Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

O CORRESPONDENTE

23
Mai23

Joaquim de Carvalho condena afastamento de Appio: “querem encobrir o que aconteceu na Lava Jato”

Talis Andrade
 
 
Imagem
 
 

“Appio é quem pode revelar a verdade sobre a Lava Jato”, ressaltou o jornalista em sua participação no programa Bom Dia 247. A quadrilha deu dinheiro para inúmeros bandidos. O Brasil precisa punir os novos ricos da liga da justiça

 

Em sua participação no programa Bom Dia 247 desta terça-feira (23), o jornalista Joaquim de Carvalho expressou veementes críticas ao afastamento do juiz Eduardo Appio da 13ª vara de Curitiba. Carvalho enfatizou que a decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) representa uma tentativa de silenciar a autoridade responsável pelas investigações dos crimes relacionados à Operação Lava Jato.

Segundo o jornalista, o afastamento de Appio revela uma clara intenção de encobrir os fatos ocorridos durante as investigações da Lava Jato, um dos maiores escândalos de corrupção da história do Brasil. "A ação do TRF4 revela que eles querem encobrir o que aconteceu na Lava Jato", afirmou Carvalho.

Carvalho ressaltou a falta de direito de defesa concedida ao juiz Appio, destacando que ele jamais poderia ter sido afastado sem a oportunidade de se defender das acusações levantadas contra ele. Para o jornalista, o afastamento ocorreu de forma extremamente violenta, ignorando princípios fundamentais do devido processo legal.

O jornalista também salientou a importância de Eduardo Appio para revelar a verdade sobre os acontecimentos da Lava Jato. Segundo Carvalho, Appio detém informações cruciais que podem esclarecer diversos aspectos da operação e expor possíveis irregularidades cometidas por autoridades envolvidas.

27
Abr23

Exclusivo: Novo relator do caso Tacla Duran levou para gabinete no TRF-4 servidores ligados a Moro

Talis Andrade
www.brasil247.com - Loraci Flores e Tacla Duran
Loraci Flores e Tacla Duran (Foto: Sylvio Sirangelo/TRF4 | Reprodução/YouTube)

 

O jornalista investigativo Joaquim de Carvalho revela uma justiça ferrada como gado, marcada com M de Moro senador, ex-juiz suspeito, parcial e incompetente

 

"Nomeação de funcionários que trabalharam na 13a. Vara Federal reforça quadro de suspeita do tribunal", diz ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão

 

Escreve Joaquim de Carvalho:

O desembargador Marcelo Malucelli deixou a relatoria dos casos da Lava Jato depois que se revelou a ligação dele com Sergio Moro, inclusive familiares, mas a suspeita quanto à isenção da 8a. Turma do Tribunal Regional Federal permanece.

O desembargador Loraci Flores de Lima assumiu a relatoria, apesar de ser irmão do delegado da Polícia Federal Luciano Flores de Lima, muito ativo nos inquéritos da Lava Jato. 

Foi ele quem comandou a condução coercitiva de Lula em março de 2016 e também presidiu o inquérito em que Maria Letícia teve uma conversa privada dela com o filho divulgada à imprensa.

O delegado Luciano Flores também foi o responsável pelo cumprimento do mandado de prisão de Duda Mendonça e da esposa, além do mandado contra o ex-ministro José Dirceu.

Quando Sergio Moro era ministro da Justiça no governo Bolsonaro, Luciano Flores foi promovido a superintendente da Polícia Federal em Curitiba.

Na época, Lula se encontrava preso na Superintendência e era visitado no cárcere por Luciano Flores, o que podia ser interpretado até como um tripúdio.

A ligação de Loraci com Moro vai além. Pelo menos dois servidores que trabalhavam na 13a. Vara Federal de Curitiba quando Moro era o titular foram convocados por Loraci para trabalhar em seu gabinete no TRF-4.

A servidora Flávia Rutyna Heidemann tem uma notória relação de confiança com Moro. Ela foi nomeada assessora especial do Ministério da Justiça quando Moro era o titular da pasta.

Pelo cargo de analista judiciário, Flávia teve em março vencimentos brutos por sua lotação original, em Curitiba, no valor de R$ 24.109,85 (líquidos, R$ 17.651,51). Por estar servindo no TRF-4, recebeu uma diferença de apenas R$ 2.145.59 (líquidos).

Para muitos, não é uma diferença que justifique a transferência de cidade. O outro servidor levado por Loraci a Porto Alegre é Thiago da Nova Telles, que tem vencimentos brutos por sua lotação na 13a. Vara de R$ 22.561,07 (líquidos, R$ 16.427.55). A diferença por estar no TRF-4 é a mesma de Flávia Rutyna Heidemann.

Se não for pela diferença salarial, por que iriam para o gabinete do desembargador Loraci? 

O desembargador, que era juiz federal no interior do Rio Grande do Sul em 2019, quando Moro foi servir a Bolsonaro, era considerado pelos procuradores da Lava Jato a melhor opção para assumir a 13a. Vara da Justiça Federal em Curitiba.

"Seria nossa melhor opção", disse o procurador regional Januário Paludo no gupo do Telegram em que os demais proocuradores participantes eram chamados de seus "filhos", conforme mensagens divulgadas pela Vaza Jato. "(Loraci) diz que não quer. Tentei convencê-lo", acrescentou.

O nome de Loraci, no entanto, apareceu nos jornais do Paraná e Rio Grande do Sul como um dos candidatos à vaga de Moro.

No final do ano passado, Bolsonaro nomeou Loraci e Malucelli como desembargadores no TRF-4. 

Ao colocar em seu gabinete servidores que trabalharam com Moro, Loraci ajuda a reforçar a suspeita de que sua promoção a desembargador foi uma contrapartida de Bolsonaro ao juiz responsável pela exclusão de Lula das eleições de 2018.

Em entrevista à TV 247 nesta terça-feira, o ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão comentou essas nomeações no TRF-4 de servidores ligados a Moro. 

E lembrou que o antecessor de Loraci na relatoria da Lava Jato já tinha dado demonstração de blindagem a Moro e perseguição ao ex-prestador de serviços da Odebrecht Rodrigo Tacla Durán, que quer apresentar prova de que teria sido extorquido por advogados ligados ao ex-juiz e sua esposa, Rosângela.

"O que há aqui é um reforço do quadro de suspeição, porque é uma questão muito mais de afinidade do juiz com a causa, por conta de envolvimento com as partes. Certamente com grande hostilidade para com o Tacla Duran. Por certo, o quadro como ele (Loraci) compõe o seu gabinete denota que ele faz parte dessa tramazinha de que o antecessor (Marcelo Malucelli) também fazia parte. Isso é para mim o reforço de um quadro de suspeição", disse.

"Isso mostra a grande afinidade dele com a operação que perseguiu o Tacla Duran", finalizou.

Para Aragão, em razão desse quadro de suspeição, o Supremo Tribunal Federal deve avocar todas as ações relacionadas a Tacla Duran.

Veja a entrevista com Eugênio Aragão:

 

 

23
Abr23

Por que o depoimento de Tacla Duran é fundamental para se conhecer a verdadeira história da Lava Jato

Talis Andrade

 

Zucolotto e Vinícius Borin, denunciados por Tacla Duran por intimidação
Carlos Zucolotto e Vinícius Borin, denunciados por Tacla Durán por intimidação

 

por Joaquim de Carvalho

O advogado Rodrigo Tacla Duran pediu à 13a. Vara Federal de Curitiba e ao Ministério da Justiça no Brasil que redefina a data de validade do salvo conduto que assegurará a ele vir ao Brasil sem o risco de ser molestado pelos remanescentes do lavajatismo no País.

Seu depoimento estava marcado para quinta-feira da semana passada, 13/04, mas ele protocolou petição para que uma nova data fosse marcada, sob o argumento de que dois aliados de Sergio Moro haviam se habilitado no processo, o que, na avaliação dele, constitui uma tentativa de intimidação.

"Trata-se, assim, a tentativa de habilitação ao presente feito, de reiterada conduta intimidatória, pelo delator VINICIUS VEIGA BORIN contra a testemunha protegida, razão pela qual se impõe a decretação do sigilo retromencionado, sem prejuízo de que sejam adotadas outras medidas por parte deste r. juízo", escreveu.

