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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

O CORRESPONDENTE

15
Ago21

Bolsonaro não tem condições mínimas para qualquer ato sobre 5G

Talis Andrade

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Tecnologia é de importância definitiva para país tentar se recuperar do atraso multissecular que o condena

por Janio de Freitas

- - -

Joe Biden mandou ao Brasil o assessor de Segurança Nacional dos EUA e um chefão da CIA. Escolhas sugestivas, não de diplomatas, como seria entre países que se respeitem. As duas figuras nem precisariam formular ameaça alguma, chantagem alguma, seus cargos são eloquentes por si mesmos.

O poder americano quer a instalação do seu sistema informático 5G instalado no Brasil. E não o chinês.

O 5G é uma revolução assombrosa adiante da nossa internet e de outras modernidades informáticas.

O sistema americano não está concluído. Quando estiver, já é dito, ainda não será equivalente ao chinês. Por ora, tem a vantagem de que os chineses usam chips fabricados nos EUA, mas a China já se empenha em produção própria.

A decisão brasileira por meio de concorrência científica e financeira não convém aos americanos. Eles têm experiência de Brasil: situação idêntica se deu na compra de um sistema de vigilância da Amazônia, o Sivam, entregue à americana Raytheon em uma concorrência daquelas, bem brasileira, contra a francesa Thomson.

Então presidente, um alegre Fernando Henrique contou que telefonara a Bill Clinton para informar o atendimento ao seu pedido em favor da Raytheon. Hoje os americanos sabem mais da Amazônia real, e de suas riquezas, do que a soma das entidades brasileiras especializadas no tema.

A política internacional de Biden é pior para o mundo todo, exceto Israel, que a de Trump. Como diz um dos seus slogans preferidos, a meta do atual governo é “restabelecer no mundo a liderança inconteste dos Estados Unidos”.

Não foram divulgados os termos em que a questão G5 foi posta aqui pelos dois agentes. Para o essencial, nem foi preciso. Só determinar que fossem ditos em pessoa, e pelos escolhidos para fazê-lo, foi bastante.

O 5G é de importância definitiva para o Brasil tentar recuperar-se do atraso multissecular que o condena. Talvez a última oportunidade.

Mas Bolsonaro e seu pessoal não têm sequer as condições mínimas para qualquer ato em tal questão. O Congresso, em particular o Senado, precisa representar o futuro e impor medidas preventivas contra possíveis traições à soberania.

Nisso as Forças Armadas teriam papel relevante, mas estão minadas pelo bolsonarismo que se soma ao seu americanismo de guerra fria.

A concorrência legítima é indispensável. Ainda que seja retardada e aguarde a conclusão do sistema americano, para a melhor escolha de futuro brasileiro.

11
Jul21

O fascismo das redes

Talis Andrade

 

por Miguel Paiva

- - -

Desde que a internet e as redes sociais tomaram conta das relações e da informação muita coisa mudou, para o bem e sobretudo, para o mal. Mas como não há mal que não possa piorar, vamos prestar atenção no poder de sedução das redes. A primeira coisa que se nota é a demonização da política. Todos os políticos são corruptos, eles dizem, não me representam e o que eu quero eu digo diretamente na internet. Só que não é bem assim. A sociedade organizada não é e nem deve ser a casa da mãe joana. Se acabarmos com a política em troca da chamada política direta através de referendum a primeira consequência seria o esmagamento das minorias, é claro. A democracia, política de todos, visa justamente igualar essas forças, pelo menos na teoria. Não é o ideal, mas é o melhor que temos para hoje.

O lado bom é que a informação foi democratizada, a vigilância aumentou e cada um é capaz de cumprir o papel de defensor da democracia publicando as denúncias das ameaças à ela. Mas tudo que é publicado deve ser comprovado. A internet não facilita essas confirmações. Por isso precisamos sempre desconfiar. Ouvir, mas tentar comprovar.

Até aí, tudo bem, mas não é isso que essa direita perversa e violenta deseja para o país e com isso acaba iludindo a população com suas teorias fascistas de liquidação. Chamando todos os políticos de corruptos e a corrupção, o roubo, é o maior pecado de todos, fica fácil estabelecer outras regras ilusórias de fazer valer a voz das pessoas. A meritocracia vem diretamente ligada a esta ideia. Não tendo mais democracia como a conhecemos fica estabelecido então que só os mais fortes terão vez e voz. Quer vencer na vida? Faça o que puder e o que conseguir mesmo que você não tenha nascido com condições, não tenha estudado numa escola decente, tenha comido e se cuidado. Problema é seu, diriam eles como diziam os fascistas.

