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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

05
Ago23

Mapa de tiroteios e operações policiais mostra que raramente confrontos acontecem em áreas de milícia

Talis Andrade

 

 

Por Profissão Repórter


Instituto Fogo Cruzado mapeia tiroteios e operações policiais na Região Metropolitana do Rio
 

Instituto Fogo Cruzado mapeia tiroteios e operações policiais na Região Metropolitana do Rio

Sem contar com a operação da terça-feira passada (24), as dez maiores chacinas registradas na cidade deixaram 134 mortos.

A equipe conversou com a diretora de programas do instituto, Maria Isabel Couto, que disse que dos dez territórios onde aconteceram as chacinas, apenas um deles, o bairro de Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio, é uma área dominada pela milícia.

Maria Isabel Couto mostra o mapeamento feito pelo Instituto Fogo Cruzado. — Foto: Reprodução/TV Globo

Maria Isabel Couto mostra o mapeamento feito pelo Instituto Fogo Cruzado. — Foto: Reprodução/TV Globo

 

Maria Isabel reforça que as operações policiais raramente ocorrem em áreas de milícia e que o alvo mais constante são os territórios ocupados por facções do tráfico de drogas, apesar de não serem a mais extensa área de criminalidade no Rio.

Um outro estudo, de 2019, do Instituto Fogo Cruzado, apontou que os territórios ocupados por milícias são 57,5% da área total da cidade do Rio de Janeiro, enquanto os dominados pela maior facção do tráfico de drogas são 11,4%.

A população que vive nas áreas controladas por milícias também é quase o dobro da encontrada nos locais do tráfico, onde se concentram a maioria absoluta das operações policiais. São 33,1% morando em áreas de milícia e 18,2% nas ocupadas pela maior facção de tráfico de drogas.

Apenas um dos 10 territórios onde aconteceram chacinas é uma área dominada pela milícia. — Foto: Reprodução/TV Globo

Apenas um dos 10 territórios onde aconteceram chacinas é uma área dominada pela milícia. — Foto: Reprodução/TV Globo

 

Maria Isabel diz que o modelo de segurança pública que está colocado escolhe o confronto, principalmente com facções e o tráfico de drogas, e que os enfrentamentos com a milícia existem, mas são muito menos usuais.

 

O estado age como se a atuação das facções criminosas de tráfico de drogas fossem o único problema de segurança do Rio de Janeiro e não percebem, ou não querem perceber, que esse tipo de política de segurança se torna uma engrenagem a mais nessa violência que coloca a população na linha de tiro”, explica.

 

Desde 2016, o Instituto Fogo Cruzado mapeia os tiroteios e operações policiais na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.  — Foto: Reprodução/TV Globo

Desde 2016, o Instituto Fogo Cruzado mapeia os tiroteios e operações policiais na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. — Foto: Reprodução/TV Globo

 
09
Jul23

Crônica do exílio

Talis Andrade
Marielle Franco
Marielle Franco (Foto: Mídia NINJA)

 

Ao falar do meu retorno, a primeira pessoa que me vem à mente é Marielle Franco, que não pode voltar

 

por Marcia Tiburi

247 Brasil

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 Eu acompanhei a criação do Jardim Marielle Franco em Paris. Quando os pais de Marielle vieram para a inauguração em 2019 eu morava muito perto do Jardim que fica entre duas estações de trem bem importantes. A minha casa era numa espécie de residência para artistas e professores estrangeiros e acabamos indo depois da inauguração para o pátio dessa residência, pois não havia nenhum restaurante que comportasse aquelas 20 pessoas. Era necessário comer, mas eu não havia planejado um jantar e, naquele dia, não havia comida no meu apartamento. Nesse lugar, eu passei o pior verão da minha vida, na mais horrível das canículas, quando a sensação térmica chegou a 60 graus Celsius. Para descrever isso, devo apenas dizer que a água que sai das torneiras é quente e evapora em segundos. Você pode encher um copo e assisti-lo evaporar em pouco tempo. Não há ar condicionado em Paris. Quando há calor, a prefeitura lança um alerta vermelho e ninguém sai de casa, sendo que, em casa, é preciso deixar as janelas fechadas e umedecer o que for possível para amenizar efeitos. Nessas condições, há milhares de pessoas que morrem pelo calor, assim como no Brasil há milhares de pessoas que morrem pelo frio. Na França, com seu Estado de bem-estar social que resiste ao avanço do neoliberalismo, há muito mais assistência para as pessoas. O que apenas prova que precisamos de mais Estado de bem-estar social também no Brasil.  

