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Por que a polícia esconde a presença de um amigo do homicida necrófilo Thiago Mayson da Silva no feminicídio de Janaína Bezerra, na sala de mestrado da Universidade Federal do Piauí? Uma universidade que parece sem comando, e caíndo aos pedaços.
Publica MayriaTorres:
No testemunho completo, Thiago Mayson contou que encontrou Janaína durante a calourada e a chamou para "ficarem" novamente. De acordo com o relato (mentiroso), os dois ficaram próximo a um dos corredores do setor de matemática e depois resolveram ir para uma sala que Thiago já possuía a chave.
Por volta das 3h, eles teriam tido a primeira relação sexual consentida dentro da sala e depois foram dormir. Segundo o acusado, eles teriam acordado tempos depois, e Janaína teria dito que estava com fome e pedido açúcar. Ele afirmou que atendeu o pedido e a deu açúcar, além de oferecer uma banana.
Posteriormente, os dois teriam tido uma segunda relação sexual, momento em que Thiago afirmou que "sentiu que Janaína desmaiou e acredita que nessa hora tenha batido a cabeça no chão."
De acordo com o relato, ele dormiu e só acordou de manhã, quando notou que Janaína não tinha acordado e que a sentiu "fria". Ele teria entrado em contato com um amigo chamado Vitor, que o aconselhou a levar para um hospital.
"Coincidentemente um colega do interrogado de nome Vitor, mandou mensagem perguntando onde Thiago estava. Ele relatou a situação para Vitor e o mesmo o aconselhou que levasse Janaina para o Hospital."
Thiago afirmou que pediu um Uber para levar Janaína ao Hospital Universitário, mas logo que saiu da sala com ela nos braços juntamente com o colega de nome Vitor, se depararam com um segurança da Universidade Federal.
"Na sequência apareceu um outro segurança que faz ronda no veículo. Juntamente com este motorista, encaminharam Janaína para Hospital da Primavera. No Hospital a equipe médica fez uma massagem cardíaca em Janaina, mas já estava morta”, diz trecho do depoimento.
por Isabela Lopes e André dos Santos /Jornal de Teresina
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A Polícia Civil, por meio do Núcleo de Feminicídios da DHPP, encerrou nesta segunda-feira (06) parte das investigações sobre a morte da estudante de Jornalismo da UFPI Janaína Bezerra. O inquérito constatou que Thiago Mayson da Silva Barbosa manteve relações sexuais com Janaína por duas vezes, antes e depois da morte.
A delegada Nathalia Figueiredo, responsável pela investigação, afirmou ainda que o acusado chegou a filmar a prática sexual, mas com a morte de Janaína consumada, Thiago Mayson tentou apagar as imagens do celular. Ele também gravou um vídeo da própria mão ensanguentada, como se fosse, segundo a polícia, "um troféu em relação à violência que ele cometeu”.
"O celular dele foi apreendido e conseguimos recuperar imagens registradas pelo autor tanto após a primeira violência sexual, que ela ainda estava com vida, mas visivelmente desnorteada. E o segundo registro, com ela provavelmente já morta e com as partes íntimas muito ensanguentadas, além de apresentar ejaculação nas pernas”, detalhou a delegada. Leia mais sobre o caso aqui.
Ainda segundo a delegada Nathalia Figueiredo, as imagens demonstram indiferença do autor após o crime. “Tinha um volume de sangue muito grande. O próprio laudo estabelece que a vítima foi submetida a intenso sofrimento físico e psicológico, por isso tem a qualificadora do meio cruel. Total indiferença do autor em relação à condição de saúde dela, ele simplesmente queria satisfazer o desejo sexual dele, pouco importava se no transcorrer dessa violência sexual a vítima viesse a óbito ou não”, disse.
Sobre a possibilidade do crime ter sido premeditado, a delegada de Feminicídios destacou que não há como confirmar esta hipótese. “Não podemos dizer que houve premeditação ou não, mas, no momento que aconteceu, houve de fato a violência. ”, contou.
Delegada Nathalia Figueiredo
O mestrando em Matemática foi indiciado pelos crimes de estupro, homicídio com duas qualificações – meio cruel e feminicídio – além de fraude processual e vilipêndio a cadáver. “A tipificação penal foi estupro, homicídio com duas qualificações – meio cruel e Feminicídio – também chegamos à conclusão de que teve fraude processual, por ele ter escondido provas, e também vilipêndio à cadáver", disse a delegada.