Para isso é importante antes de tudo controlar a imprensa, fortalecer a polícia e criar uma propaganda oficial que alimente esta imagem. Parece com o que estamos vivendo? Vocês acham? Imagina! Este governo é democrático, foi eleito legalmente. Esta é a primeira das mensagens enganosas que o departamento de propaganda quer passar. Inicialmente, as eleições passam longe de terem sido justas. Tivemos infinitas informações sobre o modus operandi dos eleitos no encaminhar da eleição. Notícias falsas disparadas ilegalmente, compra de votos, propaganda enganosa e outras mumunhas. 

Chegando ao governo o trabalho é só estabelecer as novas regras. Propaganda sempre comendo solta começam a interferências. Combate às minorias, desmonte da cultura e das conquistas sociais, fortalecimento das forças repressivas, criação de uma imagem imaculada de honestidade e sobretudo uma moral ilibada e religiosa que seduz a população carente de ideias mais nobres. 

A corrupção é uma peça chave nessa propaganda. Não roubar é o mandamento mais respeitado dos dez que a igreja católica estabeleceu e que acabaram sendo as “regras de convivência” da nossa sociedade. Mexer com a propriedade privada, tirar o que é do outro pelo outro é o pecado maior. Você até pode tirar o seu, meter a mão na cumbuca, tirar vantagem, pegar escondido. Mas o outro tirar do outro é pecado mortal. Político tirar da população é moralmente o crime maior. E é mesmo, diria eu, mas não só este crime é pecado mortal. Os outros que o fascismo carrega também são. Perseguir minorias, criar e alimentar preconceitos, favorecer privilégios, acabar com a cultura, a informação e a liberdade também. Mas isso parece que não conta muito para a população desinformada. 

Cultura é coisa de artista dizem eles, equivocadamente, esquecendo que tudo o que fazemos vem da cultura que consumimos. Minorias que se cuidem que por mais que eu tolere os gays, diriam eles, prefiro que meu filho seja um bandido. Esse é o pensamento que cola, que vinga e a democracia, com seu sistema eleitoral que aqui no Brasil conseguiu se aprimorar com o voto eletrônico, passa a ser uma ameaça para esse pensamento. Mas, por enquanto, os ameaçados somos nós que acreditamos na democracia e no voto, no caso, eletrônico. 

Querer voltar ao voto impresso é o primeiro passo para acabar com as eleições. Tudo que é impresso, assim como os livros, é passível de ser rasgado ou queimado como gostam os fascistas e nazistas.

Vamos prestar atenção nessa falsa democracia que eles querem estabelecer. O voto existe justamente para tentar equilibrar as forças. Nada mais democrático.

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18
Mai20

O que temos que fazer agora é construir as infraestruturas que nos permitam viver de uma maneira diferente

Talis Andrade

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II - Juan M. Zafra entrevista Jeremy Rifkin

The Conversation - Você propõe uma mudança radical na maneira de ser e ser no mundo. Por onde começamos?

Rifkin - Temos que começar com a maneira como organizamos nossa economia, nossa sociedade, nossos governos; por mudar a maneira de estar neste planeta.

A nossa é a civilização dos combustíveis fósseis. Nos últimos 200 anos, foi baseada na exploração da Terra.

O solo permaneceu intacto até começarmos a cavar as fundações da terra para transformá-la em gás, petróleo e carvão. E nós pensamos que a Terra permaneceria lá sempre, intacta.

Criamos uma civilização inteira baseada no uso de fósseis. Usamos tantos recursos que agora estamos recorrendo ao capital fundiário, em vez de obter benefícios dele.

Estamos usando uma terra e meia quando só temos uma. Perdemos 60% da superfície do solo do planeta. Ele desapareceu e levará milhares de anos para recuperá-lo.

 

The Conversation - O que você diria para aqueles que acreditam que é melhor viver o momento, o aqui e agora, e esperam que no futuro outros venham para consertá-lo?

Rifkin - Estamos realmente diante das mudanças climáticas, mas também há tempo de mudá-las.

As mudanças climáticas causadas pelo aquecimento global e pelas emissões de CO₂ alteram o ciclo da água na Terra.

Nós somos o planeta da água, nosso ecossistema emergiu e evoluiu ao longo de milhões de anos graças à água. O ciclo dela nos permite viver e se desenvolver.