 Naquela noite, me lancei no milagre da multiplicação dos dois pacotes de macarrão que havia em casa. Dois dos meus melhores amigos apareceram naquela noite: Paula que é chefe de cozinha veio me ajudar a cozinhar, mas a cozinha era um fogão de duas bocas colado numa pia sobre uma geladeirazinha e três pessoas – sendo que uma era chef – era gente  demais para a pequena panela na qual eu deveria tornar saboroso um extrato de tomate pronto e um queijo ralado de pacotinho. Enquanto descascava o alho, eu a expulsei da cozinha, junto com o Murilo, mas como ela é generosa, fez muitos jantares para mim depois e eu fiquei com uma eterna vergonha do meu gesto de quando nos conhecemos. Marinete, mãe de Marielle, é a pessoa mais gentil do mundo e me disse que foi o melhor macarrão da vida dela. Seu Antônio concordou e agradeceu muito e eu, que aprendi o valor das gentilezas ao longo da vida, me deixei levar pela onda de amor. A ausência de Marielle ficava mais forte e eu afundava a cada dia mais no estupor.  

 Ao falar do meu retorno, a primeira pessoa que me vem à mente é Marielle Franco, que não pode voltar porque foi assassinada por grupos de extermínio em 2018, ano da intervenção militar no Rio e da ascensão fascista que levou Bolsonaro à presidência da República. Que os assassinos de Marielle estivessem na casa do próprio Bolsonaro em 14 de março de 2018 não é mera coincidência. A pergunta que ainda não conseguimos responder é: qual a relação de Bolsonaro com a morte de Marielle?  

 Agora que estou em solo brasileiro, penso em Marielle que não pode voltar.  

 Depois de meses tentando, pelo menos desde a vitória de Lula quando tudo prometia melhorar, eu pude voltar com o apoio do Programa de Proteção a Defensores de Direitos Humanos que foi praticamente destruído com todo o ministério dos Direitos Humanos pela ex-ministra bolsonarista que ocupava a pasta misturada com o ministério das mulheres para destruir tudo de uma só vez. 

De fato, tudo melhorou quando comparado ao terror fascista, embora o fascismo esteja aí, presente e esperando para voltar à cena com a força do espetáculo, tal como protagonizado por Bolsonaro tornado inelegível no mesmo dia em que eu e Jean Wyllys pisamos em solo brasileiro.   

 Fiquei fora de 18 de dezembro de 2018, até 30 de junho de 2023. Lá fora, fui percebendo aos poucos que eu havia entrado em exílio. O exílio foi uma heteronomeação. O que era para ser um tempo fora para reorganizar a vida, se transformou em exílio. Eu não sabia o que fazer com esse nome. Era chamada a falar a partir dessa palavra e sempre me sentia perdida. Demorei a entender o não-lugar. Escrevendo com Jean “O que não se pode dizer – experiências do exílio” (Civilização Brasileira, 2022), eu consegui elaborar uma parte.  

 O exilado, aquele que é expulso de seu país, é sempre um sobrevivente. Ele é sempre a testemunha de muita coisa que seria preciso relatar aos poucos, quando se tem a sorte de poder elaborar o vivido por ter acesso a meios. Escrever é preciso.  

 Constatei que eu fazia parte de grupos de exilados que vinham de países como o meu, com democracias destruídas.  

 O meu medo passou a ser o de que meu caso excepcional, no futuro, se tornasse a regra. Há exilados fora do país, há muitos mais dentro. São mulheres, pessoas LGBTQIA+ e homens que tiveram que fugir, que recebem ou não proteção legal e que, sendo perseguidos e ameaçados, tem o seu direito de estar presente cerceado.  

 Em 2018, um deputado de extrema-direita do MBL (cujo nome não quero dizer, pois já está em declínio e é melhor deixar cair), que ainda não era deputado, disse que seria muito divertido me tirar de todos os debates no Brasil. Embora ele faça parte da geração digital, e inclusive das milícias digitais que operam com fake News e desinformação, parecia não estar atualizado para o fato de que a Internet criou um outro mundo do qual todos podemos participar desde que tenhamos acesso. Há muito debate a ser feito sobre isso em nível jurídico, cultural e educacional, mas é um fato que a internet gera uma forma de vida em que operamos por simulação (como se estivéssemos presentes), na espectralidade.  