O crime de fraude processual se deve ao fato dele ter escondido o preservativo num armário. “Ele fez uso de um preservativo, e guardou num armário. A perícia quando esteve no local conseguiu ter acesso, mas quando foi confrontado ele demonstrou que havia sido ‘pego na mentira’”.
De acordo com o laudo do Instituto de Medicina Legal (IML), a causa da morte de Janaína Bezerra aponta para trauma raquimedular por ação contundente, ou seja, houve uma contusão na coluna vertebral a nível cervical, o que causou lesão da medula espinhal e a morte. “A causa mortis dela foi causada por uma luxação cervical decorrente da prática da violência sexual, de acordo com a posição que foi realizada. A vítima tinha entre 1,40 m a 1,50 m e era magra. O autor tem um porte considerável, principalmente se a gente fizer uma relação dele com a vítima”, completou a delegada Nathalia Figueiredo.
Aos 22 anos, a vida de Janaína foi ceifada com requintes de crueldade. A morte de Janaína Bezerra, estudante da Universidade Federal do Piauí, levou um pouco de cada um e cada uma de nós.
Anseio o que o futuro tem pra mim
Mais ainda o que penso ter no presente instante
Janaína da Silva Bezerra
No último sábado (28), a comunidade acadêmica da Universidade Federal do Piauí (UFPI) e a sociedade piauiense sofreram um duro golpe. Todos fomos surpreendidos com o assassinato da estudante de Jornalismo, Janaína da Silva Bezerra, vítima de estupro, no próprio ambiente da universidade.
Aos 22 anos, a vida de Janaína foi ceifada com requintes de crueldade. Esse caso nos provoca a refletir mais profundamente sobre o machismo e o ódio contra as mulheres, tão arraigados na sociedade e que estão na origem da violência sofrida por Janaína. Esse bárbaro assassinato também trouxe à tona o recorrente debate sobre a política de segurança executada na UFPI.
Leia também: “Não há desenvolvimento sem mulheres e negros”, diz Manuela
Nos últimos anos a instituição tem aparecido com frequência no noticiário policial em decorrência dos episódios de assaltos contra estudantes e docentes, entre outros crimes.
Janaína tinha foi assassinada na madrugada do sábado, vítima de estupro e violência praticados quando ela saía de uma calourada, numa sala de aula do Centro de Ciências da Natureza. O acusado de praticar o crime é o estudante do Programa de Pós-graduação em Matemática Thiago Mayson da Silva, que teve decretada sua prisão preventiva em flagrante.
Homenagens e protestos
A segunda–feira (31) seria apenas mais um começo de semana de atividades normais, em salas de aula, mas a UFPI parou. As aulas foram transferidas para os caminhos entre a Reitoria e o Centro de Ciências da Educação, até o Bloco de Jornalismo, onde Janaína estudava. Nesse dia a aula foi sobre denúncia, cobrança por justiça e punição para o assassino da estudante.
O decorrer da semana foi marcado por manifestações estudantis e de professores, para cobrar da administração superior medidas urgentes com relação à segurança e a implementação de protocolos que coíbam o assédio e a violência de gênero, no âmbito da Universidade Federal do Piauí.
Leia também: FSM aborda luta antirracista e direitos básicos do povo
O fim de um sonho…
É importante dizer que a Janaína seria a primeira de sua família a concluir um curso superior. A universitária almejava escrever uma nova história para si e para seus pais, que não mediam esforços para que ela conseguisse se manter em uma universidade pública.
Ela escrevia poemas e escreveu uma relevante reportagem sobre a violência que existe com relação ao apagamento de escritas negras. Na reportagem deixou explícita a sua postura de resistência e o seu senso de justiça ao falar da importância da representatividade negra na sociedade.
A morte de Janaína levou um pouco de cada um e cada uma de nós. E, no presente instante, como escreve em sua poesia, estamos em resistência, exatamente oito dias depois de sua partida, e com os pulmões arfando, para que não vejamos partir mais uma mulher vítima da violência.
Justiça por Janaína!
Janaína, presente!
Agora e sempre!