E aqui está o problema: para cada grau de temperatura que aumenta como consequência das emissões de gases de efeito estufa, a atmosfera absorve 7% a mais de precipitação do solo e esse aquecimento os força a cair mais rápido, mais concentrado e causando mais desastres naturais relacionados à água.

Por exemplo, grandes nevascas no inverno, inundações na primavera em todo o mundo, secas e incêndios durante o verão e furacões e tufões no outono varrendo nossas costas.

As consequências vão piorando com o tempo.

Estamos diante da sexta extinção e as pessoas nem sabem disso. Os cientistas dizem que metade dos habitats e animais da Terra desaparecerão em oito décadas.

Essa é a posição em que estamos. Estamos de frente com uma potencial extinção da natureza para a qual não estamos preparados.

 

The Conversation - Quão grave é essa emergência global? Quanto tempo resta?

Rifkin - Não sei. Faço parte desse movimento de mudança desde a década de 1970 e acho que o tempo de que precisávamos passou.

Nunca voltaremos onde estávamos, à boa temperatura, a um clima adequado…

A mudança climática estará conosco por milhares e milhares de anos; a questão é: podemos, como espécie, ser resilientes e nos adaptar a ambientes totalmente diferentes e que nossos companheiros na Terra também possam ter a oportunidade de se adaptar?

Se você me perguntar quanto tempo levará para mudarmos para uma economia limpa, nossos cientistas na cúpula europeia sobre mudança climática em 2018 disseram que ainda temos 12 anos. Já é menos que nos resta para transformar completamente a civilização e começar essa mudança.

A Segunda Revolução Industrial, que causou mudanças climáticas, está morrendo. E isso se deve ao baixo custo da energia solar, que é mais lucrativa que o carvão, o petróleo, o gás e a energia nuclear.

Estamos caminhando para uma Terceira Revolução Industrial.

 

The Conversation - É possível uma mudança de tendência global sem os Estados Unidos do nosso lado?

Rifkin - A União Europeia e a China se uniram para trabalhar juntas e os Estados Unidos estão avançando porque os estados estão desenvolvendo a infraestrutura necessária para alcançá-los.

Não esqueça que somos uma república federal. O governo federal apenas cria as leis, os regulamentos, os padrões, os incentivos; na Europa, acontece o mesmo: seus Estados-membros criaram as infraestruturas.

O que acontece nos Estados Unidos é que prestamos muita atenção no Trump, mas dos 50 Estados, 29 desenvolveram planos para o desenvolvimento de energia renovável e estão integrando a energia solar.

No ano passado, na Conferência Europeia de Emergência Climática, as cidades americanas declararam uma emergência climática e agora estão lançando seu Green New Deal.

Muitas mudanças estão acontecendo nos Estados Unidos. Se tivéssemos uma Casa Branca diferente seria ótimo, mas, ainda assim, esta Terceira Revolução Industrial está surgindo na UE e na China e já começou na Califórnia, no Estado de Nova York e em parte do Texas.

 

The Conversation - Quais são os componentes básicos dessas mudanças que são tão relevantes em diferentes regiões do mundo?

Rifkin - A nova Revolução Industrial traz consigo novos meios de comunicação, energia, transporte e logística.

A revolução comunicativa é a internet, assim como foram a imprensa e o telégrafo na Primeira Revolução Industrial no século 19 no Reino Unido ou o telefone, rádio e televisão na segunda revolução no século 20 nos Estados Unidos.

Hoje, temos mais de 4 bilhões de pessoas conectadas e em breve teremos todos os seres humanos conectados à internet; todo mundo está conectado agora.

Em um período como o que estamos vivendo, as tecnologias nos permitem integrar um grande número de pessoas em uma nova estrutura de relações econômicas.

A internet do conhecimento é combinada com a internet da energia e a internet da mobilidade.

Essas três internets criam a infraestrutura da Terceira Revolução Industrial. Essas três Internet convergirão e se desenvolverão em uma infraestrutura de internet das coisas que reconfigurará a maneira como todas as atividades são gerenciadas no século 21.

 

The Conversation - Qual o papel dos novos agentes econômicos na formação desse novo modelo econômico e social?

Rifkin - Estamos criando uma nova era chamada glocalização.

A tecnologia de emissão zero desta terceira revolução será tão barata que nos permitirá criar nossas próprias cooperativas e nossos próprios negócios, tanto física quanto virtualmente.

