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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

03
Jun22

Coronel Anderson Berenguer foge para não explicar por que o Exército compra Viagra do laboratório que inundou o país de cloroquina

Talis Andrade

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"Ao deixar deputados à espera de suas explicações, é possível que Anderson Berenguer tenha avaliado que deveria proteger a própria pele"

 

CPI da Covid não ousou ouvir o depoimento do misterioso e enigmático coronel Anderson Berenguer (o militar sem rosto) que parece dirigir um laboratório secreto

por Denise Assis

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O coronel Anderson Berenguer, diretor do laboratório químico farmacêutico do Exército, não apresentou motivo para negar o convite feito pela Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, conforme informa a Folha. Mas ao fazer forfait e deixar os deputados à espera de suas explicações, é possível que tenha avaliado que deveria proteger a própria pele. Ou a própria “imagem”, se preferirem.

 Chamado a participar de audiência pública ontem (01/06), o coronel fugiu de ter que debater parcerias para Desenvolvimento Produtivo (PDPs) em curso nos laboratórios públicos do país. Uma dessas PDPs, segundo alega o Exército, é a da transferência de tecnologia para a produção do citrato de sildenafila, (nome científico do Viagra), que incluiu a compra de milhões de comprimidos entre 2019 e 2022. Em carta aos deputados da comissão, Berenguer diz que declinou do "digno convite", e sugere que a Associação dos Laboratórios Oficiais do Brasil seja chamada a falar.  

Jorge Solla, deputado federal do PT-BA, disse ao jornal que "Eles - Forças Armadas – contrataram a aquisição do Viagra como sendo de PDP, com o laboratório EMS. Com isso, fizeram uma compra de Viagra sem licitação. “Nossa suspeita, com evidências fortes, é a de que foi uma forma de burlar a licitação e escolher um laboratório específico", afirma o parlamentar. Bingo!

Conforme apurou a Comissão, como não existe patente do Viagra no Brasil e o sistema de PDP permite que você não precise fazer licitação, já há quatro anos o Exército adotou a prerrogativa de indicar uma empresa detentora da tecnologia, capaz de transferir suas especificidades a um laboratório público do Brasil. Durante esses quatro anos, segundo o deputado, a Força adota esse expediente sem, contudo, se beneficiar da transferência de tecnologia. Uma forma de burlar a licitação, apenas.

Embora a sociedade ignore se há uma “epidemia de impotência” nas fileiras e o Exército alegue que a compra foi para uso no combate à “hipertensão pulmonar” (doença que costuma acometer mais mulheres, e cuja posologia não é a mesma do Viagra, pois no caso da hipertensão é de apenas 20mg, quando a do Viagra é de 25mg), o contrato segue nesses moldes.

Aí começam as coincidências. Prestaram a atenção ao nome do laboratório que fornece o “estimulante” para as fileiras? Não?! Pois foi o EMS, reconhecidamente o “rei dos genéricos”.  

 O EMS, maior indústria farmacêutica do Brasil, foi o primeiro laboratório a obter licença da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para produzir a versão genérica do Viagra, no país, em 2014, ano em que expirava a validade da patente do medicamento (fonte: portal Guiame.com). Àquela altura, - 21/06/2014 -, Waldir Eschberger Júnior, o vice-presidente de mercado da EMS, publicou nota, avisando que aguardava apenas isto para disponibilizar o remédio no mercado brasileiro, a expiração da patente.  

 Tinham diante de si um mercado para lá de promissor, anunciavam, para “um dos medicamentos mais vendidos no país, que movimentou cerca de R$ 170 milhões no ano passado (2013 – grifo nosso). Em âmbito global, esta quantia chegou a US$ 1,9 bilhão.” E avisava: “Queremos ser o primeiro a chegar às farmácias, pois, quem sai na frente, sempre acaba liderando as vendas”, dando mostras do seu “tino” comercial.

E não foi diferente com a Cloroquina, amplamente debatida durante a pandemia, quando foi apresentada por Bolsonaro, filhos e membros do seu governo, como a “saída milagrosa” para as milhares de mortes por Covid-19, em um mercado potencial de R$ 9,7 milhões por mês no Brasil. Bolsonaro queria que a população esquecesse as vacinas e acatasse a sua empulhação negacionista. Fazia corpo mole para a aquisição das vacinas comprovadas cientificamente como eficazes e que não chegavam ao Brasil devido às “negociatas” flagradas pela CPI da Covid.

O que se sabe é que o Laboratório Químico Farmacêutico do Exército (LQFEx) aumentou em 80 vezes a produção do remédio desde março de 2020, e laboratórios privados prometiam em julho daquele ano ampliar a fabricação. Embora especialistas em saúde pública temessem efeitos colaterais da cloroquina, no uso contra o coronavírus, o embate em torno do medicamento, com contornos técnicos e políticos, movimentou o mercado farmacêutico brasileiro. Diante de tamanha perspectiva, os laboratórios privados ampliaram a fabricação, para distribuição em hospitais e postos de saúde públicos.  

 

 

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Dito & Feito - AUXÍLIO EMERGENCIAL – Linha “dura” das Forças Armadas manda  comprar Viagra 

O aumento da produção do foi determinado pelo próprio presidente Jair Bolsonaro, defensor enfático da cloroquina. Por que será?

Cloroquina foi assunto dos mais discutidos na PCI da Covid  

 

Antes da pandemia, a média produzida era de 250 mil comprimidos a cada dois anos, quase todos para combater malária e doenças reumatoides, como lúpus. No auge da pandemia foram 2 milhões de pílulas em três meses (março, abril e maio), com prioridade para a covid-19.  A produção ganhou tal ritmo que precisou ser interrompida por falta de insumo - encomendado da Índia -, mas foi retomada em junho de 2020, numa quantia não divulgada pelas Forças Armadas, o que gerou investigação.  

