas de civilidade, que realizadas bloqueariam os excessos impeditivos de formação da nação.
O impulso da democracia americana, todavia, permanece atado ao sistema de castas, já orgânicas nas classes sociais em renovação, cuja política – a partir do Estado – promoveu tanto a democracia como o martírio de milhões, para a glória da civilização ocidental. Este conflito entre barbárie e civilidade democrática está expresso, também, nas lutas de resistência – vitoriosas ou derrotadas – contra o nazismo e o fascismo. E na luta entre as ditaduras e os defensores das bases constitucionais das democracias na América Latina, hoje uniformemente assediadas pelo fascismo, que retorna com diversos modelos formais em escala planetária
Não é muito divulgado na historiografia do racismo e do “apartheid” americano, que os intelectuais e cientistas “sociais” do Partido Nazista estudaram com muito interesse as estratégias de purificação social e racial nos EUA, tais como as zonas proibidas para a comunidade negra – tanto no espaço social como geográfico – bem como a proibição dos casamentos entre brancos e negros, nas origens da formação democrática americana. A eleição do presidente Joe Biden, que é o oposto de Donald Trump e da Klan nesta matéria, permite uma reflexão mais ampla e profunda sobre este tema vital do futuro das Américas.
Na verdade, a afirmação do modelo americano dentro do sistema de poder mundial foi um gigantesco laboratório de conciliação entre barbárie e humanismo moderno, no qual a força da barbárie que está viva e forte, foi recentemente testada na tentativa de golpe do presidente Donald Trump no assalto ao Capitólio. A escolha do local ocupado pelos milicianos bem remunerados não foi gratuita, pois ali estava o símbolo da democracia liberal que incorporou, processualmente, a vasta comunidade negra do país nas proteções do Estado de direito que foram formalizadas nas leis, como ideia que a nação queria fazer de si mesma.
Comparar a situação de ascensão do fascismo, na Itália, com os episódios políticos nacionais que foram gradativamente dando forma política legítima ao bolsonarismo (protofascismo), que vai lentamente se unificando com estratos relevantes do capital financeiro e com os setores mais marginais da burguesia mais “aventureira”, faz sentido: trata-se de compreender o processo de sucessão, entre as suas “elites”, que refletirá tanto na estratégia política dos setores populares, como nas mudanças necessárias para adaptação do capitalismo a um novo ciclo de acumulação.
Antonio Gramsci no cárcere em 1926, quase dois anos depois de eleito deputado escreveu em plena era fascista que “os elementos da nova cultura e do novo modo de vida (…) são apenas as primeiras tentativas (…) iniciativa superficial e simiesca”, para interferir no que hoje “seria chamado de americanismo”: é crítica preventiva dos “velhos estratos que serão descartados” (…) “e que já estão tomados por uma onda de pânico social, reação inconsciente de quem é impotente” (Americanismo e fordismo”, Hedra), para alavancar – nos processos de mudança do sistema do capital – os aspectos que lhe interessam. O fascismo seria, assim, uma vitória reacionária com aparência de revolução.
A grande síntese histórica deste complicado processo político de formação do Estado americano, dentro dos parâmetros da modernidade liberal democrática – um Estado imperial e de ocupações militares no seu exterior “vital” – está refletida em dois fatos históricos exemplares na atualidade, que dizem respeito ao que ocorre em nosso país: de um lado, o Exército americano negando-se, formalmente, a participar de um golpe contra as instituições da democracia liberal; e de outra, seu ex-presidente tentando descaradamente este golpe, manipulando suas marionetes fascistas no Brasil, para comporem um arco de alianças na extrema direita dos EUA, que vitoriosa refletiria seu poder fascista e racista em toda a América Latina.
A diplomação do presidente Lula foi a vitória de uma ampla frente democrática, que tem demandas diferentes sobre o Estado e diversas pretensões de futuro. Ela encerra um ciclo heroico de resistência e ofensiva democrática, pautada pela unidade em torno do Estado de Direito. E ela não foi somente civil, pois a falta de apoio majoritário ao golpismo de Jair Bolsonaro dentro das nossas instituições armadas, pode estar indicando um novo ciclo virtuoso da nossa história republicana.