Leia aqui os termos de qualificação e interrogatório de Thiago Mayson da Silva Barbosa, Maria do Socorro Nunes da Silva genitora da vítima, Raynara da Silva Batista testemunha, Fabio Wanderson e Silva do Nascimento testemunha, Jean Carlos Cavalcante de Sa Coutinho testemunha, Francisco Charles Castelo Branco Santos condutor, idem exames periciais, boletins de ocorrência, auto de prisão em flagrante, crime hediondo, Lei Maria da Penha. Falta identificar o amigo Victor do tarado assassino, que talvez motiva o tardio segredo de justiça.
Sim, Janaína foi estuprada e assassinada dentro da UFPI
Por Maria do Socorro Pereira da Silva, no Pensar Piauí, sugestão de Nilva Sader
1. O estupro seguido de assassinato era um crime anunciado! Porque viraram rotina os assaltos e o assédio às mulheres estudantes, que são as maiores vítimas da insegurança na UFPI, discursos de “não autorização” não anula a responsabilidade da universidade em garantir segurança em suas dependências; aliada a isso, a cultura do machismo ganhou força, nos últimos anos, por uma mentira reiterada vezes repetida de “ideologia de gênero”. Uma estudante estuprada e assassinada é uma ameaça a todas as mulheres!
2. As calouradas são rotinas dos estudantes em todas as universidades, faz parte da vida acadêmica.
Ocorre que a estudante não foi estuprada e assassinada em atividades que fazem parte da cultura das calouradas promovidas pelo DCE, isso porque, não existem atividades de estupro e assassinato em calouradas!
Os estudantes não são responsáveis pela segurança da UFPI, é atribuição da prefeitura do CAMPUS! Uma estudante estuprada e assassinada é uma ameaça a todas as mulheres!
3. Sobram narrativas de que a MULHER É A CULPADA! A velha retórica que tenta CRIMINALIZAR AS MULHERES com chavões como “estava bêbada!”…
Quantos HOMENS são estuprados e assassinados porque estão BÊBADOS? Uma estudante estuprada e assassinada é uma ameaça a todas as mulheres!
4. Foram publicadas notas intituladas em várias instituições e mesmo em organizações da sociedade civil: “NOTA DE FALECIMENTO”, “NOTA DE PESAR”, supernecessárias quando as razões das mortes são de causas naturais ou de doenças terminais. Esses tipos de notas naturalizam o estupro e assassinato da estudante e ocultam os crimes de feminicídio. É preciso emitir “NOTAS DE JUSTIÇA”. Uma estudante estuprada e assassinada é uma ameaça a todas as mulheres!
5. É urgente a organização de uma força-tarefa, pela UFPI, para implantação imediata de um PLANO EMERGENCIAL DE SEGURANÇA NO CAMPUS. Existem várias experiências no Brasil que podem servir de referência. Uma estudante estuprada e assassinada é uma ameaça a todas as mulheres!
6. Nós, mulheres, não estamos seguras em lugar nenhum! Apesar disso, a universidade é nosso lugar de trabalho, investigação, produção e execução de projetos inovadores no ensino, pesquisa e na extensão.
Por isso, é fundamental manter a memória de JANAÍNA VIVA na ciência. Desse modo, propomos que a Universidade abra editais específicos de projetos de pesquisa e extensão – JANAÍNA VIVE – com recursos próprios, que promovam discussões de relações de gênero, direitos das mulheres, leis que tipificam os crimes de feminicídio, formas de enfrentamento à violência contra as mulheres. Uma estudante estuprada e assassinada é uma ameaça a todas as mulheres!
7. Por fim, e não menos importante, é fundamental que a administração superior crie um memorial JANAÍNA VIVE, para que a comunidade acadêmica nunca se esqueça do crime cometido dentro da UFPI, pois apenas decretar LUTO não é suficiente! Uma estudante estuprada e assassinada é uma ameaça a todas as mulheres!
