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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

12
Nov23

Os palestinos nos livros didáticos de Israel

Talis Andrade
Ilustração: Doaa Eladl
 
 
Por Jair de Souza

A esta altura, passados mais de 30 dias do início de um massacre sem paralelos na história, os mais de 2.300.000 palestinos habitantes da Faixa de Gaza estão submetidos a um cerco total, estando privados do acesso a água, alimentos e eletricidade. E, como bonificação especial, quase todos os seus edifícios residenciais, seus hospitais e suas escolas vêm sendo implacavelmente arrasadas por intensos bombardeios das forças militares de Israel.

No entanto, apesar das monstruosas cenas de horror que conseguem furar o bloqueio comunicacional das autoridades israelenses e chegam ao conhecimento público, boa parte da população israelense não demonstra estar muito sensibilizada diante deste imenso quadro de dor e sofrimento.

O que poderia explicar tamanha indiferença, tamanha falta de empatia com o drama sofrido por toda essa gente desamparada? A resposta, em boa medida, é dada pelo resultado de uma pesquisa conduzida por Nurit Peled-Elhanan, uma pesquisadora israelense da Universidade Hebraica de Jerusalém.

É interessante observar que a motivação inicial de seu trabalho se deu em função de um terrível golpe por ela sofrido quando perdeu a própria filha, vítima de um atentado suicida cometido por um palestino. Uma síntese de sua pesquisa está no vídeo deste link:https://youtu.be/GCcV7AtYgwo

Neste documentário, Nurit Peled-Elhanan fala de sua pesquisa relacionada com o conteúdo dos livros didáticos de Israel. Ela expõe em detalhes como estes livros são elaborados com o objetivo de desumanizar o povo palestino e fomentar nos jovens estudantes israelenses a base de preconceitos que lhes permitirá atuar de forma cruel e insensível com o mesmo durante o serviço militar.

Conforme explica Nurit Peled-Elhanan, as construções de mundo feitas a partir dos livros didáticos, por serem as primeiras a se sedimentarem na mente das crianças, são muito difíceis de serem erradicadas. Daí a importância que o establishment israelense dedica à ideologia a ser transmitida nos livros didáticos. Neles, os palestinos nunca são apresentados como seres humanos comuns. Nunca aparecem em condições que possam ser consideradas normais.

Segundo Nurit Peled-Elhanan, não há nesses livros nem sequer uma fotografia de um palestino que mostre seu rosto. Eles são sempre apresentados como constituindo uma ameaça para os judeus.

Foi por entender o grande valor desta mensagem que, já em 2012, me dispus a traduzir ao português o vídeo-documentário e produzir as respectivas legendas. Nosso objetivo era e é possibilitar que um maior número de pessoas venham a entender as técnicas de desumanização utilizadas para viabilizar a aprovação, a aceitação ou a indiferença em relação àqueles grupos humanos que são escolhidos como alvos para extermínio.

Considero um dever moral de todos os que se sentem vinculados à humanidade dedicar os esforços possíveis para impedir que este genocídio venha a se consumar. Neste momento, as palavras do saudoso reverendo evangélico Desmond Tutu se tornam mais válidas do que nunca: “Aquele que se mostra indiferente em uma situação em que a opressão é evidente está tomando o lado do opressor”.

Não pode restar nenhuma dúvida para ninguém sobre quem são os opressores e quem são as vítimas no atual conflito entre o Estado de Israel e o Povo Palestino.

Israel quer arrastar o Brasil para a guerra

 
 

Embaixador de Israel afronta Lula

 
 
26
Set23

Os Estados Unidos e sua eterna democracia antidemocrática

Talis Andrade

 

Cerimônia de lançamento da ''Iniciativa Global Lula-Biden para o Avanço dos Direitos Trabalhistas na Economia do Século XXI'', que aconteceu na cidade de Nova York ( EUA), em 20 de setembro de 2023. Foto: Ricardo Stuckert/PR

 

por Jair de Souza I VioMundo

 

Em sondagem recém divulgada com vistas ao pleito eleitoral do próximo ano, o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump aparece com 51% da preferência do público consultado contra tão somente 42% do atual ocupante do cargo, Joe Biden.

Provavelmente em função de suas disputas internas, Biden se aproveitou da presença de Lula em Nova York onde fez o discurso de abertura da 78ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas para colar sua imagem à de nosso presidente com base numa suposta identificação de ambos com as causas trabalhistas e a liberdade sindical.

É inegável que isso soou muito estranho para todos os que temos alguma ideia da evolução histórica das condições de vida dos trabalhadores nos Estados Unidos.

Embora a figura de Lula esteja indissoluvelmente associada aos interesses das classes trabalhadoras, a de Biden, pelo contrário, não nos inspira o mais mínimo vínculo nesse sentido.

Como aceitá-lo como um lutador pelas causas dos assalariados naquele país onde as massas trabalhadoras historicamente nunca tiveram direitos equiparáveis aos conquistados por seus pares de outros países?

Como entender que o panorama seja este, já que estamos acostumados a escutar no rádio, assistir pela televisão ou a ler em jornais e revistas, que os Estados Unidos são a maior democracia do mundo?

Em razão do que vem sendo inculcado em nossa mente desde nossa mais tenra idade, seríamos induzidos a crer que democracia e liberdade são coisas intrínsecas à sociedade estadunidense.

Este costume de associar a imagem dos Estados Unidos ao que as sociedades humanas têm de mais belo vem de longa data.

Basta recordar que Alexis Tocqueville e outros destacados expoentes do liberalismo se referiam aos Estados Unidos como o país modelo da liberdade e da democracia.

Não à toa, a chamada Revolução Americana, que culminou com sua independência e desvinculação do Império Britânico, foi saudada por quase todos os adeptos do pensamento liberal como uma consagradora vitória dos ideais da liberdade.

A circunstância de a nova nação ter sido edificada em cima do extermínio quase total dos povos ameríndios que já habitavam aquelas terras há milhares de ano não parece ter incomodado os entusiastas da nova potência que estava sendo forjada.

Tampouco veio a significar um fator capaz de incomodar os admiradores dessa tal “liberdade” o fato de a base da economia estadunidense de então estar sustentada no trabalho escravo.

Que milhões de homens e mulheres de pele negra fossem equiparados ao gado e tratados como objetos de compra e venda para o usufruto de seus proprietários não chegou a se constituir em motivo suficientemente válido para gerar questionamentos desses intelectuais liberais filo-americanistas.

Talvez tenha sido assim porque, para eles, a única liberdade que realmente merecia ser levada em conta é aquela que dá aos proprietários o direito de dispor de seus bens a seu bel-prazer, mesmo que esses bens de sua propriedade sejam seres humanos.
 

Essa forte identificação não pôde ser abalada nem sequer com o regime de supremacia branca instalado nos estados do sul após o término da guerra civil de secessão que tinha posto fim à escravidão.

Ou seja, os admiradores da liberdade prevalecente nos Estados Unidos nunca se preocuparam com o que esse modelo de discriminação racial significava de fato para os milhões de negros que eram considerados e tratados como “sub-homens”, os chamados _undermen_ (expressão em inglês que foi traduzida pelo nazismo hitlerista como untermenschen_).

Convém acrescentar que, além de alavancar a ideologia racial do nazismo, o supremacismo branco dos Estados Unidos também serviu como fonte de inspiração para o regime de apartheid na África do Sul.

Tendo ciência dos antecedentes da eterna benevolência dos teóricos do liberalismo em relação com a evolução dos Estados Unidos, fica-nos um pouco mais fácil entender como esse país passou a ser apresentado e idealizado como o exemplo mais próximo da perfeição com respeito ao exercício da democracia.

Nos dias atuais, é muito comum observar os dirigentes dos Estados Unidos tomando decisões que visam inviabilizar ou depor governantes de outros países que se mostrem desafinados com as orientações que lhes são passadas.

Nessas ocasiões, os desafetos são tachados de ilegítimos e acusados de não representarem de verdade a vontade da maioria de seu próprio povo.

No entanto, se o principal critério a adotar na classificação de um país como uma democracia for a escolha de seus dirigentes em conformidade com o desejo da maioria de seus habitantes, e se o aplicarmos com rigor na análise do processo eleitoral estadunidense, inevitavelmente, vamos concluir que, neste aspecto, os Estados Unidos jamais poderiam ser considerados como um país democrático.