 Eu segui exilada de corpo, mas não de alma.  

 Voltar ao Brasil me permite juntar essas duas partes e ser novamente uma pessoa inteira. E esse é um direito humano, mais do que um privilégio.  

 Que Marielle não possa voltar diz muito sobre o país que nos tornamos.

13
Jan23

Anistia para golpista nunca mais

Talis Andrade
 
 
 
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ACABOU: Alexandre de Moraes arquiva notícia-crime de Nikolas Ferreira contra o ministro da Justiça, Flávio Dino. Moraes diz que arquivou por conta da ausência de indícios mínimos da ocorrência de ilícito penal.
 
Nikolas, com K, merece ser punido: queria tirar sarro com a cara de Flávio Dino. E trollar, morfar, caçoar, cornetar, zazumbar, zuar com a Justiça. Nikolas segue ritos nazistas propagados por Bolsonaro e defende o golpe, todos os nazismo
19
Nov22

Comitê de Bolsonaro vira sede de encontros de Braga Netto com políticos e militantes que defendem golpe

Talis Andrade

O BLEFE QUE BRAGA NETTO NÃO CONSEGUE DESMENTIR – Moisés Mendes – Jornalista  – Porto Alegre – Rio Grande do Sul

 

por Fernando Miller /Diário do Centro do Mundo

O endereço alugado no Lago Sul de Brasília para ser usado como comitê da campanha de Jair Bolsonaro em sua tentativa frustrada de ser reeleito transfomou-se em uma espécie de central do golpe, de acordo com reportagem de Rodrigo Rangel, do Metrópoles, publicada nesta sexta-feira (18).

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QG do golpe fascista

 

Liderados pelo ex-ministro Braga Netto, que tem dado expediente de forma regular no local, conspiradores reúnem-se lá para discutir estratégias visando questionar o resultado das urnas.

De acordo com a apuração do jornalista, que tem acompanhado a movimentação no endereço, o deputado federal Osmar Terra foi um dos frequentadores do “QG do Golpe” nesta última quinta-feira (17).

Questionado, o parlamentar gaúcho reconheceu que foi tratar da auditoria contratrada pelo PL que visa por em xeque a credibilidade do sistema eleitoral.

Outro veículo do mesmo modelo, de um empresário do Mato Grosso, também chegou ao QG pouco antes do general sair de lá.

“(A reunião) foi para buscar informações, (saber) se tinha alguma novidade sobre o processo do PL”, disse ele, referindo-se à auditoria. “Queria ter a informação mais adequada”, emendou, acrescentando que segue no aguardo de “novidades”.

Além de Terra, outros parlamentares aliados do presidente têm frequentado a casa, como Marcel Van Hattem, do Partido Novo e o Senador Eduardo Girão, do Podemos. Além deles, o senador Guaracy Silveira, do PP, também participou da reunião.

O ex-tesoureiro da campanha de Bolsonaro,  coronel da reserva Marcelo Azevedo, é outro frequentador.

A casa tem um fluxo intenso de pessoas, que inclui manifestantes que participam dos protestos antidemocráticos. Isso acaba por ser uma evidência sobre a cadeia de comando das manifestações que vêm ocupando portas de quartéis e estradas com o objetivo de questionar o sistema eleitoral.

Decorada com uma bandeira do Brasil e dirigida por homem com camiseta com inscrições pedindo intervenção militar, uma camionete Amarok, avaliada em R$ 300 mi e com placa de Luis Eduardo Magalhães, na Bahia, esteve no endereço na tarde desta sexta-feira (18). Indagado pelo jornalista sobre quem o receberia, o ‘patriota’ não respondeu. Braga Netto estava lá.

Outro veículo do mesmo modelo, de um empresário do Mato Grosso, também chegou ao QG pouco antes do general sair de lá.

Um terceiro veículo que também passou por lá foi visto horas depois em uma manifestação no quartel-general do Exército, no Setor Militar Urbano de Brasília.

Ou seja, há vínculo claro entre as manifestações e o que se planeja no antigo comitê de Bolsonaro.

Braga Netto tem comparecido tanto a esse local quanto ao Palácio do Alvorada, onde tem visitado Jair Bolsonaro.

O general tem sido umas das principais vozes de incentivo aos golpistas, sempre deixando acesa a expectativa de que uma surpresa ainda pode ocorrer. A um prefeito do interior do Mato Grosso, ele disse que “algo muito bom” iria acontecer até o fim desta semana.