Grandes empresas desaparecerão. Algumas delas continuarão, mas terão que trabalhar com pequenas e médias empresas com as quais estarão conectadas em todo o mundo. Essas grandes empresas serão provedores de rede e trabalharão juntas em vez de competir entre si.

Na primeira e na segunda revolução, as infraestruturas foram feitas para serem centralizadas, privadas. No entanto, a terceira revolução possui infraestruturas inteligentes para unir o mundo de maneira distribuída e glocal, com redes abertas.

 

The Conversation - Como a superpopulação afeta a sustentabilidade do planeta no modelo industrial?

Rifkin - Somos 7 bilhões de pessoas e chegaremos a 9 bilhões em breve. Essa progressão, no entanto, vai acabar.

As razões para isso têm a ver com o papel das mulheres e sua relação com a energia.

Na antiguidade, as mulheres eram escravas, eram as fornecedoras de energia, tinham que manter a água e o fogo.

A chegada de eletricidade está intimamente relacionada aos movimentos sufragistas nos Estados Unidos; libertou as jovens, que puderam ir para a escola e puderam continuar seus estudos até a universidade.

Quando as mulheres se tornaram mais autônomas, livres, mais independentes, houve menos nascimentos.

 

The Conversation - Você não parece otimista, e ainda assim seus livros são um guia para um futuro sustentável. Temos ou não temos um futuro melhor à vista?

Rifkin - Todas as minhas esperanças estão depositadas na geração millenial. A geração dos millenials saiu das salas de aula para expressar sua inquietude.

Milhões e milhões deles exigem a declaração de uma emergência climática e pedem um Green New Deal.

O interessante é que isso não é como nenhum outro protesto na história, e houve muitos, mas este é diferente: move a esperança, é a primeira revolta planetária do ser humano em toda a história em que duas gerações foram vistas como espécies em perigo.

Essa geração se propõe a eliminar todos os limites e fronteiras, preconceitos, tudo o que nos separa. Ela começa a se ver como uma espécie em extinção e tenta preservar as demais criaturas do planeta.

Esta é provavelmente a transformação mais importante da consciência humana na história.

 

 

 

19
Abr20

“Em análise”… App do governo faz o povo de trouxa ao esperar esmola

Talis Andrade

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Abono é uma enrolação sem fim

Para o governo Bolsonaro a fome e as necessidades imediatas podem esperar, diferente do lucro dos grandes capitalistas

Há cerca de dez dias o governo Bolsonaro, em consenso com o Congresso Nacional e todas as instituições burguesas, aprovou na prática o que vem sendo anunciado há mais de duas semanas: uma renda mínima de emergência devido a crise do Coronavírus, que se entrelaça com a própria crise econômica que se encontra o capitalismo mundial. E até agora, como se diz em português claro, quase ninguém viu a cor desse dinheiro.

Essa renda mínima aprovada em consenso passa longe de ser uma uma ajuda efetiva para a população, é uma verdadeira esmola, e que só foi aprovada com uma fatia muito mais gorda desses recursos destinada a um punhado de banqueiros. E não tem nenhum caráter de auxílio, mas de tentar postergar a explosão social que será inevitável, já que ganhar tempo é ter margem de manobra.

O valor de R$ 600 reais passa por uma enorme burocracia. Primeiro que a inscrição é feita pela internet, tirando aí já milhares de pessoas do benefício extremamente limitado, principalmente as que mais necessitam, porque é sabido que o acesso a internet no Brasil é restrito e feito por monopólios que cobram um valor exacerbadamente alto pelo acesso. O segundo ponto é o aplicativo, que seria necessário ter um celular apropriado, mais sofisticado, para usar, tirando do horizonte mais milhares de pessoas que precisam da renda.

Como se não fosse o suficiente, aí é necessário preencher um cadastro que foi denunciado de diversas falhas e pedidos que retornam sem nenhuma justificativa, fazendo as pessoas que chegaram ao ponto de já ter acesso a internet e um celular apropriado, ter também um tempo de sobra para cadastrar-se.

Essa verdadeira jornada já seria o suficiente para dizer duas coisas fundamentais: o auxílio não é, como ele supostamente se propõe, para as pessoas mais pobres e necessitadas dele; essas pessoas, via-de-regra, não tem internet nem celular, que seria nesse caso as condições para recebê-lo.