Não obstante haver por lá a possibilidade formal da existência de vários partidos políticos, na prática, somente podem chegar à presidência da nação, ou compor bancadas significativas no parlamento, aqueles que recebem o apoio financeiro das grandes corporações econômicas.

Sendo assim, há apenas dois em condições efetivas de disputar o comando administrativo do país: dois partidos de características básicas muito semelhantes e representativos dos mesmos interesses de classe, ou seja, o Partido Republicano e o Partido Democrata,.

Seria possível considerar como democrático um processo eleitoral que desse a vitória ao candidato menos votado pela população?

Embora, inicialmente, talvez pareça uma pergunta fora de propósito, ela ganha muito sentido em relação aos Estados Unidos. É que, segundo às leis eleitorais vigentes por lá, o candidato vitorioso em um pleito presidencial não precisa necessariamente ser alguém que tenha obtido mais votos dos eleitores do que seu concorrente.

Na verdade, desde sua fundação como República, vários presidentes foram eleitos apesar de terem tido menos votos da população que seus contrincantes.

Podemos citar o ocorrido na eleição de 2000, quando o republicano George W. Bush derrotou o democrata Al Gore, e na de 2016, quando o republicano Donald Trump se impôs à democrata Hillary Clinton.

É que nos Estados Unidos as eleições presidenciais são indiretas. Em outras palavras, lá, os presidentes são eleitos através de um Colégio Eleitoral e não por via direta.

Contudo, o fator que dá às eleições presidenciais estadunidenses um caráter acentuadamente antidemocrático não é tanto sua forma indireta, e sim a maneira como se estabelece a composição do Colégio Eleitoral.

Seria importante repassar essas características para que tenhamos mais clareza sobre seu funcionamento e as aberrações que delas podem derivar.

A população habilitada não vota diretamente no candidato a presidente de sua preferência. Os votos dos eleitores servirão para formar um Colégio Eleitoral, o qual será composto por 538 delegados, resultantes da soma dos 100 senadores e dos 435 deputados eleitos pelos estados, acrescidos dos 3 representantes de Washington D.C. (a capital da União).

O número de delegados por estado é uma questão altamente criticável e de modo algum expressa uma verdadeira representação proporcional do número de eleitores existentes.

Vai se sagrar vencedor aquele aspirante que conquistar ao menos 270 delegados do total. Até este ponto, para o bem ou para o mal, não há muitas diferenças em relação à escolha dos dirigentes nos modelos parlamentaristas da Europa Ocidental e de vários outros lugares.

Porém, o que torna o processo dos Estados Unidos espantoso é a peculiaridade de o candidato presidencial que obtém a maioria dos votos de um estado carregar para o Colégio Eleitoral o número total dos delegados do referido estado.

Portanto, indiferentemente de ter vencido por 99,9% a 0,1% ou por 50,1% a 49,9% dos votos, o partido vitorioso no local vai somar para sua chapa na Convenção o número total dos delegados previstos para tal estado.

Estamos diante de uma monstruosidade antidemocrática que permitiria a um candidato, em tese, vencer a disputa presidencial precisando tão somente garantir sua vitória por um percentual mínimo nos 11 estados com maior número de delegados, ainda que perca fragorosamente nos demais 39 estados da União.

O quadro dado a seguir nos mostra como isto poderia ocorrer.

Esta aberração se vê agravada pelo pouquíssimo interesse dedicado pelo Sistema com vistas a garantir e viabilizar o voto das maiorias populares.

Nos Estados Unidos, os dias de eleição são considerados dias úteis normais, e não feriados. A população não está dispensada do trabalho por lei e não tem sua remuneração garantida caso se ausente para exercer seu direito ao voto.

Além disso, como o voto não é obrigatório, não me parece difícil entender porque tanta gente deixa de participar, especialmente entre as classes trabalhadoras, uma vez que os mais ricos não costumam ter entraves para sufragar e parecem ter noção da importância de seu voto para garantir a defesa de seus interesses.

Por isso, não chega a surpreender a constatação de que os índices de participação eleitoral nos Estados Unidos ficam geralmente muito abaixo do que ocorre em outros países, raramente ultrapassando os 50%.

Das observações que fizemos, podemos concluir que a realidade está longe de confirmar aquilo que os bajuladores dos Estados Unidos gostam de alegar.

Se os encaminhamentos dos processos eleitorais puderem atestar a qualidade democrática de uma nação, os Estados Unidos deveriam estar classificados nos degraus mais baixos da escala, e jamais poderiam posar como protótipos de correção a serem seguidos.

12
Set23

Documentário: ”Vozes do silêncio. Nem perdão nem esquecimento”. Assista, legenda em português

Talis Andrade

 

Jair de Souza traduziu e legendou o documentário ”Vozes do silêncio: Nem perdão, nem silêncio”, da RT. A legendas em português podem ser acionadas no canto inferior direito, em configurações.

 

Vozes do silêncio: Nem perdão, nem esquecimento

por Jair de Souza

VioMundo

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Estamos chegando ao dia 11 de setembro.

Para os mais jovens, queria retroceder 50 anos na história, pois exatamente neste mesmo dia no ano de 1973, a América Latina e o mundo sofreram um dos mais destruidores golpes de parte das forças mais retrógradas, mais anti-humanas, mais pró-imperialistas que a humanidade já tinha tido o horror de conhecer: o golpe militar comandado por Augusto Pinochet que derrubou o governo socialista de Salvador Allende no Chile.

Foi o marco de uma nova etapa da monstruosidade do grande capital no intuito de extirpar pela raiz toda e qualquer ameaça proveniente das maiorias populares que pudesse ameaçar os privilégios das classes dominantes.

Foi a primeira iniciativa orquestrada pelas instituições capitalistas a nível planetário de implantar o neoliberalismo de maneira organizada e permanente.

Depois de muitos anos de sofrimento e luta, o povo chileno ainda está engajado numa luta ferrenha na busca de sanar as mazelas que os anos de ditadura cravaram em sua sociedade.

Como lição muito importante, precisamos entender que os efeitos nocivos deixados pela passagem de um governo deste tipo não se limitam aos anos em que essas forças permanecem visivelmente no comando do aparelho de Estado.

Até hoje, as maiorias populares do Chile estão padecendo as agruras surgidas com a tomada de poder pelos militares em 1973.

As forças democráticas chilenas estão empenhadas na luta para que os crimes cometidos por essa ditadura não venham a ser esquecidos e, muito menos, os criminosos perdoados.

Esquecer e perdoar fatos e criminosos que tantas desgraças causaram significa abrir a porta para a repetição dos mesmos.

Para nós brasileiros o documentário acima, Vozes do silêncio: Nem perdão, nem esquecimento,  tem um valor adicional, pois ele nos remete à nossa própria realidade e aos nossos embates com as forças do bolsonarismo. Conforme os próprios próceres bolsonaristas deixam patente, o modelo pinochetista lhes serviu de inspiração em nosso país.

Em outras palavras, o pinochetismo é a fonte de inspiração para o bolsonarismo.

Assim, entender bem o que está por trás do pinochetismo nos leva a compreender melhor nossa própria realidade.

No documentário Vozes do silêncio: Nem perdão, nem esquecimento vamos observar que as classes dominantes recorrem a forças de extrema direita do tipo do pinochetismo e do bolsonarismo naquelas fases da história em que eles sentem que as estruturas de dominação tradicionais já não estão dando conta de manter os movimentos populares subjugados.

O pinochetismo não vacilou em matar para se fazer impor, assim como o nazismo também não.

E, devemos ter clareza, o bolsonarismo é fruto da mesma árvore. Em outras palavras, tanto o pinochetismo como o bolsonarismo se inspiraram sempre em seus antecessores da Alemanha hitlerista.

Neste muro, está escrito: ‘Mesmo que os passos toquem este local por mil anos, não vão apagar o sangue dos que aqui caíram’. Entre eles, o do compositor, músico e ativista político chileno Victor Jara, que aí foi fuzilado, em 16 de setembro de 1973. Fotos: Reprodução de imagem do documentário ”Vozes do silêncio” e Wikipedia

 

Muitos argumentam que não é correto equiparar bolsonarismo e pinochetismo com o nazismo, o qual teve seus campos de concentração e suas câmaras de gás. O que podemos responder quanto a isto é que se o bolsonarismo não chegou a tanto foi porque não encontrou condições para ali chegar.

Não há limites de tipo humanitário para as tropas de choque do grande capital.