O prefeito Carlos Capeletti, do município de Tapurah, havia ido para comprar mantimentos para o acampamento. Logo depois, Capeletti fez um vídeo dizendo o que ouviu e publicou nas redes sociais.

 

Eu falei que eu iria embora, que não acreditava em mais nada, e ele (Braga Netto) falou assim: ‘Fica tranquilo que vai acontecer’”, disse o prefeito ao Metropoles.

 

O relato demonstra  que o general tem gerado expectativas golpistas entre os bolsonaristas que estão na rua.

Em outro vídeo ele saúda militantes bolsonaristas na frente do Alvorada. Ao ouvir apelos do grupo, que diz estar firme nos protestos, ele afirma:

 

Não percam a fé. É só o que eu posso falar para vocês agora”. 

 

Braga Netto cumprimenta golpistas em Brasília: "Presidente tá bem. Não percam a fé"

 

Dê uma coletiva, Braga Neto! - Renato Aroeira - Brasil 247

Daniela Duarte
@danieladart
Acabamos de encontrar o Vice no Palácio da Alvorada, ele estava em reunião com o presidente. Braga Neto estava com semblante muito tranquilo e disse que tem esperança. Estamos no caminho certo pessoal!
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Urgente: general Braga Neto descaradamente insuflando os caminhoneiros patriotarios a continuarem com a escalada golpista e ataques a democracia.ImageImage
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25
Out22

Banheiros unissex e os novos fantasmas das lendas urbanas eleitorais

Talis Andrade

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Quase um quarto da população não tem lar adequado. MARCELLO CASAL/AGÊNCIA BRASIL

 

Banheiros unissex em todas as residências das classes média e alta. Casa de pobre não tem disso não 

 

por Lígia Ziggiotti /Mídia Ninja

Em São Paulo, há quem acredite que a rua Visconde de Guaratinguetá seja mal assombrada. Nela, uma mansão de cores brandas situa a atual Escola Estadual Conselheiro Rodrigues Alves, onde, ao final do século XIX, o corpo sem vida de uma jovem chamada Maria Augusta foi exposto em uma redoma de vidro. Filha do proprietário cujo nome batizou a rua, a moça de cabelos claros aguardou a preparação de seu túmulo nestas circunstâncias dignas de uma historia de terror. De fato, os estudantes daquela instituição, ao longo dos anos, trataram de contá-la com tanta
minúcia que a trama ganhou o país. Tornou-se um consenso que, se chamada três vezes diante dos espelhos de banheiros de escolas, uma loira inspirada em Maria Augusta apareceria para assombrar a meninada.

Esta é uma lenda urbana criada por crianças. Outras envolvendo banheiros de escolas, com consequências mais violentas, são hoje criadas por adultos. Ainda em outubro de 2022, a Justiça Eleitoral determinou a retirada de fake news ligadas a supostas tentativas de candidatos à esquerda de unificarem os gêneros em sanitários de instituições de ensino. De modo falacioso, aliados ao governo bolsonarista seguem investindo em pânico moral para catapultar lideranças que apenas nestes contornos patéticos tangenciam algo ligado à educação.

A receita para a produção do terror coletivo se tornou conhecida nos últimos anos. Para as historias dos estudantes, basta misturar um falecimento macabro, um prédio com uma porção de corredores e uma evocação mais ou menos ritualística que se garante alguma gritaria. Já para as historias dos políticos neoconservadores que desejam conquistar votos também por histeria, parece recomendável misturar, de um modo irresponsável e distorcido, infância como vítima; feminismo e diversidade sexual como fantasmas.

Neste sentido, há representantes importantes do poder institucional que comprovam ser possível angariar um bom espaço midiático para as corridas eleitorais sem tanto trabalho. Basta aplicar a fórmula acima e se pode até mesmo ignorar qualquer problema real da população que demande empenho orçamentário, técnica legislativa e criação de estratégias em políticas públicas, como falta de merendas ou precarização da docência.

Por exemplo, propositor de homenagens de Cidadanias Honorárias para profissionais da psicologia que conduzem tratamentos de cura para homossexuais, um pastor da capital paranaense é também quem conduz um projeto na Câmara Municipal para proibir banheiros unissex em prédios públicos. Em 2020, este mesmo vereador dedicou forças inexplicáveis e, por fim, vencidas, para aprovar localmente o Escola Sem Partido, tentando amordaçar o debate de gênero em escolas. Nada, porém, foi por ele pensado para incrementar estrutura ou função das instituições de ensino municipais.