O Ministério Público de Contas (MPC) solicitou ao Tribunal de Contas da União auditoria sobre possível superfaturamento nas compras de insumos de cloroquina feitas pelo Exército, sem licitação, e mandou checar também o porquê da ampliação na oferta de um medicamento que ainda não tinha comprovação científica para tratar a covid-19.

O subprocurador-geral do MPC, Lucas Rocha Furtado, investigou se procediam informes de possível superfaturamento. Afinal, o preço do quilo do sal difosfato (matéria-prima produzida na Índia) comprado pelo Exército, na época, havia saltado de R$ 219 para R$ 1,3 mil entre maio de 2019 e maio de 2020.  

Como a produção, não atendesse à enorme demanda provocada pela propaganda do presidente, a produção do laboratório militar, localizado no Rio de Janeiro e criado em 1808 (com o nome de Botica Real Militar), não tinha mãos a medir quanto à enorme demanda criada por ele e pelo medo da maior ameaça sanitária já enfrentada pelo Brasil. O país, àquela quadra estava com mais de 1,7 milhão de infectados pelo coronavírus e grande parcela permanecia hospitalizada em estado grave. As Forças Armadas não produziam todo o medicamento, mas apenas o difosato de cloroquina (fabricado desde 1940) e não dominavam a forma mais moderna e com menos efeitos colaterais, o sulfato de hidroxicloroquina, segundo alegavam para a compra, pelo governo, nos laboratórios privados.

Foi aí que entraram os laboratórios privados, prometendo medicamento de última geração, em troca da perspectiva de um mercado de R$ 9,7 milhões mensais. Uma fatia mercadológica a ser disputada. Somente três indústrias particulares estão autorizadas a comercializar a hidroxicloroquina no Brasil: a multinacional Sanofi, e as brasileiras EMS e Apsen. A da Sanofi é importada da Europa. Essa empresa, inclusive, decidiu interromper as vendas no Brasil, em meio à polêmica sobre efeitos adversos em pacientes com covid-19.  

Uma quarta empresa, a brasileira Cristália, se ofereceu para também produzir. Essas indústrias farmacêuticas informaram à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que reuniam condições de produzir 7,2 milhões de comprimidos por mês.  

Um deles, o laboratório EMS - Chamado de "rei dos genéricos". O EMS produz uma hidroxicloroquina genérica, semelhante ao Plaquinol, da francesa Sanofi-Aventis (que tem como acionista o presidente norte-americano Donald Trump). O dono do EMS e de outro laboratório apto a produzir cloroquina, o Germed, é Carlos Sanchez, chegaram a participar de duas reuniões de industriais com Jair Bolsonaro, nas quais o presidente prometeu pressionar a Índia pela venda de produtos necessários à fabricação do medicamento. Sanchez foi um dos que pediram e conseguiram que o imposto de importação dos insumos da cloroquina fosse zerado. Ele também obteve aprovação da Anvisa para estudos clínicos apoiados pela empresa EMS para uso de hidroxicloraquina em pacientes com coronavírus, (de acordo com informações da GZH).

Por toda esta interligação entre uma situação e outra, o coronel Berenger deve ter avaliado com os botões da sua farda se valia a pena amarrotá-la durante horas de depoimento a deputados ávidos a espremê-lo, sobre tema espinhoso e cujas explicações ele talvez não detenha todas. Por fim, concluiu: melhor escapar desses congressistas cheios de tesão para arrancar dele a história da contratação de lotes de Viagra.  

Charge - Angelo Rigon

 
 
 
 
10
Jan22

Peça 5 – o laboratório Blau

Talis Andrade

 

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Xadrez do mais escabroso crime de corrupção

30
Dez21

"Lamentável. Bolsonaro não ajuda e recusa ajuda da Argentina", diz Lula

Talis Andrade

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Chico Pinto
Tá de boa, enquanto a gente se fode!
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As fortes chuvas na Bahia já mataram 24 pessoas. Enquanto isso, Bolsonaro curte férias em Santa Catarina
www.brasil247.com - Lula

 

247 - Após Jair Bolsonaro (PL) se pronunciar nesta quinta-feira (30) sobre a recusa à ajuda humanitária do governo da Argentina para auxiliar as vítimas das fortes chuvas no sul da Bahia, o ex-presidente Lula (PT) criticou a atitude.

Para o petista, Bolsonaro, além de não ajudar, já que está de férias em Santa Catarina, ainda atrapalha. "É lamentável você ver um presidente que não ajuda recusar ajuda de outras pessoas".

Bolsonaro afirmou que a ajuda argentina 'não é necessária'. As fortes chuvas e enchentes na Bahia já mataram 24 pessoas e 37,3 mil pessoas estão desabrigadas.

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De férias na praia, Bolsonaro diz que apoio da Argentina para Bahia “não é necessário” 

 

247 - Em suas férias sem fim em Santa Catarina, Jair Bolsonaro (PL) se pronunciou nesta quinta-feira (30) sobre a recusa à ajuda humanitária do governo da Argentina para auxiliar as vítimas das fortes chuvas no sul da Bahia. 

Segundo o mandatário, o “fraterno oferecimento argentino” foi feito quando as Forças Armadas, em coordenação com a Defesa Civil, já estavam prestando aquele tipo de assistência à população afetada, inclusive com o apoio de três helicópteros da Marinha e do Exército.

O país vizinho ofereceu apoio psicossocial e se comprometeu a mandar profissionais especializados em saneamento para a região, ajuda que foi prontamente recusada pelo Itamaraty. 