As pessoas que conseguiram se inscrever esperam até hoje para receber o auxílio, como o companheiro Caio Daciolo, do Rio de Janeiro, que relata:

“Solicitei o auxílio no dia 7 de abril de 2020 agora nós estamos no dia 16 de abril e até agora nada do auxílio ser aprovado, continua “em analise”. Nove dias já isso que eu me encaixo em todos os pré-requisitos.”

 

Outra situação é da Gabrielle, do Paraná, que nos conta em detalhe a situação:

“Meus pais são pequenos comerciantes, então minha situação financeira (que depende diretamente deles depois que parei de receber bolsa universitária ano passado) está delicada. Como as lojas na minha cidade natal permanecem fechadas por causa do corona, não tem entrado dinheiro, portanto, eles não tem como me ajudar. Tô conseguindo me organizar com o que eles tinham me mandado logo no começo, e rachando despesas com meu namorado que está morando aqui agora por causa da quarentena. Ele é trabalhador informal e também pediu auxílio.

Acho o valor baixo. Aqui vai cobrir basicamente meu aluguel e contas básicas, isso se eu e meu namorado recebermos. (…) Com relação a demora, todo dia é uma pequena angústia quando olho aquele app e tá em análise. É um dinheiro que ajudaria muito, e traria alguma tranquilidade pra mim e pra todos os que pediram. Como o nome já diz, né… emergencial.”

Como estamos vendo, a sequência de duas palavras “em análise” vem tirando o sono e fazendo roncar o estômago de muitos brasileiros. O governo vem literalmente fazendo pouco caso da situação dramática da população e deixando o povo sem ter nem pão e nem água. É passada a hora de derrubar esse governo fascista, que é sabido ser mais perigoso que o próprio Coronavírus. Transcrito do Causa Operária

10
Abr20

Com medo da penúria e da morte? Bem-vindos ao mundo real

Talis Andrade

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A pandemia de covid-19 democratizou a insegurança e o receio do futuro que já afligia milhões de brasileiros. Resta saber se os abastados aprenderão alguma coisa com isso

 

por J.P. Cuenca

DW Deutsche Welle   

1.

Você vai até a janela, olha para o céu, estica o braço apontando o telefone para cima, fecha o olho esquerdo, olha o céu no quadro do telefone – é o mesmo. Você tira uma fotografia, a examina, volta a olhar para o céu: as nuvens desembestaram a mudar de lugar, o sol talvez agora lhe cegue um pouco.

Mas você estava lá, e por isso publica um instantâneo daquele céu onde não havia nada de especial, apenas o panorama difuso do círculo solar por trás de nuvens em contraluz, visto por uma nesga entre edifícios e antenas de São Paulo. As pessoas vão olhar sua fotografia, cada uma dentro de cada apartamento, e ler seu nome impresso no canto esquerdo sobre a imagem do céu nos cristais dos telefones, e pensar em você, talvez olhando pela janela – talvez sentindo o mesmo pavor.

Andamos assim, silenciando no meio das frases.

Especialmente, os privilegiados que hoje podem isolar-se em cápsulas domésticas. Nas últimas semanas, nossas horas foram ocupadas por tentativas de trabalho remoto, aulas online, ativismo de internet, drinks via zoom e houseparty – e uma enevoada sensação de luto antecipado. Até que percamos o emprego, enterremos nossos mortos ou, na melhor das hipóteses, tenhamos que nos confrontar com um mundo que ainda desconhecemos do outro lado desta quarentena.

São tempos estranhos? Talvez não mais que há três semanas – a diferença é que agora todos sabemos disso.

2.

Nas últimas décadas, o capitalismo tardio promoveu mudanças climáticas irreversíveis e um aumento exponencial na concentração de renda mundial. Pouco importava aos detentores dos meios de produção e do capital financeiro – e às classes médias que votam nos representantes daqueles no governo – que a política econômica de seus países causasse desigualdade, doenças e morte aos menos favorecidos.

No Brasil, o 1% mais rico hoje concentra 28,3% da renda total do país, segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) da ONU divulgado em dezembro do ano passado. É a segunda maior concentração de renda do mundo, apenas atrás do Catar, um emirado absolutista sem eleições legislativas desde os anos 1970 que usa a charia como sistema legal, onde mulheres supostamente adúlteras são punidas com chibatadas e relações homossexuais, com a pena de morte.

Essa combinação nefasta de concentração de renda e ameaças aos direitos humanos também encontra-se por aqui.