Sua confirmação só poderá ocorrer, todavia, se o peso da lei penal – dentro dos rituais democráticos do Estado de Direito – cair por inteiro sobre os fascistas, os milicianos e os seus dirigentes políticos, que ainda no dia de ontem mostraram que o terror e a barbárie são suas armas principais contra a República e a democracia. Quem viver verá: vivemos e veremos!
A luta antirracista é um tema urgente e universal que atravessa a pauta do Instituto Brasil-Israel (IBI) e remete a um diálogo entre judeus e negros que encontra raízes históricas, especialmente nos EUA. A noção de casta proposta por Isabel Wilkerson desnuda pontos de contato entre a escravidão norte-americana, o nazismo alemão e o sistema indiano, e como essas hierarquias rígidas e arbitrárias dividem grupos sociais ainda hoje. Apesar do livro focar nos EUA e nos afro-americanos, entendemos que sua leitura pode auxiliar na compreensão do racismo brasileiro, sempre negado, mas profundamente internalizado. E podemos também expandir o raciocínio para todos os grupos marginalizados e colocados como párias em uma sociedade, fazendo-se a crítica à “supremacia branca”. A proposta da mesa é promover uma conversa sobre as principais ideias presentes no livro, em especial a noção de casta como categoria para a compreensão e enfrentamento do racismo. Além disso, pretende-se estabelecer aproximações com o Brasil. PARTICIPANTES Lilia Schwarcz, professora titular no Departamento de Antropologia da USP e Global Scholar na Universidade de Princeton. É autora de, entre outros livros, O espetáculo das raças (1993), As barbas do imperador (1998, prêmio Jabuti de Livro do Ano), Brasil: uma Biografia (com Heloisa Starling, 2015) e Lima Barreto: Triste visionário (2017, prêmio Jabuti de Biografia). Thiago Amparo, advogado, professor de direito internacional e direitos humanos na FGV Direito SP. Doutor pela Central European University (Budapeste). Michel Gherman, professor de História na Universidade Federal Fluminense, coordenador do Núcleo Interdisciplinar de Estudos Judaicos da UFRJ, pesquisador da Ben Gurion University e Diretor Acadêmico do Instituto Brasil-Israel.
E esses criminosos se querem cidadãos de bem. Como eram os nazistas, os fascistas, os franquistas, os salazaristas. Todos fascínoras de família! Mensagens sugerem marcar com estrelas as casas de quem votou em Lula no norte do RS
Bolsonaristas de Casca (RS) espalham mensagens para perseguir comerciantes petistas na cidade
Um grupo de eleitores do presidente Jair Bolsonaro (PL) adotou táticas semelhantes às usadas pelo regime nazista para perseguir comerciantes petistas em uma pequena cidade do Rio Grande do Sul com apenas 9.000 habitantes.
Em Casca (RS), bolsonaristas espalharam mensagens nas redes sociais e em grupos de WhatsApp pedindo que comerciantes locais colocassem adesivos com a estrela vermelha do PT na frente de seus estabelecimentos. A prática é parecida com o nazismo alemão, que obrigou comerciantes judeus a colocar a estrela de Davi em suas lojas na década de 1930.
O que diz o Ministério Público. Em nota, a Promotoria diz ter recebido a informação de listas de boicote, situação que tem ocorrido em diversas cidades do país. "Estariam circulando em redes sociais com nomes de comerciantes e pessoas que teriam votado no Lula", diz, em um dos trechos do texto. No texto não há menção sobre o pedido de incluir a estrela vermelha.
Por que o episódio se assemelha à tática nazista? No regime nazista na Alemanha, no começo da década de 1930, foram elaboradas listas para boicote de comércios de propriedade de judeus. Os nazistas grafitaram vitrines dessas lojas e espalhavam avisos pelas cidades, pedindo para que a população não comprasse produtos nesses estabelecimentos.
"O boicote aos comércios e a ideia de marcar as pessoas que votaram no PT é a reprodução da linguagem nazista, que é típica do bolsonarismo", diz Michel Gherman, que coordena o núcleo de estudos judaicos do departamento de sociologia da UFRJ (Universidade do Rio de Janeiro).