Tacla Duran também relatou à 13a. Vara Federal de Curitiba um episódio anterior em que Vinícius Borin o teria ameaçado. Borin era um dos responsáveis por um banco em Antigua, o Menl Bank, que prestava serviços à Odebrecht (mas não só), e teve acordo de delação homologado por Moro.

Para ele, o acordo foi um excelente negócio, segundo constatou a coluna Radar, de Veja, em uma nota de 2019, publicada com o título "A vida boa de mais um delator da Lava Jato". Borin pagou R$ 1 milhão em multas, embora tivesse movimentado 2,6 bilhões de dólares, ficou em casa, não usou tornozeleira eletrônica, e foi autorizado por Moro a fazer várias viagens ao exterior. Apareceu na internet várias vezes degustando vinhos caros.

 

Em 2016, mensagem postada pelo procurador da república Júlio Noronha em um dos grupos da Lava Jato no Telegram revela que o Departamento de Justiça dos EUA estava preocupado com a ameaça de Borin a Tacla Duran. A mensagem foi encontrada no HD apreendido na casa do hacker Walter Delgatti Neto, durante a Operação Spoofing.

 

Noronha compartilha com os colegas da Lava Jato mensagem que recebeu de um procurador norte-americano identificado como David. O texto está em inglês, segue a tradução:

"Olá Júlio. Quando nos falamos pela última vez, havíamos discutido uma ligação de acompanhamento no início da semana. Por favor, deixe-nos saber se você está disponível hoje ou outro dia desta semana para falar sobre a Odebrecht. Também queremos fornecer outra atualização sobre Rodrigo Tacla Duran. Conversamos com seu advogado nos Estados Unidos na sexta-feira. Ele informou que o advogado brasileiro de Tacla está em contato com Carlos Fernandez (sic) no MPF a respeito de um possível encontro com Tacla nos Estados Unidos. Dissemos a ele que não acreditávamos que haveria tal reunião, mas que discutiríamos com todos vocês. O advogado de Tacla também informou sobre algumas mensagens sobre Wickr que foram enviadas para outro de seus clientes ("El Chino") de alguém que ele acredita ser Vinicius Borin, sugerindo que "El Chino" e Tacla deixem os EUA e nunca mais voltem para o Brasil. Gostaria de discutir isso com você também. Por favor, deixe-nos saber se você tem tempo para uma chamada hoje ou outro dia desta semana."

 
Trecho da petição em que Tacla Durán denuncia ter sofrido ameaça de delator aliado de Moro
Trecho da petição em que Tacla Duran denuncia ter sofrido ameaça de delator aliado de Moro 

 

El Chino é Wu-Yu Sheng, que trabalhou com doleiros no Brasil antes de se mudar para os Estados Unidos, durante a Lava Jato. Embora prestasse serviços à Odebrecht, não foi alvo de ações da Lava Jato em Curitiba. O motivo pode ser desvendado a partir do depoimento de Tacla Duran no Brasil.

El Chino teria comprado proteção junto a advogados da chamada "panela de Curitiba", com elo no sistema de justiça que tinha Moro como autoridade central. O indício é uma nota publicada na coluna Radar, de Veja, em 20 de março de 2019. 

Segundo a publicação, El Chino contou ao Departamento de Justiça dos EUA, com o qual colaborava, que pagou 500 mil dólares a advogados em Curitiba. De fato, ele não foi incomodado pela força-tarefa coordenada por Deltan Dallagnol, mas em 2018 teve a prisão decretada no Rio de Janeiro, por Marcelo Bretas.

Foi aí que colocou a boca no trombone nos EUA. A compra de proteção teria se limitado a Curitiba, mas talvez tenham lhe dito que ele estaria livre das investigações da Lava Jato em geral. 

Não será possível confrontar a versão com El Chino, já que, em fevereiro de 2020, ele morreu, segundo atestado de óbito protocolado na 7a. Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, que tinha à época Bretas como titular. O magistrado foi afastado do cargo pelo Conselho Nacional de Justiça em fevereiro deste ano por má conduta. Segundo o atestado de óbito, El Chino morreu de câncer na faringe, aos 42 anos de idade.

 
Wu-Yu Sheng, o El Chino
Wu-Yu Sheng, o El Chino

 

O fato é que, sendo verdadeiro o relato do Departamento de Justiça sobre a ameaça em 2016, a presença de Vinícius Borin na audiência em que Tacla Duran pretende revelar tudo o que sabe é indevida, e pode indicar, sim, intimidação.

A presença de outro aliado de Moro, Carlos Zucolotto Júnior, na audiência também pode representar coação no curso do processo, o que é motivo para decretação de prisão preventiva. Tacla Duran relatou a participação de Zucolotto no que ele entende ser um movimento articulado de intimidação nos termos abaixo. O texto foi extraído da petição:

"Do mesmo modo, verifica-se que CARLOS ZUCOLOTO JUNIOR também em manifesta conduta intimidatória em face da testemunha protegida, inclusive requerendo autorização para que participe pessoalmente de audiência designada por este r. juízo, reforçando a coação contra a testemunha protegida", denunciou Tacla Duran ao juiz Eduardo Appio, titular da 13a. Vara Federal de Curitiba.

"Em decorrência dos fatos verticalizados alhures (sic), a testemunha protegida já se encontra moralmente coagida e intimidada, havendo o risco, inclusive, de ser fisicamente constrangida em sede judicial", acrescentou.

Por fim,Tacla Duran requereu "pelo acima exposto, e principalmente pela conduta intimidatória de CARLOS ZUCOLOTO JUNIOR, com o condão de coagir presencialmente a testemunha protegida em audiência designada para esta data, é que se requer seja a mesma redesignada, em sigilo total, para outra data."

Zucolotto e Vinícius Borin, denunciados por Tacla Duran por intimidação
Zucolotto e Vinícius Borin, denunciados por Tacla Durán por intimidação

 

A petição de Tacla Duran foi protocolada simultaneamente ao despacho do desembargador Marcelo Malucelli, que, julgando recurso apresentado por um procurador de Curitiba, revalidou a prisão preventiva decretada por Moro.

A notícia foi para a página oficial do Tribunal Regional Federal da 4a. Região, e quatro horas depois retirada. Nesse espaço de tempo, foram reveladas pela imprensa e nas redes sociais as relações pessoais entre Moro e Malucelli.

O filho, João Eduardo Barreto Malucelli, é sócio de Sergio e Rosângela Moro em um escritório de advocacia em Curitiba. João Eduardo também é namorado da filha do casal Moro, Júlia, e está nomeado como assessor no gabinete do deputado estadual Luiz Fernando Guerra, na Assembleia Legislativa. Recebe aproximadamente R$ 13 mil por mês.

Além da retirada da matéria do site oficial do TRF-4, Malucelli enviou ofício à presidente do Supremo Tribunal Federal, Rosa Weber, para dizer que houve um equívoco: na verdade, ele não teria revalidado o decreto de prisão de Tacla Duran.

Nesta quinta-feira, 20/04, Malucelli se afastou de todos os casos da Lava Jato, declarando sua "suspeição superveniente, por motivo de foro íntimo".

Ele disse que "circunstâncias posteriores" (...) "que se relacionam com a integridade física e moral de membros" da sua família. Sobre integridade física, nada se sabe, mas quanto à integridade moral não resta dúvida de que foi abalada. 

Não por ameaça, mas por um fato concreto: o filho parece ocupar uma sinecura no gabinete do político aliado do ex-juiz. E esse é apenas um dos vínculos que, em nome da higiene processual, recomendavam que Malucelli mantivesse distância dos processos envolvendo Moro.

O Conselho Nacional Nacional de Justiça abriu investigação sobre a conduta do desembargador, que também é citado nos diálogos da Vaza Jato. 

Deltan Dallagnol, quando articulava nome da sua confiança para o lugar de Moro – que havia sido nomeado ministro de Jair Bolsonaro e abandonado a magistratura – disse a colegas que Marcelo Malucelli lhe passava informação de bastidores e também estava disposto a garantir estrutura administrativa para que o juiz Luiz Antônio Bonat assuir o posto, o que acabou ocorrendo.