Aqueles que diante da morte de mais de 700.000 pessoas não se sentem perturbados já que não são coveiros não teriam nenhuma reticência em aplicar métodos similares de extermínio aos de seus inspiradores germânicos. Não tenhamos dúvidas disso.

Espero que aproveitemos a comemoração (comemorar não é celebrar) deste novo aniversário da tragédia chilena para estudar e tirar lições desse acontecimento.

Foi com este espírito que me dediquei a traduzir e legendar este vídeo-documentário, que considero uma das peças mais bem-feitas para retratar em pouco tempo o significado daquele trágico acontecimento.

13
Jun23

Todo machão é uma bicha enrustida

Lava Jato um bando de depravados quinta-colunas

Talis Andrade

grades vaza.jpg

 

por Jair de Souza

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O título deste texto é uma lembrança de uma pichação com a qual me deparei há muitos anos em um dos muros da cidade de São Paulo. Foi ela que me veio imediatamente à mente ao ler hoje as notícias sobre o sumiço de bilhões de reais das contas operadas pelos integrantes da força-tarefa de Curitiba conhecida como Operação Lava Jato.

A decisão de fazer uso da mencionada citação não advém de nenhum sentimento relacionado com a homofobia, mas tem tudo a ver com a condenação da HIPOCRISIA.

É que, uma vez mais, fica comprovada aquela tese que diz que “aqueles que vivem se apresentando como exemplos de moralidade, via de regra, não passam de grandes depravados”. No caso dos próceres lavajatistas, a depravação atingiu um nível de desfaçatez tão elevado como poucas vezes antes tínhamos observado em alguma sociedade humana.

Por quase uma década, todos os meios de nossa mídia corporativa se dedicaram a uma incessante magnificação das imagens positivas de Sérgio Moro, Deltan Dallagnol e de outros dos sujeitos ativamente vinculados aos órgãos participantes da força-tarefa do MPF à qual fizemos menção. Em contrapartida, empenho equivalente, ou até mais intenso, foi exercido no sentido de demonizar e arrasar a reputação daqueles que eram tidos como os principais inimigos do projeto político encampado pelos mentores do lavajatismo.

A bem da verdade, a questão da moralidade nunca foi o cerne da motivação que levou a essa confluência em torno da Lava Jato. O que sempre prevaleceu era o interesse de impedir o avanço de nossa nação no rumo de sua constituição em um país verdadeiramente independente e soberano, posto que, nos primeiros quinze anos deste século, o Brasil parecia estar seguindo por uma trilha de autonomia que não se alinhava com as diretrizes dos centros hegemônicos do mundo capitalista. Pôr fim a esse estado de coisas era um dos objetivos prioritários daqueles que se beneficiavam com nosso atrelamento subordinado às orientações emanadas dos Estados Unidos e, secundariamente, das principais potências capitalistas europeias.

Evidentemente, os propósitos declarados pelos que estavam descontentes com o quadro econômico-social que estava se vislumbrando por aqui não apareciam com a clarividência com que foram expostos no parágrafo anterior. Sorrateiramente, os argumentos empregados para organizar o amplo leque de forças necessário para levar adiante o processo de sufocação dos setores políticos populares se centravam na moralidade, neste caso, numa moralidade de cunho econômico, no combate à corrupção.

E foi em função de travar a luta contra a corrupção que uma parte significativa do aparato jurídico de nosso país e toda nossa mídia corporativa entraram em cena. A atuação articulada e simbiótica desses dois grupos serviria como o baluarte da luta que visava destruir as bases de sustentação econômica do Brasil e, simultaneamente, impedir que as forças políticas de esquerda pudessem continuar conduzindo seu projeto de inclusão social dos setores mais carentes.

Não foi à toa que os principais alvos da Operação Lava Jato fizessem parte da infraestrutura básica que colocava o Brasil como forte concorrente dos grandes conglomerados estadunidenses ao redor do mundo, assim também como em nível local, enquanto que, concomitantemente, procurava-se aniquilar a figura de Lula e do PT.

Em consequência dos golpes recebidos pelos agentes lavajatistas, nossa engenharia da construção foi quase que inteiramente destroçada. De empresas mais dinâmicas de nossa economia e das mais competitivas em todos os rincões de nosso planeta, nossas construtoras atualmente não passam de uma caricatura do que já foram. Hoje em dia, nem mesmo para obras em nosso próprio território nossas empresas de construção civil conseguem concorrer em pé de igualdade com suas contrapartes estrangeiras.

De maneira análoga, vimos como nossa indústria petrolífera foi violentamente agredida e desarticulada. As jazidas do pré-sal foram entregues a grupos petroleiros do exterior e nossa emblemática Petrobrás passou a sofrer violentos ataques visando sua privatização e inviabilização. Sua rede de distribuição foi transferida a mãos privadas; suas principais refinarias foram privatizadas (a bem da verdade, quase que doadas) e postas sob controle de grupos capitalistas estrangeiros.

Outro ultraje ao qual a nação foi submetido com a cumplicidade dessa quadrilha foi o criminoso processo de privatização da Eletrobrás. A monstruosa campanha de difamação deslanchada por nossa mídia corporativa contra nossas empresas públicas em combinação com a sanha persecutória de promotores identificados com o viralatismo facilitou essa transposição descarada de patrimônio público para as mãos de poucos espertalhões.

Agora, estamos constatando que a Operação Lava Jato funcionava de fato como uma verdadeira organização criminosa, que usava o pretexto do moralismo no combate à corrupção para levar adiante seu projeto de destruição de nossa base econômica e da imobilização de nossa liderança política do campo popular.

Porém, os integrantes da Lava Jato não agiram tão somente para atender altruisticamente os interesses do grande capital imperialista. O que as recentes informações nos estão revelando é que aqueles que tinham sido pintados como abnegados lutadores contra a corrupção, em realidade, eram os mais abjetos praticantes daquilo que diziam combater.

Em outras palavras, como já é tradicional entre os hipócritas, os autoproclamados paladinos do combate à corrupção são na verdade corruptos da pior espécie. Só que, neste caso, sua atuação nefasta não causou abalos apenas em nossa moralidade. Seu nefasto proceder foi fator determinante para que hoje nossas ruas estejam repletas de famílias vivendo ao relento, em busca de um pedaço de pão para saciar sua fome aguda.

10
Mai23

Privatização criminosa da Eletrobrás

Talis Andrade
 
Tela do pintor francês Jean-Baptiste Debret, que viveu no Brasil de 1816 a 1831
 

 

A escravidão também era um ato jurídico perfeito

 

por Jair de Souza

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Em sua recente viagem a Londres, Lula voltou a se expressar de modo a desagradar profundamente a quase todos os órgãos de nossa mídia corporativa.

Uma das coisas que causou furor generalizado foi a resposta dada por Lula à instigante pergunta formulada por Sara Vivacqua, correspondente de DCM, sobre a perseguição desatada sobre o jornalista australiano Julian Assange, um dos criadores de WikiLeaks.

A insatisfação veio por Lula externar sem rodeios que se sentia indignado com a postura hipócrita de boa parte dos meios de comunicação e seus jornalistas que, embora se arvorem em campeões da defesa da liberdade de expressão, não têm feito nenhuma objeção à violenta perseguição que Assange vem sofrendo por parte das autoridades estadunidenses e daquelas dos países a eles submissos pelo fato de ele ter divulgado publicamente as brutais atrocidades que as forças imperialistas estavam realizando contra as populações locais nos territórios ocupados do Iraque.

Refraseando os termos da questão, Julian Assange vem sendo mantido preso na Inglaterra em condições deploráveis devido a ter ousado expor ao mundo os crimes abomináveis praticados pelas forças bélicas da nação mais poderosa do planeta contra cidadãos comuns dos países subjugados.

Ou seja, aquilo que deveria servir como exemplo de honra e dignidade no exercício da profissão do jornalismo vem sendo ignorado, ou condenado, por quase todos os órgãos corporativos de nosso país associados com os interesses do imperialismo.

Portanto, quando Lula, disse que é uma vergonha que ainda haja jornalistas que aceitem compactuar com esse posicionamento, sua atitude acabou por provocar a ira de quase todos os proprietários desses meios e, inclusive, de muitos de seus funcionários assalariados.

No entanto, se o já mencionado não fosse o suficiente para insuflar a bile dos aliados brasileiros do grande capital internacional, Lula também aproveitou sua passagem pela Inglaterra para reivindicar o direito de nosso Estado corrigir os disparates cometidos no processo de privatização da Eletrobrás.