Embora não veja a relação entre o nazismo e o bolsonarismo como novidade, Gherman entende que há uma escalada nos episódios. "O bolsonarismo é letrado politicamente pelo nazismo. Mas os episódios estão cada vez mais explícitos. Assim como os nazistas isolaram os judeus, os bolsonaristas agora querem isolar os petistas."
Como bolsonaristas espalharam a mensagem? Mensagens atribuídas a bolsonaristas da cidade de Casca foram direcionadas aos próprios eleitores do PT, com uma ameaça em tom irônico: "Atenção petistas, coloquem esse adesivo na porta do seu negócio [mensagem acima da imagem da estrela símbolo do PT]. Mostre que você tem orgulho de quem elegeu."
Comércio fechado e depredação
Mais de 120 comércios fecharam as portas ontem após ameaças enviadas via WhatsApp. A advogada Janaíra Ramos, 54, denunciou casos de assédio eleitoral ao Ministério Público, que também incluem agressões a petistas após o resultado das eleições, na noite de 30 de outubro.
O escritório da defensora amanheceu hoje com o interfone depredado. Às 20h53 de ontem, as câmeras do circuito interno registraram as imagens de um homem danificando o portão do estabelecimento. No vídeo, um indivíduo que aparenta usar um soco inglês, arma branca de ferro com orifícios para encaixar os dedos, desfere quatro golpes no interfone e sai do local caminhando.
Ela está coletando as imagens em uma mídia e irá registrar ocorrência do caso hoje à tarde junto à Polícia Civil pelo crime de dano.
"Bolsonarismo aqui virou uma seita." Em entrevista ao UOL Notícias, ela vê o episódio como uma retaliação às denúncias contra os ataques bolsonaristas após o segundo turno das eleições presidenciais, no dia 30 de outubro.
"As pessoas perderam a racionalidade, e as coisas aqui estão fugindo do controle. Estamos tomando as medidas cabíveis para que as agressões parem."
Ela atribui esses atos de violência ao que vê como uma "minoria extremista", que não aceita o resultado das urnas. "O bolsonarismo aqui virou uma seita. É um grupo minoritário, que está colocando em risco a própria convivência das pessoas em uma cidade pacata por causa de uma incitação ao ódio criminosa", diz.
Primeiro, eles [bolsonaristas] fazem listas para perseguir pessoas e comerciantes. Depois, organizam uma greve no comércio. Agora, começam a depredar o patrimônio. São recados para intimidar as pessoas? Os líderes desses movimentos precisam ser identificados e responsabilizados"Janaíra Ramos, advogada
Outros ataques denunciados em Casca. Um petista que comemorava a vitória de Lula nas urnas teve o carro depredado por bolsonaristas. De acordo com a denúncia, uma mulher parou em frente ao veículo, identificado com bandeiras do PT, e começou a chamá-lo de "bandido e ladrão." Em seguida, outros apoiadores de Bolsonaro atiraram garrafas na direção do veículo, que ficou danificado. O ataque só foi interrompido porque havia policiais militares nas imediações.
Em outro episódio, uma mulher sofreu ferimentos ao ter uma bandeira do PT arrancada da sua mão. Em seguida, relatou, os agressores atearam fogo no material. "Nenhum petista pôde comemorar a vitória de Lula em Casca", relatou a advogada Janaíra Ramos.
"Não se engane. A bandeira na camiseta de Michelle Bolsonaro não é do Estado de Israel, mas da Israel imaginaria construída pelo bolsonarismo", afirmou o Instituto
247 -O Instituto Brasil-Israel classificou a atitude de Michelle Bolsonaro devotar com camisa em homenagem a Israel, neste domingo (30), como uma "tentativa de colonização do judaísmo e do sionismo" que "cria a falsa ideia de que judeus apoiam o candidato" Jair Bolsonaro (PL).
"Não se engane. A bandeira na camiseta de Michelle Bolsonaro não é do Estado de Israel, mas da Israel imaginaria construída pelo bolsonarismo", afirmou o Instituto em nota publicada nas redes sociais.