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05
Jul21

Moro “acuou” e “coagiu” porteiro do Vivendas da Barra, acusou Witzel na CPI

Talis Andrade

Uma toada para Marielle: a flor que fura o asfalto, por José Ribamar Bessa  Freire | Combate Racismo Ambiental

 

Depoimento do ex-governador mostra que, mais de três anos após seu assassinato, Marielle continua incômoda ao bolsonarismo. Por quê?

 

 
 

É muito grave o que disse o ex-governador do Rio, Wilson Witzel, à CPI do Genocídio: que Jair Bolsonaro e seu então ministro da Justiça, Sergio Moro, intervieram para atrapalhar a investigação sobre os mandantes do assassinato da vereadora do PSOL Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, ocorrido em março de 2018. Witzel acusou diretamente Moro de haver “acuado” e “coagido” o porteiro do condomínio Vivendas da Barra, que dissera que o autor dos disparos, Ronnie Lessa, havia se dirigido à casa de Bolsonaro antes de cometer o crime. Lessa era vizinho do presidente no condomínio.تصویر

“Tudo isso começou porque eu mandei investigar sem parcialidade o caso Marielle. Quando foram presos os dois executores da Marielle o meu calvário e a perseguição contra mim foi inexorável”, disse o ex-governador à CPI. Ele afirmou que, logo após a notícia, a PGR (Procuradoria-Geral da República) abriu, a pedido de Moro, um inquérito para apurar o depoimento como uma forma de fazer o porteiro recuar da afirmação, o que de fato aconteceu menos de um mês depois.

Metrópoles (de)
Wilson Witzel afirmou na #CPIdaCovid que o “calvário” que resultou no seu impeachment começou com a prisão dos acusados de matar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes. Ele citou uma live em que o acusou de vazar informações da investigação.

“O ministro Moro, logo após o porteiro, uma pessoa simples, prestar depoimento à Polícia Civil, logo depois o ministro Moro, de forma criminosa, lamentavelmente, requisita um inquérito para investigar crime de Segurança Nacional porque o porteiro prestou um depoimento para dizer que o executor da Marielle teria chegado no condomínio e mencionado o nome do presidente. Se isso é verdade ou não, isso não é problema meu, não tenho nada com isso, não sou juiz nem delegado do caso”, depôs Witzel.

“Agora, o governo do Rio de Janeiro não tomou nenhuma providência em relação a isso, foi a polícia que atuou, junto com o Ministério  Público, e pediu um encaminhamento do processo junto ao Supremo Tribunal Federal. O porteiro, que estava como testemunha, recebe uma intimação da Polícia Federal –essa Polícia Federal que infelizmente eu não estou reconhecendo–, é uma Polícia Federal que vai lá à requisição do ministro da Justiça, e o Procurador-Geral da República abre um inquérito para acuar.”

“Qual é a outra leitura que se pode fazer disso? Eu sou jurista, é eminentemente uma acuação da testemunha no curso do processo feito por um Estado democrático –que não é democrático, né?– por um Estado no objetivo de coagir aquela testemunha. Óbvio, depois disso o que o porteiro fez? Pegou e falou que não tinha nada a ver, que ele se equivocou, etc. e tal. Eu cheguei a falar com a Defensoria Pública: ‘vocês não vão fazer a defesa do porteiro? Vocês não vão pedir ao porteiro para entrar no programa de proteção à testemunha?’ O porteiro estava apavorado. Ele não quis mais falar nada nem entrar no  programa de proteção à testemunha”, relatou Witzel.

Jorge Solla
Witzel revelou empenho de Moro de usar a PF para intimidar o porteiro do condomínio de Bolsonaro, que mudou de depoimento e calou-se. O porteiro havia admitido que Élcio Franco, assassino de Marielle, requisitou para a casa de Bolsonaro entrada no condomínio no dia do assassinato

Ora, se Moro, a pedido do “chefe”, como o ministro tratava Bolsonaro, segundo o próprio Witzel, interveio para pressionar uma testemunha, isso é crime de obstrução de Justiça e precisa ser investigado. Alguma verdade há no relato do ex-governador, porque a cronologia confere: no dia 29 de outubro de 2019, saiu a matéria sobre o depoimento do porteiro no Jornal Nacional; nesta mesma noite, falando de Dubai, Bolsonaro acusa Witzel de estar por trás da revelação; no dia 30 de outubro, o Procurador-Geral Augusto Aras atende pedido de Moro e abre inquérito sobre o depoimento do  porteiro.

Alguma verdade há no relato do ex-governador, porque a cronologia confere: no dia 29/10/2019, saiu a matéria sobre o porteiro no Jornal Nacional; na mesma noite, de Dubai, Bolsonaro acusa Witzel de estar por trás; no dia 30/10, a PGR atende pedido de Moro e abre inquérito sobre o depoimento do  porteiroFacebook

Segundo o livro de presenças da portaria, Élcio Queiroz –apontado como o motorista do carro usado no assassinato de Marielle– entrou no condomínio horas antes do crime dando como destino a casa 58, de Bolsonaro. O porteiro foi ouvido pela polícia e reiterou essa informação. Ele disse que ligou para a casa 58 e foi atendido por “Seu Jair”. O porteiro deu essa versão em dois depoimentos, mas voltou atrás em um terceiro depoimento, dia 19 de novembro de 2019, menos de um mês após a abertura do inquérito pela PGR. Declarou que lançou errado na planilha o número da casa do presidente.

As declarações surpreendentes de Witzel agitaram o bolsonarismo nas redes e na CPI. O filho do presidente, o senador Flávio Bolsonaro, questionou o ex-aliado, e mais uma vez ele voltou a repetir sobre a intimidação do porteiro. “Não sou porteiro, não vai me intimidar, não”, atacou Witzel, que acabou solicitando uma inquirição reservada aos senadores, em sigilo de Justiça.