Segundo o Presidente, nós não podemos aceitar os termos com os quais o conglomerado de empresas públicas que compõem a Eletrobrás foi transferido ao controle de grupos capitalistas privados.

Dentre as medidas consideradas como aberrações praticadas pelo anterior governo nazista-bolsonarista nessa privatização, está a cláusula que limita o poder de decisão da União em detrimento de sua participação societária na entidade.

Sendo assim, embora seja o maior acionista, com cerca de 45% das ações, o Estado só conta com cerca de um quarto dos votos no Conselho Administrativo.

Por isso, mesmo dispondo de um número de ações bem inferior ao do Estado, um grupo de acionistas minoritários privados consegue deter um controle férreo sobre a empresa.

Mas, se não bastasse isso para caracterizar o vilipêndio a que os interesses públicos foram submetidos, o governo nazista-bolsonarista firmou com os contratantes particulares algumas cláusulas ignominiosas que buscavam tornar impossível a reversão legal da situação e a retomada pela União do controle da empresa.

Umas das medidas estipuladas é a exigência de que o Estado tenha de pagar cerca de três vezes mais pelo valor das ações que pretenda readquirir.

Em outras palavras, é o roubo em sua magnitude completa: divide-se por três o valor daquilo que o Estado possui e multiplica-se por três o valor que o Estado deve pagar para recuperar o que lhe foi retirado. Como o que é propriedade do Estado é propriedade do povo, podemos concluir facilmente quem está sendo roubado.

Para entender como foi possível realizar essa transferência da Eletrobrás para o controle privado, precisamos entender que o governo nacional estava naquele momento em mãos de agentes neoliberais bolsonaristas, inteiramente serviçais aos interesses do grande capital imperialista e nacional.

Por outro lado, o grupo privado que mais se beneficiou com essa privatização é encabeçado pelos mesmos empresários que produziram no Brasil o rombo de mais de 40 bilhões nas Americanas, ou seja, estamos diante de gente que sabe fazer grandes negócios para si mesmo.

Já os interesses da nação são os da nação, não têm nada a ver com eles.

Porém, como é bem sabido, ninguém chega a ter o poder de aplicar gigantescos golpes de centenas de bilhões de reais sem dispor de uma estrutura conforme com as exigências da empreitada.

Por isso, nada mais natural de que sua defesa e apologia se expresse com muita ênfase através dos grandes meios de comunicação corporativos.

É que, na verdade, há uma total simbiose entre os capitalistas que arrebataram o controle da Eletrobrás e os que detêm o controle de nossa mídia comercial. Uns estão para os outros assim como os outros estão para os uns, ou seja, são todos farinha do mesmo saco.

Portanto, o que estamos vendo a todo momento de parte de todos os analistas econômicos que aparecem na mídia corporativa é a ladainha de que esta transferência do controle acionário da Eletrobrás ao capital privado se constituiu num ato jurídico perfeito.

Para esse pessoal, tudo foi feito em conformidade com o que as leis estipulam e, portanto, tudo deve ser plenamente respeitado.

Com respeito a essa última observação, convém recordar que a escravidão também já foi um ato jurídico perfeito por aqui, de plena conformidade com as leis que vigiam durante sua existência.

Para acabar com a escravidão foi preciso não acatar a validade de leis que feriam o sentido de justiça. Era mister entender que existe o legal e existe o justo. Agora, como era naquele tempo, não podemos nos submeter ao mero legalismo quando a injustiça é gritante.

Neste momento, estamos à espera de uma decisão do STF que venha a pôr fim a um dos roubos mais atrozes já sofridos por nosso povo ao longo da história.

Nutrimos a esperança de que, desta vez, os verdadeiros interesses da nação se sobreponham e que essa privatização criminosa seja invalidada.

Mas, caso assim não ocorra, a memória daqueles que persistiram em sua luta contra a escravidão naqueles tempos de trevas deve continuar presente. A legalidade só deve ser aceita como tal quando ela estiver imbuída na justiça.

06
Dez22

A contribuição do mau-caratismo de Sérgio Moro para a causa popular

Talis Andrade

aroeira moro mussolini.jpg

 

Para as forças do imperialismo e do grande capital, as características de Moro se adaptavam como uma luva aos propósitos que nutriam

 

por Jair de Souza /248

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Em meados da década passada, o nome do então-juiz Sérgio Moro despontava com destaque nos veículos escritos de nossa imprensa corporativa, nos canais de televisão e nas programações transmitidas pelas ondas radiais. Ele tinha sido transformado por nossa mídia hegemônica em uma celebridade nacional e no abnegado salvador da pátria.

Como isso pôde ocorrer? O que poderia justificar que uma figura tão grotesca, inculta e de baixíssimo nível intelectual viesse a ser elevada à categoria de herói máximo da nação e fosse glorificada como o paladino da luta pela moralidade e contra a corrupção?

Para encontrar as respostas que buscamos, é preciso levar em consideração que, além dos aspectos já mencionados, Sérgio Moro também ostentava outra qualidade muito apreciada no seio de nossas classes dominantes: seu profundo mau-caratismo.

Foi esse mau-caratismo o motor que conduziu “nosso herói” na superação de todos os obstáculos que se antepunham à meta que ele se propunha atingir. E seu objetivo pessoal era nada mais, nada menos, que acumular fortuna, tornar-se rico, poderoso e temido. Como sua diminuta capacidade intelectual não lhe seria de muita serventia para viabilizar a materialização desse sonho, seu mau-caratismo passou a ser o fator decisivo que funcionaria como a alavanca que lhe daria impulso no salto inicial e o ancoraria ao longo da empreitada. E assim sucedeu.

Para as forças do imperialismo e as do grande capital nacional a elas associadas (entre as quais se situa a mídia corporativa), as características de Sérgio Moro se adaptavam como uma luva aos propósitos que nutriam. Em outras palavras, estava ali o sujeito perfeito para encabeçar a tarefa de pôr fim ao tênue processo de inclusão social iniciado com a chegada de Lula e do PT ao comando do aparelho de Estado, assim como, a nível internacional, devolver o Brasil à esfera de influência absoluta do imperialismo estadunidense. Aquela brincadeira de satisfazer necessidades das massas carentes e mostrar ao mundo ares de soberania nacional tinha ido longe demais. Era hora de dar um basta!

Portanto, em consonância com esta congruência de interesses, nada mais apropriado do que dar força a alguém que não se deteria no cumprimento de sua missão em razão de escrúpulos morais ou impedimentos legais. Era muito reconfortante saber que a pessoa escolhida para liderar a execução do trabalho sujo requerido não hesitaria sequer em meter as mãos em excrementos, se preciso fosse, para cumprir com seu comedido.

A entrega dos recursos do pré-sal às multinacionais petrolíferas estrangeiras significou um violento golpe contra os planos de soberania que vínhamos cultivando há muito tempo. Não à toa, Sérgio Moro descarregou toda sua raivosidade contra a Petrobras e tudo o que ela representava. De símbolo de nossa autonomia energética e orientadora de nosso projeto de desenvolvimento nacional, a Petrobrás passou a ser encarada como o principal inimigo a ser abatido.

As empresas brasileiras de engenharia, que andavam ocupando espaços estratégicos num mundo que suas congêneres estrangeiras (especialmente as estadunidenses) consideravam de sua exclusividade, deveriam ser tiradas de cena. Uma vez mais, as esperanças depositadas em Sérgio Moro se viram convalidadas. O desempenho de nosso “juiz-herói” foi novamente eficiente e arrasador. Nos escombros de sua atuação, não sobrou pedra sobre pedra.

Hoje, mesmo para a realização de obras em nosso próprio território, as outrora portentosas construtoras brasileiras não estão em condições de competir com suas concorrentes do exterior.

Analisando o processo em retrospectiva, as evidências confirmam que os quase seis anos de insuflação e endeusamento midiático a Sérgio Moro acarretaram resultados mais do que catastróficos para o povo brasileiro, assim como para a nação no cenário internacional.

As revelações do hacker Walter Delgatti difundidas através de The Intercept trouxeram à luz as evidências do lado podre, entreguista e canalha do grupo que conduzia as operações da chamada Força Tarefa da Lava-Jato. À medida que as sórdidas tramoias entre seus integrantes iam sendo postas ao conhecimento público, as suspeitas, que até então eram limitadas a apenas algumas pessoas de maior senso crítico, passaram a ser fatos comprovados e visíveis para todos.