"O uso de símbolos judaicos e sionistas já virou uma marca do bolsonarismo. Mas isso não significa similaridade de valores, ainda mais quando questões antidemocráticas estão em jogo. Chega a ser surpreendente, uma vez que o país do Oriente Médio adota medidas progressistas no campo dos costumes, como acesso ao aborto, proteção de direitos a pessoas LGBTs e o controle rígido de armamentos. Muito diferente do que Bolsonaro defende por aqui", acrescentou a nota.
"Para além disso, esse uso cria a falsa ideia de que judeus apoiam o candidato. Somos contrários à tentativa de colonização do judaísmo e do sionismo por qualquer polo político. A estigmatização de um grupo é o ingrediente principal para o antissemitismo", concluiu o Instituto Brasil-Israel.
A mídia hegemônica tem enorme responsabilidade no processo prolongado de demonização do PT e na propagação do ódio e do fascismo que assumiu dimensões trágicas, culminando na explosão recente de assassinatos e atentados terroristas contra petistas por motivos políticos.
A guerra semiótica da mídia com o objetivo de aniquilar Lula e o PT vem de muito longe. Desde o nascimento do PT a mídia oligárquica tratou de estigmatizar o Partido e suas maiores lideranças, em especial Lula.
Com a chegada do PT ao governo central do Brasil, esse jornalismo de guerra assumiu ainda maior proeminência e funcionalidade no combate antipetista.
Os grupos midiáticos foram decisivos na fabricação das monstruosas farsas políticas e jurídicas armadas pelas oligarquias dominantes para manchar a imagem do PT e destruir a reputação do Lula, como os chamados “escândalos” do “mensalão” e do “petrolão”.
A gangue da Lava Jato não teria conseguido concretizar a maior corrupção judicial da história com o objetivo de prender Lula sem a conivência da mídia e sem o trabalho articulado de policiais, procuradores e juízes inescrupulosos com os grupos de comunicação, sobretudo a Rede Globo.
A espiral de violência política contra petistas infelizmente não chega a surpreender, era até esperável, pois é decorrência natural da ambientação subjetiva incutida pela mídia na sociedade – processada de modo sistemático e permanente durante décadas.
A atuação enviesada da mídia contra Lula e o PT foi fundamental na produção do imaginário antipetista e do clamor popular odioso que no contexto do governo fascista-militar assumiu um padrão de pistolagem política.
Bolsonaro e os militares capturaram o sentimento de ódio e a ojeriza midiaticamente produzida contra o PT e, com este insumo potente, catalisaram a formação de um movimento de massas fascista, engajado e radicalizado.
É inaceitável, por isso, que diante do segundo assassinato de um petista por um bolsonarista em menos de dois meses, a mídia associe o crime à polarização política. É incorreto e desonesto dizer que há uma guerra entre petistas e bolsonaristas, como se existissem dois bandos em confronto – há, sim, terrorismo e agressão unilateral, inclusive armada, perpetrada por bolsonaristas contra petistas e contra pessoas que deles divergem.
A teoria dos “dois extremos”, além de rigorosamente falsa, também é irresponsável. Por um lado, esta abordagem esconde a responsabilidade exclusiva da extrema-direita e, por outro lado, escamoteia o papel histórico dos próprios meios de comunicação na gênese desta violência fascista que, com o avanço da extrema-direita, alcançou nível assombroso.
A perseguição midiática implacável e impiedosa ao Lula – processo equiparável ao que Hannah Arendt analisou nos seus estudos sobre as origens do totalitarismo –, foi o motor da máquina de produção da subjetividade antipetista.
O momento é grave. Com Bolsonaro, o terrorismo contra petistas atingiu seu paroxismo. O assassinato de brasileiros por motivos políticos não mata apenas petistas, mas fere de morte a democracia.
É inaceitável que os mesmos grupos de comunicação que contribuíram decisivamente para a fascistização da sociedade brasileira continuem reforçando a absurda ideia de confronto entre dois polos extremistas.
Referindo-se ao PT, Bolsonaro defendeu extirpar “essapraga” [9/9]. Em 2005, Bornhausen [ex-PFL] proclamou “o fim daraçados petistas”. O extremismo, como mostra a história política brasileira, ocupa um único lado do espectro ideológico. Em qual lado da história a mídia escolherá ficar?