No twitter, Eduardo Bolsonaro se referiu à vereadora assassinada e a Witzel como “cachorros mortos”.

Não sabemos se Wilson Witzel terá condições de provar o que acusa. Nem se haverá interesse da Polícia Civil do Rio de Janeiro, sob o comando do bolsonarista Claudio Castro, em apurar as denúncias. Mas seu depoimento à CPI mostra que Marielle Franco continua incômoda ao bolsonarismo. Eles sempre atacaram a vereadora morta, inclusive associando-a, com fake news, ao crime organizado –e isso muito antes de o porteiro mencionar a casa do presidente.

Por que uma mulher negra assassinada incomoda tanto ao bolsonarismo? Não há como não pensar que, para que haja resposta a esta pergunta, é preciso que outra seja respondida: afinal, quem mandou matar Marielle?

Não podemos esquecer que Bolsonaro foi o único dos pré-candidatos à presidência em 2018 que não lamentou o assassinato. E que o próprio Witzel, então bolsonarista roxo, aparece na foto famosa, ao lado dos dois trogloditas rasgando uma placa em homenagem à vereadora morta.

Por que uma mulher negra assassinada incomoda tanto ao bolsonarismo? Não há como não pensar que, para que haja resposta a esta pergunta, é preciso que outra seja respondida: afinal, quem mandou matar Marielle?

Não tem charge, ou piada. | Humor Político – Rir pra não chorar
20
Nov20

Lula lamenta o assassinato de negro no Carrefour e diz que o racismo é a origem de todos os abismos brasileiros

Talis Andrade

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“Amanhecemos transtornados com as cenas brutais de agressão contra João Alberto Freitas, um homem negro, espancado até a morte no Carrefour. O racismo é a origem de todos os abismos desse país. É urgente interrompermos esse ciclo”, disse o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao comentar o assassinato de João Alberto Freitas, numa loja do Carrefour em Porto Alegre.

Movimentos negros de Porto Alegre convocaram protesto para final da tarde diante do Carrefour do Passo d'Areia contra o assassinato de João Alberto Silveira Freitas.

 

Deputados petistas repudiam assassinato de homem negro no Carrefour em Porto AlegreCelebração da Consciência Negra lembra história de Zumbi dos Palmares –  MAIS Santos

Parlamentares da Bancada do PT na Câmara manifestaram repúdio e indignação com o assassinato – a socos e pontapés – de João Alberto Silveira Freitas, ocorrido na noite desta quinta (19), dentro das instalações do supermercado Carrefour – em Porto Alegre – e praticado por seguranças do estabelecimento.

Os petistas afirmaram que o ato covarde contra o homem negro simboliza o racismo ainda existente no País. Ao lembrarem que o crime ocorreu na véspera do Dia da Consciência Negra, os parlamentares exigiram ainda punição severa para os autores do assassinato.

O líder do PT na Câmara, deputado Enio Verri, classificou o ato como uma barbaridade. Além de punição para os autores do crime ele também pediu a responsabilização das empresas envolvidas. “A bárbara cena dos seguranças do Carrefour é o fiel reflexo da desumanidade com que são contratadas essas pessoas. O modus operandi se alinha à ideologia de quem contrata e a atitude não é outra senão aquilo para o que foi contratada. É responsabilidade da empresa”, apontou.

Ao também lamentar o assassinato, a presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann, destacou que é necessário combater o racismo no País e defender as vidas dos brasileiros e brasileiras negros e negras. “Muito triste no Dia da Consciência Negra acordarmos c/ a notícia de mais um homem assassinado por racismo. Combater o racismo é condição p/ construir uma sociedade justa e igualitária. Vidas negras importam sim. Não pode ser só discurso. Quantas vidas mais serão perdidas?”, indagou.

O crime ocorrido no Carrefour em Porto Alegre repercutiu entre os parlamentares petistas gaúchos. A deputada Maria do Rosário disse que as cenas da agressão que circulam pela internet são um “horror” e confirmam que o “racismo mata”. “O assassinato ocorrido ontem em Porto Alegre mostra que o racismo é uma das marcas deixadas pela escravidão num país que foi o último a colocar fim a esta forma de discriminação e intolerância. Alertas para a persistência desta luta necessária. Exigimos justiça! Vidas Negras Importam”, afirmou.

Sobre o assassinato, o deputado Marcon indagou “até quando?” notícias sobre mortes de pessoas negras por espancamento irão ocorrer no País. “Exigimos a apuração do caso e justiça!”, disse. Ele lembrou ainda que nesta sexta-feira (20), às 18h, haverá uma manifestação em frente ao Carrefour Passo D’Areia exigindo justiça em relação ao assassinato.

Já o deputado Paulo Pimenta postou que “é revoltante que na véspera do Dia da Consciência Negra, um homem negro tenha sido agredido até a morte por seguranças de uma loja do Carrefour”. Na mesma linha, o deputado Henrique Fontana declarou que “a violência racista é inaceitável”.

“Os responsáveis pelo crime da noite passada que tirou a vida de João Alberto Silveira Freitas em um Carrefour de Porto Alegre precisam ser exemplarmente punidos. Não basta não ser racista, é preciso ser antirracista”, afirmou.

O deputado Bohn Gass escreveu que, diante desse assassinato, hoje é um dia de revolta. “No Dia da Consciência Negra, a revolta no lugar de celebração. No RS, João Alberto Freitas (“Beto”) é espancado até a morte por seguranças de um mercado. Repudiar já não basta! É preciso política afirmativa, educação antirracista, reparar a segregação histórica. Quantos Betos?”, indagou.

Parlamentares negras e negros do PT também repudiaram o crime cometido no Carrefour em Porto Alegre. A deputada Benedita da Silva lamentou mais esse ato de violência contra negros no País e também lembrou os casos de violência contra as mulheres, que nesta quinta-feira (19) também vitimou a candidata do PT à prefeitura de Curralinho (Pará), Leila Arruda.