Certamente, a devastadora atividade de Sérgio Moro não deve ser subestimada. Como consequência de suas medidas, temos hoje milhões de novos desempregados espalhados pelo país. A miséria absoluta chegou a níveis nunca vistos. As ruas de nossas cidades estão repletas de gente sobrevivendo ao relento, em total desamparo. O flagelo da fome voltou a nos atentar.

Além disso, a sequência de ações protagonizadas por Sérgio Moro foi, em grande medida, responsável pela chegada do nazismo bolsonarista à presidência do Brasil. As tragédias disso decorrentes são tantas que poderíamos dedicar todo o restante deste texto para enumerá-las.

No entanto, o que tínhamos proposto fazer desde o início era destacar algo de positivo advindo da atuação do ex-juiz. Os casos de podridão que redundaram em angústia e sofrimento para a maioria de nosso povo foram abundantes, e já fazem parte do domínio público. Sendo assim, vamos tentar efetuar um trabalho diferente, mais árduo e de maior complexidade: tratar de encontrar algum ato proveniente de Sérgio Moro que possa ser avaliado como proveitoso para os interesses da nação brasileira.

Depois de muito vasculhar a memória, a única instância em que Sérgio Moro me pareceu ter tomado algum posicionamento digno de alguma valoração positiva  para o campo popular foi seu empenho e determinação em levar Lula à prisão.

Como assim? Não teria sido essa justamente a evidência maior de seu papel nefasto, destrutivo, entreguista e subserviente às classes dominantes e ao imperialismo? Sim, seguramente, tudo isso é verdade. Mas, o que vou procurar demonstrar à continuação é que, apesar de toda sua sordidez, essa foi provavelmente a única de suas medidas que acabou gerando também consequências benéficas para o futuro da nação.

Lula surgiu como grande liderança popular nos embates concretos travados pela classe trabalhadora do ABC paulista nos terríveis anos da ditadura militar. Desde suas primeiras aparições públicas, distinguiu-se como uma pessoa de muita astúcia e coragem, com muita agilidade de raciocínio e argumentação. Com o passar do tempo, todas essas qualidades positivas foram se aperfeiçoando, e a habilidade de Lula para coordenar e comandar as lutas dos trabalhadores por seus direitos, logo, tornou-se algo legendário.

Posteriormente, no exercício efetivo de seus dois mandatos presidenciais, Lula conseguiu estender seu prestígio para muito além das fronteiras de nosso país. Ao findar seu segundo termo de governo, seu nível de avaliação positiva andava por volta dos 87%, um percentual nunca antes atingido por nenhum outro governante na história de nossa república. Mas, não era somente por aqui que Lula gozava de tão boa reputação. Todos os que viajavam com frequência para o exterior naquele tempo podiam constatar o quanto a figura de nosso presidente era admirada e respeitada lá fora. Foi um período em que dava muito orgulho apresentar-se como brasileiro no exterior.

Entretanto, não obstante toda sua genialidade e capacidade de discernir caminhos corretos em situações conturbadas, para muitos analistas (dentre os quais eu me incluo), faltava a Lula um maior domínio teórico com relação à sociologia e à história do Brasil e do mundo. Lula não tinha se aprimorado suficientemente nos estudos e parecia carecer de uma base científica mais sólida e aprofundada que lhe possibilitasse projetar ao futuro suas lutas do momento.

É claro que, por seus vínculos e constantes trocas de ideias com os mais importantes nomes das ciências sociais e da cultura, o nível de seu conhecimento efetivo de nossa realidade superava em muito o de certos acadêmicos plenamente diplomados. Porém, se era para detectar debilidade, aí residia sua principal deficiência. Como fazer para que Lula conseguisse suprir essa carência em relação a conhecimento teórico cientificamente embasado?

Foi assim que, provavelmente, pela primeira vez em sua carreira de funcionário público, Sérgio Moro pôde tomar uma medida que, embora involuntariamente, acabaria tendo um efeito colateral que favoreceria o campo popular, ou seja, justamente o setor ao qual ele sempre tratou de combater e aniquilar.

Ao atropelar resolutamente todos e quaisquer vestígios de respeito à legalidade e trancafiá-lo numa cela da Polícia Federal em Curitiba por quase dois anos, Sérgio Moro proporcionou a Lula uma oportunidade para dedicar-se aos estudos como ele nunca antes tinha tido. E Lula soube aproveitar cada hora de seus 580 dias de reclusão para ler todas as obras que lhe seriam importantes para dotá-lo do conhecimento mais aprofundado possível sobre a realidade histórica brasileira e mundial.

Valendo-se de sua incrível capacidade de compreensão e assimilação, durante o tempo em que foi mantido na prisão, Lula pôde acumular uma carga de leitura tão significativa que, quase com certeza, deve ultrapassar em muito tudo o que Sérgio Moro, Deltan Dallagnol e Jair Bolsonaro, em conjunto, já leram ao longo de suas vidas, incluindo nesse somatório dos três os gibis de Super-homem, Mandrake e a revista Playboy, um tipo de leitura com a qual eles parecem estar mais afinados.

É por isso que, a despeito da pavorosa destruição sofrida pelo Brasil nos quatro anos de vigência do regime militar nazista-bolsonarista, estamos confiantes de que Lula tem plenas condições de nos guiar num rumo que nos permita reconstruir nossa pátria em um prazo relativamente curto.

Felizmente, hoje, Lula conta não apenas com o privilégio de sua inteligência e habilidade natas. Depois do intensíssimo processo de estudos concentrados ao que se submeteu em seu calvário curitibano, Lula se consolidou não apenas como o mais carismático líder político mundial da atualidade, mas também como um dos mais bem preparados a nível intelectual.

Em função disto, apesar de todas as desgraças causadas a nossa pátria e ao povo, podemos assegurar que existe pelo menos um caso em que é possível atribuir a Sérgio Moro alguns créditos por coisas positivas em favor de nossa gente. Foi ao arrepio de sua vontade, mas foi.

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02
Dez22

A linguagem e o autoengano bolsonarista

Talis Andrade

 

Por Jair de Souza

O povo brasileiro está vivenciando um momento crucial para a história de toda a humanidade. O porvir dos embates que estão se desenrolando em nosso país vai ser também, em grande medida, determinante para o desenlace da luta global contra o ressurgimento do nazismo.

A análise da evolução histórica do capitalismo nos mostra que o fascismo é um dos recursos extremos ao qual as forças do grande capital apelam em seus intentos de aniquilar a resistência popular em períodos de sérias crises existenciais para esse sistema de exploração social. As peculiaridades adotadas pelo fascismo sofrem variações em função das especificidades presentes em cada povo, região ou momento em que o mesmo aparece.

No Brasil da atualidade, em razão de seu acentuado caráter racista, o fascismo apresenta-se com uma faceta mais afinada com o nazismo hitlerista do que com a vertente mussoliniana com a qual despontou na Itália. E, precisamos dizê-lo sem subterfúgios, em nossas terras tupiniquins, o nazismo se incorporou adotando as formas típicas do bolsonarismo. Para que não subsista nenhuma dúvida, o bolsonarismo é, sim, a feição com a qual a mais extremada corrente ideológica do grande capital se impôs em solo brasileiro. Portanto, para todos os efeitos práticos, um bolsonarista pode e deve ser equiparado a um nazista.

Porém, analogamente ao que sucedeu quando o movimento comandado por Adolf Hitler começou a ganhar expressão na Alemanha, é a inoculação virulenta de um ódio cego e doentio contra certos grupos humanos o que também dá o tom na aglutinação das forças da podridão bolsonarista no Brasil. Por aqui, a herança do colonialismo acentuou o ódio de classe a o acoplou à perfeição ao ódio de raça, uma vez que, entre nós, ser pobre e ser negro são quase que sinônimos.

Os pilares da ideologia bolsonarista, assim como os de sua inspiradora alemã, não se sustentam na verdade. No entanto, a essência de sua existência mentirosa jamais é admitida. Em contraposição a suas principais características efetivas, o bolsonarismo costuma adotar palavras e explicações inteiramente opostas aos objetivos práticos que persegue com tenacidade. Em outras palavras, é a hipocrisia que permeia, norteia e prevalece em tudo o que diz respeito ao bolsonarismo. Para melhor expressar este fenômeno, vamos dar umas breves pinceladas em alguns dos principais pontos desta nefasta maneira de ver e sentir o mundo.