De autoria dele, o Projeto de Lei Municipal 005.00296.2021, em Curitiba, só tem três parcos artigos, e é de conteúdo risível. Um deles serve, literalmente, para celebrar a garantia da privacidade de se fechar a porta durante a realização das necessidades fisiológicas em repartições públicas. De acordo com os seus defensores, a questão produz reclamações frequentes aos vereadores de pais e responsáveis. Por outro lado, em investigação recente do jornal Plural, não se constatou pedido desta natureza em 375 mil registros encaminhados àquela Casa Parlamentar – com exceção de uma denúncia sobre a falta de diligência de uma professora durante o uso dos sanitários pelo filho da reclamante.

A lógica proibitiva de práticas inexistentes revela um charlatanismo eleitoreiro que não se situa em uma única cidade. Ganha o Brasil. Vedar algo que provoca pânico moral nada custa aos cofres públicos e a técnica legislativa, para isso, beira à dificuldade pré-escolar. O que custa investimento, exige seriedade e implica diálogos plurais é garantir direitos – como a possibilidade de banheiros públicos serem usados em conformidade com a identificação de gênero de cada cidadão. Aliás, aqueles sem especificação sobre destinação pelos públicos feminino ou masculino nem são tão desconhecidos. Em ônibus, aviões, lanchonetes, constituem até um formato comum.

Mas a nova lenda urbana eleitoral, como qualquer historia de ficção, não tem compromisso com evidências. Aproveitando-se de um odioso preconceito social, encontra em transexuais e travestis as principais personagens para, da trivialidade que deveria surgir da mera concretização de garantias, criar-se uma narrativa caótica. Os
contornos da masculinidade cisheterossexual, em que realmente se situa a causa para os estupros e para a pedofilia, não ocupa a ordem do dia bolsonarista. Pelo contrário, é deste imaginário pretensamente imbrochável que o grupo se sustenta.

Neste debate, especificamente, o contrapeso à violência não está exatamente num programa de governo adversário, e, sim, no Supremo Tribunal Federal, que há anos tem a possibilidade de julgar sobre o uso de banheiros públicos por transexuais e travestis.

O Recurso Extraordinário 845.779, proposto em 2014, não trata de modalidades interssex de sanitários nem se dedica ao contexto escolar. Apenas visa ao óbvio: que mulheres possam usar os espaços femininos e que homens possam usar os espaços masculinos para realizarem as suas necessidades fisiológicas – independentemente de suas genitálias, porque estas não definem identidade de gênero.

Abarrotada pela responsabilidade de conter parte do desmonte democrático, a Corte segue silente quanto a esta demanda, cujos elementos, fantasiados de modo perverso, criaram uma historia de mau gosto para uma nação que, infantilizada, acredita em qualquer bobagem que lhe é contada.

Retornando a lendas urbanas mais inofensivas, é curioso saber que, desembarcada de Paris para São Paulo já falecida, Maria Augusta viajou foragida para terras europeias, onde morreu de causa desconhecida, para escapar de um casamento com um homem vinte e um anos mais velho do que ela. Ao que parece, a loira do banheiro e as crianças que dela fogem têm mais em comum do que se imagina. Para todas estas personagens, é o heteropatriarcado que ainda configura o maior motivo de suas verdadeiras tragédias.

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De acordo com o estudo “Pobreza Menstrual no Brasil: desigualdade e violações de direitos”, 713 mil meninas vivem sem acesso a banheiro ou chuveiro em seu domicílio e mais de 4 milhões não têm acesso a itens mínimos de cuidados menstruais nas escolas. Relatório da Unicef

Mais de 35 milhões de brasileiros não têm acesso à água tratada e 100 milhões não têm coleta adequada de esgoto.

Os dados preocupantes são de um levantamento do Instituto Trata Brasil, que analisou as condições de saneamento básico no país.

Cerca de 2,8% da população brasileira (5,7 milhões) não têm acesso a um banheiro exclusivo ou utilizam de um buraco, segundo estudo divulgado em novembro de 2020, pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). 

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25
Set22

"Debate do SBT foi circo de horrores e o único fiel do Padre Kelmon é o Roberto Jefferson", diz Hildegard Angel

Talis Andrade

 

"Kelmon conseguiu o que queria, avacalhar e constranger o debate, e vai ao debate da Globo, a lei permite isso"

 

247 - A jornalista Hildegard Angel participou do Bom Dia 247 e analisou o debate presidencial no SBT que não contou com o ex-presidente Lula. De acordo com ela, o evento foi uma "festa de horrores”. 