No apagar das luzes de seu governo, Jair Bolsonaro nomeou Bonat e Malucelli para o Tribunal Regional da 4a. Região.

Nesta sexta-feira, o jornalista Jamil Chade noticiou em sua coluna no UOL que Malucelli só se declarou suspeito um dia depois do trânsito em julgado de uma reclamação de Tacla Duran.

Segundo a notícia, Tacla pediu a suspeição do próprio Moro (prejudicada, já que Moro não é mais juiz), Malucelli, Nivaldo Brunoni e Loraci Flores de Lima.

Malucelli se declarou suspeito e Nivaldo não é titular na 8a. Turma. Mas permanecerá Loraci Flores de Lima, irmão do delegado da Polícia Federal Luciano Flores de Lima, aquele que executou a condução coercitiva de Lula e era presidente do inquérito em que Marisa Letícia teve uma conversa privada com o filho vazada para a imprensa.

Nos processos em curso na 13a. Vara Federal de Curitiba, Tacla Duran juntou peças de inquérito policial contra ele em que Luciano Flores de Lima atuou. Com isso, seu irmão estaria impedido de julgar casos que o envolvem.

Com o trânsito em julgado da reclamação, no entanto, Loraci Flores de Lima poderá atuar, o que significa que as ações sobre Moro que passarem por lá terão olhos e mãos suspeitas.

A Lava é uma operação de cartas marcadas desde seu início. Como contou o criminalista Fernando Fernandes em seu livro "Geopolítica da intervenção", o caso foi parar nas mãos de um desembargador amigo de Moro, João Pedro Gebran Neto, ainda em 2014, por conta de uma conexão inexistente.

Deveria haver sorteio para a escolha do relator, mas se considerou que Gebran já tinha um caso conexo e, portanto, era o que em direito se chama magistrado prevento.

Só que o caso alegado para a prevenção não tinha nenhuma relação com processos da Lava Jato. "O incrível é que esse habeas corpus foi distribuído ao desembargador Gebran por prevenção ao mandado de segurança número 50025261220144040000. As partes eram Edmundo Luiz Pinto Balthazar, funcionário da Google do Brasil, contra o juiz. A prevenção utilizada para que os casos ficassem com Gebran não tinham nenhuma relação com a Lava Jato", narra Fernando Fernandes em seu livro.

Tudo isso passou batido diante do espetáculo em que se transformou a Lava Jato, com a intensa cobertura na mídia corporativa, que eu chamo de velha imprensa. 

Esses vícios do passado recente no sistema de justiça no sul do País, que transformaram setores do Judiciário do Brasil e tribunal de exceção, não podem se repetir.

Que Tacla Duran tenha a liberdade e, sobretudo, proteção para contar o que sabe, testemunhou e protagonizou. Parte dessa história já se sabe: segundo mensagens apresentadas pelo advogado, Carlos Zucolotto Júnior, padrinho de casamento de Moro e Rosângela, exigiu 5 milhões de dólares para conseguir benefícios em acordo de delação.

Tacla Duran depositou cerca de 613 mil dólares na conta do escritório de advocacia de Marlus Arns, parceiro de Rosângela Moro em processos da Apae e da chamada Máfia das Falências, como parte desse acerto (há documento de transferência bancária).

Seria o mesmo tipo de proteção pela qual El Chino pagou meio milhão de dólares? Parece. Mas tudo ficará claro se houver investigação e, para isso, é preciso dar o primeiro passo, que é o depoimento de Tacla Duran. 

 

20
Abr23

A farsa Adélio-PCC e o papel da Folha de S. Paulo numa armação perigosa

Talis Andrade
www.brasil247.com - Jair Bolsonaro e Adélio Bispo
Jair Bolsonaro momento da facada e Adélio Bispo preso incomunicável e com advogados bolsonaristas porta de cadeia (Foto: Reprodução | Ricardo Moraes/Reuters)

 

Jornal  do golpe de 1964 dá curso a plano de Bolsonaro de forjar ligação da facção criminosa a Lula e ao PT

 

por Joaquim de Carvalho

- - -

O evento de Juiz de Fora que decidiu os destinos do Brasil entre 1o. de  janeiro de 2019 e 1o. de janeiro de 2023 ainda tem muitos pontos de interrogação e um jornal do tamanho da Folha de S. Paulo, em vez de dar respostas, coloca mais dúvida. 

Poderia ser apenas mau jornalismo, mas, pela reincidência, parece cumplicidade. No caso de Juiz de Fora, a dúvida interessa a quem procura construir a narrativa de crime encomendado. Bolsonaro é declaradamente um desses.

Aos fatos: o jornal publica nesta quarta-feira (19/04) reportagem com o título "Apuração da PF cita elo entre PCC e Adélio, mas direção vê tese furada". O texto longo não chega a lugar nenhum, mas serve como adubo a quem quer propagar desinformação.

Um advogado da banca de Zanone Júnior recebeu R$ 315 mil de empresas usadas pela facção criminosa para patrocinar defesas jurídicas, e, com base em informações frágeis, o jornal dá curso à tese de que a facção criminosa poderia estar por trás da ação de Adélio.

A reportagem ainda elogia o autor da tese, o delegado Martin Bottaro Purper, chamado de "um dos principais especialistas em PCC na PF", que passou a presidir o inquérito sobre o episódio de Juiz de Fora depois que o delegado Rodrigo Morais caiu para cima no governo Bolsonaro.

Resistente à pressão para jogar a fumaça do crime encomendado no caso de Juiz de Fora, Morais foi nomeado para um cargo no exterior em janeiro de 2022, no ano em que Bolsonaro tentaria a reeleição. Para o seu lugar, foi escolhido Martin Bottaro, que já havia trabalhado em casos que envolvem o PCC.

Bottaro era a peça que se encaixava à perfeição na narrativa de Bolsonaro. Durante a campanha eleitoral, o então presidente foi multado e teve que excluir postagens que tentavam associar Lula à facção criminosa. 

Durante a campanha de 2022, Bottaro tentou tomar um novo depoimento de Adélio, na Penitenciária Federal de Campo Grande. O delegado pediu também acesso ao laudo psiquiátrico sobre Adélio de agosto de 2022. Mas o juiz Luiz Augusto Iamassaki Fiorentini negou o pedido, feito às vésperas do segundo turno.

A Folha, sempre ela, noticiou que Martin Bottaro pediria autorização da Justiça Federal para tomar depoimento de Adélio, mas esse pedido nunca foi protocolado, serviu apenas para manchete a poucos dias antes do segundo turno da eleição de 2022.

E, claro, alimentou a desinformação na rede social, o que atendia ao interesse de Bolsonaro. Gerou a fumaça que o antigo delegado do caso, Rodrigo Morais, sempre evitou.

Antes de deixar o inquérito, em janeiro de 2022, Morais e integrantes de sua equipe estiveram duas vezes com Bolsonaro, em Brasília. A missão deles era mostrar ao então presidente como estava o inquérito. 

Bolsonaro não pediu nada, mas a simples convocação já indicava que ele queria alguma coisa, sobretudo porque a presença dos policiais no palácio era antecedida de manifestações dele sobre o episódio, tentando associar o evento de Juiz de Fora à oposição política.

Em julho de 2021, Rodrigo Morais foi indicado pelo então diretor-geral da PF, Paulo Maiurino, para ocupar um posto na Diretoria de Inteligência. Era uma nomeação que exigia que a documentação passasse pela Casa Civil, mas esta não deu andamento.

Antes disso, na segunda apresentação sobre o inquérito, um policial da equipe de Morais comentou na sala em que estava Bolsonaro que havia tido a oportunidade de conversar com Gustavo Bebianno  – que morreu em 14 de março de 2020.

Era blefe, mas a reação de Bolsonaro surpreendeu a todos na sala. "Foi a primeira vez que vi Bolsonaro se desconcertar", comentou um dos presentes.

Bebianno, como se sabe, havia manifestado estranheza quanto à presença de Carlos Bolsonaro em Juiz de Fora, em 6 de setembro de 2018. 

No programa Roda Viva, depois que foi demitido da Secretaria Geral da Presidência, Bebianno mencionou que era a primeira vez que o filho de Bolsonaro participava de um ato de campanha.