Reconhecidamente, os bolsonaristas estão entre os maiores entreguistas que nossa pátria já produziu. Todos eles odeiam a mera possibilidade de imaginar que o Brasil se torne uma nação livre, independente e soberana. Segundo eles, nosso país e nosso povo deveriam se manter inteiramente subjugados ao domínio e aos interesses das grandes potências do capitalismo ocidental, em especial, dos Estados Unidos. Ultrapassando inclusive os desígnios de Donald Trump, os bolsonaristas cultivam irrestritamente a ideia do “America First” (“Os Estados Unidos em primeiro lugar”). O acolhimento do termo América em referência exclusiva aos Estados Unidos é outro ponto que reforça o nível de sua submissão ideológica a seus mentores estadunidenses.

Assim, já se tornou habitual na gestão bolsonarista de governo isso de vestir a camiseta amarela da seleção, cantar o hino nacional, gritar loas a nossa pátria, ao passo que o petróleo e nossas principais riquezas naturais vão sendo entregues a grupos capitalistas estrangeiros.

Não obstante serem notórios por seu elevado grau de depravação, a começar pelo de seu expoente máximo, por sua falta de apego à moralidade ou à ética, os bolsonaristas gostam de se apresentar como paladinos da defesa das tradições familiares e dos bons costumes. Porém, basta fazer uma sondagem pelos buscadores da internet para constatar que quase todos os casos recentes de podridão moral têm como protagonistas gente marcadamente associada ao bolsonarismo. Apesar disto, eles persistem na afirmação de que estão engajados numa guerra sem quartel em defesa da família, da moral e dos bons costumes.

No tocante à religião, o bolsonarista é um típico inimigo de tudo o que a figura de Jesus simboliza. Se o nome de Jesus está intrinsecamente ligado à justiça, à solidariedade, à fraternidade, à paz e ao amor, a motivação que impulsa os bolsonaristas vai em sentido diametralmente oposto. Os bolsonaristas vivem em função do ódio, da opressão, da guerra, da injustiça e do egoísmo. Se em seu legado de vida Jesus nos ensinou a repartir o pão e a amparar os mais necessitados, os bolsonaristas, por sua vez, cultuam a diabólica teologia da prosperidade, ou seja, aquela ideologia com a qual seus adeptos se aferram a seus mesquinhos interesses egoístas. Em outras palavras, não existe nenhuma possibilidade de ser seguidor de Jesus tendo por base essa desumana maneira de pensar.

Nos últimos tempos, vem-se evidenciando que a base de apoio do bolsonarismo político está constituída majoritariamente por seguidores de igrejas que se dizem cristãs, tanto de denominações evangélicas como católicas. Como admitir que um cristão de verdade seja também um bolsonarista convicto? Há uma contradição insuperável nessas duas categorias. Assim como ninguém pode servir a Deus e ao diabo ao mesmo tempo, não existe nenhuma possibilidade de se estar bem com Jesus e com o bolsonarismo. O bolsonarismo sintetiza a perversidade contra a qual Jesus sempre lutou.

Nenhuma pessoa em sã consciência refutaria que os postulados da famigerada teologia da prosperidade vão inteiramente na contramão de tudo o que Jesus sempre pregou em sua vida. Aqueles que se atrevem a fazer a defesa do bolsonarismo por meio do nome de Jesus sabem que estão agindo sorrateiramente para inculcar nos mais incautos valores que têm muito mais a ver com a maldade inerente ao capitalismo selvagem, com a essência do nazismo, ou seja, do bolsonarismo.

Portanto, não devemos permitir que nenhum bolsonarista possa se valer da manipulação para impor interesses que atentam contra o conjunto de nossa nação. Nosso povo aspira a um mundo de justiça, de solidariedade, de amparo aos mais carentes, de amor e de paz. Para contribuir com a luta no rumo desses objetivos, devemos travar uma forte batalha contra os preconceitos do nazismo e de sua versão brasileira, o bolsonarismo. Por mais que faça uso deturpado da linguagem, o bolsonarismo se caracteriza pela maldade que lhe é intrínseca.

Todos os que nos interessamos pelo estudo da linguagem temos clareza do poder que as palavras exercem sobre nossa própria mente. Muitas vezes, elas são empregadas com o propósito de autoengano, buscando justificar um posicionamento em favor de causas que sabemos não serem dignas. Em vista disto, cabe a cada um de nós desmascarar a hipocrisia praticada pelos bolsonaristas na tentativa de suavizar sua consciência diante das atrocidades induzidas por suas práticas malignas.

Quem perdeu a eleição quer mandar em Lula

 

Militar golpista passa dos limites

 
 
Nikolas do time golpista. Prometendo que Bolsonaro, quatro anos parado, "na hora certa irá agir". Esse Ferreira precisa explicar que ferro promete para o povo livre e democrata. Basta de ameaça de guerra civil, de golpe sangrento. Ditadura nunca mais talisandrade.blogs.sapo.pt/tag/sangreira
 
Nikolas Ferreira 
@NikoIasFerreira
Estamos confiantes que na hora certa o capitão irá agir, quem mais está com o nosso Presidente? 
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Meu nome não é Jhonny 
@RodineiCosta7
E revoltante ver essa cena !!!
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31
Jul22

Com quem estão os evangélicos?

Talis Andrade

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por Jair de Souza

Com a divulgação da enquete eleitoral do Datafolha ontem (28/07/2022), pudemos constatar que o ex-presidente Lula continua disparado em primeiro lugar na preferência dos eleitores brasileiros, estando com mais de 18 pontos percentuais à frente do candidato bolsonarista, que busca se reeleger.

É verdade que os números da pesquisa apenas revelam o desejo da imensa maioria de nossa população de sair do estado calamitoso em que o bolsonarismo lançou a nação. Portanto, nada mais natural do que Lula aparecer com a perspectiva de vencer a disputa já no primeiro turno, o que representaria uma grande vitória para as forças democráticas e populares de nosso país.

No entanto, o que, sim, deveria causar espanto é observar que dentre aqueles que persistem em manter-se fiel ao atual regime e aceitam sua reeleição está uma boa parcela dos cristãos evangélicos. Embora a identificação deste setor religioso com o bolsonarismo já não seja tão expressiva como outrora foi, os dados indicam que ainda há uma maioria de evangélicos que estaria propensa a aceitar a continuidade deste governo.

Se levarmos em consideração que a figura de Jesus está intrinsecamente associada aos interesses e à luta dos setores sociais mais carentes em sua busca por uma vida mais digna, mais justa e sem miséria, como é possível que haja gente autodenominada evangélica-cristã que ainda defende o bolsonarismo?

Não seria necessário grandes estudos ou esforços intelectuais para dar-se conta de que o bolsonarismo expressa visões diametralmente opostas a tudo o que Jesus sempre propugnou ao longo de toda sua vida. O que poderia haver de comum entre essa ideologia miliciano-fascista e as pregações de Jesus encontradas em seu legado de vida?

Todo cristão com um mínimo de leitura sabe que Jesus nunca se dispôs a acatar nada sem questionamento tão somente por estar presente nos livros do Velho Testamento. Tanto assim que, em várias situações dos relatos de sua vida, Jesus pode ser visto rejeitando, corrigindo ou retificando conceitos ou determinações até então tidos como de validade universal em escritos bíblicos pré-cristãos.

Nos textos que relatam os passos trilhados por Jesus no tempo em que ele conviveu entre nós como um ser humano comum, o que encontramos é sua profunda identificação com as aspirações e os sentimentos do povo mais humilde e nunca com os setores mais abastados da sociedade.

Em primeiro lugar, não podemos nos esquecer de que Jesus sempre foi reconhecido como um pacifista, um inimigo da violência armada, um defensor ardoroso da paz. É inadmissível que sua imagem possa ser relacionada à bandidagem miliciano-fascista que caracteriza o bolsonarismo e expressa toda a podridão humana contra a qual Jesus lutou a vida toda.

Nos evangelhos que tratam de sua vida, não há uma passagem sequer na qual Jesus apareça tomando o lado dos ricos em contra dos mais pobres. Nunca Jesus foi visto apregoando ou praticando discriminações racistas ou homofóbicas. Jamais o encontramos defendendo posturas egoístas e individualistas, sem se preocupar com o conjunto das necessidades de seu povo. Jesus combateu permanentemente o uso e a manipulação da fé que visasse ao enriquecimento dos poderosos em detrimento das maiorias trabalhadoras. Inexistem casos em que Jesus esteja empunhando armas e fazendo uso da violência para sobrepor seus interesses individuais aos da maioria de sua gente. Em outras palavras, Jesus nunca adotou como suas as maneiras de agir e pensar que são típicas dos bolsonaristas da atualidade.