“O pior foi a presença desse padre Kelmon que nunca rezou uma missa, o único fiel que ele tem é o Roberto Jefferson. Ele conseguiu o que queria, avacalhar e constranger o debate, e vai ao debate da Globo, a lei permite isso”.Armado, Roberto Jefferson ameaça "comunistas" e pede "demissão" do STF

Vídeo: Roberto Jefferson critica embaixador da China

PF prende o ex-deputado Roberto Jefferson em decorrência do inquérito das  milícias digitais | Jornal Nacional | G1

Padre Kelmon, natural de Acajutiba (BA), faz parte de um partido grande aliado de Bolsonaro e foi escolhido como substituto do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), que teve a candidatura barrada pela Justiça, visto que foi considerado ficha-suja

Paulo RJ
@hospicio_brasil
"Eu vos declaro Linha Principal e Linha Auxiliar..."ImageImage
Aqui o documento de que o vice de Roberto Jefferson não é padre. Se este documento é válido o PTB pretende desmoralizar as eleições, conforme plano de BolsonaroImage
O presidente do Peru precisa levantar a ficha do padre racista de Bolsonaro candidato a presidente. Ele é 14. 7 + 7. Duas vezes mentiroso. Mente por ele e por Roberto Jefferson. Representa o partido integralista, nazi-fascista
Folha de S.Paulo
@folha
"Vocês pregam políticas para que o brasileiro odeie o brasileiro. Lei de cotas? Os negros não precisam de ajuda para chegar à universidade ou a um emprego de qualidade", diz Padre Kelmon (PTB).
Leandro Sartori Molino #DemocraciaVerde
@lesarmol
Quer dizer que o candidato do de Bob Jeff à Presidência nem é Padre? Mas é indubitavelmente ligado ao INTEGRALISMO? Ao FASCISMO??
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Que faz o vice de Bolsonaro, que foi interventor de Temer no Rio de Janeiro, quando Marielle Franco foi executada? O marechal de contracheque está tramando algum golpe?
leon
@leo_8947
Quem poderia imaginar que o "Padre" Kelmon faz parte da extremista Frente Integralista Brasileira?!Image
Lúcio Costa
@Lucio__Costa
Bolsonaro descolou um padre fake para fazer tabelinha e o SBT bancou a participação do elemento. Não foi um debate, foi estelionato transmitido ao vivo pela televisão!Image
Natália Portinari
@ntlportinari
para todo mundo que está se perguntando quem é Padre Kelmon, segue um texto de agosto da coluna da : vice de Roberto Jefferson se passa por padre ortodoxo, mas não pertence à Igreja
Lenio Luiz Streck
@LenioStreck
O SBT chegou no auge do bizarro, do patético! O padre Bocó do PTB fazendo o réquiem dos debates eleitorais. Que feio. Avacalhamento da religião. E da política. O cara vai “fardado”. Que vergonha. Bah. O cara é o avatar do Jeferson. Fundo da várzea.
Leandro Pereira Gonçalves
@leandropgon
O candidato à presidência vestido de padre, o senhor Kelmon Luis da Silva Souza, tem uma longa relação com o fascismo brasileiro. Alguma surpresa?
 
Emir Sader
@emirsaderImage
Benzido bate-coxa, rala bucho de Ciro e Bozo
13
Set22

Quem comanda as milícias?

Talis Andrade

4045 CHARGE RIO MÍLICIA 18-07-2019 (1) - Leia Notícias

O assédio das milícias promoveu a perda de autonomia da Polícia Militar e da Polícia Civil, um poder que foi avançando sobre outras secretarias, autarquias, empresas estatais, nos serviços públicos estaduais, principalmente depois da intervenção militar do general Braga Neto no governo Michel Temer. Foi quando metralharam Marielle Franco.

Com Jair Bolsonaro presidente, esse poder vai se estendo pelo governo federal. 