A estudante de jornalismo Janaína da Silva Bezerra, de 22 anos, foi estuprada e teve o pescoço quebrado durante festa organizada por alunos. Assassinato faz parte de cenário de naturalização de violências contra mulheres e silenciamento sobre consentimento dentro da universidade. Atos e vigílias devem se estender por todo país nesta quarta-feira (1º)
Por Camila Cetrone /Marie Claire
"Desde muito cedo, Janaína já gostava de estudar, ler e escrever. Minha mãe sempre citava isso quando vinha me visitar." A descrição é de João Victor Nunes Da Silva, de 24 anos, e evidencia a vocação de Janaína da Silva Bezerra para o jornalismo. João é irmão biológico por parte de mãe de Jana, como se refere a ela, mas os dois cresceram separados após ele ter sido adotado por outra família. "Jana cresceu em um lar muito simples e creio que isso despertou nela uma urgência para estudar e, por meio do estudo, viver melhor ao lado da nossa mãe", conta por mensagens de texto a Marie Claire. Ela foi a primeira pessoa da família a ingressar no Ensino Superior.
O sonho de se tornar jornalista foi interrompido no último sábado (28), quando Janaína foi morta em uma das salas de pós-graduação da Universidade Federal do Piauí (UFPI), onde estudava desde 2020. A mulher de 22 anos foi estuprada e teve o pescoço quebrado durante uma calourada, festa organizada pelos alunos.
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O acontecimento fez despontar atos e vigílias em Teresina e que devem se estender a outras cidades do Brasil nesta quarta-feira (1º). Os protestos decorrentes da morte da aluna da UFPI pedem por uma implementação de segurança específica para mulheres nas instituições universitárias e buscam manter sua memória viva, pedindo por justiça. A mobilização chegou a virar slogan no Twitter pela hashtag #JustiçaPorJanaína.
Foi pelo Twitter que movimentos sociais passaram a fazer convocações para a realização de atos em todo país. Em Teresina, as manifestações foram organizadas pelo Centro Acadêmico de Comunicação Social (CACOS) da UFPI.
O principal suspeito de ter cometido o crime é o mestrando em Matemática Thiago Mayson da Silva Barbosa, que está preso preventivamente desde domingo (29). Segundo o Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), o estupro aconteceu numa sala do Programa de Pós-Graduação em Matemática, no Centro de Ciências da Natureza (CCN). No local, foram apreendidos um colchão e uma mesa com sangue, que estão sob perícia. Thiago foi visto por um inspetor carregando o corpo de Janaína, com as roupas ensanguentadas. Ele afirmou que a relação foi consensual e ela teve um mal súbito. O DHPP confirmou que o corpo de Janaína tinha marcas de estupro e agressões.
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As violações que ceifaram a vida de Janaína não são esporádicas. Pelo contrário, englobam um cenário mais amplo de naturalização de violências contra mulheres nos espaços universitários – um padrão que é repetido em todo mundo. Além disso, denotam que a conversa sobre consentimento e a importância dele continua escassa nesses espaços. É o que diz a antropóloga social Beatriz Accioly, especializada em gênero.
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O estudo Violência contra a mulher no ambiente universitário, organizado pelo Instituto Avon e Data Popular em 2015, mostra de maneira contundente as consequências para mulheres dessa naturalização da violência de gênero.
Das 1.093 mulheres participantes da pesquisa, 75% afirmam ter sofrido violência sexual, psicológica, moral ou física praticada por homens no ambiente universitário. Vinte e oito por cento sofreram violências sexuais – foram estupradas, sofreram tentativas de estupro sob efeito de álcool, tocadas sem consentimento ou forçadas a beijar um aluno veterano.
Se não a morte, como no caso da Janaína, esse tipo de conduta implica em privações e angústias. Ainda segundo a pesquisa do Instituto Avon e do Data Popular, 36% das mulheres deixaram de participar de atividades acadêmicas por medo. Quarenta e dois por cento afirmaram sentir medo constante de serem alvos de violências.
Por outro lado, 27% de 820 homens não viam como abuso o contato forçado quando a mulher está alcoolizada, assim como 35% não achavam violento coagir mulheres a participarem de atos degradantes e 31% não enxergavam problema em compartilhar fotos íntimas de alunas sem a autorização delas.
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Accioly, que integrou a equipe que realizou o levantamento, afirma que, desde a realização da pesquisa, as movimentações pelos direitos das mulheres e o ato de nomear atos de violência de gênero foram amplificadas. Isso se estende às violências universitárias, que ela considera como tão corriqueiras e enraizadas que, até hoje, passam despercebidas, seja no dia a dia ou em tradições como festas ou iniciações, o famoso trote.