“Todos os dias, o racismo e o machismo assassinam centenas de João e centenas de Leila em nosso país. Esses dois brutais assassinatos são retratos de um Brasil governado à luz do fascismo. Não podemos mais conviver com estas realidades. Precisamos ir à luta! Vidas Negras Importam”, disse.

Ao também repudiar o assassinato de João Alberto, o deputado Valmir Assunção fez um apelo: “Chega de nos matar!”. “Jamais podemos normalizar este tipo de violência! É urgente que a sociedade se una em um comportamento antirracista para acabar com situações como essa. Vidas Negras Importam!”, defendeu.

Deputado Jorge Solla: – “Quando o caldo entorna? Mais um negro é assassinado cruel e covardemente no Brasil. A história de George Floyd, aqui, é uma trágica rotina que precisa parar urgentemente. Que cenas assombrosas. Que racistas desgraçados!”

Deputado Alencar Santana Braga: – “João Alberto Silveira Freitas, negro, espancado e assassinado na véspera do Dia da Consciência Negra por seguranças de um Carrefour em Porto Alegre. Em fevereiro de 2019, no Rio de Janeiro, Pedro Gonzaga, jovem negro de 19 anos, também foi morto por seguranças do Carrefour”.

Deputado José Guimarães, Líder da Minoria na Câmara: – “É revoltante ver as imagens do espancamento de um homem negro pelo segurança do Carrefour, esta não é a primeira vez que o supermercado se envolve em atos cruéis. Queremos punição dos envolvidos. O racismo precisa ser combatido por toda a sociedade! Vidas Negras Importam”.

Deputada Erika Kokay: – “No Dia da Consciência Negra, o Brasil tem mais um caso de um homem negro espancado até a morte, agora, num Carrefour em Porto Alegre. A violência contra os corpos negros não pode ser a regra. Não podemos naturalizar a barbárie! Vidas Negras Importam”.

Deputado Nilto Tatto: – “Até quando alguns seguirão dizendo que no Brasil não há racismo? Ontem, de novo, mais uma vez, novamente, um homem negro foi covardemente espancado e assassinado por seguranças do supermercado Carrefour em Porto Alegre. Isso será naturalizado por aqui até quando?”

Deputado Alexandre Padilha: – “As imagens só reforçam a importância de termos atitude antirracistas hoje e todos os dias do ano. O racismo brasileiro faz, novamente, mais uma vítima”.

Deputado Carlos Zarattini: – líder da Minoria no Congresso – “Mais um brutal crime de racismo, de preconceito, de discriminação! Além da punição exemplar aos assassinos, o Carrefour precisa ser punido!”

Deputado Paulo Teixeira (PT-SP) – “Dia da Consciência Negra e a notícia é da morte de um negro por seguranças do Carrefour. Vidas negras importam! Carrefour tem que ser punido, pedir desculpas e indenizar a família e a comunidade negra”.

Deputado Pedro Uczai: – “É revoltante ver pessoas negras, serem mortas por nada, sem poder se defender. As imagens do homem negro, morto em Porto Alegre, são cruéis e evidenciam o ódio gratuito e duro, sobre a vida negra. Até quando vamos naturalizar isso?”

Deputado Reginaldo Lopes: – “Ontem, véspera do Dia da Consciência Negra, mais um assassinato da população negra! Esse caso no Carrefour mostra o quanto as vidas negras são banalizadas no Brasil. Toda solidariedade à família e aos amigos de José Alberto Silveira Freitas. Vidas Negras Importam”.

Deputado Joseildo Ramos: – “Soubemos do assassinato de Beto, um homem negro espancado pelos seguranças do Carrefour de Porto Alegre um dia antes do dia da Consciência Negra. Um crime que não configura como uma exceção, mas como um exemplo da violência cotidiana à qual o povo negro está exposto.”

Deputado Carlos Veras: – “81% veem racismo no Brasil. Só 34% admitem preconceito. + de 75% das vítimas de homicídios são negras, entre elas, João Freitas, brutalmente espancado até morte, ontem, em supermercado. É triste e revoltante! Todo dia é dia de combater o racismo estrutural que violenta o país”.

Deputado Odair Cunha: – “Uma pessoa negra é morta no Brasil a cada 23 minutos. João Alberto Freitas, assassinado ontem em um supermercado Carrefour em Porto Alegre, é mais uma vítima do racismo no Brasil. No Dia da Consciência Negra estamos mais uma vez de luto. Vidas Negras Importam”.

Deputada Professora Rosa Neide: – “A violência praticada contra uma vida negra em um supermercado de Porto Alegre demonstra como a estúpida estrutura escravista ainda está presente. Nossa solidariedade à família de João Alberto Silveira. Enquanto tivermos voz vamos dizer não ao preconceito racial.”

Deputado Waldenor Pereira (PT-BA) – “No Dia da Consciência Negra, acordamos com a notícia de que João Alberto Freitas, homem negro, foi espancado e morto covardemente por seguranças do Carrefour. Um crime absurdo, que nos choca profundamente. É preciso pôr um fim ao racismo estrutural do Brasil! Vidas Negras Importam!”.

Deputada Natália Bonavides: – “Começamos 20 de novembro com muita indignação por mais uma brutalidade racista no Brasil. Ontem, João Alberto, homem negro, foi espancado até a morte no Carrefour, em POA. Dia da consciência negra é mais um dia de luta antirracista para mudar essa realidade. Vidas Negras Importam!”.

Deputado Célio Moura: – “Chega de racismo! É preciso punir esses criminosos perigosos. O racismo mata, humilha e destrói vidas! Punição exemplar, aos assassinos do Carrefour!”