 

Servidores denunciam perseguição e pedem autonomia para IBGE, Inep e Ipea

Representantes de servidores públicos defenderam a aprovação urgente pelo Senado da PEC 27/2021, que busca assegurar a autonomia do Instituto Brasil

 

Por Redação Agência Senado

Representantes de servidores públicos defenderam a aprovação urgente pelo Senado da PEC 27/2021, que busca assegurar a autonomia do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O texto transforma as instituições em entidades permanentes de Estado e define os ritos para indicação de dirigentes. O apelo veio durante audiência pública  da Comissão de Direitos Humanos (CDH) nesta segunda-feira (23) destinada a discutir o assédio institucional no setor público.

De acordo com os participantes, o assédio institucional é o conjunto de práticas empregadas pelo governo para desmontar o serviço público. Cortes no orçamento, falta de reposição de pessoal, perseguições a servidores e a instauração de “um regime de medo” dentro das repartições foram algumas das práticas citadas durante a reunião. Ibama, Ipea, IBGE, MEC, CNPQ e universidades estão entre as instituições onde os casos de assédio são mais recorrentes, apontam os servidores. Eles relataram que os casos de assédio institucional no serviço público estão sendo contabilizados em um site, chamado “assediômetro”, criado por entidades representativas de servidores. 

— É um processo de desconstrução do Estado e das políticas públicas. A PEC 27 nasceu como uma reação a esse fenômeno para fornecer uma espécie de blindagem a instituições que produzem informação — apontou José Celso Cardoso Júnior, presidente do Sindicato Nacional dos Servidores do Ipea (Afipea).

José Celso é um dos organizadores do “livro denúncia” Assédio Institucional no Brasil: avanço do autoritarismo e desconstrução do Estado. Lançada no início do mês por funcionários do Ipea, a publicação reúne centenas de denúncias de assédio institucional desde o início do governo Jair Bolsonaro.

ASSÉDIO INSTITUCIONAL NO BRASIL: AVANÇO DO AUTORITARISMO E DESCONSTRUÇÃO DO  ESTADO 1

Segundo Roberto Muniz de Carvalho, presidente do SindGCT, que representa servidores da área de Ciência e Tecnologia, o atual governo deslegitima o serviço público e promove uma política do medo e de perseguição de servidores.

— O assédio institucional não é uma prática isolada. Ele ataca a instituição, o conjunto daqueles que fazem com que as instituições funcionem. O principal instrumento é o medo. O medo paralisa. O servidor perde a liberdade de cumprir as suas funções. [...] O assédio é caracterizado por uma política de medo, de descrédito. Não posso deixar de relacionar com as milícias. Elas agem com o medo. Agem onde o estado não chega — argumentou.

O advogado da Associação dos Servidores do Inep (Assinep), Fabio Lima, listou algumas das práticas recorrentes de perseguição a servidores sem justificativa: transferência de área, negativa de licenças, abertura de sindicâncias e processos administrativos disciplinares (PAD).

Já Dione Oliveira, presidente da Associação dos Servidores do IBGE (Assibge), destacou que a desestruturação das entidades é outra faceta do assédio institucional. Segundo ela, o IBGE conta hoje com o menor número de servidores efetivos da história, o que tem prejudicado a realização de censos e levantamentos.

— Temos cada vez menos pessoal disponível. [...] A iniciativa da PEC 27 é um ponto de partida para redesenhar as instituições que estão sendo destruídas — disse. 

Diante do apelo dos servidores, os senadores Paulo Paim (PT-RS), que sugeriu o debate, e Izalci Lucas (PSDB-DF) prometeram se mobilizar para sensibilizar os senadores para a votação da PEC 27 ainda neste semestre. 

— Temos que transformar essas instituições em uma política de Estado. Evitar interferência política. É uma matéria que merece inclusive ir direto para o Plenário. Esse é um dos projetos que merecem ser votados antes das eleições — disse Izalci.

13
Set22

Território controlado por milícias no RJ aumenta 387%

Talis Andrade

Milícia | Sindicato dos Bancários

 

por G1
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Um estudo que será lançado nesta terça-feira (13) afirma que as milícias alcançaram a influência do tráfico de drogas e passaram a ocupar metade das áreas dominadas por grupos armados na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Enquanto isso, mais de 2 milhões de pessoas estão sob controle da facção do tráfico de drogas Comando Vermelho.

O levantamento do Instituto Fogo Cruzado e do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos, da Universidade Federal Fluminense (Geni/UFF), mostra que o crescimento territorial dos milicianos foi de 387% em 16 anos. Com 256,28 km², ou 10% do estado, o domínio corresponde a quase duas vezes o tamanho da cidade de Niterói.