Essa naturalização também está na culpabilização da vítima, já que, em momentos de lazer, associa-se a violência como uma consequência do uso de álcool ou outras substâncias.
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"Há uma série de rituais e comportamentos que naturalizam um comportamento de violação. São ritos de sociabilidade, mais comuns nas universidades públicas, que favorecem isso. O problema não está nas festas em si, que são momentos de lazer e descontração e não devem ser vistos de forma moralista, mas na normalização de que o consentimento não é central em uma interação sexual”, define Accioly.
A antropóloga afirma ainda que esses ritos privilegiam os homens e favorecem uma determinada forma de masculinidade que vê a violência como uma validação de virilidade ou conquista perante aos seus pares. Enquanto essa masculinidade é exaltada, as mulheres são inferiorizadas e violadas.
“Essa conduta vem de um tempo em que esses espaços eram exclusivamente masculinos. Quando as mulheres começam a acessá-los, são vistas como um elemento diferente. Esses espaços não são pensados para respeitar as mulheres ou garantir sua segurança e bem-estar”, analisa.
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Nesses últimos oito anos, Accioly ressalta que as universidades passaram a criar métodos para responder a esse tipo de conduta, como o Protocolo da Unicamp, em 2017; a CPI da Violência Sexual Contra Estudantes de Ensino Superior, instaurada em 2020 pela Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp); e o surgimento de coletivos internos formados por alunas e professoras.
Mas Accioly ressalta que não é o suficiente. Muitas vezes, a universidade se coloca em uma posição isenta diante da violência de gênero que acontece em suas dependências.
“Ao dizer que vão ‘deixar as instâncias responsáveis agirem’, não há consequência dentro da universidade”, afirma. Para a antropóloga, é necessário que existam mecanismos e protocolos internos capazes de responder de maneira contundente à violência de gênero no ambiente acadêmico.
“É um problema complexo que precisa de respostas muito aliadas a questões que dizem respeito a como a universidade reage e acolhe suas alunas. Precisa ter aparatos internos para receber essas denúncias, acompanhá-las e amparar as vítimas durante todo processo judicial, além de responsabilizar quem comete as violências. É uma série de respostas variadas que tem que ser articuladas”, conclui Accioly.
#JustiçaPorJanaína
Além de ser palco de mobilização intensa desde o último domingo, as redes sociais se tornaram um espaço de preservação de memória e de homenagens a Janaína. A estudante de jornalismo também era poetisa e mantinha um perfil nas redes sociais onde compartilhava textos de sua autoria. "Era admirável o talento e a criatividade que ela tinha para escrever poesias", diz João sobre o talento da irmã
O último poema, publicado em 2 de janeiro deste ano, comoveu ao falar de seu futuro e teve os comentários tomados por mensagens de mulheres, amigos e familiares. "Nós vamos lutar por justiça!", diz uma mulher. "Uma menina cheia de vida, talentosa... Que triste ler essa história. Que seja feita justiça", afirma outra.
Marie Claire entrou em contato com algumas das mulheres que escreveram comentários como esses para saber se conheciam Janaína pessoalmente. As que retornaram dizem que não, mas que, ao descobrir a história, sentiram a necessidade de deixar algum tipo de mensagem para a estudante e sua família.
Uma das poucas pessoas que disseram ter a conhecido era Mateus Sousa, de 20 anos. Ele e Janaína cursaram juntos o 9º ano do Ensino Fundamental. "Ela era uma pessoa ótima. Humilde, coração bom, não tinha maldade com nada nem ninguém. Lembro que ela chegava na escola de cabeça baixa, escutando música com fone de ouvido. Quando falava com ela, abria um sorrisão", lembra.
Outros familiares de Janaína afirmam que a menina é lembrada por sua disciplina nos estudos, além de ser uma grande sonhadora. “Estamos muito tristes com tudo o que aconteceu e como aconteceu, porém ela jamais será esquecida. Nós a amamos”, finaliza João.
Esquece o advogado que permanece no anonimato o primeiro ato de libertação feminina foi quando fêmea conseguiu fazer sexo olhos nos olhos com o parceiro
A defesa do cruel assassino da estudante Janaína Bezerra da Silva, Thiago Mayson da Silva Barbosa, de 28 anos, deu detalhes acerca do crime hediondo, o sadismo, o estupro, a enganosa versão machista do mestrando de matemática, que segue preso na Cadeia Pública de Altos.