O que vemos claramente nos Evangelhos é um Jesus constantemente atuando em sintonia com as aspirações dos trabalhadores e combatendo a exploração a que são submetidos. Jesus aparece condenando a avareza e o egoísmo; Jesus é visto recriminando a hipocrisia dos falsos moralistas; Jesus se mostra resoluto na determinação de impedir a exploração da fé para enriquecimento de religiosos falastrões e oportunistas.

De tudo o que vimos mais acima, ficamos com a convicção de que há uma profunda contradição entre ser evangélico de verdade e ser apoiador do bolsonarismo. O bolsonarismo é uma ideologia nefasta, antipopular, racista e discriminadora em geral. Ou seja, o bolsonarismo contém muito mais características que se chocam com aquilo que a figura de Jesus pode representar. Portanto, não há como justificar uma defesa dessa ideologia e a manutenção de sua gestão de governo dentro de uma perspectiva de um seguidor de Jesus.

O bolsonarismo é fragrantemente contrário aos interesses das maiorias trabalhadoras do Brasil e, consequentemente, nada pode ter a ver com os ensinamentos ministrados por Jesus em sua vida. É dever moral de todos os que se considerem cristãos de verdade, independentemente de sua religião específica, cobrar daqueles que se considerem seguidores de Jesus uma postura que corresponda à luta e aos desejos por ele demonstrados quando por aqui esteve. E, decididamente, o bolsonarismo está do lado oposto disto.

As relações entre Edir Macedo e Bolsonaro

 
 
13
Dez21

É preciso que as forças do imperialismo estruturadas no lavajatismo sofram uma derrota acachapante

Talis Andrade

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Moro não deveria desistir de sua candidatura

Por Jair de Souza

Estamos chegando a um ponto decisivo em relação à maior catástrofe em toda nossa história como nação.

Depois de haver alcançado a posição de sexta maior economia do mundo e despontar como o país mais propenso a liderar o bloco dos emergentes no rumo de um rearranjo internacional mais justo e equânime, o Brasil se viu lançado a uma fossa de descrédito e desprestígio global como nunca antes.

Foi assim que, de símbolo positivo para os povos do mundo e centro da atenção de todas as forças progressistas do planeta, o Brasil passou a representar o que de pior a humanidade poderia gerar. E, com Bolsonaro, o Brasil é hoje o verdadeiro cartão postal do inferno.

No entanto, embora o presidente miliciano apareça como a face mais visível da desgraça que se abateu sobre nosso país, não podemos deixar de reconhecer que não foi ele quem primeiro abriu e sinalizou o caminho que nos levaria a nossa destruição como nação.

Decididamente, não! Bolsonaro é muito mais uma consequência de um processo destruidor do que a razão para seu surgimento. Por isso, para que o Brasil consiga sair do pantanal em que foi lançado, não basta dar um fim à figura nefasta de Bolsonaro. Ainda que acabar com o regime nazi-fascista-bolsonarista seja um imperativo, sem a derrota das forças malignas que engendraram as condições que viabilizaram a chegada da extrema direita miliciano-fascista ao comando do país, não há chances de verdadeira vitória para o povo no próximo pleito eleitoral.

Feito este preâmbulo, vamos tentar identificar quais são os principais inimigos que precisamos derrotar para garantir um futuro melhor para nossa gente. E, se pudermos resumir em uma só palavra a essência do que estamos buscando descobrir, o nome a que chegamos é: imperialismo.

Sim, é isto mesmo. Se o Brasil está neste nível de degradação em que nos encontramos, se o desemprego se alastrou a milhões de trabalhadores, se a miséria campeia solta pelas ruas de todas nossas cidades, se o Brasil regrediu em seu nível de industrialização, o principal fator causante deste estado deplorável é o imperialismo.

Porém, diferentemente do que alguns creem, ao culpar o imperialismo pelas principais mazelas em que estamos metidos, não pretendemos fazer uso de uma palavra mágica que, ao desviar o foco dos agentes concretos, elevaria a responsabilidade a um nível etéreo e, em vista disto, inidentificável.

Nada disto! A nosso entender, os agentes do imperialismo estão clara e plenamente identificados. Sua cabeça atuante na fase atual começou a se delinear com mais nitidez a partir da criação da força-tarefa da chamada “Operação Lava-Jato".

Sem excluir outros eventuais implicados, é por meio desta verdadeira quadrilha de entreguistas e traidores da pátria que o imperialismo pôs em marcha seus planos mais funestos contra a nossa pátria nos últimos tempos. Portanto, deixar bem estabelecidos os nomes dos comandantes da quadrilha é uma necessidade. Mas, não basta! É preciso também não esquecer das forças e grupos que, em última instância, foram e são os responsáveis por dar sustentação material e politica direta para a existência desse verdadeiro partido dos traidores da pátria.

Se os nomes de Sérgio Moro e Deltan Dallagnol nos vêm imediatamente à mente quando procuramos detectar os agentes causadores de tanto infortúnio e sofrimento para a maioria trabalhadora da nação, não podemos esconder que essas figuras toscas e iletradas jamais teriam sido capazes de levar adiante seu pérfido plano para arrasar com a nação se por trás deles não estivessem grupos econômico-sociais com muito poder de fogo para fazer valer seus interesses.

Mesmo se fossem pessoas sábias e de elevado nível cultural, nem Moro nem Dallagnol teriam conseguido por si só causar tantos danos e sofrimentos a um país do porte do Brasil. Sem a cantilena diária da rede Globo, da Band, do SBT, da Record, da Jovem Pan, da Folha de S. Paulo, do Estado de S. Paulo, enfim, da corporação midiática em seu conjunto, endeusando e glorificando as ações criminosas e destrutivas dessa dupla e de seus comparsas, muito poucos seriam os resultados concretos por eles obtidos com seu atuar.

E, sempre agindo em sintonia com a máfia midiática e associada a ela nos objetivos almejados, a corporação rentista-financeira também jogou um papel de relevância para possibilitar que a quadrilha lavajatense seguisse adiante em seus procedimentos ilegais e imorais.

De igual maneira, também devem assumir sua parte da responsabilidade os senhores do agronegócio exportador, um bom número dos donos de grandes redes varejistas, os proprietários de empresas de atendimento medico privadas, os quais se esmeraram em respaldar todas as arbitrariedades que eram cometidas pelos coordenadores do lavajatismo, com as quais eles esperavam levar vantagens.

Portanto, uma derrota nítida de todas essas forças teria um peso e uma importância educativa muito grande para as maiorias populares. Por isso, deveríamos torcer, cobrar e, na medida do possível, exigir que Sérgio Moro leve sua campanha e sua candidatura até as últimas consequências, e que ele não faça o que já vem sendo ventilado por alguns de seus apoiadores no sentido de abandonar a disputa antes do final.

A simples derrota do bolsonarismo nas próximas eleições não representaria necessariamente uma vitória para o campo popular. Bolsonaro encarna um neofascismo grosseiro, desumano e indecente, mas de modo algum pode ser considerado sua versão mais perigosa e mais nefasta.

Um neofascismo ainda mais destruidor é aquele que está bem ancorado e bem entrosado com as forças que apoiam os interesses simbióticos do imperialismo estadunidense com o capital financeiro que atua no Brasil. E no comando visível dos representantes desse grupo estão Sérgio Moro, Deltan Dallagnol e outros expoentes do lavajatismo. Este é o grupo que nosso povo precisa derrotar de modo consciente.

Em vista disto, não podemos passar a ideia de que a simples derrota do clã miliciano e seus aliados nas próximas eleições significará um grande triunfo das forças populares e da democracia. Para que a derrota de Bolsonaro adquira de verdade a relevância que deve ter,E, sempre agindo em sintonia com a máfia midiática e associada a ela nos objetivos almejados, a corporação rentista-financeira também jogou um papel de relevância para possibilitar que a quadrilha lavajatense seguisse adiante em seus procedimentos ilegais e imorais.