E disse mais: Carlos Bolsonaro ficou o tempo todo no carro, comandando um drone, cujas imagens foram usadas como peça de propaganda na internet, logo depois do evento envolvendo Adélio. 

Bebianno disse ainda que, nos primeiros dias de governo, Carlos Bolsonaro pediu a ele para nomear quatro policiais federais para a Abin. Nas palavras de Bebianno, seria uma "Abin paralela". 

Bebianno recusou, com o argumento de que aquelas nomeações poderiam levar ao impeachment de Bolsonaro. No Roda Viva, Bebianno não disse por que a nomeação era tão prejudicial aos interesses do governo, e também se recusou a revelar quem eram esses policiais.

Hoje se sabe que, naquele mesmo ano, depois da queda de Bebianno, foram nomeados para a Abin três agentes da PF que atuaram na segurança de Bolsonaro em Juiz de Fora, além do delegado Alexandre Ramagem, que assumiu a direção-geral da Agência.

Os agentes da Abin são Luíz Felipe Barros Félix, Marcelo Araújo Bormevet e Flávio Antonio Gomes. Para fazer o documentário "Bolsonaro e Adélio - Uma fakeada no coração do Brasil", censurado pelo YouTube, procurei os agentes, mas eles não retornaram ao meu pedido de entrevista.

Se a Folha quer, efetivamente, investigar jornalisticamente o caso de Juiz de Fora, pautas não faltam, sobretudo neste momento, em que o isolamento de Adélio apresenta as primeiras fissuras.

Em 30 de março, depois de quatro anos e meio, a dona de casa Maria das Graças Ramos de Oliveira visitou o irmão. O 247 acompanhou e fez uma videorreportagem. Na última segunda-feira (17/04), a titular da 2a. Vara de Família e Sucessões, Cíntia Xavier Letteriello, esteve na Penitenciária Federal de Campo Grande, para entrevistar Adélio.

 

A magistrada é responsável pelo processo em que Maria das Graças pede a curatela do irmão, diagnosticado como inimputável no processo sobre o evento de Juiz de Fora.

A juíza já tinha ouvido Maria das Graças em audiência, e causou boa impressão, ao demonstrar que tratará o processo como todos os outros em sua jurisdição, sem atentar para os aspectos políticos que poderiam envolver o caso.

Ao mesmo tempo, a Defensoria Pública da União, representada pelo defensor Welmo Rodrigues, tem travado uma luta dura por justiça no caso de Adélio, que, sendo doente mental, não poderia ficar trancado em cela isolada na penitenciária com Regime Disciplinar Diferenciado (RDD).

O último laudo psiquiátrico, de agosto do ano passado, aponta a piora do estado de saúde dele, que, desconfiado, evita tomar medicamentos. A irmã contou que Adélio acredita que há um desejo de que ele morra na prisão.

Adélio reclamou do advogado que assumiu seu caso logo depois do episódio em Juiz de Fora, o criminalista Zanone Júnior. "Ele me trancou aqui e jogou a chave fora", disse à irmã. 

A pedido de Zanone é que Adélio foi trancado na penitenciária federal, declarado inimputável e processado com base na Lei de Segurança Nacional, que fez seu caso permanecer na Justiça Federal, em vez de transitar pela Justiça Estadual de MInas Gerais, onde responderia por lesão corporal e, certamente, já estaria em liberdade.

No final de 2019, Adélio enviou carta de próprio punho à Defensoria Pública da União em que pediu a remoção do advogado.

Zanone deixou de atuar na causa como advogado, mas, estranhamente, foi nomeado curador processual, embora Adélio tivesse família em Montes Claros. 

O juiz que nomeou Zanone disse que tomou a decisão para que o processo não perdesse agilidade, já que a família de Adélio é pobre e mora distante.

Apenas uma das muitas cartas que Adélio escreveu para a família chegou a Maria das Graças. Nela, Adélio pedia empenho para que pudesse ser transferido para perto da família.

Mesmo afastado do processo como advogado e na condição de curador processual, Zanone nunca deixou de se empenhar para manter Adélio na penitenciária.

A Folha, sempre ela, publicou entrevista em que ele falava da melhora do estado de saúde de Adélio na Penitenciária, uma vez que estaria sendo atendido por equipe médica, o que era mentira.

Continuava sendo apresentado como advogado e, em agosto do ano passado, nomeou assistente técnico para acompanhar a junta médica que elaborou o segundo laudo.

A Justiça Federal em Campo Grande não aceitou o psiquiatra indicado por Zanone e, a pedido da Defensoria Pública Federal, o removeu da condição de curador.

Quem ficou com a função foi a própria Defensoria, o que faz sentido, até que a Justiça Estadual em Mato Grosso do Sul decida sobre o pedido de Maria das Graças.

A Defensoria também atua em outra frente, a da transferência de Adélio para um hospital psiquiátrico perto da família ou, na ausência de vaga, para a residência da irmã.

O juiz Bruno Savino, de Juiz de Fora, se manifestou contra, e a decisão cabe a ele, já que o STF julgou que compete ao juiz da origem do fato decidir em que estabelecimento o sentenciado deve cumprir medida de segurança.

A decisão do STF foi relatada por Kássio Nunes Marques, o primeiro ministro indicado por Jair Bolsonaro.

Foi em 2020, quando a Justiça Federal em Campo Grande entendeu que Adélio não poderia continuar na penitenciária, Bruno Savino (e Zanone) se manifestou contra. 

Estabeleceu-se à época um conflito de competência, que foi parar no STF.

Nunes Marques entendeu que o presídio é "estabelecimento adequado" para cumprimento de medida de segurança, conforme o artigo 96 do Código Penal.

Diante do último laudo psiquiátrico, o de agosto do ano passado, que mostra um quadro de deterioração mental de Adélio, a Defensoria Pública da União entende que esse argumento caiu por terra.

Por isso, recorreu da decisão da Justiça Federal em primeira instância. O recurso está no gabinete do relator do Tribunal Regional Federal da 3a. Região, para ser levado a julgamento.

A Defensoria postula a transferência de Adélio para um hospital ou, na ausência de vaga, para a casa da família, para que receba tratamento em ambulatório. 

O Ministério Público Federal concorda com a transferência para hospital, mas é contra a ida para a casa da família e o consequente tratamento ambulatorial. 

O juiz Bruno Savino estendeu a medida provisória até agosto de 2024.

Na visita virtual da irmã, em fevereiro deste ano, quando perguntado sobre o que ocorreu em 6 de setembro de 2018 em Juiz de Fora, Adélio respondeu: "Não vem ao caso".

Sem as grades de ferro, Adélio se sentiria mais à vontade para falar?

 

09
Abr23

Quando vão matar Adélio que deu uma fakeada em Bolsonaro?

Talis Andrade
www.brasil247.com - Jair Bolsonaro e Adélio Bispo
Jair Bolsonaro e Adélio Bispo (Foto: Reprodução | Ricardo Moraes/Reuters)

 

Mais de quatro anos preso, em uma penitenciária federal de segurança máxima, como louco, e nunca recebeu visita de parente, de médico, de advogado. Sobrevive sob tortura. Na escuridão do isolamento, sem poder contatar sequer outros prisioneiros

 

Publica 247: "Querem me ver morto", diz Adélio à irmã, que o visitou na penitenciária (vídeo). Joaquim de Carvalho seguiu os passos de Maria das Graças Oliveira em Campo Grande, onde, além de visitar o irmão, esteve com a juíza que deve ouvir Adélio num caso de interdição. Um contato possível porque acabou o mando de Bolsonaro

 

por Joaquim de Carvalho

A dona de casa Maria das Graças Ramos de Oliveira visitou o irmão, Adélio Bispo, na Penitenciária Federal de Campo Grande. Foi a primeira visita presencial, e o 247 acompanhou (veja vídeo abaixo).

"Querem me ver morto", disse Adélio, segundo a irmã. Adélio acusou o antigo advogado, Zanone Júnior, de ter atuado contra os interesses dele. "(O advogado) pediu medida de segurança, me trancou aqui dentro e nunca veio me visitar, saber como estou", afirmou.

Maria das Graças também acusou o advogado de não ter atendido ao pedido da família para visitar o irmão. "Nem atende aos telefonemas do meu menino (filho)", declarou.