Preferindo a covardia de não se identificar, a defesa revelou para a reportagem que a posição sexual (de quatro, com o rosto pressionado no colchão) pode ter motivado o trauma raquimedular, ou seja, contusão na coluna vertebral ao nível cervical, o que causou lesão da medula espinhal e a morte da estudante. Melhor explicado: O estuprador quebrou o pescoço da vítima.
Esse advogado mentiroso nega que, nos primórdios da humanidade - o homem, a mulher das cavernas =, pela condição física, a posição da vagina da fêmea, da mulher, da semelhança entre os primatas, o homem fazia sexo: a mulher de quatro, como acontece com os macacos, os gorilas. E ainda hoje, para o prazer dos dois macho e fêmea. Sem citar os homossexuais.
Para o advogado do tarado Thiago Mayson da Silva Barbosa, sexo constitui um quebra quebra de pescoço, o maior motivo de causa mortis em todos os tempos, em todas as civilizações.
O advogado escondeu o sangue do sexo da vítima que manchou as vestes da jovem jornalista e poeta e que manchou o chão da Universidade Federal do Piauí.
Publicou Meio Norte que o feminicida Thiago Mayson relatou não teria percebido sangue na vítima, pois na sala em que estavam não tinha luz e única entrada que tinha era de um basculhante. A defesa pontuou também que o investigado passava boa parte do dia na UFPI por morar só e seus pais, que são separados, não viverem em Teresina.
Thiago estava com a chave da sala de estudo onde o estupro teria acontecido porque os alunos do mestrado, doutorado e iniciação científica fazem o uso de uma sala de estudo coletivo. Outras 13 pessoas também tinham acesso à chave. Que abria "a única entrada um basculhante". Que diabo é basculhante em uma universidade?
Por Ilanna Serena e Andrê Nascimento, g1 PI
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Entre as principais reivindicações dos estudantes, estão pautas relacionadas à segurança, como:
Reivindicaram também a poda de matos e árvores do campus Petrônio Portela e reparo da iluminação. Além disso, reivindicaram: a criação de uma ouvidoria exclusiva para receber denúncias de assédio; monitoramento por câmeras nos corredores e salas da universidade e paradas de ônibus.
Os estudantes destacaram a necessidade de que o Hospital Universitário (HU-UFPI) passe a realizar atendimentos de urgência e emergência. Janaína precisou ser encaminhada a um hospital em outra zona da cidade no dia em que foi encontrada na instituição. Outra reivindicação é a presença de vigilantes mulheres, com formação em combate ao racismo e LGBTfobia.
Pedem ainda a revogação da medida que proíbe calouradas; pagamento de indenização à família de Janaína; um dossiê que reúna o nome de Janaína e de todos os alunos que denunciaram casos de assédio; e a formalização do dia 28 de janeiro como um dia de memória à estudante assassinada.
Durante a conversa, a coordenadora de Avaliação e Regulação Acadêmica, Edna Magalhães, informou que a UFPI vai lançar um Protocolo de Combate à Violência Contra a Mulher.
Estudantes ocupam reitoria da UFPI e pedem respostas sobre estupro e morte de aluna em sala da instituição
Ao final, a reitora em exercício Regilda Moreira se comprometeu a levar as reivindicações à administração superior da instituição, para adoção de medidas.
Não posso responder sozinha pela reitoria. Me comprometo com vocês a conversar com o reitor, levar isso pra administração. E enquanto reitora em exercício, garanto que podem me procurar, porque a gente só resolve as coisas com diálogo. Sou altamente sensível a tudo que aconteceu. Às vezes não depende só da administração, mas entendam que, o que tiver ao alcance da administração, vamos fazer. E vamos fazer o mais rápido possível. Estamos abertos pra ouvir vocês, nós somos a universidade", declarou.
Reitora em exercício da UFPI, Regilda Moreira, recebe reivindicações de estudantes — Foto Pedro Melo
A ocupação aconteceu durante segundo dia de vigília e após assembleia entre os estudantes. Os alunos retornaram ao local às 7h da manhã desta terça-feira (31).