Ainda que, durante o recente ciclo do Partido dos Trabalhadores no poder, tal desigualdade tenha sido mitigada via programas de distribuição de renda e uma economia aquecida, os brasileiros moradores de periferias e favelas seguiram tendo direitos desrespeitados pelas polícias militares de todo o país, assim como os povos indígenas originários ameaçados por ruralistas, grileiros, milícias e superfaturadas obras de infraestrutura. E, se nossas favelas são guetificadas pelo Estado, o que dizer dos presídios brasileiros, verdadeiros campos de concentração para negros e pobres?

Abrindo o panorama, pesquisas do IBGE em 2017 e 2018 apontaram que 64,9% da população brasileira não têm pelo menos um dos seguintes direitos garantidos: educação, proteção social, moradia adequada, serviços de saneamento básico e comunicação (internet). A realidade é certamente pior: o relatório usa o conceito de autodeclaração e só inclui os brasileiros que tenham domicílios, excluindo moradores de rua. Entre mulheres negras ou pardas, sozinhas, e com filhos pequenos, o número é ainda maior: 81,3% . Entre idosos, são 80%.

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O Estado Democrático de Direito, garantido pela Constituição de 1988 e ameaçado pelo bolsonarismo, nunca foi democratizado no Brasil pós abertura – jamais chegou plenamente aos cantos menos favorecidos do país, mesmo sob governos supostamente de esquerda. E, com a guinada abertamente fascista da política brasileira depois do golpe de 2016, a situação, que já era trágica, piorou.

Em tempos de pandemia, talvez um pouco – apenas um pouco – do pesadelo distópico no qual já viviam milhões de brasileiros pareça agora democratizado. Insegurança financeira e ameaça constante à vida: antes tão normalizados quando no andar de baixo, agora motivos para ansiedade generalizada.

3.

A grande novidade não é a pandemia. É o fato de que as classes mais abastadas brasileiras possam enfrentar, pela primeira vez em gerações, circunstâncias em que sua casta superior não lhes oferece grande vantagem de sobrevivência.

No Brasil, hospitais particulares já sofrem estrangulamento semelhante ao SUS – e mal começamos a escalar a curva de casos e mortes. Tragédia com horizontalidade semelhante, talvez apenas durante guerras, sob bombardeio. O que nunca tivemos por aqui.

Quando isso tudo acabar, talvez a espera e o testemunho da catástrofe, a implosão do que entendíamos como vida normal, faça os abastados da Zona Sul do Rio de Janeiro e da Zona Oeste de São Paulo mais empáticos com quem convive com o medo de ver o chão abrindo sob seus pés desde que nasceu.

Mas não sei se eu apostaria nisso.

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10
Set18

O censurado jornalismo investigativo de Marcelo Auler

Talis Andrade

 

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O Diário do Centro do Mundo entrevista o jornalista Marcelo Auler, que está sendo denunciado por revelações feitas em seu blog, onde abre as cartas da lava jato e expõe casos curiosos da operação, como o grampo não revelado da delação do doleiro Alberto Yousseff.

 

O programa traz também uma conversa com o senador Roberto Requião que, apesar de ser do PMDB, foi contra o impeachment de Dilma Rousseff. Na entrevista ele fala sobre os acordos entre políticos da base de Michel Temer e empresários que, com a desculpa de retomar a economia do país, sangram os direitos sociais e ferem as leis trabalhistas.

 

O jornalismo investigativo de Marcelo Auler é exemplar. Faz jornalismo com coragem e sonho. Um jornalismo que a TV Globo, que monopoliza o jornalismo televisivo, não mostra. Que os jornalões dos magnatas da imprensa escondem.

 

Marcelo Auler, no momento, investiga a vida do pregador testemunha de Jeová, Delio Bispo De Oliveira, que esfaqueou o candidato da direita Jair Bolsonaro.

 

O jornalismo de Marcelo Auler vem sendo censurado por forças poderosas que controlam a internet. Confira aqui

 

 

07
Out17

Aleluia do Santo Império do Brasil

Talis Andrade

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 Ilustração Wissam Assad

 

 

Como despiste, fingimento, encenação, desviamento e distração de temas sociais e políticos, o Facebook age identicamente ao MBL, Movimento do Brasil Ladrão, realizando puritanas campanhas em defesa da Tradição, Família e Propriedade. Que ajudaram a TFP coadjuvar o golpe militar.

 

Os pastores evangélicos adaptaram a beatice dos padres da missa em latim, realizando o "milagre" da cura gay para o golpe de Temer.