14
Ago22

André Mendonça um minuto depois da meia-noite

Talis Andrade

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A votação do caso Francischini no plenário virtual do STF foi aberta à meia-noite. André Mendonça, como quem põe um fio do implante capilar, pediu vista à meia-noite e um

 

por Hugo Souza

Jornalistas cheios de fontes, esguichos e chafarizes cravavam de celulares nervosos em punho que, apesar da tentativa de manobra de Kassio Nunes Marques, jogando o caso Francischini para a segunda turma do STF, o plenário do “Pretório Excelso” iria, sim, dar um veredito para o caso.

 

Delegado Francischini - Veja a entrevista do Delegado Francischini,  pré-candidato ao Senado pelo Paraná, no Bem Paraná.  https://www.bemparana.com.br/noticia/minha-intervencao-militar-chama-se-jair-bolsonaro-diz- francischini | Facebook

Vale tudo para salvar um golpista, inimigo da Democracia, da Liberdade, da Fraternidade, um delegado da morte, da necropolítica de Bolsonaro

 

Pois na virada de segunda para terça, assim que aberto o julgamento no plenário virtual do Supremo, André Mendonça, como era previsível, vem e pede vistas, sem prazo para liberar a matéria da cassação de Fernando Francischini, mantendo suspensas as claras jurisprudências criadas oito meses atrás sobre as consequências de dar azo em redes sociais a mentiras deslavadas sobre o processo eleitoral.

A volta do voto em papel

13
Ago22

BOLSONARO SAI DEMOCRACIA FICA 

Talis Andrade

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Natália Bonavides no Twitter
 
 
 
 
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Natália Bonavides 
E nós estamos aqui pra dizer, juntos dos movimentos sociais e partidos que estão aqui hoje construindo conosco: A vida vai vencer a morte! A coragem vai vencer o medo! A verdade vai vencer a mentira!
BOLSONARO SAI DEMOCRACIA FICA 
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O #DiaDoEstudante do governo Bolsonaro é com veto ao aumento do recurso da merenda escolar, congelado desde 2017. A qualidade da refeição nas escolas públicas, muitas vezes a única do dia para muitos, está cada vez pior. Fora Bolsonaro, inimigo da educação e governante da fome!

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O desafio no combate à fome no Brasil | Tema de Redação - Temas quentes |  coRedação
 
Diário Popular - Confira a charge de Cazo para o DP desta segunda-feira. |  FacebookCharge Erasmo Spadotto - Merenda Escolar - Portal Piracicaba Hoje
Fome é uma grande mentira” -... - Quebrando o Tabu | Facebook
ESCÁRNIO! O candidato a vice de Bolsonaro, o general Braga Netto, recebeu quase R$ 1 milhão de salário em apenas 2 meses de 2020. Enquanto brasileiros morriam sem ar, eles enchiam os bolsos de dinheiro e negavam a vacina. Criminosos!
 
Carlos Latuff on Twitter: "Os servidores públicos que votaram em Jair  Bolsonaro devem estar felizes em ver seus salários congelados, enquanto que  os militares enchem as burras! Charge @sisejufe https://t.co/LMaQYjV5QE" /  Twitter
Bolsonaro será o 1º presidente a entregar o governo com um salário mínimo menor do que quando assumiu. Tirou do povo o poder de compra, a comida da mesa, os direitos. Tirou empregos, cortou recursos da educação. Só serviu aos ricos, que ficaram mais ricos
 
Quase 20 milhões de pessoas estão em situação de pobreza nas principais cidades do Brasil. Esse é o maior número dos últimos 10 anos. Com inflação e desemprego, a situação de famílias mais vulneráveis é estarrecedora. O povo não aguenta mais a miséria do governo Bolsonaro.
 
Fachada da casa de Maria Aparecida, ela mora apenas com um de seus filhos, Gilberto Firmo Ferreira, que é surdo
Para as entidades é preciso dar uma resposta contundente – e urgente – aos ataques que mostram a tática a ser usada no período eleitoral deste ano pelo presidente e seus apoiadores.
Marcio Vaccari
@VaccariMarcioImage
Eu já escuto os teus sinais  Olha vindo aí, minha gente! Na luta com a juventude! #DiaDoEstudanteImage
Tá chegando a hora, companheirada! Estamos diante da eleição das nossas vidas e só com muita luta venceremos os desafios que estão postos. Vamos juntos e juntas construir o país que queremos. Venha fazer parte desse projeto comprometido com a classe trabalhadora! 
 

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