No entanto, o advogado se tornou curador processual de Adélio, depois de ser afastado a pedido dele. E é entrevistado pela imprensa corporativa como se ainda fosse responsável por sua defesa. Disse que Adélio estava sendo medicado na penitenciária e, por isso, opinava que ele não deveria sair de lá.

Não é verdade. Adélio disse à irmã que não toma remédio, porque não sabe o que lhe está sendo entregue. E também porque estaria se sentindo bem. 

O último laudo psiquiátrico sobre sua situação de saúde, de julho do ano passado, confirma que ele não é medicado, e recomenda sua transferência para um hospital psiquiátrico, o que a Justiça ignorou.

Dois advogados, Edna Teixeira e Alfredo Marques, assumiram a causa da irmã de Adélio e, além da visita, deram entrada na Justiça com uma ação para que Maria das Graças tenha a curatela do irmão, o que afastaria Zanone Júnior e permitiria à família ter acesso aos autos, além de pleitear sua transferência para tratamento ambulatorial, residindo em casa.

A juíza Cíntia Xavier Letteriello, da 2a. Vara de Família e Sucessões de Campo Grande, aceitou a ação e disse que ouvirá Adélio, conforme determina o Código de Processo Civil, em caso de interdição.

Como Adélio escreve cartas e tem plena consciência de sua situação jurídica, ele poderia ser considerado capaz ou semi-incapaz, o que provocaria uma reviravolta no caso.

Na hipótese de que seja considerado incapaz, também poderia haver repercussão no processo que ainda tramita em Juiz de Fora – o inquérito foi reaberto, e assim permanece.

É válida a procuração que um incapaz passa para um advogado? A princípio, não. Nesse caso, ele teria sido sentenciado à medida de segurança – quando o autor de um crime é considerado insano e não pode ser condenado – sem ter tido, efetivamente, defesa.

A juíza Cíntia Letteriello recebeu Maria das Graças no Fórum de Campo Grande. Os advogados também participaram da audiência, por acesso remoto. A magistrada disse que Maria das Graças deveria ficar tranquila porque o caso será tratado como todos os outros em sua Vara, sem levar em conta os aspectos políticos que envolvem o episódio.

 

 

09
Abr23

Desta vez não era uma arminha de dedo

Talis Andrade
www.brasil247.com -
(Foto: Reprodução/Instagram | REUTERS/Andressa Anholete | Carolina Antunes/PR)

 

por Fernando Castilho /Brasil 247

Era uma tarde ensolarada de domingo em Santos, onde vivo. Perto do segundo turno das eleições de 2018.

Caminhando pela avenida da orla, de repente ouvimos, minha esposa e eu, um buzinaço que se tornou ensurdecedor à medida em que uma grande fila de carros e caminhões com faixas Bolsonaro 17 e Bolsodória 45, começou a avançar ostensivamente.

Tudo normal, pensei eu, afinal, faz parte da democracia.

Porém, o inédito nessa carreata eram as crianças nos bancos de trás, numa espécie de frenesi, fazendo arminha com os dedos para os transeuntes, enquanto seus pais buzinavam meio que enlouquecidos. Horripilante!

Para nós, que já participamos de inúmeras campanhas eleitorais, o normal seria o gesto de fazer um coração com as mãos para conquistar mais eleitores, mas os tempos mudaram.

Lembro que comentei com minha esposa: “isso não vai dar boa coisa”. Não deu.

Tecnicamente não é possível atribuir aos 4 anos de governo bolsonarista a tragédia ocorrida na Escola Estadual Thomázia Montoro, afinal, violência contra professores por parte de alunos é um fenômeno que já existia antes de Bolsonaro, mas, cá entre nós, vem aumentando muito nos últimos tempos.

É praticamente inédito que um menino de apenas 13 anos, da 8ª série do fundamental II, que a imprensa insiste em chamar de adolescente, tenha planejado e anunciado em rede social um assassinato com faca e tentado matar outros professores e alunos, além da professora Elisabete Tenreiro de 71 anos, que teve parada cardíaca e faleceu.

O menino participava de conversas com outros de sua idade através de um grupo no twitter, em que exaltavam as façanhas de outros que lograram matar e até se suicidaram logo após. Ele havia anunciado que iria no dia seguinte à escola para matar e se lamentava por não ter conseguido uma arma de fogo para a “missão”.

Não vejo como o twitter, com seus poderosos algoritmos, não consiga detectar conversas como essas e eliminá-las da rede. Consegue, mas não quer.

Esta semana mais uma tragédia numa creche em Blumenau, Santa Catarina. Um homem pulou o muro e matou a facadas 4 crianças e feriu outras tantas.

Diante desses acontecimentos, a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo pediu aos professores para preencherem um questionário pelo sobre saúde mental e segurança nas escolas. Uma das questões era sobre a necessidade ou não de um policial armado dentro da escola. 

Na sala de professores da escola onde leciono, uma professora com sangue nos olhos disse que não só deveria ter um policial armado como também ele, ao constatar que um aluno estaria tentando entrar armado, deveria atirar para matar. Vivemos num país extremamente armado no sentido psicológico do termo. É preciso substituir o ódio cultivado por 4 anos, por amor.

O professor da rede pública estadual e editor do canal Tiago na Área, Tiago Luz, lembrou muito bem em vídeo que soluções rápidas e fáceis não funcionam para assuntos complexos como este. Além do mais, logo se esquece o fato, até que nova tragédia aconteça e reapareçam as mesmas soluções fáceis. Ele propõe um amplo debate com a sociedade e especialistas, tanto em educação, quanto em segurança e até com psicólogos.

Na escola onde eu lecionava até o fim do ano passado, havia inúmeros casos de depressão, de alunos que tentaram suicídio e de automutilação. Parece que não só os 4 anos de incentivo ao armamento e ao uso de armas são os responsáveis, mas também 2 anos de reclusão domiciliar devido à Covid-19. Houve uma espécie de dessocialização em que as crianças passaram a adquirir uma forma de vida mais individualizada do que em grupo.

Havia uma psicóloga que uma vez por semana dava atendimento online a grupos de alunos. Numa das vezes, num auditório com grande número de adolescentes do ensino médio, ela tentava falar sobre ansiedade, mas absolutamente ninguém a ouvia, preferindo assistir vídeos “engraçados” no Tik Tok.

Penso que atendimentos assim não devem ser generalizados e em grandes grupos, pois é justamente em grupos que os alunos se sentem à vontade para se recusar a participar.

O atendimento psicológico deve ser presencial e para grupos de até 3 crianças, sob pena de fracassar.

O governo Bolsonaro, que muitos chamam de “governo da morte”, em que até havia um gabinete paralelo intitulado “gabinete do ódio”, responsável por disseminar o ódio e a violência na sociedade, atingiu os jovens em cheio, mas, felizmente, apesar da sobrevivência do bolsonarismo ou extrema-direita, acabou.

Agora o pesado nevoeiro cinza escuro está se dissipando e uma nova aurora nasce com o governo Lula.

Além da árdua missão de consertar tudo aquilo que foi destruído em termos de economia, saúde (700 mil mortos pela Covid-19), educação, direitos humanos, meio-ambiente e corrupção, Lula tem ainda por cima que dissolver a atmosfera de ódio que contaminou grande parte dos brasileiros e criar ares claros e límpidos para a sociedade.

Para isso terá também que compartilhar com estados e municípios políticas públicas que propiciem emprego e renda para a população mais pobre, sem o que esta não verá futuro para seus filhos, sob risco de, por falta de perspectivas, a violência aumente.

Antes de encerrar, sinto ser necessário lembrar que já há algumas gerações estamos naturalizando morte violentas influenciados que somos, principalmente por produções do cinema americano que nos bombardearam e ainda bombardeiam com filmes de ação em que, invariavelmente se mata muito. Ao vermos tantos tiros, sangue e morte, ficamos anestesiados a ponto de não mais nos chocarmos com assassinatos violentos.

Felizmente, com o streaming, Hollywood deixou de ser a principal fonte de entretenimento. Hoje há produções de outros países que abordam temas mais cotidianos como dramas familiares ou amorosos. E é disso que precisamos muito.