 

Em nada diferem as marchas católicas do povo que reza unido permanece unido, em 1964, das passeatas da paz dos evangélicos em 2016.

 

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Leia as Normas da Comunidade do Facebook:

 

"Restringimos a exposição de nudez. Algumas descrições de atos sexuais também podem ser removidas. As restrições relativas à exibição de nudez e de atividade sexual também se estendem aos conteúdos digitais, exceto quando a publicação do conteúdo se der por motivos educativos, humorísticos ou satíricos.
Removemos conteúdos que ameacem ou promovam exploração ou violência sexual. Isso inclui solicitação de material sexual, qualquer conteúdo sexual envolvendo menores, ameaças de compartilhamento de imagens íntimas e ofertas de serviços sexuais. Se for o caso, encaminhamos o conteúdo para as autoridades".

 

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 Ilustração Makhmud Eshonkulov 


"Para descobrir quais tipos de mensagens e publicações são permitidas, consulte os padrões da comunidade do Facebook".

 

Desculpas para a censura política, que o estadunidense Facebook um portal de relacionamento social, ou melhor, de relacionamento sexual, exibindo fotos de belos machos e fêmas para curtição, e secretas trocas de mensagens eróticas. Tudo pela realista e eficaz política dos ditadores, adaptada do movimento hippie: não faça guerra, faça o amor.

 

No Brasil da tradição do  incesto que não é crime, da cultura do estupro do patriarcalismo como base de uma ideologia colonial, feudal, rural, entreguista, o nacionalismo vem sendo condenado como xenofobia, a "Independência ou Morte" como atraso, negação da globalização, sendo a privatização da Amazônia propaganda da intervenção militar de generais como Mourão, e ninguém denuncia o trabalho escravo, o êxodo rural, o inchaço e multiplicação das favelas, o holocausto das 500 mil crianças prostitutas.  

 

 

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 Ilustração Luc Descheemaeker 

 

 

 

 

 

 

07
Out17

Três modos de censura na internet

Talis Andrade

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 Ilustração Alfredo Martirena 

 

 

 

O Governo Federal, o Congresso, a Justiça não possuem o poder de censurar totalmente a internet. Simples de explicar: o Brasil não tem a posse da tecnologia.  De poucos países essa soberania. Vou transcrever alguns textos, com os devidos cortes, que considero importante. O primeiro deles de Gilherme Rosa, in Galileu, que entrevista Ethan Zuckerman:

A batalha em torno da liberdade de expressão na internet está cada vez mais evidente. Censuram o conteúdo de sites, governos combatem ativistas pelo controle do que é dito na web. Mesmo em locais, onde os discursos políticos não são censurados, novas leis são propostas para controlar o que os cidadãos postam em redes sociais e blogs. [Quando estas redes e blogs já possuem meios de autocensura. No Brasil existem as censuras nacional e internacional. O poder do governo, da polícia, da justiça é restrito para os nativos. Exclusivamente]

Para entender exatamente o que se passa nessa disputa, a GALILEU entrevistou Ethan Zuckerman, especialista em liberdade de expressão na internet, fundador de grupos como o Geekcorps e Global Voices e diretor do Centro de Mídia Cívica do MIT. A seguir, ele explica como funciona a censura na internet:

 

O que exatamente aparece na tela de um computador quando uma pessoa tenta acessar um conteúdo censurado?

Depende. Normalmente, você vê uma página de bloqueio. Por exemplo [ existem países] que são muito honestos quanto a isso. Eles dizem: “este conteúdo está bloqueado, se você acha que cometemos um erro, pode apelar”. São transparentes quanto à censura. Mas alguns países simplesmente mentem quanto a isso, e mostram páginas de erro. (...) Disfarçam a censura e faz o usuário pensar que o navegador está com problemas. É como muitos governos gostariam que as pessoas se sentissem.

[ Você escreve certo, mas o texto aparece com erros, palavras incorretas, frases truncadas, o conhecido e antigo empastelamento dos jornais nas ditaduras, quando ocorria a mistura dos tipos. E de outros elementos da impressão durante as fases do processo editorial, como a composição ou montagem]

 

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Ilustração Farhad Foroutanian 

 

Como funciona a censura nesses países?

A internet é censurada de 3 modos. Primeiro, o bloqueio, o acesso a certos sites. Em segundo, há censura extensiva nas ferramentas que a maioria dos usuários têm acesso. O terceiro modo é encorajando a visão [do besterol] para dominar as conversas na internet, tornando mais difícil colocar opiniões.