No encontro, representantes de movimentos sociais pela vida das mulheres e do movimento negro denunciaram casos de assédio ocorridos dentro da Universidade Federal do Piauí (UFPI) e afirmaram que nenhuma das denúncias teve a devida atenção.
Durante vigília, amigos e estudantes da UFPI fazem homenagens para Janaína
Há previsão de uma roda de conversas com um professor do futuro curso de psicologia do campus Teresina com alunos, funcionários e quem mais tiver interesse em participar. O momento deve acontecer nesta quarta-feira (01), às 16h.
Homenagens à Janaína Bezerra na UFPI. — Foto Andrê Nascimento / g1
A cultura do machismo e do estupro, e o estopim no caso de Janaína, bem como a perpetuação dessas práticas dentro da universidade e a falta do combate à esses atos criminosos foram também pauta na assembleia.
Em relato emocionante, a estudante do curso de História, Maria Clara, afirmou que o caso de Janaína foi um "ápice anunciado".
Não temos voz aqui dentro. Mesmo com todo o esforço que fazemos, somos assediadas. Não falamos com medo de reprovar. Mas eu sei que as únicas pessoas que podem mudar isso somos nós. Não deixem que a morte da Janaína seja esquecida”, disse.
Ela denunciou ainda já ter sido vítima de assédio dentro da sala de aula. “Um professor já me assediou e nada aconteceu. Temos medo. Porque quem coloca a ‘cara no mundo’ aqui dentro, corre o risco de ser expulsa e perseguida. Até alunos já foram denunciados como assediadores e estão impunes”, afirmou.
Membro do Centro Acadêmico de Jornalismo, Guilherme Cronenberg (à direita), fala sobre o caso. — Foto: Andrê Nascimento / g1
O membro do Centro Acadêmico do curso de Jornalismo, Guilherme Cronemberg, comentou que poucas aulas estão acontecendo no curso, a depender dos professores.
“Ainda não há clima para estudar hoje. No Centro Acadêmico os estudantes colocaram flores e velas em homenagem a Janaína”, disse.
Segundo Guilherme, houve a ideia de deixar homenagens na porta da sala onde Janaína foi assassinada, mas que acabaram não acontecendo.
"Ontem até pensamos em começar lá e vir voltando, mas o local e o clima é muito pesado. Achamos melhor ficar aqui mesmo, na reitoria e nas homenagens no Centro Acadêmico", comentou Guilherme.
Estão presentes representantes da Associação dos Docentes da Universidade Federal do Piauí (Adufpi), do Diretório Central dos Estudantes (DCE), do Sindicato dos Trabalhadores da Universidade Federal do Piauí (Sintufpi) e do Centro Acadêmico dos cursos de Jornalismo e Matemática, representantes movimentos sociais pela vida das mulheres e do movimento negro.
Janaína da Silva Bezerra, 22 anos, foi estuprada e assassinada na madrugada do dia 28 de janeiro, sábado, durante uma festa de calourada ocorrida no espaço do Diretório Central dos Estudantes (DCE), no campus de Teresina, na Universidade Federal do Piauí (UFPI).
Janaína Bezerra foi morta dentro da UFPI
O suspeito, Thiago Mayson da Silva Barbosa, 28 anos, está preso. Ele é estudante do mestrado em matemática da instituição e foi encontrado com a jovem desacordada nos braços por seguranças da instituição, que conduziram a vítima e o suspeito ao Hospital da Primavera.
Conforme investigação da polícia, com base em colheita de provas e depoimentos, os dois já se conheciam e se encontraram na festa. O jovem, por usar uma das salas do mestrado para estudos, tinha a chave do local, onde levou a vítima.
O assassino Thiago Mayson teve a prisão decretada suspeito de ter matado a estudante de jornalismo na UFPI
Ele chegou a relatar à polícia que os dois tiveram sexo consensual, até que a jovem desmaiou em dois momentos. Na segunda vez, ele saiu da sala com a jovem nos braços, segundo ele, para buscar ajuda. Os seguranças informaram, segundo a polícia, que a jovem tinha manchas de sangue nas partes íntimas e já estava sem pulsação.
No hospital, a equipe médica relatou que ela já chegou sem vida. O laudo do IML constatou que ela sofreu estupro e morreu em decorrência de ter tido o pescoço quebrado, o que pode ter acontecido por torção ou tentativa de asfixia
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