De igual maneira, também devem assumir sua parte da responsabilidade os senhores do agronegócio exportador, um bom número dos donos de grandes redes varejistas, os proprietários de empresas de atendimento medico privadas, os quais se esmeraram em respaldar todas as arbitrariedades que eram cometidas pelos coordenadores do lavajatismo, com as quais eles esperavam levar vantagens.

Portanto, uma derrota nítida de todas essas forças teria um peso e uma importância educativa muito grande para as maiorias populares. Por isso, deveríamos torcer, cobrar e, na medida do possível, exigir que Sérgio Moro leve sua campanha e sua candidatura até as últimas consequências, e que ele não faça o que já vem sendo ventilado por alguns de seus apoiadores no sentido de abandonar a disputa antes do final.

A simples derrota do bolsonarismo nas próximas eleições não representaria necessariamente uma vitória para o campo popular. Bolsonaro encarna um neofascismo grosseiro, desumano e indecente, mas de modo algum pode ser considerado sua versão mais perigosa e mais nefasta.

Um neofascismo ainda mais destruidor é aquele que está bem ancorado e bem entrosado com as forças que apoiam os interesses simbióticos do imperialismo estadunidense com o capital financeiro que atua no Brasil. E no comando visível dos representantes desse grupo estão Sérgio Moro, Deltan Dallagnol e outros expoentes do lavajatismo. Este é o grupo que nosso povo precisa derrotar de modo consciente.

Em vista disto, não podemos passar a ideia de que a simples derrota do clã miliciano e seus aliados nas próximas eleições significará um grande triunfo das forças populares e da democracia. Para que a derrota de Bolsonaro adquira de verdade a relevância que deve ter, é preciso que as forças do imperialismo estruturadas no lavajatismo sofram uma derrota ainda mais acachapante.

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25
Ago20

Se todas as provas são contra Moro e Dallagnol, por que o Judiciário os protege?

Talis Andrade

por Jair de Souza

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Conforme o que vem sendo noticiado, a acusação contra Deltan Dallagnol e seu criminoso “power point” contra Lula deverá ser arquivada por prescrição no tempo.

É só mais um caso daqueles em que o comportamento do Judiciário vai de encontro aos interesses dos membros da corporação e de outros grupos aos quais essa corporação serve.

Considero um grave erro isso de que muita gente de esquerda deposite excessiva esperança nas decisões do Judiciário. O funcionamento do Poder Judiciário, assim como o de todos os outros poderes do Estado, depende fundamentalmente do processo de luta de classes que se trava em um momento determinado da história.

Existe um debate no seio das forças populares sobre a validade ou não da luta através dos canais das instituições oficiais do Estado burguês. Seria acertada a posição assumida por certos lutadores do campo popular que defendem nossa presença e nosso constante combate  tanto no Judiciário como nos demais espaços de luta existentes em instâncias que, em sua essência, foram formadas e moldadas para defender os interesses das classes dominantes? Ou, ao contrário, o correto seria que toda nossa dedicação se concentrasse nos esforços para construir organização e força de atuação por fora dos esquemas nos quais os setores oligárquicos e seus apoiadores pretendem nos conter e limitar?

Em meu entender, é possível encontrar razões que sirvam de sustentação a ambas essas visões. Porém, por outro lado, também não nos seria difícil descobrir motivos pelos quais a adesão exclusiva a um ou outro desses dois posicionamentos pode ser criticada e ter suas limitações expostas.

O que me parece que anda faltando aos partidos e às organizações populares é uma compreensão de que, na verdade, a luta nunca pode ser reduzida a tão somente uma dessas vertentes. Vai-nos ser muito difícil obter avanços significativos sem a consciência de que precisamos agir de modo coordenado em todos os espaços de luta imagináveis. Em outras palavras, ao mesmo tempo em que lutadores de nosso campo estejam engajados em batalhas em áreas das instituições do Estado formal, outros dos nossos precisam estar presentes nas lutas para forjar as estruturas que permitam resistir aos golpes advindos das forças reacionárias e dar sustentação aos que lutam por transformações profundas, que vão afetar a própria estrutura do aparelho de Estado.

No entanto, embora tenhamos claro que a luta deve ser travada em todas as instâncias e em todos os espaços em que ela se faz necessária, não podemos deixar de ter clareza de qual é o tipo de trabalho político determinante, ou seja aquele que vai ter mais peso, para que os objetivos almejados sejam alcançados. E é a decisão sobre esta questão a que vamos ter de resolver, se desejamos realmente dar passos rumo a um futuro em que tenhamos uma sociedade mais justa, mais solidária, mais igualitária.

Atualmente, estamos em constante dependência de qual vai ser a decisão do Poder Judiciário sobre tal ou qual caso. Os crimes praticados pelo ex-juiz Sérgio Moro e a quadrilha Lava-Jato sempre estiveram visíveis para todos os que não queriam ignorá-los. No entanto, depois de todas as revelações feitas pela Vaza-Jato, mesmo os que fingiam não conseguir enxergá-los já não se sentem em condições de manter os olhos fechados.

Não obstante, apesar de todas as evidências e provas que já vieram à tona, o Judiciário não toma as decisões que seriam de se esperar caso a Justiça fosse de veras imparcial. A procrastinação no caso do julgamento da parcialidade de Sérgio Moro nos casos envolvendo o ex-presidente Lula é típica desse comportamento tendencioso por parte do Judiciário. Tudo vai sendo adiado e demorado como forma de evitar uma tomada de posição clara sobre a questão. A corporação judiciária conta com que o passar do tempo leve a causa a ser arquivada. Assim, um dos crimes mais hediondos já praticados contra os interesses da democracia e da nação vai em breve estar prescrito e o criminoso que o praticou vai sair totalmente impune. Não assim suas vítimas que, além do ex-presidente Lula, incluem os milhões de brasileiros que sofreram as consequências das medidas criminosas do ex-juiz e foram lançados ao desespero do desemprego e da miséria.

Diante disto, cabe uma pergunta: Por que o Judiciário insiste em não tomar as decisões que a leitura das leis o obrigaria a tomar? A resposta está onde sempre esteve quando se trata deste tipo de questão. O Judiciário toma ou não toma as medidas que as leis exigem em razão da luta de classes. Para deixar tudo bem mais claro, é a luta de classes o fator determinante para a atuação do Judiciário. Sim, o Judiciário está agindo desta maneira não apenas porque a maioria de seus integrantes pertencem às classes sociais a quem essas medidas antipopulares beneficiam, mas também porque não há força organizada suficiente que se contraponha a seu impulso favorável aos interesses oligárquicos.

E, para deixar ainda mais clara a essência da luta de classes neste e em outros casos, precisamos nos questionar: De onde provêm as forças que sustentam os diferentes segmentos que formam uma sociedade?

A origem da força que ampara os setores oligárquicos está à vista de todos: é sua propriedade dos principais recursos materiais da sociedade: dinheiro, terras, imóveis, fábricas, etc. São esses recursos que lhes dão a possibilidade de fazer valer seus interesses sobre o conjunto da nação. Com tais recursos eles podem também impor seu domínio ideológico sobre todo a aparato de Estado, assim como montar seus esquemas de comunicação de modo a alcançar a todos com as ideias e interpretações que lhes favoreçam. Todo este arcabouço de forças lhes permite contratar e cooptar o grosso de seus representantes, aqueles que vão atuar em defesa de seus interesses de classe, mesmo que muitas vezes esses indivíduos não provenham das elites eles mesmos.

Apesar de serem numericamente majoritários, os setores populares não dispõem de equivalente poder em termos de riquezas materiais. Por isso, sua força depende essencialmente do nível de compreensão e da capacidade de organização que venham a atingir em seu processo de luta. Sem uma força organizada e estruturada para lhe dar respaldo, nenhuma lei que beneficie a classe trabalhadora vai ser respeitada. É por isso que o trabalho constante junto às bases tem tanta importância.

Como já foi dito há muito tempo, sem a força que a garanta, uma lei não passa de palavras escritas em um papel.

Se os partidos políticos de esquerda e todas as organizações que aspiram representar o povo trabalhador querem de fato obrigar o Judiciário a cumprir com as leis que são de interesse do conjunto dos trabalhadores, vai ser preciso estar presentes nas bases para dar muita mais ênfase ao trabalho de organizar e transmitir consciência a esse povo. É, certamente, um trabalho nada fácil de ser feito, mas não pode deixar de ser feito.

Sem isso, por mais que nossos advogados e militantes da área jurídica se empenhem, o Poder Judiciário vai continuar decidindo em favor dos poderosos de sempre.

 

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