Deputado Afonso Florence: – “Mais um assassinato de uma pessoa negra, em que o vídeo gravado prova o caráter doloso da ação dos assassinos. Os assassinos de João Alberto não podem ficar impunes. Vidas negras importam!”

Deputada Margarida Salomão: – “Que horror, que absoluto horror amanhecer o Dia da Consciência Negra com a notícia de um novo homicídio contra um negro, em pleno Carrefour de Porto Alegre”.

Deputado Rogério Correia: – “Inadmissível, revoltante, deplorável. Não dá para aceitar qualquer tipo de discriminação, muito menos uma violência desta. Infelizmente isso parece estar se normalizando cada vez mais no país onde impera o discurso de ódio vindo do próprio presidente”.

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16
Jul20

Deputados convocam Ministro da Defesa após Exército se calar sobre produção de cloroquina

Talis Andrade

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Há mais de um mês, a Comissão Externa da Câmara que acompanha as ações sobre o coronavírus enviou ofício ao Laboratório do Exército sobre a produção da cloroquina, que foi ignorado. Parlamentares querem explicações do general Fernando Azevedo e Silva

 

Por Plinio Teodoro/ Forum

- - -

Os deputados petistas Rogério Correia (MG), Alexandre Padilha (SP) e Jorge Solla (BA) entraram com requerimento nesta quarta-feira (15) para convocar o Ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, para prestar esclarecimentos sobre a produção da cloroquina nos laboratórios das Forças Armadas junto à Comissão Externa de Enfrentamento à Covid-19 após o Exército se recusar a fornecer essas informações.

“Ao insistir na produção da cloroquina em larga escala o governo ultrapassa qualquer razoabilidade de gestão pública por despender assim significativos recursos em uma ação sem retorno comprovado. Reforçamos que é urgente o comparecimento do Ministro da Defesa na Câmara dos Deputados”, dizem os deputados no requerimento.

Há mais de um mês o diretor do Laboratório Químico e Farmacêutico do Exército, coronel Haroldo Paiva Galvão, se recusa a responder uma série de perguntas da comissão externa da Câmara que acompanha as ações sobre o coronavírus no Brasil.

Em ofício encaminhado ao militar no dia 4 de junho, com prazo de 10 dias para as respostas, a comissão encaminha as seguintes perguntas:

  • Por qual ordem e procedimento o Laboratório começou a produzir Cloroquina;
  • Quanto foi gasto até o momento com a produção de Cloroquina;
  • Qual o volume de produção de Cloroquina;
  • Qual parâmetro científico foi utilizado para determinar que este Laboratório
    produza a Cloroquina;
  • Desde quando estão produzindo a Cloroquina; e
  • Se já encaminharam Cloroquina para os hospitais. Se afirmativo, para quais.

Leia a íntegra das perguntas encaminhadas ao Exército e do requerimento que pede a convocação do Ministro da Defesa 

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18
Mar20

Câmara aprova projetos para enfrentar coronavírus e PT defende o SUS

Talis Andrade

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Segundo o deputado Jorge Solla, “estamos na luta para desbloquear, descongelar os recursos da saúde, porque defender a saúde pública é a defesa da vida”

O plenário da Câmara aprovou nesta terça feira (17), por acordo entre os partidos, projetos fundamentais para o enfrentamento da pandemia do coronavírus (Codiv-19). O primeiro deles, o projeto de lei complementar (PLP 232/19), autoriza os gestores do Sistema Único de Saúde (SUS) a utilizar saldos de ações em saúde para o combate ao coronavírus. Ao encaminhar o voto favorável do PT, o deputado Jorge Solla (BA) alertou que a previsão de disponibilidade de recursos com essa medida não seria suficiente para dar conta do imenso desafio que o Sistema Único de Saúde terá nesse momento. “Votamos sim e vamos continuar na luta por mais verbas para a SUS, porque não financiar a saúde mata!”, afirmou.

Na avaliação da Bancada do PT, defendia por Jorge Solla, é preciso ampliar a capacidade de financiamento do SUS. “Estamos na luta para desbloquear, descongelar os recursos da saúde, porque defender a saúde pública é a defesa da vida, é a defesa da população brasileira”, argumentou. Ele se refere a Emenda Constitucional 95, do teto de gastos, que retirou da área de saúde pública cerca de R$ 20 bilhões somente no ano de 2019, segundo dados do Conselho Nacional de Saúde. O PLP 232/19 agora será analisado pelo Senado, antes de virar lei.

Produtos hospitalares

Foi aprovado também o PL 668/2020, que proíbe as exportações de produtos médicos, hospitalares e de higiene essenciais ao combate à epidemia de Coronavírus no Brasil. O deputado Jorge Solla argumentou que a medida é fundamental porque a indústria brasileira exportou muito esses produtos hospitalares para países que estavam enfrentando a pandemia do Covid-19 e o mercado interno ficou desabastecido. Ele explicou que o projeto surgiu de estudos feitos pela comissão externa de acompanhamento do coronavírus, no qual se constatou que máscaras cirúrgicas eram vendidas em novembro a R$4,70 numa caixa com 50 unidades. “Na Bahia hoje quando encontra a caixa ela custa R$160. Um absurdo!”, protestou. A matéria vai ao Senado.

Álcool

Os deputados aprovaram ainda o projeto de decreto legislativo (PDL 87/20), que suspende, por 90 dias, os efeitos de resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para ampliar o acesso a álcool etílico hidratado na graduação de 70% em embalagens maiores. A matéria será analisada pelo Senado.