Por fim, fica a sugestão do professor Tiago Luz de se promover um amplo debate sobre a violência infantil com a sociedade.

Será um longo processo, mas que, ao seu fim, talvez nunca mais vejamos crianças fazendo arminha com os dedos nem utilizando armas reais.

06
Abr23

Estudantes de Blumenau se juntaram em foto para formar suástica nazista

Talis Andrade
 
 
 
MASSACRE EM BLUMENAU: FALHAMOS COMO PAÍS? - Tudo ok Notícias
Massacre em Blumenau de tradições nazistas 
 
 

 

Ideli Salvatti, ex=ministra dos Direitos Humanos diz que a propaganda neonazista está espalhada em Santa Catarina, sobretudo em Blumenau, onde houve ataque a creche. O assassino nazista filho de pai militar nazista bolsonarista, que atacou duas escolas em Aracruz, no Espírito Santo, tem proteção policial para uma confortável vida 

 

por Joaquim de Carvalho /Brasil 247

O ataque a uma creche de Blumenau chamou a atenção pela crueldade do assassino, que matou crianças com golpes de machado, mas não só por isso. A cidade e seu entorno têm sido notícias que as associam ao nazismo, a ideologia que tem o ódio como elemento central.

A ex-ministra dos Direitos Humanos Ideli Salvatti, que foi senadora por Santa Catarina, ouviu na semana passada o relato de que alunos de um câmpus do Instituto Federal de Ensino se fotografaram em posição que, no conjunto, formava a suástica.

"Os alunos deitaram no chão, fizeram a suástica com os próprios corpos e fotografaram como logo da escola", contou, em entrevista à TV 247. Segundo ela, o caso foi encaminhado para a procuradoria do Instituto Federal, para providências legais.

Ideli disse que o caso é mantido sob sigilo, porque poderá haver repercussão judicial junto aos pais dos adolescentes, que são menores de idade. Para ela, o caso revela que há uma ação organizada do movimento neonazista para cooptar os mais jovens.

"O movimento nazifascista bolsonarista está focado. Eles estão focados no ambiente escolar. Eles estão fazendo cooptação de juventude, de crianças e adolescentes, para operacionalizar as suas ações. Isso está visível. Então, tem que ter ação, ação de governo, e tem que ter ação não só do Executivo, do Judiciário, que tem que ser mais rápido, tem que ser mais ágil", comentou.

O Ministério Público de Santa Catarina já identificou mais de 500 células nazistas no estado. "Quantas que eles já desmontaram? Não dá para fazer assim: 'a gente está fazendo'. Fazendo para quando, cara pálida? Então, é urgente. E o Legislativo não dá para ser conivente mais", afirmou.

Santa Catarina é um dos estados em que Jair Bolsonaro teve proporcionalmente mais votos – 62,21% – e é governado por um ardoroso defensor da política armamentista, Jorginho Melo (PL).

No ano passado, quando era senador, Melo gravou vídeo de apoio ostensivo ao Proarmas, entidade que defende a liberação total do porte de armas e patrocina candidatos nas eleições, sobretudo parlamentares. Dirigindo-se aos participantes de uma convenção do Proarmas, ele disse que o presidente da entidade, Marcos Pollon, despachava em seu gabinete e mandava nele.

“Ele [Pollon] é senador, quando eu não estou no gabinete ele assume. Ele vai lá, ele faz emenda. Ele, de forma muito carinhosa; ele que é um dedicado, apaixonado pelo que faz… Então não precisa dizer muito que somos parceiros, ele que manda em mim. E a pauta dele é a minha pauta”, declarou.

Em Blumenau, Jorginho Melo teve 75,49% no segundo turno das eleições de 2022. A cidade já teve escolas com pichações de suástica e de apoio a Hitler. Em 2017, cartazes comemorativos do aniversário do líder nazista alemão foram afixados no centro da cidade.

"Heróis não morrem. Parabéns, Führer - 20/04/1889", dizia a propaganda, com foto de Hitler.

A ex-ministra Ideli Salvatti entende que o ataque à creche na cidade é fruto do disseminação do discurso de ódio e apologia do nazifascismo bolsonarista e, por isso, o movimento que ela ajudou a criar, o Humaniza, programou para segunda-feira, às 19 horas, reunião na cidade para definir ações específicas naquela região.

"Não dá para esperar. Precisamos agir, é urgente", disse.

.x.x.x.x.

 

Procurei o Instituto Federal de Ensino, mas, em razão do feriado (que foi estendido para esta quinta-feira), ninguém atendeu. Quando a instituição se manifestar, atualizaremos este artigo.

Recado desde correspondente, ex-professor de História (cursos de vestibular), e de Filosofia (Escola Normal de Natal) de Jornalismo, de Propaganda, de Publicidade, de Relações Públicas (Universidade Católica de Pernambuco): quem faz suruba nazista participa de orgia sexual. Meninas de 12, 13 anos, que ainda são virgens têm os nomes pichados, execrados.

Adolescente usa arma do pai e símbolo nazista em ataque a escolas

Filho de policial militar, jovem diz que planejava ação há dois anos

 
 
Folha de S.Paulo on Twitter: "Adolescente vítima de ataque a escolas em  Aracruz (ES) está intubada https://t.co/tdav50XIXs" / Twitter
O estudante admirador de Hitler autor do massacre em duas escolas em Aracruz, Espirito Santo, com o pai (que teve a identidade protegida) em uma motociada de Bolsonaro candidato a presidente em 2022
 
 
 
A Agência Brasil publicou condescendente reportagem, chorando pelos pais do adolescente psicopata, que aprendeu a atirar sozinho, a dirigir carro sozinho, a ler sozinho livros nazistas encontrados na biblioteca de casa e do quartel, inclusive a proibida autobiografia de Hitler. 
 
Eis o texto de 25/11/22: 
 
Após ser apreendido como principal suspeito de autoria do ataque a duas escolas em Aracruz, no Espírito Santo, um adolescente de 16 anos confessou o crime, informou a Polícia Civil do estado. O jovem contou que vinha planejando a ação há pelo menos dois anos. O adolescente é filho de um policial militar.
 
"Os pais estavam destruídos e colaboraram muito com o nosso trabalho", disse o delegado da Polícia Civil, João Francisco Filho, que apresentou os detalhes da apreensão ao lado do governador Renato Casagrande, do secretário estadual de Educação, Vitor de Angelo, e do secretário de Segurança Pública, Marcio Celante. De acordo com o delegado, o adolescente foi encontrado em um dos imóveis da família no município. A operação foi tranquila e houve cooperação tanto dos pais quanto do autor do crime.
 

Já se sabe que o adolescente usou duas armas de responsabilidade do pai: um revólver de calibre .38, de propriedade privada e uma pistola .40 pertencente à Polícia Militar. Ele também levava três carregadores. O governador Renato Casagrande confirmou que, no momento do crime, o adolescente usava uma braçadeira com um símbolo nazista.

Imagens das câmeras de segurança registraram a ação. O atirador vestia roupa camuflada e uma máscara de esqueleto, similar à usada em fotos nas redes sociais por um dos autores do massacre ocorrido em 2019 na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, São Paulo.

 
A Agência Brasil esqueceu as vítimas do horrendo e covarde massacre:
 

O Setor Educação da Comissão Episcopal Pastoral para Cultura e Educação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) emitiu uma nota em solidariedade a comunidade escolar e aos familiares das vítimas do atentado a duas escolas em Aracruz (ES), que matou quatro pessoas e feriu 12.

As vítimas são a estudante Selena Sagrillo, de 12 anos, e as professoras Maria da Penha Pereira de Melo Banhos de 48 anos, Cybelle Passos Bezerra, de 45 anos e Flávia Amboss Merçon Leonardo. O corpo das vítimas já foram enterrados. De acordo com a Polícia Civil do Espírito Santo, o assassino tem 16 anos, usou duas armas no ataque, uma do pai, outra da Polícia Militar. O adolescente está apreendido desde a tarde do crime.

