CGU aponta superfaturamento em contrato de R$ 62 milhões firmado pela Codevasf com empresa de jovem de 21 anos


247 - A Controladoria-Geral da União (CGU) apontou a existência de riscos de superfaturamento da ordem de R$ 11,8 milhões em um contrato de R$ 61,7 milhões para a compra de 325 tratores, celebrado entre a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco (Codevasf) e a Imperiogn Comércio de Máquinas Equipamentos e Serviços.
De acordo com o jornal O Globo, a empresa foi criada há apenas dois anos e está registrada em nome de Ana Luiza Cassiano Batista, de apenas 21 anos. Segundo a reportagem, Ana Luiza se apresenta em um perfil no LinkedIn como vendedora de calçados em uma loja de Goiânia (GO). A mãe da jovem, Andrea Cassiano Batista, afirmou que a filha não possui nenhuma empresa registrada em seu nome e que trabalha como diarista.
"A Imperiogn já participou de 49 licitações do governo federal e firmou contratos com diferentes braços do poder público, entre eles os ministérios da Defesa, Saúde, Educação e do Desenvolvimento Regional, ao qual a Codevasf é vinculada. Ao todo, a empresa já recebeu R$ 6,9 milhões do erário”, destaca o periódico.
No relatório que apontou o risco da existência de sobrepreço, a CGU destacou que os valores de referência utilizados pela Codevasf foram "exorbitantes" em relação ao Painel de Preços do próprio governo federal.
O contrato, celebrado em março deste ano, foi assinado pela Superintendência da Codevasf em Pernambuco, comandada por Aurivalter Cordeiro. Ele é ex-assessor do senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), líder do atual governo até dezembro do ano passado.

Tudo que o você precisa saber da Codevasf, a estatal do “Tratoraço”
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A fundação da Codevasf
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A Codevasf, ou Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba, é uma estatal que foi criada em 1974 para fomentar o desenvolvimento nas áreas próximas aos rios São Francisco e Parnaíba.
⠀Projeto original
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Durante muitos anos a estatal esteve restrita às regiões próximas aos rios do projeto original. A partir do ano 2000, os políticos começaram a aumentar sua área de atuação.
⠀Expansão desenfreada
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Nos últimos 4 anos a Codevasf foi agigantada, indo de 13% para 27% do território nacional durante o governo Temer e de 27% para 37% durante o governo Bolsonaro.
⠀A prioridade nunca foi o cidadão
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Junto com a expansão territorial, os aportes de dinheiro público triplicaram. O que era para ser uma empresa focada no desenvolvimento regional se tornou um ralo de dinheiro público a serviço de interesses patrimonialistas e eleitoreiros.
⠀Emendas secretas e tratoraço
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A Codevasf se tornou centro das atenções nos últimos anos pelos indícios de uso político e corrupção.
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A empresa está ligada ao suposto “Orçamento Secreto” e teria comprado tratores superfaturados, por preços 259% acima dos de mercado.
⠀Falta de transparência
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O uso da Codevasf como destino de emendas parlamentares abre uma brecha para a corrupção. Os processos de licitação de estatais são muito menos detalhados que de emendas tradicionais, e a fiscalização por parte dos órgãos de controle como o TCU é dificultada.
⠀Inchaço e loteamento político
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No governo Bolsonaro, a Codevasf se tornou a estatal preferida do Centrão devido à “rapidez” na entrega de repasses. O inchaço da empresa foi marcado pelo loteamento de cargos via indicações políticas do Centrão. Essa “rapidez” na entrega, porém, só é possível graças ao menor controle da sociedade na aplicação de recursos.
⠀Investigações são urgentes
Nunca se roubou tanto, aberta e escandalosamento como na Codevasf do governo Bolsonaro.
Eta governo ladrão "da gota serena", disse um sertanejo na Missa do Vaqueiro em Serrita, feudo de Fernando Bezerra Coelho.
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