Votação remota

Também por acordo entre os partidos, o plenário aprovou o Projeto de Resolução 11/20, da Mesa Diretora, que institui o Sistema de Deliberação Remota (SDR) para a discussão e votação remota de matérias sujeitas à apreciação do Plenário. O objetivo é evitar a necessidade de grande presença de parlamentares em Plenário para as votações, diminuindo o contágio do coronavírus.

 

19
Fev20

Flávio Bolsonaro divulga vídeo falso sobre a morte do miliciano Adriano

Talis Andrade

"PT tem denunciado e cobrado rigorosa apuração das evidentes relações criminosas entre a família Bolsonaro e o crime organizado no Rio de Janeiro, inclusive a milícia comandada por Adriano da Nóbrega”

adriano flávio queiroz.jpg

 

 

O deputado Jorge Solla (PT-BA) usou a tribuna da Câmara nessa terça-feira (18) para destacar mais um desespero da família Bolsonaro em relação à morte do miliciano Adriano Nobrega. “Hoje assistimos mais um episódio escatológico na forma de fazer política de Bolsonaro e sua ‘familícia’: a divulgação de um vídeo da necrópsia do suposto corpo do miliciano Adriano, nas redes sociais, pelo senador Flávio Bolsonaro. É mais um crime cometido pelo senador Flávio Bolsonaro”, acusou.

Segundo Jorge Solla, trata-se de mais uma fake news. “Seria interessante se a CPMI da Fake News se debruçasse também sobre mais esta ação criminosa, mais uma vez que o laudo pericial do corpo e a foto, que já se encontra na capa da revista Veja, mostra um tiro de fuzil, que atravessou seu corpo na região do tórax, com perfuração na parte frontal e traseira. O corpo no vídeo não possui essa lesão, deixando claro que a alegada tortura, por conta de fratura nas costelas, também não se sustenta”, esclareceu.

A perícia, continuou o deputado do PT baiano, mostra que as costelas fraturadas foram aquelas pelo tiro de fuzil, que atravessou de frente para trás o tórax. “Por fim, a lesão na cabeça, sem hematomas, sugere o ferimento que ocorreu após a morte. Eu sei que Flávio Bolsonaro não sabe nada de saúde, não entende nada de perícia legista, mas é primário. Um corpo que não tem circulação não forma hematoma na pancada. Então, a pancada ocorreu depois da morte no transporte”, explicou o parlamentar, que também é médico.

“Familícia” preocupada

Jorge Solla insistiu na preocupação da “familícia”. “Eles estão preocupadíssimos. Já têm foto. E não é só o Adriano que era amigo do Bolsonaro e sua familícia — não! O Leandro que foi preso era quem estava dando acobertamento e escondendo Adriano, que inclusive pagava R$ 1mil por dia em dinheiro no resort em que ele estava antes de a polícia ir ao seu encalço. O Leandro tem foto e é também amigo do presidente Bolsonaro”, destacou.

O deputado também relembrou que o governador da Bahia Rui Costa já disse — e ele ia repetir na tribuna: “A ordem era para tentar prender com vida, mas que diante da reação – pois qualquer bandido que atire em um policial – o policial tem direito, sim, de se defender, de reagir, mesmo que seja atirando em um amigo do presidente da República, em um bandido como Adriano e sua milícia”.

Vídeo fraudado

Na avaliação de Jorge Solla, é um absurdo um senador da República fazer um vídeo fraudado para tentar acobertar a ação da milícia, dos amigos e da “familícia” Bolsonaro. “Não podemos deixar que fiquem espalhando tantas mentiras de forma torpe. Ganharam a eleição com base na mentira, trouxeram a mentira para a estratégia de governo, praticam a mentira aqui nesse Parlamento todos os dias com a maior cara de pau. Não têm nenhum compromisso com a verdade, com dados, com a realidade, com nada! Mas um senador fraudar um vídeo para tentar acobertar os indícios! Estão muito desesperados”, criticou.

Perícia nos celulares

O deputado baiano observou ainda há vários dias o presidente e sua “familícia” não falam outra coisa. “Estão até supondo que a perícia que o Ministério Público do Rio de Janeiro fará nos celulares será fraudada. Eles apagaram o arquivo vivo, mas os pertences do arquivo vivo estão aí, e eles estão preocupados com tudo isso”, reforçou e indagou: “Quem tinha interesse em silenciar Adriano da Nóbrega? Quem tinha interesse em queimar esse arquivo? Aí o presidente pergunta quem fará a perícia nos telefones de Adriano. E já lança ele a vacina para já colocar sob suspeita a perícia do que se encontrar no celular. Do que que ele tem medo, afinal?”, provocou.

Solla afirmou ainda que parlamentares do PT e dos partidos de esquerda estão desde o início na luta para que a verdade seja apurada. “No período eleitoral, e durante todo o governo do atual presidente, o PT tem denunciado e cobrado rigorosa apuração das evidentes relações — repito — evidentes relações criminosas entre a família Bolsonaro e o crime organizado no Rio de Janeiro, inclusive a milícia comandada por Adriano da Nóbrega”, reforçou.

Jorge Solla também destacou que o PT acionou até mesmo o Supremo Tribunal Federal contra o presidente, em novembro de 2019, na tentativa de evitar a destruição de provas da investigação do assassinato de Marielle Franco. “A ex-vereadora foi assassinado por Élcio Queiroz, também ex-policial que participa do mesmo grupo criminoso de Adriano da Nóbrega, grande amigo do presidente Bolsonaro, comandante do escritório do crime, especializado em assassinato por encomenda, agora, apagado” explicou.

O deputado concluiu enfatizando que Adriano era um dos elos do “esquema criminoso” que envolve diretamente o presidente e sua família. “O seu depoimento era valioso para quem defende a democracia e repugna o mais importante cargo público do País ser comandado por quem se reporta a verdadeiros estados paralelos que desafiam os Poderes constituídos da República e impõe suas próprias leis e tribunais, ao arrepio da Constituição e dos direitos humanos”, frisou.