28
Mar23

Tacla Duran entregou à PF áudio que liga Moro a escritório de advocacia (vídeos)

Talis Andrade
www.brasil247.com - { imgCaption }}Foi perseguido por não aceitar a contratação do escritório que seria do ex-juiz hoje senador e esposa deputada federal

 

por Joaquim de Carvalho /247 

O advogado Rodrigo Tacla Durán também conversou com a delegada Paula Fontenelle, da Polícia Federal, nesta segunda-feira. Foi uma conversa de 20 minutos, por aplicativo, e outro depoimento será marcado.

A delegada acompanhou a audiência na 13a. Vara da Justiça Federal e, logo depois que o juiz Eduardo Appio decidiu encaminhar o processo para o STF, a delegada iniciou uma videoconferência com Tacla Durán, para colher o depoimento.

Tacla Durán disse que concordava com depoimento formal à PF, mas gostaria de aguardar a decisão do STF.

A ação foi encaminhada para o Supremo Tribunal Federal em razão da prerrogativa de foro de Sergio Moro e Deltan Dallagnol, respectivamente senador e deputado federal.

Tacla Durán apresentou um áudio de um advogado que foi intermediário de uma proposta para contratar escritório de advocacia que seria de Sergio Moro.

O áudio foi exibido pelo ex-advogado da Odebrecht. Neste momento, pela citação de Moro, o juiz Eduardo Appio disse que encerraria a audiência, para não ficar impedido de atuar no processo, já que a prerrogativa para julgar senador e deputado é do STF. 

Pode haver interpretação divergente pelo fato dos supostos crimes atribuídos aos dois terem sido cometidos antes do início do mandato parlamentar.

No áudio, o advogado Sergio Martins conta que recebeu a visita de Carlos Zucolotto Júnior e de Fábio Aguayo no Sindicato dos Hotéis em São Paulo.

Tacla Durán tinha sido vice-presidente jurídico da entidade e, por isso, mantinha relação com Sergio Martins.

O advogado diz que Aguayo e Zucolotto sugeriram a contratação de um escritório de advocacia que seria de Moro, o que é ilegal no exercício da magistratura.

Tacla Durán também apresentou uma fotografia em que os dois aparecem, com diretores e o advogado na porta do Sindicato dos Hotéis.

O ex-advogado da Odebrecht conta que, por não aceitar a contratação do escritório, ele foi perseguido por Moro.

O juiz Appio disse que a Polícia Federal tem o "poder-dever" de iniciar uma investigação a partir das informações de Tacla Durán.

Fábio Aguayo é amigo e cabo eleitoral de Moro. Diretor do sindicato de bares e restaurantes de Curitiba, Aguayo é tão próximo de Moro que foi ele quem aproximou o então juiz do cantor Fagner.

 

 

27
Mar23

Delegado que ligou PCC a suposto plano de ataque a Moro é o mesmo do caso Adélio (vídeos)

Talis Andrade

Moro, Botaro, o relatório da PF com assinatura de Bottaro e papel apócrifo que cita o Intercept (Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado | Reprodução)

Martin Bottaro, que assina um relatório fraco, assumiu a investigação da fakeada em Juiz de Fora no ano passado, quando Bolsonaro tentava impor a propaganda eleitoral mentirosa de ligar PCC a Lula

por Joaquim de Carvalho

O relatório da Polícia Federal liberado pela juíza Gabriela Hardt sobre a operação Sequaz chama a atenção por dois aspectos: a inconsistência narrativa e o nome de quem o assina, Martin Bottaro Purper, que é o delegado que assumiu o caso de Adélio Bispo de Oliveira no ano passado, depois que o policial que vinha presidindo o inquérito, Rodrigo Morais, foi transferido para um posto no exterior.

Na época em que Bottaro Purper assumiu a investigação, o que se disse sobre ele é que é especialista em PCC, o que despertava a suspeita de que Jair Bolsonaro tentava ligar o caso de Juiz de Fora à organização criminosa. 

Na mesma época, a rede social era repleta de fake news que tentavam associar Lula a quadrilhas de traficantes, como o vídeo em que um líder comunitário negro da Bahia era cumprimentado por Lula durante a campanha, como se a cena tivesse sido no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro.

Durante a campanha, Purper Bottaro tentou colher depoimento de Adélio, o que poderia ser usado como peça de campanha. Mas a Justiça Federal em Campo Grande não autorizou o depoimento. O inquérito sobre Adélio e Bolsonaro segue aberto na Polícia Federal.

Mesmo assim, Purper Bottaro assinou de Cascavel, no Paraná, o relatório que embasou a decretação das prisões de personagens supostamente envolvidos em uma trama contra Sergio Moro.

Nas 83 páginas do relatório, o fato que poderia ligar os criminosos a essa suposta trama é um print de tela de celular em que o homem apresentado como líder da quadrilha transmite à mulher um código de mensagens.

"Vou te mandar umas msg q são códigos p eu não esquece e e ter aí qundo chegar então não apaga e importante o mim ok amor. Só para deixar aí no seu telefone (sic)", escreve no WhatsApp Janeferson Aparecido Mariano Gomes, que seria conhecido como Nefo. "Tabom amor" (sic), responde Aline de Lima Paixão.

Em seguida, ele passa os códigos: "Ms - México/ Moro - tokio/ Sequestro - Flamengo/ Ação - Fluminense.

Segundo o promotor Lincoln Gakiya, o líder do PCC Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, teria liberado R$ 60 milhões para a execução de um plano A, que era o seu resgate do presídio federal de Brasília, ou um plano B, que seria o ataque a Moro.

É crível que, com tanto dinheiro, o coordenador mobilizado pelo PCC fosse um amador completo a ponto de registrar na rede mundial de computadores códigos tão importantes para eles?

Há também a imagem de um caderno que teria sido transmitida por outra mulher que manteria relacionamento amoroso com Nefo. Aline Ardnt Ferri teria enviado informações sobre Moro, Rosângela, a filha e do filho dos dois. Não há nada de extraordinário nas anotações.

São dados que podem ser obtidos na internet, como CNPJ de Rosângela, o endereço da empresa e os bens declarados por Moro. Consta ainda o nome da faculdade onde o filho estuda.

Das 83 páginas do relatório, o delegado dedica nove para transcrever uma conversa interceptada, em que Aline de Lima Paixão conversa com o telemarketing de uma provedora de internet, para tentar contratar um serviço. Não consegue, porque o CPF informado não teve cadastro aprovado.

A justificativa para a transcrição da conversa é demonstrar que Aline usava nome de terceiro, para instalar internet na própria casa, em um condomínio. A ausência de transcrições detalhadas de outras conversas pode revelar que não há nada de mais relevante na investigação.

Há referência também de moradias locadas por eles. Uma delas no edifício Bellagio, Jardim Botânico, Curitiba, de onde saíram "por causarem transtornos" e "por não pagarem os valores devidos". É muito amadorismo.

Também merece registro imagem da página 10 do relatório do delegado Bottaro Purper. É de um texto sem assinatura, em que um autor não identificado relaciona 22 ações realizadas. O nome do site The Intercept Brasil é o item 17. Não há identificação de valores nem de serviços. No final da página, o que aparece é o local onde o texto teria sido escrito, além da data: "Santos, 24/08/2022".

Essa referência serviu de base para reportagem da Jovem Pan, que tenta ligar o Intercept ao PCC. A emissora, conhecida pelos vínculos com a extrema direita, deixou de publicar a resposta do site num primeiro momento. 

Horas depois da reportagem ter sido exibida e, portanto, com a possibilidade de compartilhamento, é que a emissora acrescentou a posição do site, que refuta categoricamente a insinuação.

"Como era de se esperar, a nota foi ao ar. E nela sequer havia o posicionamento do Intercept, enviado 40 minutos antes da publicação do texto e dentro do prazo exigido pelo jornalista. O autor afirma que procurou o Intercept e 'não teve resposta'. É uma mentira intencional ou uma falha grosseira dos padrões jornalísticos, se não ambos", disse o Intercept.

O Intercept não fala, mas a inclusão de seu nome no caso, por meio de um texto apócrifo, aumenta a suspeita de que o plano de ataque do PCC a Moro é uma perigosa armação, que junta elementos para construir a narrativa que coloque o ex-juiz como vítima.

Todos sabem que Moro foi desmoralizado a partir da publicação de mensagens acessadas pelo hacker Walter Delgatti nos arquivos da conta de Deltan Dallagnol no Telegram.