Quando falamos em se livrar da censura, falamos de uma tarefa especializada. Então você pode pensar como se o país tivesse duas internets. Uma domestica controlada principalmente pela censura e outra internet internacional para quem domina a tecnologia.

 

Essas ferramentas para driblar a censura têm suas limitações?

O que essas ferramentas são boas em fazer é passar pelo primeiro tipo de censura. Você não pode acessar um tipo de conteúdo. Essas ferramentas são perfeitas para isso, mas muito lentas. Outro problema é que elas quebram algumas páginas [ ou omitem, ou selecionam partes do texto como estou a fazer com o escrito de Guilherme Rosa e a análise de Zuckerman].

O grande problema com essas ferramentas é que são muito pouco usadas. Fizemos um cálculo um ano e meio atrás e tentamos descobrir quantos usuários em países que censuram a internet as usam. Chegamos à estimativa de 3%, o que é menor do que esperávamos. Ficamos surpresos, mas parece que muitos chineses pensam: “Que chato não conseguir acessar o Twitter, mas todos os meus amigos estão no Weibo. Então é com isso que me importo”. Isso é mais comum do que pensamos.

 

Esses governos teriam como saber quem tenta acessar algum site proibido?

Não seria muito difícil para eles saberem quem quer acessar esses conteúdos, mas não temos visto esses governos perseguindo esse tipo de usuário. Eles seguem os agitadores e ativistas, não os cidadãos comuns que buscam informação. Essa não a principal ameaça para eles. Há muitas histórias de governos prendendo gente por postar coisas na internet.

 

Então o governo, além de proibir o acesso a certos sites pode partir para uma censura mais... física, prendendo seus cidadãos?

Nós já discutimos 3 formas de censura. Existem mais duas formas importantes. Uma é intimidando as pessoas, fazendo elas sentirem medo de criar conteúdos e de escrever online. Outra forma é fazendo ataques contra sites que te incomodam.

 

Alguns países usam só um desses modos?

Claro. Por exemplo, países são bons em alguns tipos de censura, mas não se envolvem com outros. Quando muito raramente bloqueiam o acesso a conteúdos. Mas eles intimidam pessoas, principalmente jornalistas. Eles promovem vozes pró-governo e fazem ataques de negação de serviço a algumas páginas. É interessante que eles não sintam necessidade de usar a censura de modo tradicional, uma vez que as outras ferramentas são tão eficientes.

[Quem já não sofreu censura na internet? No momento estou suspenso do Facebook. Um juiz acaba de condenar um famoso jornalista por macular a imagem de Eduardo Cunha, político condenador e supostamente preso]. O Brasil é campeão em censura judicial, mata mais jornalistas que o México. Quantos jornalistas estão com morte anunciada? (Continua) 

 

 

 

 

07
Out17

O Brasil sem males pela eterna vigilância dos tribunais eleitorais que promovem a censura do bem

Talis Andrade

A internet é um meio de comunicação internacional mais censurado que os jornais impressos, as rádios, as televisões brasileiras, pelas proibições e restrições dos principais portais de propriedade de governos e/ou empresas de países estrangeiros. 

 

É uma máxima antiga: o poder vai até onde chega a comunicação.

 

Mais que deseje acrescentar proibições e restrições, qualquer nova lei de controle do Congresso coisa de cão hidrófobo que ladra e não morde. Vale para o pequeno ditador Michel Temer que alardeia a farsa. 

 

BRA_OG.censura internet.jpg

Que pressão sofreu Temer?

Do povo nas ruas?

Dos partidos da farsa da oposição?

 

 

O Brasil, para os costumeiros golpes e campanhas eleitorais nos anos pares, o teatro das mesmas censuradas campanhas de comunicação de massa:

 

Contra a corrupção.

Contra a violência.

 

Que são efeitos. Não existe corrupção sem violência, e vice-versa. Uma cruzada eterna, o combate prometido do vereador ao senador. Do prefeito ao presidente da República Federativa do Brasil. 

 

No mais, a doçura demagógica das promessas de sempre: mais polícia, mais escolas, mais hospitais, mais estradas. Tão somente. 

 

As causas dos males são bem escondidas, pelas meias-verdades, boatos e mentiras que exaltam as qualidades do vivos, que possuem como guardiães de suas santidades os tribunais eleitorais. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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