 

 

30
Out19

Deputados exigem explicações sobre suspeitas de envolvimento de Bolsonaro na morte de Marielle

Talis Andrade

bolsonaro milicianos arma.jpg

 

 

Parlamentares da Bancada do PT se revezaram na tribuna da Câmara nesta quarta-feira (30) para manifestar perplexidade com o depoimento do porteiro do condomínio onde mora a família Bolsonaro, que menciona o nome do presidente Jair Bolsonaro, no caso Marielle Franco (PSOL), vereadora do Rio de Janeiro assassinada em 2018. “Que Bolsonaro tem envolvimento com a milícia, o Brasil já sabe. Que Bolsonaro não tem como explicar de onde tirou dinheiro para pagar aquelas duas mansões que são propriedades dele, todo mundo já sabe. Só que agora estão mostrando o envolvimento dele com a morte da vereadora Marielle”, destacou o deputado Jorge Solla (PT-BA).

O deputado citou trechos da reportagem divulgada ontem (29) na qual revela que o assassino de Marielle esteve no condomínio de Bolsonaro. “Ele identificou-se, está lá o registro do nome dele, disse que ia para a casa 58, que é uma das duas mansões de Bolsonaro. O porteiro confirmou a informação. E agora o porteiro está sendo acusado. A que ponto nós chegamos!”, lamentou.

E o que é mais “escandaloso” nesse caso, segundo Solla, é que o presidente Bolsonaro mandou o ministro da Justiça, Sérgio Moro, acionar o procurador-geral do Ministério Público Federal, para acusar o porteiro de ter citado o nome do presidente. “Eu espero que isso não prospere. Houve o tempo em que existia o “engavetador-geral” da República. Agora há o responsável por blindar o envolvimento criminoso com a milícia e com o assassinato de Marielle”, criticou.

Jorge Solla afirmou que é preciso exigir que a apuração aconteça. “Nós queremos ouvir a gravação. Há informação de que existe gravação sim na portaria do condomínio. Nós queremos ouvir a gravação que comprova o envolvimento do presidente. E isso tem que gerar apuração, não proteção, não blindagem”, protestou.

Quem não deve não teme

Ao comentar o caso, o deputado Valmir Assunção (PT-BA) disse que não ia acusar o presidente Bolsonaro de envolvimento com o assassinato da vereadora Marielle. “Mas assisti nas redes sociais e nos meios de comunicação o debate ocorrido no dia de ontem, e mesmo achando que a Rede Globo tem que explicar como dá alguns furos de reportagem em matéria sigilosa. E isso não é de agora – foi contra o presidente Lula, contra o PT e contra a esquerda. Jair Bolsonaro não aguentou um Jornal Nacional!”, criticou.

Valmir Assunção disse que viu o vídeo de Jair Bolsonaro no Facebook. “Vi que ele está muito nervoso. Quem não deve não teme. Essa é a máxima”, provocou. O deputado observou ainda que não tem como negar que Élson Queiróz e Ronnie Lessa – acusados do assassinato de Marielle – fazem parte da amizade da Família Bolsonaro. “Quando dizemos isso, não estamos dizendo que o Bolsonaro é responsável pelo assassinato, mas uma coisa é concreta: esses dois suspeitos fazem parte da amizade da Família Bolsonaro, isso é público e notório”, reforçou.

Ameaça à TV

bolsonaro vizinho miliciano assassino marielle .jp

 

O deputado Alencar Santana (PT-SP) relembrou que um outro “eiro”, um caseiro derrubou um ministro. E, agora, nós temos o depoimento de um porteiro, que cita o nome do presidente. “Ele diz que um suspeito foi ao seu condomínio, na casa de um outro suspeito da morte da Vereadora Marielle e diz que é a casa do hoje presidente Bolsonaro. Essa circunstância, por si só, faz com que haja necessidade do inquérito ser transferido para a Procuradoria-Geral da República e para o Supremo Tribunal Federal, uma vez que se trata do presidente da República”, explicou.

Alencar Santana estranhou ainda a conduta do presidente, que logo após a reportagem ameaçou uma concessionária de TV, dando a entender que pode não renovar a sua concessão no período adequado de pedido. “Ora, ele está insinuando o quê com isso? É uma ameaça? O presidente está usando o seu poder para ameaçar, tentando calar a imprensa como medida de censura?”, protestou.

O deputado do PT paulista criticou ainda a postura do ministro Moro, que determinou uma apuração para ver em que circunstância o depoimento do porteiro foi dado. “Como assim? Ele está suspeitando, sem qualquer evidência, sem qualquer elemento fático, do trabalho de uma instituição? Da polícia do Rio de Janeiro? Também da condução do MP do Rio? Isso é um absurdo! É uma interferência indevida, é um abuso de poder, é crime de responsabilidade”, afirmou.

Casa 58

casa58.jpg

 

O deputado Paulo Guedes (PT-MG) enfatizou que a pergunta que o Brasil todo faz hoje é: quem estava na casa nº 58?. “Nós ficamos perplexos porque, ao invés de o presidente Jair Bolsonaro dar explicações, ele faz justamente o contrário, ele pede ao seu ministro da Justiça, Sérgio Moro, para investigar o porteiro. Quando age dessa forma, o presidente se comporta como se fosse o Barão de Araruna, e se submete o ministro da Justiça à condição de capitão-do-mato. Nós não podemos admitir isso. O Brasil exige explicação”.

Os deputados Assis Carvalho (PI), Frei Anastácio (PT-PB), Airton Faleiro (PT-PA) e Reginaldo Lopes (PT-MG) também se manifestaram em plenário sobre o depoimento do porteiro.

Vânia Rodrigues

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