E quem publicou as mensagens foi o intercept.

Coincidência o nome do site aparecer no papel apócrifo? Coincidência a juíza que autorizou as prisões a partir de um relatório inconsistente ser uma notória aliada de Moro? Coincidência o delegado que fez o relatório sobre Moro ser o mesmo que preside o inquérito sobre Adélio?

Nesta sexta-feira, num debate na CNN sobre o caso Moro, o pastor-deputado Marcos Feliciano fez declarações que podem indicar uma narrativa em construção. 

Em três ocasiões, de forma muito grave, disse que Lula está ligado ao PCC e que existe o risco de o estado brasileiro se tornar um narcoestado.

Mentiras grosseiras, mas que, se não forem rebatidas devidamente, podem se espalhar. Só falta incluírem o Adélio Bispo de Oliveira e o caso de Juiz de Fora na trama. 

O delegado Bottaro Purper, o mesmo do caso Moro, teria sido colocado no inquérito justamente para cumprir uma missão que agradaria a Bolsonaro. Por suas declarações, parece ser esta a expectativa dele, a de ligar Adélio ao PCC e este a Lula. Nunca é demais lembrar que, tão logo a notícia do suposto plano de ataque a Moro vir à tona, Bolsonaro escreveu no Twitter:

"Em 2002 Celso Daniel, em 2018 Jair Bolsonaro e agora Sérgio Moro. Tudo não pode ser só coincidência. O Poder absoluto a qualquer preço sempre foi o objetivo da esquerda. Nossa solidariedade a Sérgio Moro, Lincoln Gakiya e famíliares. A CPMI assombra os inimigos da democracia."

A serpente do fascismo ainda se movimenta, e talvez tente dar agora seu bote mais perigoso.

 

 

27
Mar23

Veja o documento que Tacla Durán pode entregar ao juiz como prova da extorsão praticada por quadrilha de aliados de Moro (vídeos)

Talis Andrade
www.brasil247.com - Moro, a prova da extorsão e Tacla Durán
Moro, a prova da extorsão e Tacla Durán 

 

Documenta incrimina Moro e sócios de Rosângela Moro. Leia recado de Tacla Durán para os cobradores de propinas da Lava Jato. Delegado do caso Moro é o mesmo de Adélio Bispo da fakeada em Bolsonaro

 

por Joaquim de Carvalho

- - -

247 - O advogado Rodrigo Tacla Durán será ouvido nesta segunda-feira (27/03) pelo juiz Eduardo Appio, que é titular da 13a. Vara da Justiça Federal em Curitiba, posto que foi de Sergio Moro, que conduziu a Lava Jato, operação que provocou desinvestimento direto de mais de R$ 172 bilhões e a extinção de 4,4 milhões de empregos.

Tacla Durán teve a prisão decretada por Moro em novembro de 2016, na 36a. fase da Lava Jato, que foi batizada de Operação Dragão. O que pouco se fala é que, seis meses antes, Tacla Durán foi procurado pelo advogado Carlos Zucolotto Júnior, que era sócio de Rosângela Moro. 

Em conversa que teve pelo aplicativo Wickr Me, Zucolotto propôs benefício num acordo de delação premiada, que seria fechado com a concordância de DD (Zucolotto usa apenas as iniciais de Deltan Dallagnol). Em troca, queria 5 milhões de dólares.

Na conversa, Tacla Durán pergunta se o pagamento seria por dentro ou por fora. Zucolotto diz: "Por fora". A explica que teria que acertar com pessoas envolvidas no acordo. O aplicativo Wickr Me já usava um recurso hoje disponível no WhatsApp: 24 horas depois, as mensagens desapareciam.
 

Mas Tacla Durán fez um print das telas, que mais tarde encaminharia para peritos na Espanha, que atestaram a sua veracidade. Além disso, segundo ele, um dia depois seu advogado no caso recebeu uma minuta do acordo em papel timbrado do Ministério Público Federal, com o nome dos procuradores envolvidos.

A minuta registrava os termos negociados com Zucolotto. Em 14 de julho de 2016, ele fez transferência bancária para o escritório do advogado Marlus Arns, no valor de 613 mil dólares, o equivalente hoje a 3,2 milhões de reais. "Paguei para não ser preso", disse Tacla Durán em entrevista a Jamil Chade, do Uol, o primeiro a revelar o documento.

Esta teria sido a primeira parcela dos 5 milhões de dólares exigidos por Zucolotto. Depois disso, deixou de fazer os pagamentos, e Sergio Moro decretou sua prisão. Tacla Durán, entretanto, já estava fora do Brasil. Tacla Durán acabaria preso no hotel Intercontinental, em Madri.

Mas ficou menos de três meses no presídio Soto del Real. Livre, respondeu a um processo de extradição pedida pela Lava Jato. Como tem cidadania espanhola, além da brasileira, o país ibérico negou a extradição. Dois anos depois, a Interpol cancelou o alerta vermelho, que poderia levar à sua prisão em qualquer outro país..

Mas Tacla Durán fez um print das telas, que mais tarde encaminharia para peritos na Espanha, que atestaram a sua veracidade. Além disso, segundo ele, um dia depois seu advogado no caso recebeu uma minuta do acordo em papel timbrado do Ministério Público Federal, com o nome dos procuradores envolvidos.

A minuta registrava os termos negociados com Zucolotto. Em 14 de julho de 2016, ele fez transferência bancária para o escritório do advogado Marlus Arns, no valor de 613 mil dólares, o equivalente hoje a 3,2 milhões de reais. "Paguei para não ser preso", disse Tacla Durán em entrevista a Jamil Chade, do Uol, o primeiro a revelar o documento.

Esta teria sido a primeira parcela dos 5 milhões de dólares exigidos por Zucolotto. Depois disso, deixou de fazer os pagamentos, e Sergio Moro decretou sua prisão. Tacla Durán, entretanto, já estava fora do Brasil. Tacla Durán acabaria preso no hotel Intercontinental, em Madri.

Mas ficou menos de três meses no presídio Soto del Real. Livre, respondeu a um processo de extradição pedida pela Lava Jato. Como tem cidadania espanhola, além da brasileira, o país ibérico negou a extradição. Dois anos depois, a Interpol cancelou o alerta vermelho, que poderia levar à sua prisão em qualquer outro país.

O comitê da Interpol considerou que Moro agiu com parcialidade, ao prejulgar Tacla Durán em entrevistas, inclusive ao defender Zucolotto, quando o caso da extorsão veio à tona.

Para que a Lava Jato não molestasse a sua família, Tacla Durán levou esposa, filhos, a mãe e a irmã para a Espanha, onde vive até hoje. O advogado deve voltar ao Brasil em maio, tão logo a Justiça espanhola receba o ofício do Ministério da Justiça brasileiro, que foi informado pelo juiz Eduardo Appio de que o processo contra Tacla Durán remetido por Moro será julgado no Brasil.

No entendimento de Appio, a remessa do processo para a Espanha foi um ato irregular de Sergio Moro, já que ele não poderia abrir mão de sua jurisdição. Essa remessa pode ser interpretada como mais um ato de perseguição de Moro a Tacla Durán.

Neste domingo, o influencer Thiago dos Reis divulgou o documento de transferência bancária para a conta de Marlus Arns. O advogado foi parceiro de Rosângela em ações da Federação da Apae no Paraná, e também na defesa da família Simão, um caso que ficou conhecido como Máfia das Falências.

Zucolotto era sócio de Rosângela em um escritório de advocacia, e também tinha sido advogado de Tacla Durán em um inventário que correu no Tribunal de Justiça do Paraná. Esse fato tornaria Moro impedido de julgar Tacla Durán, já que o escritório de Rosângela havia trabalhado para o acusado.

Pelo Código de Processo Civil, que se aplica ao processo penal nesse caso, o vínculo da esposa com um réu obriga o juiz a passar o caso para outro magistrado. Não foi o que ocorreu. Tudo isso poderá ficar claro nesta segunda-feira, no depoimento de Tacla Durán que poderá passar para a história e ensejar abertura de investigação contra os aliados de Moro – e talvez até contra o próprio Moro.

 

 

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2023
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2022
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2021
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2020
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2019
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2018
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2017
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub